Mesa redonda discute a assistência em situações de crise

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Participaram da mesa Alex Matos Fernandes (profissional da Defesa Civil); Karlla de Souza Luz e Claudete Nascimento (profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU); e Andreya Bueno, (Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar).

Ocorreu na manhã da última quarta-feira, dia 02 de outubro, nas dependências do CEULP/ULBRA, a mesa redonda “Intervenção em Situações de Crise”, organizada pela professora Izabela Querido e os acadêmicos de Psicologia da disciplina de Intervenção em Situações de Crise. A mesa redonda teve o objetivo de abordar a assistência prestada por profissionais nas mais diversas situações de crise, como suicídio, surtos psicóticos, desastre e violências.

       Participaram da mesa Alex Matos Fernandes (profissional da Defesa Civil); Karlla de Souza Luz e Claudete Nascimento (profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU); e Andreya Bueno, (Tenente Coronel do Corpo de Bombeiros Militar). Como mediadora, a professora Izabela Querido iniciou com a apresentação do evento, abrindo para as apresentações dos profissionais convidados.

      A tenente Coronel Andreya Bueno, do Corpo de Bombeiros, atualmente no cargo de diretora do Departamento de Ensino e Pesquisa, abriu a fala dos convidados da mesa. Inicialmente abordou sobre a sua experiência pessoal com a Psicologia, reconhecendo a importância das intervenções do profissional psicólogo. Durante a sua fala explicou sobre o trabalho de capacitação para situações de emergência que realiza nas instituições de ensino, o qual envolve crianças do primário até universitários, focando na prevenção como também no manejo em caso de incidentes.

(Da esquerda para a direita: Karlla de Souza, Claudete, professora Izabela Querido, Andreya Bueno e Alex Matos Fernandes )

         Dando continuidade às falas da composição da mesa redonda, a enfermeira Karlla de Souza Luz, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), relatou como ocorre a assistência e os procedimentos em casos de emergências, em que os profissionais do SAMU são acionados para prestar assistência direta ao paciente ajudando e fornecendo o atendimento pré-hospitalar às vítimas em situações de urgência. Karlla relatou sobre algumas experiências que foram marcantes em sua vida profissional, demandas relacionadas aos atendimentos direto com os pacientes em situações de urgência. Compondo também a mesa, a  profissional do SAMU, Claudete Nascimento, explicou sobre a simulação de acidente com múltiplas vítimas ocorrido na Teotônio Segurado, que teve o objetivo de preparar os profissionais de salvamento e segurança.

       Alex Matos foi o responsável por descrever a atuação da Defesa Civil na cidade de Palmas-TO. Esta representa um conjunto de ações preventivas de socorro, assistenciais e reconstrutivas visando preservar a integridade física e moral das pessoas em situação de vulnerabilidade. Alex explicou que o papel da Defesa Civil vai além de apenas salvar uma vida em situação de perigo, sua atuação também envolve oferecer suporte para que as vítimas se sintam acolhidas. Um exemplo citado foi o de oferecer brinquedos para crianças que estão em abrigos temporários depois de desastres, sejam estes causados por eventos naturais ou decorrentes de incidentes tecnológicos. Na pauta do evento, também foi discutida a questão de cadastros de profissionais para auxiliarem em situações de desastre.

      Na ocasião da mesa redonda os profissionais aproveitaram para reforçar a necessidade de desenvolver ações que promovam saúde mental para as pessoas que intervêm nas situações de crise. Andreya apontou que cresce o número de mortes por suicídio em profissionais da segurança pública enquanto Karlla e Claudete citaram o adoecimento físico e mental de profissionais da saúde. De acordo com os depoimentos, o suicídio é uma experiência vivenciada com colegas próximos tanto da corporação do Corpo de Bombeiros quanto em áreas da saúde.

           O encontro foi encerrado com a reflexão da importância de discutir e abrir espaço para abordar cada vez mais sobre a atuação desses profissionais, construindo juntamente com acadêmicos  um trabalho intersetorial em que diferentes áreas poderão articular para atender as necessidades vigentes.

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A Longa Noite de Game of Thrones

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A noite é escura e cheia de terrores!

Game of Thrones é uma série de fantasia da HBO inspirada no mundo criado por George R. R. Martin em As Crônicas de Gelo e Fogo. Sua última temporada – iniciada em 14 de abril de 2019 – foi muito aguardada pelos fãs ao redor do mundo. Um dos momentos mais esperados e cuidadosamente construído ao longo da série é o confronto com os Caminhantes Brancos (também chamados de Outros), retratados como o principal perigo para Westeros, e que foi ao ar no último domingo. (Contém spoilers!)

Os Caminhantes Brancos são criaturas que vieram do Extremo Norte com o objetivo de extinguir a luz e o calor do mundo através do frio e da escuridão eterna. O seu líder, o Rei da Noite, tem o poder de “ressuscitar” os mortos, incluindo animais, e estes passam a lutar em seu nome. As criaturas só podem ser “mortas” quando feridas por aço valiriano ou obsidiana (vidro de dragão).

Fonte: encurtador.com.br/rwxV0

A Longa Noite foi o período histórico do mundo em que o inverno durou uma geração e as criaturas vieram pela primeira. Os contos diferem sobre o seu fim, no entanto, o mais conhecido e enfatizado pela série é a história do Azor Ahai, herói abençoado por R’hllor, que lutou contra a escuridão com uma espada flamejante, a Luminífera.

