Para alguns, a vida é sentida como castigo divino

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Somos imersos em nossas próprias incapacidades e temos que lidar com a própria impotência de não saber de tudo.

O executivo da área de telecomunicações Nabor Coutinho de Oliveira Júnior, 43 anos, é o principal suspeito de assassinar a mulher e os dois filhos antes de ter cometido suicídio. O crime ocorreu numa manhã de segunda-feira, em um condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

O prédio do Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na Zona Oeste de São Paulo, foi cenário para mais um ato de suicídio. O caso aconteceu também numa segunda, quando um pai se jogou do décimo sétimo andar com o filho nos braços. O edifício, inclusive, já totaliza desde 2007, 7 casos de suicídio.

Um dos motivos mais comuns a consumar o suicídio é proveniente de depressão, situação na qual a pessoa vai perdendo sua própria identidade, descuidando de si próprio. A pessoa fica engessada a pensamentos negativos até permanecer apática e melancólica em relação a si, às pessoas e à vida. O segundo maior motivo de suicídio é a esquizofrenia e a terceira o uso de substâncias tóxicas, conforme dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Fonte: encurtador.com.br/hIOW6

Taxas

A própria entidade conduziu um estudo e elaborou uma lista dos dez países com as maiores taxas de suicídio. Encabeçando a lista temos a Guiana. O país com o maior número de suicídios do mundo é nosso vizinho, fazendo divisa com Roraima e Pará. A Guiana – 44 casos para cada 100 mil habitantes – sofre com problemas de saúde pública, pobreza rural e abuso de álcool, e é por isso que vários de seus cidadãos tiram suas próprias vidas. São citados ainda a Lituânia, em quinto lugar, com 28 casos, e é o país com o maior número de suicídios na Europa, e as Coreias, a do Norte em segundo lugar, com 38 casos, e a do Sul, em terceiro lugar, com 29 casos.

O suicídio se divide em algumas categorias, como o suicídio consumado, ou seja, o ato concretizado. Caso não aconteça, o suicídio é frustrado. Porque por alguma causa a intenção não foi sustentada pelo indivíduo. A intenção de suicídio é um dano autoinfligido e com o intuito de morrer ou causar fortes lesões. Este comportamento aproxima-se da concepção dos gestos suicidas que são comportamentos também destrutivos e permeados de significados inconscientes.

Ainda a estas categorias temos o suicídio coletivo, grupo de pessoas que, geralmente, induzidas por um líder, são conduzidas a concretizar o ato. Caso que ilustra isso aconteceu nos Estados Unidos em 18 de Novembro de 1978, quando Jim Jones, líder de uma seita religiosa promoveu um suicídio coletivo de 918 pessoas, sendo 270 crianças, através da ingestão de veneno.

Fonte: encurtador.com.br/kqyR5

Freud

O psicanalista Sigmund Freud, em uma de suas teorias, descreve a pulsão, uma pressão ou força (carga energética, fator de motricidade) que faz o organismo tender para um objetivo. Embora não seja instinto, a pulsão é uma energia que transita entre o psiquismo e o aspecto somático, força propulsora da personalidade. Existe uma dualidade entre as pulsões, Eros (vida) e Tânatos (morte).

Uma pulsão de vida é construtiva e faz com que a pessoa consiga enaltecer características próprias e ao prazer de si mesmo. Já na pulsão de morte acontece a redução completa das tensões, ou seja, são pulsões autodestrutivas e conduzem a pessoa a um estado anorgânico. Manifestam-se de maneira agressiva e autodestrutiva. No suicídio poderíamos dizer que as pulsões de morte predominam sobre as pulsões de vida.

Somos imersos em nossas próprias incapacidades e temos que lidar com a própria impotência de não saber de tudo. Na vida as respostas não são imediatas, ora buscamos, ora construímos. As perguntas e questionamentos sobre si, o mundo, as pessoas e o sentido da vida se multiplicam e, ao indivíduo, resta administrar estas indagações e dar sentido a ideias e concepções obscuras.

Fonte: encurtador.com.br/eDFV7

Morte

A morte desperta curiosidade e até certo fascínio, tanto quanto viver e todos os prazeres atribuídos a esta vida. Mas assim como se escolhe viver, igualmente a morte é uma escolha. A existência é sentida como um castigo divino.

O suicídio é um assunto que não é explorado na sociedade e tampouco na mídia, que deveria ter um papel importante para a compreensão deste fenômeno de massa. O que permeia o suicídio como a depressão, angústia, receios, melhor qualidade de vida não dá ibope. As futilidades, frivolidades e banalizações são mais lucrativas. Um desafio para psicólogos, médicos e psiquiatras que devem se antecipar e prevenir situações de risco e perigo, bem como a sociedade precisa olhar com mais atenção às manifestações, impasses e conflitos da alma.

