(En)Cena entrevista a psicóloga Keila Barros Moreira

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No dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica irá contar com a psicóloga Keila Barros Moreira

O 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica contará com uma mesa redonda como abertura do evento, tendo como convidadas as psicólogas Ana Beatriz Dupré Silva, Keila Barros Moreira, e Ester Borges de Lima Dias. A psicóloga responsável pela mediação será Ruth Prado Cabral como mediadora. O tema a ser abordado é “Métodos e Técnicas da Avaliação Psicológica”.

Através da estagiária Giovanna Gomes, foi feita uma entrevista para o (En)Cena com a psicóloga Keila Barros Moreira, psicóloga que será uma das três convidadas a participarem da mesa redonda do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. Como uma forma de aproximar os inscritos dos convidados, a psicóloga respondeu algumas perguntas do (En)Cena.

Ao ser perguntada sobre a sua área e tempo de atuação, a psicóloga respondeu:

Atuo na clínica desde 2014 em consultório próprio, percurso que se materializou em 2019 na criação da – Nova Instituto de Psicologia, onde além de mim atendem mais 6 psicólogos.

 Sou Especialista em Atendimento Sistêmico de Famílias e Redes Sociais e mestranda do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Saúde da UFT, onde estou pesquisando métodos educativos sobre luto para trabalhar transgeracionalmente com os idosos da Universidades da Maturidade – UMA e seus familiares.

Fonte: encurtador.com.br/fkqKP

Ao falar sobre como é a caracterização da avaliação psicológica no país, a psicóloga fala sobre a necessidade da Psicologia de superar o paradigma construído na história da Psicologia de rotular, diagnosticar, adequar, ajustar as pessoas em um perfil ou em perfis específicos.

Eu vejo que em nível de Brasil ainda precisamos superar o paradigma construído na história da Psicologia de rotular, diagnosticar, adequar, ajustar as pessoas em um perfil ou em perfis específicos. É uma luta histórica de a psicologia deixar de atuar nesse sentido e atuar respeitando as singularidades humanas e as diversas formas de manifestar tais singularidades.

Em nível de Estado, atuei como conselheira do Conselho Regional de Psicologia da 23ª Região – Tocantins, no triênio 2016 a 2019. Estive como presidente da COF – Comissão de Orientação e Fiscalização em parte desse período. Estive como membro da Comissão de Psicologia Clínica do CRP/23 de janeiro/2020 a fevereiro/2022.

Enquanto  conselheira, além de Palmas, visitei várias cidades do Tocantins, orientando e fiscalizando os profissionais.  O que víamos  com maior frequência, era a falta de conhecimento dos psicólogos sobre o processo de avaliação, o que acabava incorrendo em erros e faltas éticas.

É responsabilidade do profissional se qualificar, buscar conhecimentos e aceitar somente serviços para os quais esteja apto para realizar com rigor técnico e ético como prevê nosso Código de Ética.

Os CRP’s também devem fazer o que lhes cabe, orientar e fiscalizar. Porém, na prática, os Conselhos não têm ‘pernas’ para fazer o que deveriam.

O número de profissionais só tem aumentado e os Conselhos atuam com uma equipe muitas vezes reduzida e com pouca estrutura  para o tamanho das demandas, e apesar da boa vontade e dedicação dos  conselheiros e equipe  não dão conta de atender tudo o que deveriam.

Percebo que o CFP tem oferecido espaços de construção conjunta com os CRP’s na atualização das orientações à categoria. Eu mesmo participei desse processo de atualização da resolução que orienta a confecção dos documentos emitidos pelo psicólogo, incluindo os oriundos de avaliação psicológica, infelizmente esse momento ocorreu com pouca adesão da categoria, não só no Tocantins, mas em todo o Brasil. A resolução citada, é a 06 de 2019, que foi disponibilizada inclusive comentada, no intuito de fazer com que fosse acessível para o maior número de profissionais.

Eventos como o que irá acontecer têm um importante papel, de criar espaços de diálogos e trocas que possibilitem uma formação crítica, técnica e ética desses profissionais.