O episódio – o mais longo da série – inicia-se com a tensão e o medo diante da batalha iminente.  A seguir, são destacados os principais momentos e personagens do episódio.

  • Melisandre

A sacerdotisa de R”hllor é a primeira a fornecer uma pequena e rápida esperança momentos antes da batalha ao incendiar, através de uma prece ao deus, as espadas dos dothrakis. Em outro momento da batalha, Melisandre salva temporariamente os vivos ao colocar fogo sobre a pira que cerca Winterfell e, no ponto-chave do episódio, reencontra Arya Stark e lhe fala sobre os olhos que a menina fechará (“olhos castanhos, olhos verdes, olhos… azuis”). Melisandre, junto com Arya Stark, Brienne, Lyanna e Daenerys foram a força feminina e os grandes destaques do episódio.

Fonte: HBO
  • A linha de frente da batalha

É na linha de frente de combate que estão Sor Brienne de Tarth – a primeira cavaleira dos Sete Reinos -, Jaime, Tormund, Edd Doloroso, Beric Dondarrion, Sandor Clegane, Samwell Tarly, Gendry, Podrick e Verme Cinzento. Através deles que percebemos o terror de se enfrentar os mortos. Infelizmente, o exército dos vivos é obrigado a recuar para Winterfell e a guerra continua dentro do castelo. Lyanna Mormont morre ao derrotar um gigante.

Fonte: encurtador.com.br/itEG5
  • A redenção de Theon Greyjoy

Theon, protegido de Ned Stark, traiu Robb, tomou Winterfell de Bran em nome de seu pai e era um dos personagens mais detestáveis de Game of Thrones. Posteriormente, se tornou Fedor e sofreu nas mãos de Ramsay. Sua redenção para com os Starks, que mais tarde o personagem reconhece como sua verdadeira família inicia-se ao ajudar Sansa a fugir de Ramsay e vemos sua concretização quando o personagem se dispõe a proteger Bran. Aqui temos um dos pontos mais emocionantes do episódio, pois Bran perdoa Theon que morre em defesa do Corvo de Três Olhos.

Fonte: encurtador.com.br/fxDLV
  • Sor Jorah Mormont

Sor Jorah Mormont, filho do antigo Senhor Comandante da Patrulha da Noite, Jeor Mormont, estava destinado a ser Senhor da Ilha dos Ursos, porém, fugiu de Westeros após Eddard Stark o condenar à morte por vender pessoas como escravos. É no exílio que ele encontra Daenerys Targaryen, inicialmente a espionando e posteriormente  uma protegendo-a e se tornando um amigo de confiança e leal servo.

Após ser curado da Escamagris, Sor Jorah volta a servir Daenerys e se mostra o último recurso quando ela cai de Drogon. Cercados por todos os lados pelo exército inimigo, Sor Jorah conseguiu proteger Daenerys – que pela primeira vez lutou com espada na série – e morreu ao lado da rainha em uma das cenas mais dramáticas do episódio.

Fonte: encurtador.com.br/akoyH
  • Arya Stark

Arya é a grande estrela do episódio e uma das personagens que mais se desenvolveu ao longo da série. Após perder seu pai no final da primeira temporada, a personagem teve que fingir ser um menino para conseguir fugir de Porto Real, foi capturada pela Irmandade sem Bandeira – momento em que tem seu primeiro contato com Melisandre – e por Sandor Clegane, viajou para Bravos onde foi submetida a um intenso e rigoroso treinamento para se tornar um Homem Sem Rosto – o que a torna uma exímia lutadora -, ficou cega temporariamente, retornou a Westeros, vingou o Casamento Vermelho e, finalmente, reencontrou sua família em Winterfell.

Em certo momento do episódio Beric Dondarrion se sacrifica para salvar Arya e descobrimos que esse era o seu propósito de vida. É aqui que Arya e Melisandre se reencontram e a sacerdotisa reorienta Arya para o verdadeiro foco da guerra: o Rei da Noite.

Fonte: encurtador.com.br/ftMX2

Posteriormente, quando tudo parece perdido e o fim próximo, Arya surge como a salvadora e põe fim à batalha ao derrotar o Rei da Noite com uma adaga de aço valiriano – coincidentemente, a mesma adaga utilizada em uma tentativa de assassinato a Bran, na primeira temporada e que foi um dos motivos para o início da guerra dos tronos. Após ser destruído, todas as criaturas criadas pelo Rei da Noite também são e assim se encerra a Longa Noite de Game of Thrones.

Fonte: encurtador.com.br/mwQWX

Game of Thrones foi capaz de, mais uma vez, surpreender os telespectadores, já que muitos acreditavam que Jon ou Daenerys – embasando-se na teoria do Azor Ahai – seriam os responsáveis pela destruição do Rei da Noite, o que acarretou muitos elogios à série. Contudo, alguns fãs criticaram o episódio pelo mesmo motivo afirmando que os roteiristas desprezaram todas as teorias construídas ao longo da série. Agora, nos resta aguardar os próximos capítulos.

 

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O destino de uma nação: liderança e comunicação persuasiva

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Concorre com 6 indicações ao OSCAR:

Melhor Filme, Melhor Ator (Gary Oldman), Melhor Fotografia,
Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhor Design de Produção.

O Destino de uma Nação (Darkest Hour), filme de 2017 e indicado ao Oscar 2018 na categoria principal, retrata os primeiros dias de governo de uma das figuras mais controversas do Reino Unido: Winston Churchill, primeiro-ministro durante os reinados de Jorge VI e Elisabeth II, atual monarca.