 

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A perseguição à mulher autônoma

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Ninguém deve se sentir envergonhado por sentir desejo, fazemos escolhas e este é o nosso poder, não pertencemos a ninguém, pertencemos às nossas convicções.

Uma modalidade, cruel e violenta, se transforma, infelizmente, no modismo insensato e sufocante do universo complexo da internet. O revenge porn, a pornografia da vingança, acontece quando alguém posta na rede fotos íntimas de uma outra pessoa na qual se relacionou anteriormente. É a divulgação, geralmente feita por homens, de vídeos ou imagens íntimas de mulheres fazendo sexo, muitas vezes com o próprio divulgador, e tem como objetivo humilhá-las publicamente e fazer chantagem.

Conduzidos pela vaidade, por não aceitarem o término do relacionamento, dificuldade em lidar com a rejeição, ou por sadismo, a pessoa expõe todo seu lado sombrio e obscuro, além do desejo em violentar o outro.

Fonte: https://goo.gl/DVfz3j

Não existe um perfil certo para que casais se filmem tendo relações sexuais. O que se observa é um número grande de adolescentes que aderem a essa prática. Uma geração já imersa no acesso a tudo, do imediatismo, da supervalorização da imagem e das ‘selfies’, da necessidade de se autoafirmar, se filma em situações íntimas.

Para combater o revenge porn, um grupo de seis meninas, de 16 anos, criou um aplicativo para enfrentar o slut shaming. A ideia do aplicativo é acolher as vítimas desse tipo de crime em um espaço que permite que elas conversem com outras vítimas, aprendam sobre como estão protegidas pela legislação e sejam convidadas a participar de grupos presenciais para combater o cyberbullying e a perseguição dos stalkers.

Fonte: https://goo.gl/zoeD6S

Slut shaming é o termo que surgiu da polêmica quando o radialista Rush Limbaugh criticou a estudante de Direito Sandra Fluke, da Universidade de Georgetown, depois de ela ter defendido, em uma audiência pública no Congresso, que os planos de saúde cubram os custos com anticoncepcionais. Limbaugh, uma das vozes mais conhecidas nos EUA, disse que Sandra Fluke quer que os contribuintes a paguem para que ela faça sexo.

O ato de induzir uma mulher a se sentir culpada quanto à concretização de seus desejos sexuais e mantenha as expectativas tradicionais de seu gênero é um preconceito alicerçado pela misoginia. A arcaica concepção machista é baseada em que a mulher deve ser subserviente, concordata, submissa, obediente ao homem e, principalmente, conter a expressão de sua sexualidade reprimida, o desejo ignorado e o prazer cerceado.

Fonte: https://goo.gl/J65uY5

E ainda falamos de uma mentalidade deturpada e antiquada, enraizada na sociedade, onde homens medrosos tentam aniquilar a mulher autônoma, aquela que possui opinião, é livre de estereótipos, sabe comandar, possui iniciativa, opinião própria e que rompe paradigmas. Usam a roupa que quiserem sem se apequenar quanto ao julgamento dos outros. Mulheres questionadoras e que não são subservientes, sensualizam, se insinuam, provocam e nem por isso querem bajulação ou cavalheirismo. Não se acovardam e enfrentam o mundo com determinação, dão vazão a seus desejos, soltam seu grito de prazer sem sentir vergonha ou culpa por isso. Não são peça de adoração, muito menos objetos sexuais, elas autorizam se querem ou não ser tocadas. Limite-se a admirar sua inteligência, desenvoltura e sutileza.

Mas no que se baseia essas violências como o revenge porn e o slut shaming? O poder sobre a feminilidade e o aprisionamento das mulheres num sistema patriarcal e autoritário. Tenha outros parâmetros para contextualizar esse argumento.

Fonte: https://goo.gl/MfBLSg

Você sabia que é muito comum a prática da circuncisão feminina em comunidades de países no Norte da África e no Oriente Médio. Objetivo? Condicionar a liberdade sexual das mulheres até o casamento. O assunto é grave, de acordo com a ONU, em estatísticas divulgadas em 6 de fevereiro, no Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, até 2030 serão 86 milhões mutiladas.

Ninguém deve se sentir envergonhado por sentir desejo, fazemos escolhas e este é o nosso poder, não pertencemos a ninguém, pertencemos às nossas convicções. Se relacionar com alguém não é condição para viverem eternamente juntos, tampouco, manter contato íntimo com uma pessoa não confere a ela poder e posse sob o outro, portanto, não existe razão para se vingar ou sentir ódio.

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Eugenia e etnocentrismo, uma sociedade segregada

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A luta pela sobrevivência deflagrou uma nova ideologia para melhorar a raça humana por meio da ciência.

