Nos três primeiros dias do mês de junho de 2017 ocorreu o III Fórum Internacional: Novas Abordagens em Saúde Mental, na capital carioca do Brasil. O terceiro dia foi destinado às apresentações de trabalhos, provenientes de diversos estados brasileiros e até internacionais, no hospital-dia do IPUB/UFRJ.
Muito além do conhecimento que adquiri ao decorrer do evento, tive experiências transformadoras dentro deste local. Logo de início, ao procurar no IPUB o auditório que eu apresentaria meu trabalho, fui tomada por uma ansiedade tamanha. Ao cumprimentar uma senhora com um simples “bom dia”, recebi dessa desconhecida um abraço e um beijo no rosto, ato este que me fez acalmar instantaneamente. QUANTA AUTENTICIDADE!!! Ela era uma das pacientes internadas naquele local e acredito que não fez isso por apenas uma convenção social, mas porque essa demonstração de afeto era parte dela mesma e o que a receptora dos atos necessitava, no caso, eu.
Até então eu nunca havia tido contato com um hospital psiquiátrico, o ambiente por mais que tinha aspectos de construção antiga, ainda era perceptível os alguns traços físicos que lembravam a um ambiente hospitalar. Porém, o que me chamou a atenção neste ambiente foram as obras produzidas pelos pacientes que estavam em todos os cômodos. Que magníficas! E que excelente trabalho deixar aquele ambiente com a cara de quem usa os serviços. Sinceramente, pude me sentir imersa na realidade deles.
Quantos ouvidores de vozes tinha ao meu redor, cada um com suas peculiaridades. Cumprimentavam, falavam, ouviam e viviam. E assim, eu percebi que a frase que Oryx Cohen tanto dizia durante o evento “precisamos aprender a ouvir” se aplicava perfeitamente naquele recinto. Não menos importante, no primeiro dia do evento, também foram citados e apresentados por alguns usuários os grupos: Comunidade da fala e Voz dos usuários. Tais grupos são destinado
Ainda nesse contexto, fui solicitada por outra desconhecida para fotografá-la numa das frondosas arvores do hospital-dia. Consegui capturar uma imagem simplesmente fantástica: um frecho de luz apareceu em sua direção, enquanto pousava juntamente com um dos membros da equipe do (En)Cena, o professor Sonielson Luciano Sousa. Após este momento, conseguimos conversar um pouco com ela, ou melhor, ouvi-la com atenção, ter uma escuta ativa sobre o quão significativo era, para ela, tirar a fotografia com a árvore e sobre a surpresa em relação à luz que apareceu em seu rosto.
Só houve uma coisa que me desagradou naquele mar de experiências, foi o fato de que os pacientes internados estavam uniformizados, fato este também foi bastante enfatizado e desaprovado pelo holandês Martjin Kole. Entretanto, após ouvir a explicação disso acontecer fiquei mais aliviada. De acordo com uma das organizadoras do evento em virtude de o hospital-dia ser aberto, com entrada e saída livres, às vezes, os pacientes internados saiam do hospital, sem terem recebido “alta”. Desse modo, para facilitar a identificação destes optaram pelo uso de uniformes. Ainda acredito que encontro outro modo de identificação, mais discreto com uma pulseira ou cordão, diminuiria os aspectos estigmatizantes que esses pacientes podem enfrentar ou já enfrentam.
Além disso, tive ainda a oportunidade de apresentar o trabalho “Promoção de Saúde Mental Online – Experiências do Portal (En)Cena”, elaborado por Rísia Lima, Laryssa Araújo (eu) e Irenides Teixeira. Como havia dito anteriormente, passei por momentos ansiolíticos, mas consegui apresenta-lo com muita empolgação e mais tranquilidade. Posso afirmar que foi uma conquista de grande relevância na minha vida acadêmica.
Nesse contexto, este dia me proporcionou novas perspectivas de olhar, ouvir e sentir no se tange à saúde mental e ao cuidado com outro, com os usuários. Essas experiências me causaram anseios por buscar mais a vivência nessa área, além do que o próprio portal (En)Cena me possibilita. Para concluir só posso reconhecer uma coisa: que experimento extraordinário! Estou pronta para os próximos!