Churchill – interpretado por Gary Oldman – assumiu o poder em maio de 1940, conforme mostrado no filme, em meio ao envolvimento do Reino Unido na Segunda Guerra Mundial. O momento é de tensão: as forças militares francesas e britânicas, após sucessivas derrotas para a Alemanha Nazista que avança impiedosamente sobre o continente europeu, ficam encurraladas na costa de Dunquerque (França). Aqui surge a hora mais escura do recém-governo de Churchill, ele deve continuar a campanha contra a Alemanha com o risco de perder mais de 300 mil soldados ou ceder a um acordo com a inimiga e salvar a vida destes soldados?

Uma dos pontos que merece destaque no filme é a importância da persuasão na política. Segundo Myers (2000, p. 189), a persuasão é “o processo pelo qual uma mensagem induz mudança de crenças, atitudes ou comportamentos”. O autor aponta quatro elementos da persuasão – o comunicador, a mensagem, como a mensagem é comunicada e o público.

Fonte: https://goo.gl/rjPbhP

Churchill desempenha o papel de comunicador persuasivo aos cidadãos ingleses e sua credibilidade é fruto do seu cargo político. Entretanto, percebe-se que o personagem possui dificuldades em estabelecer a mesma confiança, e consequentemente a persuasão, quando o público são os membros do parlamento; os mesmos o consideram um louco por permanecer com a ideia de confrontar a Alemanha diante das perdas sucessivas.

Quanto à mensagem transmitida, Churchill se utiliza constantemente da emoção para atingir a população e despertar sentimentos de afeição à pátria, resistência aos nazistas e, consequentemente, de manutenção da guerra. Seus discursos são carregados expressões que remetem à necessidade de defender a pátria a qualquer custo nesse tempo de instabilidade, como no trecho a seguir do discurso proferido no dia 05 de maio de 1940, assim que assumiu o poder e que está presente no filme.

Perguntam-me qual é a nossa política? Dir-lhes-ei; fazer a guerra no mar, na terra e no ar, com todo o nosso poder e com todas as forças que Deus possa dar-nos; fazer guerra a uma monstruosa tirania, que não tem precedente no sombrio e lamentável catálogo dos crimes humanos. -; essa a nossa política. Perguntam-me qual é o nosso objetivo? Posso responder com uma só palavra: Vitória – vitória a todo o custo, vitória a despeito de todo o terror, vitória por mais longo e difícil que possa ser o caminho que a ela nos conduz; porque sem a vitória não sobreviveremos (CHURCHILL).

Com relação ao acordo com a Alemanha nazista, percebe-se que o personagem não se rende a essa estratégia somente pelo valor das vidas que correm perigo em Dunquerque, mas também pelo forte nacionalismo presente e que demonstra que perder para os nazistas seria um sinal de fraqueza de todo o Império Britânico.

Fonte: https://goo.gl/anu225

Enfim, a postura de Churchill diante dessas decisões o faz parecer mais humano. Assistimos ao filme com a sensação de que estamos vendo um ser humano comum que deve aprender novos repertórios para se livrar da tensão que se instala; deve não só levantar seu ânimo, mas a de uma nação inteira que se vê encurralada frente ao seu pior inimigo.

Os diálogos políticos, a atuação louvável de Gary Oldman, o sentimento de tensão e os impasses morais fazem de O Destino de uma Nação um filme que merece ser visto, apreciado e, com certeza, um forte concorrente nas categorias em que disputa.

P.S.: O Destino de uma Nação funciona como complemento, e vice-versa, a Dunkirk filme de Christopher Nolan que retrata especificamente o resgate dos militares de Dunquerque e também é um forte indicado ao Oscar de melhor filme.

FICHA TÉCNICA

          O DESTINO DE UMA NAÇÃO

Diretor:  Joe Wright
Elenco:  Gary Oldman, Kristin Scott Thomas, Ben Mendelsohn,
Gênero:  HistóricoDrama
Ano: 2018

Referência:

CHURCHLL, W. Sangue, sofrimento, lágrimas e suor. Disponível em: < http://www.arqnet.pt/portal/discursos/maio02.html>. Acesso em 01 mar 2018.

 

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Suicídio: tipos e possíveis intervenções

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Primeiramente, é preciso que se defina conceitualmente o que seja suicídio. Segundo Émile Durkheim (1858-1917), diferente de outros tipos de morte, nesse caso, a retirada da vida ocorre mediante a ação do próprio indivíduo. “(…) entre as diversas espécies de morte, há as que apresentam a característica particular de serem feito da própria vítima, de resultarem de um ato cujo paciente é o autor; e, por outro lado, é certo que essa mesma característica se encontra na própria base da ideia que comumente se tem de suicídio” (DURKHEIM, 2000, p. 11).

Fonte: http://zip.net/bktKcV

Cabe destacar que a ação é intencional e acompanhada por algum objetivo. Referente à fundamentação teórica do conceito, temos que: “(…) chegamos portanto a uma primeira formulação: chama-se suicídio toda morte mediata ou imediatamente de um ato positivo ou negativo, realizado pela própria vítima” (DURKHEIM, 2000, p. 11). Dentre os tipos de suicídio, temos os três seguintes: suicídio egoísta, suicídio altruísta e suicídio anômico. A seguir explanaremos a respeito de cada um e por fim, apresentaremos possíveis intervenções para os casos explicados.