Quando Charles Darwin escreveu sobre a seleção natural e difundiu a ideia de que a sobrevivência dos organismos dependia de sua adaptação no ambiente, importantes pensadores inclinaram-se sobre este conceito e destilaram novas teorias. A luta pela sobrevivência deflagrou uma nova ideologia para melhorar a raça humana por meio da ciência.

Francis J. Galton é o nome associado ao surgimento da genética e da eugenia, que significa “bem nascer”. Teorizando, seria o estudo dos fatores socialmente controláveis que podem elevar ou rebaixar as qualidades raciais das gerações futuras, tanto física quanto mentalmente. Por meio de casamentos e uniões seletivas, Galton acreditava que poderia modificar a natureza das pessoas, separando aqueles que supostamente eram “perfeitos” e preservando assim a qualidade das futuras gerações.

A degeneração biológica passou a ser uma preocupação e a proibição de uniões indesejáveis era algo bastante coercivo. Propostas políticas de higiene ou profilaxia social passaram a surgir em vários países, dentre eles o Brasil. Em 1923, foi fundada a Liga Brasileira de Higiene Mental, pelo psiquiatra Gustavo Riedel, que ganhou sustentação nos pressupostos eugenistas, atingindo, posteriormente, o campo social. A eugenia era vista por Riedel como o “paraíso terrestre”, reafirmando os pressupostos de Renato Kehl, o mentor da eugenia no Brasil.

Fonte: https://goo.gl/qmFsfJ

“A mulher é vigiada não apenas para ter um feto saudável, com saúde perfeita.” – — Breno Rosostolato

O aspecto cultural e social da eugenia é o que chama a atenção, em vários países, inclusive o Brasil. As explicações para as crises econômicas e políticas isentavam as elites e imputavam toda a responsabilidade ao povo. Ou seja, os problemas de uma sociedade eram justificados através de uma constituição étnica e na presença de raças inferiores.

Na Alemanha, a Lei de Nuremberg, alicerçada nos pressupostos eugênicos, proibia o casamento de alemães com judeus, o casamento de pessoas com transtornos mentais, doenças contagiosas ou hereditárias. Propunha-se a esterilização de pessoas com problemas hereditários e que poderiam comprometer a saúde da raça ariana, associado a isso toda a perversidade e crueldade de uma mente doentia de um ditador como Hitler, que desejava conquistar o mundo. O documentário “Homo Sapiens – 1900”, do diretor sueco Peter Cohen, aborda de maneira enfática as práticas eugênicas durante o holocausto. Um verdadeiro genocídio cruel e injustificável.

Esta concepção de eugenia traduz-se, hoje, no biopoder difundido por estudiosos e intelectuais, com o propósito de estudar estratégias de intervenção sobre a vida cotidiana. Entretanto, alguns preconceitos revelam-se como absurdos propagados pelo biopoder, pois se atribuem à marginalização de “raças inferiores” os conflitos sociais, a pobreza, o aumento da violência, as drogas e por aí vai. Questões como o racismo e o sexismo são reveladas. O aconselhamento genético, por esse ponto de vista, é um espaço de poder e controle, ancorado nas concepções dessa nova genética, determinando a subjetividade das pessoas, pois não temos identidade, mas bioidentidades.

Fonte: https://goo.gl/81DHAU

A mulher é vigiada não apenas para ter um feto saudável, com saúde perfeita. O seu corpo sofre muito mais intervenções médicas, comparado ao do homem. A identidade da mulher é influenciada por essas exigências. Na maioria dos casos, o homem permanece numa posição despreocupada. São inúmeros as técnicas e procedimentos resultantes do biopoder como controle populacional e de natalidade, fertilização in vitro, diagnóstico pré-natal e pré-implantação, aborto terapêutico e clonagem reprodutiva.

Métodos científicos estão a serviço da saúde e da sociedade e possuem como alicerces ideológicos um controle adequado e seguro de doenças, a ponto de antever o surgimento de deficiências ou patologias congênitas, do crescimento descontrolado da população e, por último, o mapeamento do DNA. A genética é a área que se utiliza desses estudos científicos, difunde conceitos, ponderações e determina os aspectos adequados para a existência humana. São métodos eugênicos que estão por trás desses propósitos de prever eventuais problemas.

Porém, a eugenia não cessou. Este movimento social reforça o conceito de etnocentrismo que impera no mundo. Sociedades segregadas por diferenças religiosas são motivos para guerras infinitas e exterminações sumárias. A intolerância sexual, como a misoginia e o antifeminismo, assassina mulheres simplesmente por serem mulheres. A homofobia, lesbofobia e transfobia são intransigentes quanto às identidades sexuais, uma visão rebuscada da heteronormatividade. O racismo é enraizado na sociedade e se manifesta de maneira escancarada, para quem quiser ver. Vivemos um momento social em que essas seleções naturais são praticadas sim, defendidas amplamente por extremistas, fanáticos e radicais. Um sectarismo que não admite a opinião contrária, uma pasteurização social que assola e enfraquece esta infeliz civilização. Civilização?