Fonte: encurtador.com.br/dwNOY

Ao ser perguntada sobre como é realizada a avaliação psicológica na prática de trabalho atual dela. Keila Barros aponta a necessidade de uma postura curiosa e provocativa, muito retratada dentro da Psicologia Sistêmica.

Para mim, o primeiro passo, a partir de uma postura curiosa, é buscar entender a demanda e provocar o demandante sobre os motivos que a(o) trouxeram para a avaliação psicológica. Não é incomum perceber que a demanda é externa e que não é o mais urgente no momento. Por exemplo, alguém que está sofrendo por não se enquadrar nas demandas escolares, e o nível de sofrimento se sobrepõe à necessidade do processo avaliativo. Talvez a situação exija outras formas de atuar, como a psicoterapia, orientação aos pais. Alguns questionamentos devem ser feitos inicialmente, como por exemplo: Porque buscaram a  avaliação? O que significa a avaliação? O que buscam avaliar? Como está o contexto desse indivíduo? O contexto tem influenciado na demanda?  Avaliação é uma necessidade de quem? Quais são as expectativas do processo avaliativo? Como se sentem com o que escutam de si e do outro sobre esse processo?  

Muitas vezes na sociedade competitiva e acelerada que vivemos, como pouco ou nenhum tempo de viver as emoções, os ciclos e processos, com o intuito de uma resposta/solução rápidas, buscamos diagnosticar comportamentos humanos e esperados em processos de mudanças como, por exemplo, a transição da infância para a adolescência, mudança de cidade e trabalho, separação, lutos…

O que estou tentando dizer, é que precisamos de um olhar crítico como psicólogos,  para não aderir mais ao lugar de avaliar e ajustar as pessoas, em prol da padronização ou de um sistema educacional ou político. Precisamos normalizar as nossas humanidades, que nos coloca como seres que tem qualidades, limites, vulnerabilidades e necessidades, que não vão saber ou dar conta SEMPRE, é isso não é um defeito ou atestado de incompetência, é nossa humanidade se manifestando, é deveria estar tudo bem. 

Quando necessária a avaliação psicológica precisa ser realizada com todos os critérios éticos e técnicos, levando em consideração seu caráter dinâmico e não cristalizado. Deve ser fundamentada na abordagem e pressupostos teóricos do profissional, o documento deve ter uma linguagem acessível, e deve ser construído a partir de um raciocínio que leve em consideração as singularidades, os diversos contextos relacionais e territórios sociais vivenciados pelo sujeito, a nível micro e macro.

Sobre existir algum aspecto da avaliação psicológica da qual ela considera mais importante de ser praticado com habilidade e/ou cautela, a psicóloga responde:

Devemos ser curiosos,  atentos, bom ouvintes, com a capacidade de realizar perguntas reflexivas e provocativas, de analisar e contextualizar, de distinguir as pistas do caminho percorrido com o avaliando sem a interferência das hipóteses levantadas pelo demandante e das nossas próprias crenças. Trata-se de um processo imprevisível, inédito e surpreendente!

Precisamos também ter questionamentos e críticas com relação ao processo avaliativo, se não, corremos o risco de incorrer nos mesmos erros do passado. 

A Avaliação Psicológica como campo do saber tem servido a que? Ou a quem?

Em que medida ainda temos servido aos desejos da normatização/adequação? Os diagnósticos psicológicos têm contribuído com o que ou quem? Qual o impacto dos diagnósticos na vida das pessoas? Um diagnóstico define alguém?

Recentemente houve a tentativa de incluir a velhice como patologia no CID 11, sem contar a patologização de comportamentos infantis e da adolescência,  não deveríamos questionar qual tem sido o nosso papel social em tudo isso? 

Apesar de ter construído algumas respostas a partir da minha experiência, meu objetivo aqui não é esse, dar respostas… mas sim,  provocar reflexões sobre o que temos feito, como temos feito e qual o impacto do que temos feito no outro, mas também em nós.