Suicídio Egoísta

O egoísmo, segundo o dicionário Aurélio (2017, s/p), é o “amor exclusivo à pessoa e aos seus interesses próprios”. Partindo desse conceito, suicídio egoísta é aquele em que o ego individual se afirma fortemente frente ao ego social, ou seja, há uma individualização exagerada. A fragilização do vínculo relacional/emocional/afetivo contribui com a sensação de solidão e tristeza, o que facilita que a perda de direção/senso/sentido na vida se instale.

Acontece quando as pessoas se sentem totalmente separadas da sociedade. Nele os interesses particulares estão acima dos interesses da sociedade. Geralmente, as pessoas estão integradas à sociedade por papeis de trabalho, laços com a família e comunidade, e outras obrigações sociais (DURKHEIM, 2000).

Quando esses laços são enfraquecidos através de aposentadoria ou perda de familiares e amigos, a probabilidade de ocorrência aumenta. Os idosos que perdem estes laços são os mais suscetíveis ao suicídio egoísta (DURKHEIM, 2000). O suicídio egoísta acontece, especialmente, nas sociedades ditas “superiores” (as sociedades ocidentais modernas em contraposição às “primitivas”, tribais ou indígenas), mas com determinadas carências de integração entre sociedade e indivíduo.

O referido autor acredita que existem diferenças entre as populações mais intelectualizadas e que viver nas cidades seria a razão de terem maior inclinação ao suicídio, por exemplo, quanto maior a cidade, mais a pessoa sente-se sozinha considerando que existem pessoas que ela não conhece e nunca vai conhecer.

Fonte: http://zip.net/bvtKBw

A sociedade é individualista o que leva Durkheim (2000), a afirmar que uma individualização excessiva leva o suicídio. Quando desligado da sociedade, o homem é propenso a se matar facilmente. É o tipo de suicídio que prepondera na modernidade e, geralmente, é praticado por pessoas que não se sentem devidamente integrados à sociedade e, de certo modo, estão isolados dos grupos sociais (família, amigos, comunidade, por exemplo) (DURKHEIM, 2000).

A depressão, a melancolia, a sensação de desamparo moral provocadas pela desagregação social tornam-se, então, causas deste tipo de suicídio. Essa desintegração causa sofrimento à pessoa a tal ponto de ela chegar ao estado mais extremo de se matar para que, dessa forma, não continue sofrendo. Outras características desse tipo de perfil é que costuma ser um ser humano que não possui laços de amizade amigos, perdeu, ou nunca teve namorado/namorada, não se integra à família e não se sente útil de forma alguma. Diante dessa situação, ele é assolado por pensamentos de que ninguém vai sentir sua falta e acaba com tudo.

Ornish (1999, p. 31) salienta que: “o poder curativo do amor e dos relacionamentos tem sido documentado em um número crescente de estudos científicos bem orientados, que envolvem centenas de milhares de pessoas no mundo todo”. Assim, diante do potencial efeito de cura do amor, podemos ressaltar que a manifestação de afeto presente nas relações interpessoais causa em quem o recebe diferentes sensações. Com ações assim, vínculos são fortalecidos e problemas são mais facilmente encarados.

Nesse contexto, cabe destacar que a capacidade de se emocionar e de se comunicar de forma verbal consiste num dos atributos mais relevantes que diferencia o ser humano de outros seres. Segundo um dos principais suicidólogos do país, Carlos Felipe D’oliveira, a principal causa do suicídio é a depressão. “O indivíduo fica deprimido, se isola, e o isolamento alimenta ainda mais esse processo de depressão” (TRIGEIRO, 2015, p. 128).

Fonte: http://zip.net/bltJGY

Ou seja, quando o ser humano não se encontra num estado de experimentação de bem-estar e contentamento, ele tende a fugir de situações festivas, de momentos em que será mais visualizado. Sua tendência é se afastar de contextos que propiciem interação social. No entanto, devemos alargar a visão ao pensar em causas do suicídio, pois as possíveis razões conseguem ir além do que foi supracitado. Adiante veremos mais razões para a emissão desse tipo de comportamento. Durkheim (2000) observa que o homem é um ser duplo, possui uma personalidade individual e uma coletiva, sendo que a última representa um padrão comum entre todas as pessoas.

Assim, quando a sociedade, por algum motivo, não consegue infundir seus valores coletivos de pertencimento e de existência na pessoa, este pode dar fim à própria vida se alguma situação relacionada tão somente ao seu particular tenha dado origem a uma decepção, desilusão, descrença. Ainda, segundo Émile Durkheim (2000), pessoas casadas se matam em menor proporção que as solteiras, apontando uma relação estreita entre a formação familiar e a preservação da vida.

Há ainda uma relação direta entre o estado civil, que são: casado e solteiro. Foi verificado ainda associação entre o voto de celibato e maior tendência ao suicídio. Segundo o autor:

  • Os casamentos demasiado precoces têm uma influência agravante sobre o suicídio, principalmente em relação aos homens: os casamentos prematuros determinam um estado moral cuja ação é nociva, sobretudo para os homens;
  • A partir de 20 anos, os casados, homens e mulheres, se beneficiam de um coeficiente de preservação com relação aos solteiros;
  • O coeficiente de preservação dos casados com relação aos solteiros varia de acordo com os sexos: o sexo mais favorecido no estado de casamento varia, por sua vez, conforme a natureza do sexo mais favorecido;
  • A viuvez diminui o coeficiente dos casados, homens e mulheres, no entanto, na maioria das vezes, não o suprime completamente. Os viúvos suicidam-se mais do que os casados, mas, no geral, menos do que os solteiros (2000, p. 214-217).