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Imagem: Infantilismo

Infantilismo: como ajudar adultos que agem de maneira infantil?

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Fotos: Reprodução

Vocês já devem ter escutado a expressão “mantenha sempre viva sua criança interior”, ou algo assim do gênero. Pois bem, existem casos em que esta “criança interior” é exteriorizada de maneira intensa e visceral, a ponto de levar adultos a se comportarem como crianças. Usam roupas de bebês (mandam fazer e adaptam para o seu corpo), usam mamadeira, chupeta e até fraldas. Falam e se comportam como um bebê. Dormem em berços, brincam com seus ursinhos de pelúcia, bonecas e todos os mimos que um bebê ficaria encantado. O enxoval completo. Este é o infantilismo.

O infantilismo nunca pode ser confundido com pedofilia ou qualquer prática imoral e criminosa, pois suas práticas jamais envolvem crianças, e sim o desejo de se tornar uma criança. No infantilismo temos os adult baby, ou os bebês-adultos que sentem um prazer muito grande em agir de maneira infantil, com dengos e jeitos característicos de um bebê. Existem ainda os Diaper-Lover (amante de fraldas) e pode também acontecer na adolescência, os teen baby.  A interação com outro infantilista não é condição para vivenciar o universo do bebê, mas aqueles que interagem com o adulto-bebê são chamados de Mommy (mãe), Daddy (pai) ou Baby-Sitter(babá).

Em alguns casos existe a prática do spanking (surra ou palmada), que é uma das vertentes do BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo e Masoquismo). O spanking é o fetiche de quem sente prazer em dar ou levar tapas (palmadas) no bumbum de seu parceiro(a), mas não deve ser associado com agressões físicas como espancamento. Nesta dramatização existe quem assume o comportamento infantil e aquele que cuida, numa posição mais autoritária. Quem bate é o(a) spanker e quem apanha é o(a) spankee. Muitos praticantes do infantilismo assumem idades entre um a três anos e solicitam a outras pessoas, geralmente quem também é praticante do infantilismo, para darem mamadeira a ele, trocar as fraldas, afinal, chegam a urinar e defecar nelas.


Muitos adeptos do infantilismo não associam esta prática com intenções ou conotações sexuais, pois, o prazer em ser como um bebê satisfaz, possivelmente porque o faz relembrar e reviver as sensações agradáveis que teve na própria infância. Fazendo uma alusão à psicanálise, esta fixação estaria localizada nas primeiras fases do desenvolvimento sexual infantil, as fases oral, anal e fálica, que são vivências e descobertas importantes para compor a personalidade do indivíduo. Fases de reconhecimento do próprio corpo e zonas erógenas como a boca, o esfíncter e o genital.

A fantasia implícita ao infantilismo proporciona prazer e satisfação, portanto, existem aspectos eróticos relacionados a esta prática. Pode ser considerada uma parafilia, ou seja, a excitação e o prazer sexual não estão atrelados à cópula, mas alguma outra atividade e que envolve satisfação sexual. O infantilismo também é conhecido como anacletismo ou autonepiofilia.

Este retorno permanente a infância gera um conflito emocional, pois, a pessoa passa a usar objetos e utensílios que não são comuns a sua idade cronológica e que destoa do que é esperado de um adulto. Conflito que consiste em não abdicar da vida infantil, mas se vê obrigado a assumir seu papel social de adulto, com obrigações e responsabilidades. Muitos praticantes do infantilismo sentem-se vulneráveis e expostos diante de outras pessoas por conta dos hábitos inusitados.

As causas do infantilismo variam, mas o comportamento infantilizado estaria relacionado a conflitos vividos na infância como falta de atenção e afeto, sentir-se diminuído ou rejeitado em relação a um bebê ou ser tratado pelos pais como uma “eterna” criança. Adultos com comportamentos infantis podem denunciar uma incapacidade de lidar com pressão e responsabilidades, além de não conseguir se posicionar de forma madura quanto às exigências sociais e se vitimizam frequentemente.

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O bissexual vive com dúvidas?

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Desde que a cantora Daniela Mercury assumiu seu relacionamento com outra mulher, a jornalista Malu Verçosa, ouvi críticas e questionamentos sobre o fato de ela ter sido casada com Marco Scabia. A dualidade do desejo bissexual ainda é visto com resistência e preconceito pela sociedade.

O ator José de Abreu, recentemente, declarou em sua página do Twitter: “Eu sou bissexual, e daí? Posso escolher quem eu beijo? Quando quero beijar uma pessoa, não peço atestado de preferência sexual, só depende de ela querer”. E teoriza: “Tem dias que prefiro homens, tem dias que prefiro mulheres. Tenho que mudar? Eu sou assim, ué. Tenho que ser igual aos outros? Prefiro o que me dá prazer. E prefiro ter a preferência que deixá-la nas mãos da natureza… Ou de Deus. Prefiro homens e mulheres que me interessem sexualmente”.