Suicídio Altruísta

Considerando a perspectiva inicial, no que tange a possíveis causas, é sabido que, diferente do exemplo anterior, a individuação insuficiente é um dos fatores relevantes para a efetuação do comportamento de se suicidar (DURKHEIM, 2000).

Para o Dicionário Aurélio (2017, s/p), individuação consiste em: “acentuar as particularidades individuais de”. Assim, se utilizando dessa definição, compreendemos que esse processo existe a partir da visualização/reconhecimento de características pertinentes ao indivíduo.

Fonte: http://zip.net/bvtKBy

Nesse contexto, há os casos de suicídio obrigatórios, em que o meio social aborda a temática de forma explícita/clara. Alguns exemplos: “Suicídios de homens que chegam ao limiar da velhice ou são afetados por doenças; suicídios de mulheres por ocasião da morte do marido; suicídios de clientes e servidores por ocasião da morte de seus chefes” (DURKHEIM, 2000, p. 272).

Existe ainda casos de autoviolência praticada de maneira espontânea, como quando ocorre uma briga conjugal ou mesmo alguma demonstração ciumenta. É importante citar que esses comportamentos são mantidos em razão da falta de interesses próprios, de um sentido maior à existência. E, embora, nesse momento, não sejam, de forma formal, estimulados a se matar, a opinião social favorece a execução desse ato (DURKHEIM, 2000).

Fonte: http://zip.net/bltJKw

Como veem-se nas outras modalidades do suicídio a ausência do olhar apurado da sociedade, a falta de afeto e a falta de amor, constituem-se um quesito importante que levam ao ato suicida. Isso tudo exerce influência sobre como o indivíduo se vê, sobre a realidade de se sentir alguém diferente/diferenciado ou não.

No suicídio altruísta, tem-se uma causa curiosa, que seria o ato heroico do indivíduo, ou seja, dar sua própria vida em uma “suposta melhoria” para as demais pessoas. Não existe depressão, a pessoa está integrada à sociedade, mas mesmo assim decide tirar sua vida, por acreditar, que isso poderá contribuir positivamente na vida das pessoas ou na sociedade. 

Suicídio Anômico

Durkheim (2000) ainda nos fala de uma terceira forma de suicídio como uma tipologia social: o anômico. Esse termo, anomia, ao analisarmos separadamente, refere-se à uma “ausência generalizada de respeito a normas sociais, devido a contradições ou divergências entre estas” (FERREIRA, 2001). No entanto, em “O Suicídio”, o termo está mais relacionado a crises financeiras e individuais.

O suicídio anômico pode ser caracterizado como aquele possivelmente decorrente de perturbações da ordem coletiva, uma ruptura do equilíbrio econômico-social em que o indivíduo se encontra, como crises financeiras; atingem, principalmente, industriais e comerciais (DURKHEIM, 2000). A relação proposta pelo autor há um século continua presente na sociedade atual. Em parte, pode-se afirmar que nosso sistema econômico atual é muito sensível às crises financeiras mundiais devido aos mercados cada vez mais globalizados.

Uma pesquisa realizada em 2009 e publicada na “British Medical Journal”, mostrou que, nos 54 países americanos e europeus pesquisados após a crise financeira de 2008, o número de suicídios masculinos aumentou 3,3% nos países afetados pela crise financeira (BBC, 2013); o que nos mostra que o ato suicida pode ser influenciado grandemente por estes fatores.

Fonte: http://zip.net/bctJ3Y

É importante deixar claro que o suicídio não é um fenômeno social exclusivo de períodos anômicos porque, unicamente, os indivíduos passam a possuir menos. Mesmo em tempos de relativa paz econômica o suicídio ocorre. Contudo, o que se pode observar na anomia é um aumento dos índices.

Durkheim (2000) ainda nos apresenta algumas causas individuais que, decorrentes da anomia, podem atuar no aumento de suicídios. Uma delas é quando suas necessidades já são supridas, mas o indivíduo busca mais, como o luxo. Em outras palavras, significa não ultrapassar a barreira de ter aquilo que se consegue alcançar, baseado no seu poder de compra e classe social. Caso contrário, para o funcionamento dessa dinâmica, haverá dor e infelicidade.

O suicídio anômico é considerado diferente do suicídio egoísta porque aqui temos uma forma que depende da regulamentação da sociedade sob a vida dos indivíduos; diferentemente do segundo, no qual depende da maneira que os indivíduos estão ligados à sociedade (DURKHEIM, 2000).

Possíveis intervenções

No que tange a possíveis práticas interventivas, podemos citar que:

Diferentemente da realidade que vivenciamos, é necessário abordar a temática, por ser considerado um problema social (baseado na perspectiva apresentada até agora) e também de saúde pública – já que fere um dos maiores direitos garantidos por Lei, a saber, a vida. Nesse viés, entendemos que: “Na área de saúde, prevenção se faz com informação” (TRIGUEIRO, 2015, p. 46). Existe também a relação de que a pessoa que comete suicídio apresentada estado de intensos dor e sofrimento mental.

Ao se tratar do suicídio egoísta, a realização de grupos operativos (focados numa tarefa) pode ajudar a estruturar relações, o aprofundamento de vínculo relacional. O que, consequentemente, contribui para uma maior  integração/envolvimento ao meio social/comunidade em que se está inserido. Além disso, a psicoterapia pode ajudar no acompanhamento do estabelecimento de relações saudáveis.

Fonte: http://zip.net/bgtJ6X

Ao se referir ao suicídio altruísta, a base histórico-social precisa ser observada de forma minuciosa, uma vez que, a partir da história de vida do indivíduo é que esses valores – matar por algo maior – são instituídos. Nesse caso, o líder religioso e o momento da pessoa de filiação à determinada religião devem ser consultados.

Por fim, ao abordar o suicídio anômico, os profissionais de saúde mental – principalmente psicólogos e psiquiatras – devem ajudar o indivíduo a se fortalecer para conseguir enfrentar/lidar/superar as adversidades/instabilidades de cunho financeiro.

 

Referências:

Anderson, M.L. and Taylor, H.F. (2009). Sociology: The Essentials. Belmont, CA: Thomson Wadsworth.

BBC. Estudo liga aumento de suicídios à crise global. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/09/130918_crise_economica_suicidio_lgb> Acesso em: 17 mai 2017.

CABRAL, J F P. “Sobre o suicídio na sociologia de Èmile Durkheim”; Brasil Escola

Dicionário Aurélio. Individuação. 2017. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/individuar> Acesso em: 16/05/2017

ESTABLET, R. A atualidade de ‘O Suicídio’. In: MASSELLA, Alexandre Braga (org.). Durkheim: 150 anos. Belo Horizonte, MG: Argvmentvm, 2009, p. 119-129.

DURKHEIM, É. O suicídio: estudo de sociologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

DURKHEIM, É. Suicídio: definição do problema; suicídio egoísta; suicídio altruísta; suicídio anômico. In:______. Émile Durkheim: sociologia. Organizador José Albertino Rodrigues. São Paulo: Ática, 1981, p. 103-122.

FERREIRA, A. B. de H. Miniaurélio Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

ORNISH, D. Amor e sobrevivência: a base científica para o poder curativo da intimidade. Brasil: Rocco, 1999, 268 p.

TRIGUEIRO, A. Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e no mundo. São Bernardo do Campo – São Paulo: Correio Fraterno, 2° ed, 2015, 51 p.

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Corpos esportistas: contemporaneidade e potencialização do corpo

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Atualmente, com o avanço da ciência, da tecnologia e também da formação do processo cultural do esporte de luta em todo o mundo, a espetacularização dos corpos por parte dos atletas têm se tornado cada vez mais frequente e simbólico nos momentos dos treinos e lutas realizados pelos mesmos.  Essa “espetacularização” é vista como a potencialização dos corpos, seja ela por meio de substâncias químicas como anabolizantes e esteróides ou por forma puramente psicológica durante os treinos nas academias de luta e/ou dentro dos ringues.

Os atletas – para se sentirem mais fortes, tanto fisicamente quanto psicologicamente – acabam por ingerir certas substâncias que causam efeitos de anestesia (sensação de menor dor e impacto dos socos que são dados pelos seus adversários nas lutas de M.M.A.) e maior força física, proporcionando uma maior segurança e intimidação para seu adversário durante a exibição do seu corpo para a plateia e para o seu próprio oponente. Nota-se que a preparação e constituição de um lutador requer mais do que grandes preparações físicas desgastantes e domínios de técnicas durante os treinos e os espetáculos vistos nos ringues. É algo que, muitas vezes, é realizado nos “bastidores” antes das lutas, e como consequência, torna-se invisível aos olhos dos espectadores que apreciam as performances dos atletas.

Toda a musculatura e desempenho que é adquirida no esporte de luta concedem uma formação de identidade nos atletas, proporcionando-lhes uma “personalidade” e linguagem corporal que lhes são atribuídos como sinônimo de virilidade e bom estado físico, sendo capaz de demonstrar para os espectadores que o mesmo se encontra apto para poder ter uma boa luta e vencer os mais diversos oponentes durante a sua carreira como lutador. O estado psicológico desses atletas também é afetado por sofrerem muita pressão, fazendo com que esses treinem ao seu limite para conseguirem superar o adversário, muitas vezes sem se preocupar com as consequências, só focando na vitória, deste modo se desgastando, trazendo prejuízos para sua saúde, recorrendo a remédios que muitas vezes acabam piorando a sua situação em vez de ajudar.

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Fonte: http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/2013/05/dados-cientificos-apontam-para-os-problemas-do-uso-de-anabolizantes.html

Há na sociedade atual uma intensa valorização do corpo. Os corpos desejados são os sarados, musculosos, em boa forma. São conquistados através de longas e cansativas séries de exercícios em academias, uma dieta rígida, suplementos alimentares que fornecem os nutrientes que não foram adquiridos na alimentação e, às vezes, através também de anabolizantes. A mídia e a indústria de cosméticos são fatores que contribuem para a valorização do corpo na sociedade atual.

O corpo que se vê está na moda. Ele é exibido em cartazes, novelas, filmes, etc. A nudez vem emergindo cada vez mais limpa. Se somarmos o número de produtos cosméticos que existem no mundo, de academias para se modelar o corpo, de empresas que produzem roupas para se mostrar o corpo, veremos que talvez um décimo da economia mundial gira em torno da produção para tomar o corpo que se vê bonito, atraente, vistoso, moreno, atlético. É a indústria do “olhe para mim”, forma oficial de exibicionismo e de chamar a atenção. (GAIRSA, 2005, p. 295)

O Brasil se tornou o segundo país do mundo com mais academias por habitante, segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Os motivos que levam as pessoas a frequentar a academia podem ser para melhorar a estética corporal, diminuição do peso, melhorar a saúde, entre outros.