O bissexual muitas vezes é acusado de ser alguém com dúvida e de estar passando por um momento de transição até confirmar sua homossexualidade. A bissexualidade existe, sim, e é preciso reconhecer esta orientação sexual. O desejo e a atração sexual são direcionados igualmente para homens e mulheres. A identidade sexual é bem definida e não admite estereótipos. O bissexual não é um homossexual enrustido, mas uma pessoa que transita livremente no sistema binário, homem ou mulher.

Exigência

Desde cedo somos exigidos a nos relacionar com alguém do sexo oposto, portanto, enquadrar-se numa heterossexualidade. Esta imposição denuncia que a heterossexualidade é compulsória.

Existe um número grande de pessoas que apresentam este desejo dualista, e resultado disso são sites de encontros que propiciam a relação bissexual. Homens que se relacionam com mulheres e se cadastram buscando relacionamentos com homens.

Muitos equívocos são atribuídos à bissexualidade, que é uma expressão legítima do desejo. São acusados de promíscuos, de não conseguirem ter uma relação monogâmica. Os bissexuais podem ter relações duradouras e fidelizadas.

Atração

O bissexual pode sentir-se atraído por ambos os sexos, mesmo que não coloque isso em prática. A igualdade entre homens e mulheres cria intersecções cada vez maiores entre masculino e feminino. As diferenças são destituídas a partir de um processo mútuo de identificação. Com a inserção das mulheres no mercado de trabalho, o advento da pílula anticoncepcional, a autonomia sexual e os movimentos de libertação sexual, o desejo e o prazer revelaram suas pluralidades.

Na década de 1950, Alfred Kinsey, estudioso sobre sexualidade, criou uma escala que ia de zero a seis, em que zero era “exclusivamente heterossexual” e seis “exclusivamente homossexual”. No meio da tabela, o três representava “bissexual”.  Segundo essa escala, 46% dos entrevistados eram exclusivamente heterossexuais, 4% exclusivamente homossexuais e 50% não se apresentavam exclusivamente nem homo nem heterossexuais, mas bissexuais.

Freud concebia uma “bissexualidade psíquica inata”, algo possível para o ser humano tendo como base o desenvolvimento sexual das crianças, que interiorizavam como referência os órgãos sexuais do pai e da mãe. Segundo Jung, o ser humano possui uma bissexualidade psíquica herdada pelas experiências raciais do homem com a mulher e da mulher com o homem. Os conceitos de “Anima” (arquétipo feminino no homem) e “Animus” (arquétipo masculino na mulher) são assim concebidos pelo teórico. Em sua psique, o ser humano é bissexual.

Identidade

A identidade de gênero, masculino ou feminino, pode ser definida pela sociedade, mas o desejo e o prazer são mutáveis, e não estáticos. Além de os papéis sociais ficarem cada vez mais estreitos, é ingênuo achar que existam padrões para a expressividade do sexo.

A bissexualidade parece ser, definitivamente, uma realidade para todos, em que, as pessoas vão se relacionar de acordo com suas conveniências e necessidades, sem se preocupar se são homens ou mulheres. A mudança de mentalidades enfraquece a heteronormatividade e é aí que reside a legitimidade da identidade sexual.

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Sabe o que é sapiossexual? Talvez você seja e nem saiba

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Em uma sociedade em que a imagem vale mais do que mil palavras, os padrões de beleza e os modelos de felicidade são determinados pela estética. Tudo aquilo que destoa destes padrões é severamente alvo de preconceitos e discriminações. As pessoas acreditam cada vez mais que a regra para ser feliz deve se basear na imagem e na aparência. Silhuetas bem delineadas, músculos rígidos e curvas suntuosas. As referências são atrizes, top models e esportistas.

Todo o sacrifício é pouco para alcançar este padrão de beleza ou cultivar corpos esculturais. Tudo a favor da estética e contra a saúde. O sofrimento, a dor e o inconformismo com o próprio corpo são inevitáveis. Esta cultura da perfeição leva algumas pessoas ao extremismo, a uma escravidão da autoimagem fantasiosa, ocasionando um distanciamento da realidade. A perda da identidade é gradativa e a alienação à vida é uma consequência trágica.

Mas diante deste cenário de belezas efêmeras e referências questionáveis, a inteligência e a sabedoria continuam sendo muito mais atraentes e afrodisíacas. A idolatria da estética é baseada no imediatismo de uma sociedade empobrecida, mas a inteligência é gradativa, volumosa, sagaz e consistente. Eis que surge um termo que define as pessoas que se sentem mais atraídas por uma boa conversa e que priorizam mais estas características do que a beleza. É a sapiossexualidade.