As práticas desportivas estão ganhando cada vez mais espaço na sociedade atual. Anteriormente, a prática de esportes era considerada um hobby. No entanto, com a valorização das competições mundiais, os esportes tornaram-se profissões. Os atletas buscam maior eficiência em sua performance esportiva e ela pode estar diretamente ligada ao seu corpo. Desta forma, o esporte passou a ser um mecanismo de criação de eficientes corporais e contribuiu para a valorização do corpo.

Nas práticas desportivas, o corpo do atleta é visto para além do ponto de vista estético, diferentemente do que é buscado pelas outras pessoas que praticam exercícios. Segundo Nunes e Goellner:

O corpo de um atleta olímpico, por exemplo, produz-se de forma diferenciada do corpo de uma pessoa que busca melhorar a forma física e a aparência. Resguardadas as devidas proporções, o que é necessário enfatizar é que, ambos, utilizam recursos que potencializam sua aparição e os dois personificam a hibridização natureza/cultura, bem como a transformação de si em um eficiente corporal, onde as fronteiras entre pessoa e tecnologia encontram-se absolutamente atravessadas (NUNES; GOELLNER, 2007, p. 56).

Apesar de a competição ser uma das mais importantes etapas da prática desportiva, um longo caminho de preparação física vem antes e ela é a principal responsável pelo desempenho do atleta na competição. Atualmente, os atletas utilizam diversos recursos na preparação física que podem potencializar sua técnica e melhorar o condicionamento física; esses recursos podem ser dietas e suplementos, preparação psicológica e até o uso de anabolizantes.

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Fonte: http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/2011/04/o-corpo-perfeito-de-um-atleta-olimpico.html

Vaz (1999)  apresenta uma ideia de como pode ser entendido o treinamento nas práticas desportivas:

O treinamento pode ser entendido, de forma geral, como um conjunto de diversas e complexas ações no sentido da melhoria do rendimento. Este é orientado por um fim específico, e deve seguir um planejamento que leve em conta os objetivos, os métodos, o conteúdo, a estrutura e a organização geral, sempre tendo como referência o conhecimento científico e a experiência prática (VAZ, 1999, p. 102).

O planejamento alimentar dos atletas também é um fator muito importante. Permite que eles reponham as energias gastas no treino, adéqua sua carga nutricional e é essencial para a saúde e performance desses indivíduos. Quando a quantidade de alimento consumida não supre as necessidades nutricionais, os suplementos alimentares entram em ação. Eles estão disponíveis no mercado em diversos tipos e é importante que os atletas utilizem a dosagem correta dessas substâncias.

Alguns atletas, quando acham que a dieta rígida e os suplementos não são suficientes para garantir o corpo necessário a suas performances, recorrem aos anabolizantes. “Os atletas usam a droga para ficar altamente musculosos, aumentar o peso e adquirir força” (Nunes e Goellner, 2007, p. 64). A maioria desses medicamentos são “tarja preta” e outros são produtos de uso veterinário. Infelizmente, ao fazerem isso, os atletas não percebem que estão prejudicando enormemente seus corpos.

A preparação psicológica dos atletas também é de extrema importância. Seu estado emocional e psicológico ficam fragilizados diante das situações e dos recursos que eles utilizam para potencializar seus corpos, melhorar suas performances. Outro fator que pode afetar negativamente é o estresse causado pela intensa rotina de treinamentos. A ansiedade e o medo de perder a competição também podem afetá-los. Cada modalidade desportiva apresenta alguns produtos que estão ligados a ela e que também fazem parte da performance de seus participantes. No M.M.A. (Mixed Martial Arts), esporte apresentado por Nunes e Goellner (2007) em seu artigo “O espetáculo do ringue: O esporte e a potencialização dos eficientes corporais”, esses produtos são “as gírias, as modificações corporais (orelhas deformadas e cicatrizes), as revistas, vídeos, etc.”

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Fonte: http://veja.abril.com.br/esporte/ufc-da-um-carro-de-930-000-reais-de-presente-a-anderson/

É recorrente que o ser humano chegue em uma fase da vida onde o seu corpo não lhe satisfaz, pois não sente se a vontade com o que está vendo na frente do espelho todo dia que acorda, nem mesmo quando esta tomando banho ou com seus pares, isso por que o que vemos nas mídias sociais é a busca do corpo perfeito onde imperfeições não são aceitas. Deste modo pessoas buscam produtos que não fazem bem a saúde ou que podem acarretar a problemas sérios no futuro, muitos podem pensar que só querem ficar mais bonitos, mas há uma busca incessante pela juventude muitas vezes burlando as limitações que o corpo possui.

Corpos que víamos em desenhos, em quadrinhos, como corpos enormes e cheios de músculos, ou corpos que acoplam em si máquinas (como os ciborgues dos desenhos animados), hoje em dia é algo totalmente real e possível de se conseguir. Vivemos numa sociedade em que somos também o que aparentamos ser, logo se vê muito investimento em nosso corpo no dia a dia, tanto na saúde, quanto também na beleza, na juventude, entre outros.