Escritora

Supostamente criado por Darren Stalder, em 1998, foi a escritora erótica,Kayar Silkenvoice que em 2005 criou o domínio ‘Sapiosexual.com’, popularizando o termo. Em 2008, a expressão ficou mais conhecida. O prefixo da palavra tem origem no latim sapien, que significa inteligência, e nos remete a ideia de sapiência. A sapiossexualidade é a atração sexual que uma pessoa nutre pela inteligência, aspectos culturais, bagagem e experiência de vida do outro. Um encantamento por pessoas com humor requintado e que sabe conduzir com destreza os empecilhos do cotidiano. É a forma madura em lidar com dificuldades, com tranquilidade e sagacidade que fascina. O ‘jogo de cintura’ em enfrentar os próprios conflitos.

Para o sapiossexual, o gênero da pessoa é secundário. As identificações e o desejo são baseados na inteligência. O sexo não define a atração, mas, sim, a inventividade e a criatividade do outro. É lógico que se encantar pela inteligência não desqualifica outros atributos da pessoa. A beleza passa a ser um ‘pano de fundo’, e não o principal. A falta de cultura e inteligência pode causar até aversão.

Para alguns, a sapiossexualidade seria uma orientação sexual, assim como a heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade e assexualidade. Não seria lógico encantar-se por alguém inteligente? Afinal, ninguém quer se relacionar com um ignorante ou um ‘brucutu’, certo? Não é bem assim.

Romantismo

O sapiorromantismo é, portanto, a relação romântica – e sexual – sustentada neste objeto de desejo e de atração, a inteligência. A inteligência que atrai é aquela em que se aprende com os próprios erros e a sabedoria de aprender com o erro dos outros, mudar de opinião e não ter vergonha disso. É a capacidade de ouvir e silenciar no momento oportuno. Entender o jeito do outro, e fazer a leitura necessária para acolher e criticar.

Inteligência é sutil, delicada. Despretensiosa e desenvolta. Bem humorada, pode ser irônica ou sarcástica, mas sem humilhar. Aquela pessoa que não precisa ser o que não é, mas se revelar por inteiro, sinceramente e de coração. Também não é a inteligência teórica, de enciclopédias e fórmulas da física quântica. O que seduz é a inteligência emocional. A ‘savoir-faire’, expressão em francês que significa habilidade de saber o que fazer ou dizer em qualquer situação social.

Mas afinal, você é um sapiossexual?

*Publicado originalmente em PauParaQualquerObra

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Brasil à flor da pele: A cordialidade do brasileiro e o paradoxo entre amor e ódio

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Foto: Reprodução

O povo brasileiro é cordial, sempre escutei isso desde que me conheço por gente. Haja vista que as características que descrevem os brasileiros são: simpáticos, acolhedores, alegres, festeiros. A copa do mundo do Brasil foi um exemplo disso e é o que a maioria dos estrangeiros fala a respeito dos brasileiros quando visitam o país.

Mas esta cordialidade não revela, de fato, a verdade, a intenção e o pensamento por de trás da imagem transmitida. Cordialidade que serve, muitas vezes, de fachada, assim como afirma o sociólogo Antônio Cândido, “O homem cordial não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva”.

Sergio Buarque de Holanda, um dos grandes historiadores deste país, nos revela o mito do homem cordial, descrito em “Raízes do Brasil”, livro de 1936. Cordial vem de coração, referente ou próprio do coração. Implica dizer que o brasileiro é um povo generoso, de coração, a ideia recorrente e desgastada de que possuímos o “coração de mãe”, sempre cabe mais um. Amamos de coração, o que dá intencionalidade e intensidade, mas igualmente, odiamos de coração. Somos cordiais também quando odiamos.

Mas reconhecer que odiamos é difícil porque não aceitamos este sentimento, ou melhor, reconhecemos o ódio, mas não reconhecemos em nós. Falar de ódio é mais cômodo quando atribuído ao outro. O professor e historiador Leandro Karnal define bem este pensamento quando diz que algumas pessoas parecem “ilhas de pureza e inocência” cercadas de ódio por todos os lados. Karnal fala do pacifismo do brasileiro, o que seria constituinte da nossa civilidade, ou a ideia que fazemos dela.

Este conceito de civilidade é efêmero, pois, cria um cenário fantasioso de que nossas famílias, nossa cidade é onde reside a civilidade e que a barbárie está fora dela. Uma falácia. Vivemos este mito do homem cordial e não nos damos conta que originamos, cultivamos e perpetuamos este ódio.

O Brasil, país que se revela cada vez mais reacionário através de seu povo e dá inúmeros exemplos para sustentar esta triste realidade. As eleições de 2014 é o exemplo mais recente. As pessoas discutem e manifestam suas opiniões partidárias, se esforçando com inúmeros argumentos, formulam teorias, desde as mais simplórias, denunciando falta de conhecimento sobre aquilo que defendem até mesmo teorias conspiratórias, embasadas no medo e possivelmente, na mesma falta de conhecimento.

Muitos são ponderados, demonstrando preocupação com o rumo do país e fomentando boas e saudáveis discussões. Infelizmente o que tem acontecido nas redes sociais são uma verdadeira segregação e a manifestação explícita do ódio. Um binarismo entre bem e mal, pobres e ricos, Norte e Nordeste contra Sudeste e Sul.

Visões deturpadas e violentas do outro que não deve ser entendido como rival ou inimigo, mas que deve ter sua opinião preservada e respeitada. Ter uma opinião diferente da sua não deveria ser ameaçador. Se for, talvez o problema esteja em você, afinal a diferença é agregadora e não segregadora e é você que não sustenta esta diferença por limitações suas.

Somos uma sociedade de pessoas que se esforçam para ser simpáticos, mas não empáticos. Retórica enfatizada por Karnal. O amor e ódio, que andam lado a lado, é a representação clara da dualidade emocional e que sustenta nossa contradição. Escutamos a opinião do outro, mas às costas dele, criticamos e detestamos o que acabamos de escutar. Uma raiva que surge por não concordar comigo e cresce até virar ódio, mas que está sempre nele e não em mim. Freud explica. É a morte na própria vaidade e no narcisismo descontrolado.

Este outro deveria ser diferente e como tal, ser respeitado por isso. O que acontece é que a intolerância à diferença é traduzida na necessidade doentia de tornar o outro igual, desqualificando suas opiniões e diminuindo-o como ser humano. Expressar a própria opinião e ter um posicionamento diferente do outro é recriminada como algo errado. Eu não posso ser eu, tenho que ser o outro senão sou retalhado, ao passo que é a diferença do outro que cria reflexo em nós e favorece o autoconhecimento.

Depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff, as redes sociais foram bombardeadas com insultos, comentários racistas e xenófobos contra os nordestinos. Uma confusão entre preconceito e ressentimento social com liberdade de expressão. Mas o ódio é tão contundente que leva as pessoas, facilmente, a mostrar o que elas possuem de pior.

A necessidade de se encontrar os “bodes expiatórios”, termo da bíblia judaica, explica que no dia da expiação, dia do perdão, o bode era um animal levado aos templos para que a ele todas as mazelas e pecados da sociedade fossem atribuídas e depois sacrificado, abandonado ao deserto para ser morto. Reproduzimos, inconsciente e conscientemente, este movimento de encontrar “bodes expiatórios” para depositar nossas angústias.

O ódio cria unidade e agrupa as pessoas, pois é difícil amar, embora nos esforcemos, mas odiar é prazeroso, mesmo que sádico. Somos diferentes, mas se temos a quem odiar, nos tornamos irmãos, como bem evidencia o historiador Leandro Karnal.

A derrota do outro é mais saborosa do que a minha vitória, dialética reproduzida com maestria nas relações interpessoais. Fazer o bem e amar é me enfraquecer diante do outro. Requer sacrifício, gratidão e retribuição, logo, me sentir humilhado por isso. É insuportável a sensação de sentir-se diminuído diante do outro. Já o ódio não, ele dá motivos para me vingar, me torna poderoso e mais forte do que o outro, talvez por isso, aconselhado a comer cru, para melhor degustação.

François de La Rochefoucauld, aristocrata e moralista francês nos brinda com uma frase: “Nada é tão contagioso como o exemplo”. De fato, muitos que expressam seu ódio nas redes sociais se fortalecem à medida que ganham seguidores. Querem ser exemplos e enaltecidos como tal, na eloquência de pensamentos enfadonhos e na efervescência de seu desequilíbrio emocional, contagiando seus cúmplices com o pior que eles tem a oferecer. Talvez, de fato, não exista amor no Brasil.

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A vaidade e seus espelhos partidos

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“Prefiro ser senhor do Inferno que escravo no Céu”
John Milton

Vaidade, definitivamente meu pecado predileto’, palavras do diabo, personificado em John Milton, personagem de Al Pacino no filme Advogado do Diabo. De fato, o pecado do orgulho é considerado o mais severo entre todos, mas divide com a inveja a classificação do mais maligno, conforme descreve Dante Alighieri, na Divina Comédia. Pecados que estão interligados e que são, nos dias de hoje, aqueles que entorpecem, narcotizam, embriagam e paralisam a sociedade, tornando os homens bestiais.