Mesmo com a tecnologia que temos em nossas mãos e produtos que são desenvolvidos diariamente tentam ao máximo chegar ao corpo ideal, os sacrifícios para manter aquele corpo sarado são desgastantes devido ao treinamento diário. Muitas vezes, a alimentação não é suficiente, pois não fornece energia o bastante para executar algo tão cansativo e repetitivo. Alguns atletas são incentivados a sempre ganhar e quando perdem acabam frustrados, culpando a si próprios pelo resultado abaixo do esperado, querendo sempre ser melhor que o concorrente e, mesmo eles estando em primeiro, o processo de superação ainda não foi alcançado, para eles aquilo não e suficiente querem estar numa classificação que somente ele pode alcançar.

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Fonte: http://olimpiadas.ig.com.br/2012-08-02/atletas-choram-e-se-desesperam-nas-olimpiadas-veja-fotos.html

Cláudio Nunes e Silvana Goellner (2007) afirmam que a potencialização e exposição do corpo produzem efeitos  na construção da subjetividade do indivíduo, manifestando-se na forma como nos tornamos sujeitos de nossas práticas e das práticas alheias, e na maneira como percebemos nossas eficiências e deficiências mensuradas na contemporaneidade, por meio de nossas anatomias e contornos corporais.

Durante todo o texto “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais”, Nunes e Goellner falam sobre performances, o quão importante é para mostrar e satisfazer a pessoa que trabalhou para ter um corpo assim e o quanto isso a leva a ir cada vez mais fundo na sua busca de um “corpo perfeito”, de mostrar sua virilidade por suas cicatrizes e sua força, de querer ser um ser humano excepcional, muito bom em algo e dar o seu melhor sem desgastar-se para que as outras pessoas o vejam, admirem, elogiem, entre outras coisas que o faça sentir bem.

Mediante o exposto no desenrolar deste texto, percebe-se o esforço focado na aparência que encontramos no nosso meio e o quão é importante na formação social e na construção da nossa subjetividade. É feito um grande investimento em algo específico para motivar outras pessoas com seus dotes físicos naturais ou conquistados. Nota-se todo um processo para chegar a um estado sem que comprometa sua saúde, sem desgastar-se.

REFERÊNCIAS:

CASSIMIRO, Erica Silva; COSTA, Shirley Barbosa da. Padrões sociais com a imagem corporal: a insatisfação das pessoas com o corpoDisponível em: <http://congressos.cbce.org.br/index.php/3conceno/3conceno/paper/viewFile/3950/2218> Acesso em  23 ago. 2016.

EUFIC. Suplementos Alimentares: quem precisa deles e em que situações? Disponível em: <http://www.eufic.org/article/pt/artid/Food_supplements_ who_ needs _them _and_when/> Acesso em 23 ago. 2016.

GAIRSA, José Angelo. O corpo que se vê é o corpo que se sente. In: DANTAS, Estélio H. M. (Org). Pensando no corpo em movimento. Rio de janeiro: Shape, 2005.

NUNES, C. R. F.; GOELLNER, S. V. O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais. In: COUTO, E.; GOELLNER, S. V. (Org.). Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. v. 1. p. 55-72.

SEBRAE. Brasil caminha para assumir liderança mundial em número de academiasDisponível em: <http://www.agenciasebrae.com.br/sites/asn/uf/NA/brasil-caminha-para-assumir-lideranca-mundial-em-numero-de-academias> Acesso em 21 ago. 2016.

VAZ, Alexandre Fernandes. Treinar o corpo, dominar a natureza: Notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporalDisponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v19n48/v1948a06.pdf> Acesso em 23 ago. 2016.

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Comunicações orais na 1ª Semana Acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra

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Dos dias 22 a 26 de agosto de 2016 ocorreu a primeira Semana Acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra. Nas comunicações orais do dia 23 de agosto foram apresentadas os seguintes trabalhos: “Mídia e Infância: a erotização do corpo infantil”; “O Critério Estético da Moral: Reflexos de uma Sociedade Estigmatizadora” e “As Redes Sociais Digitais e seu Impacto no Desempenho do Portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento”.

A primeira apresentação abordou como a mídia pode influenciar as crianças a se tornarem consumidoras em potencial. Inicialmente, foi exposta uma linha do tempo que mostrou a visão dos adultos em relação a elas no decorrer da história. Algo que impressionou-me foi o fato de crianças serem consideradas mini-adultos e o uso de mão-de-obra infantil nas fábricas após a 2ª Revolução Industrial.

Ainda sobre mídia e infância, apresentou-se a facilidade de acesso a informação que as crianças têm hoje através da internet, televisão e até mesmo do celular. Outro aspecto abordado foi a banalização do corpo feminino e como isso acaba refletindo nas crianças.

A segunda apresentação abordou a forma com que julgamos moralmente uma pessoa com base em critérios estéticos. Atribuímos aquilo que é mau ao feio e o que é bom ao belo, e isso é bastante retratado em desenhos infantis. Outro critério que o julgamento moral também assume é o econômico, sobre isso retratou-se a diferença entre um crime  na periferia e um crime em zonas centrais das cidades.

A terceira e última apresentação foi sobre o impacto das redes sociais sobre o Portal (En)Cena – ferramenta de publicação de artigos do curso de Psicologia. O (En)Cena foi criado em 2012 e em 2016 passa por transformações. A partir do índice de visitação, buscou-se identificar o público que acessa o canal através das redes sociais, qual conteúdo mais interessa esse público e porque, as ameaças que podem afetar o portal, o que pode ser melhorado para que ele atinja maior público e que as pessoas naveguem por ele por mais tempo.

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Fonte: http://girasp.com.br/2015/10/representante-da-comunicacao/

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