Orgulho que fez com que Lúcifer, o anjo portador da luz e mais belo dos arcanjos, pretensiosamente, quisesse o posto do Criador. Vaidade que sustentou a rivalidade a Deus e que teve como consequência sua expulsão e queda do céu. Queda tão brutal que fez das profundezas da terra seu refúgio, seu inferno, o oposto ao paraíso divino. O inferno, lugar de condenação e sofrimento.

A concepção do orgulho, atribuída a Lúcifer na tradição judaico cristã é evidenciada no poema de John Milton: ‘Prefiro ser senhor do Inferno que escravo no Céu’.

O pecado capital é aquele que nos leva a cometer outros. Capital derivado de ‘caput’, que significa cabeça. Cabeça que é a morada de nossos anjos e demônios. Por exemplo, o homicídio é o crime oriundo do pecado da ira. Mas de todos os pecados, o orgulho é o mais poderoso, pois somos constantemente envolvidos por nossa vaidade, tal qual Eva e Adão foram seduzidos pela serpente. Tentação da qual não nos desvencilhamos. Ao contrário das certezas e afirmações que insistimos em defender, das posturas e posicionamentos soberanos, convicções intransponíveis, somos pela vaidade escravizados, expondo nossas fraquezas e a contradição de nossos posicionamentos.

A vaidade surge na ideia de abdicar o ‘nós’ e tornar-se apenas ‘eu’, tal qual o Diabo em relação a Deus. Um ‘eu’ tão avolumado de ganância e cobiça que, pesado, cai em si. Se destrói. Motivo este da igreja coibir tal pecado. A beleza não poderia ser enaltecida, nem mesmo o amor próprio. Amor apenas a Deus e assim, o ascetismo religioso vigora entre os homens. Os prazeres mundanos devem ser aniquilados em prol da fidelidade e obediência ao Ser Supremo.

Loving Earth/Photopin – fonte: http://info.abril.com.br/

Narciso é a imagem mais emblemática da vaidade do ser humano. Permanecendo imóvel à contemplação ininterrupta de sua face, morreu diante de sua beleza e por sua vaidade sufocante e atormentadora.

São os altos preços que muitas pessoas pagam para satisfazer suas vidas. Buscam preencher-se com aquilo que o espelho revela faltar. Procuram, desesperadamente, curar o que não toleram na imagem refletida. Talvez a sociedade esteja vivenciando uma de suas maiores mazelas, a automutilação. A dismorfia corporal é o transtorno psíquico do momento, pautada por uma preocupação exagerada com um defeito real ou imaginado na aparência física. É o demônio que existe em cada espelho.

Para enquadrar-se aos padrões impostos, nos sacrificamos. Nos baseamos em modelos determinados e efêmeros, buscamos ser referência. A sociedade tornou-se onanista, que reivindica seu prazer, mas para tal, corrompe, distorce, maltrata, agride e açoita.

O historiador Leandro Karnal nos brinda com uma reflexão: ‘por trás de cada virtude existe uma exuberância que nos aproxima do vício’. A crença contemporânea de que a virtude é a vaidade. Eis o que ele denomina como o homem efêmero. Aquele que não suporta sua quietude, provavelmente porque assim terá que refletir sobre a própria vida e, portanto, está sempre atrás do outro. Prefere a falta de tempo, mesmo reclamando disso, do que o marasmo que possibilita as verdades inaceitáveis.

Solícitos, exigimos elogio e atenção. Nas redes sociais somos o retrato da perfeição. Um paraíso de sorrisos e harmonia. Preferimos monólogos a diálogos. Quando o outro fala, aproveitamos o ensejo para falar de nós mesmos. A vaidade é tamanha que facilmente nossa onipotência se revela e não admitimos mais falhar.

Karnal ainda insiste numa outra ideia, de que não consertamos as relações humanas, mas as trocamos porque assim ganhamos originalidade. Dessa maneira, na nova pessoa exploro o quanto sou interessante e instigante. Ele conclui: ‘E ao trocar sapatos, computadores e pessoas que amamos por outras, vamos substituindo a dor do desgaste, pela vaidade da novidade’.

Fonte: serfelizeserlivre.blogspot.com

Alimento novos espelhos, novos reflexos, porque para alimentar minha vaidade, desejo que o outro seja um reflexo meu, me admire e sustente meus caprichos.  A pessoa do passado me mostra o quanto sou desinteressante, desnecessário e irrelevante. Talvez por isso, expressar a própria opinião tenha se tornado um crime.

A opinião contrária a minha é condenável, pura e simplesmente, porque não está de acordo com meu espelho. O soberbo não divide espaço, apropriando-se dele e, para tal, torna-se maioria em detrimento à minoria, supostamente, ignorante e inadequada. O orgulho impossibilita que admitamos que as pessoas sejam diferentes de nós e que de fato elas podem não gostar da gente. Bem que Caetano já cantava, “Narciso acha feio o que não é espelho”.

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