Fonte: encurtador.com.br/elvG9

Dentro da avaliação psicológica, existe sempre uma divergência entre a utilização ou não de testes. Por conta disso, foi levantada a pergunta entre a relação de vantagem e desvantagem da não utilização de testes, e a psicóloga respondeu:

Não colocaria dessa forma, é algo bem complexo para ser respondido de maneira simples.  A partir da identificação de qual é o objetivo da avaliação, da demanda, especificidades do avaliando e contexto, o psicólogo deve se questionar quanto aos métodos mais adequados para seus objetivos. Há uma diversidade de técnicas e instrumentos, entre eles os testes. Os testes cabem em todas as demandas? Penso que esta é uma boa pergunta para começar.

Por exemplo, uma avaliação para laqueadura, se com uma anamnese detalhada a pessoa demonstra ter um planejamento familiar, transmite segurança, tem consciência dos riscos de  fazer um procedimento irreversível, eu preciso aplicar um teste para confirmar o que já está claro? Ou os testes são uma forma de quantificar e validar as percepções do psicólogo?  Será que eles auxiliam para que os documentos psicológicos sejam mensuráveis e confiáveis?

Existe sempre a expectativa de que a avaliação psicológica deve fornecer respostas ou hipóteses de uma forma diretiva. Em relação a isso, Keila Barros responde e até mesmo cita autores contemporâneos como uma forma de reflexão e contribuição sobre o assunto.

Eu penso que a psicóloga(o) deve estar muito atenta, não só sobre quais são os objetivos e percurso da avaliação psicológica, mas também sobre a complexidade das pistas/respostas. É importante, como já disse, deixar claro o caráter não cristalizado do processo avaliativo. A avaliação psicológica, trata-se de um retrato do momento presente do indivíduo. Então ela não define, ela não restringe àquela pessoa há um jeito de ser e viver. Se isso não ficar claro para o profissional, infelizmente para o demandante ficará menos ainda.

Considero importante também,  enfatizar os aspectos positivos do indivíduo, e principalmente,  apresentar os aspectos tidos como ‘negativos’ como parte da constituição desse sujeito. Não é algo que deva ser negado ou excluído de nossa completude, ou do qual deveríamos nos envergonhar, faz parte de nosso universo interior. Mesmo que desejemos mudar comportamentos, não deveríamos vê-los como pecados capitais. Eu sei que essa tem sido uma construção social, buscar a perfeição, atender estereótipos/padrões pré-definidos etc. precisamos trabalhar arduamente para transpor esse paradigma de uma vez por todas.

Distingo que muitos autores e teorias contemporâneas convergem e contribuem nesse sentido. Maturana (2002), Rosenberg (2006), Aun, Vasconcellos e Coelho (2012), Bauman (2014), Brown (2013), Santos (2019)  trazem cada um à sua maneira, reflexões que nos levam à necessidade de acolher como parte de nós nossas vulnerabilidades e sentimentos que embasam comportamentos considerados negativos, que respaldam nossas necessidades, isso nos fortalece, nos liberta das prisões dos estereótipos sociais, nos conecta com nossa essência.

Primeiro porque as nossas multifacetas constituem nossa singularidade humana; segundo, eu só posso mudar em mim, o que reconheço existir; terceiro, é preciso distinguir, se a mudança é algo que escolho/desejo/necessito ou é uma demanda externa que busca me enquadrar em comportamentos padrões? Quarto, eu não me torno alguém defeituoso por ser diferente, por ser quem sou,   quando nós acolhemos, somos capazes de mudanças extraordinárias e também como assinala Maturana, de aceitar o outro como genuíno outro na relação.

No final da entrevista, foi feito o seguinte questionamento: Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação psicológica?. Do qual a nossa psicóloga entrevistada respondeu:

Acho que respondi essa na quarta pergunta rsrs! Além de muito do que já foi citado, precisa se identificar com os constructos do processo avaliativo, por favor, não fazer por fazer! Deve aprofundar, se qualificar, buscar conhecimentos que o capacitem para desenvolver um bom trabalho. Como já dito, respeitando os aspectos legais, éticos e técnicos do processo. E principalmente, tendo um olhar curioso e raciocínio crítico do processo avaliativo e de seus impactos no sujeito e sociedade.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de. Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2004.

MATURANA, H. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Tradução de José Fernando Campos Fortes. 3ª Reimpressão. Belo Horizonte. Editora UFMG, 2002.

SANTOS, E. Educação Não Violenta: Como estimular autoestima, autonomia, autodisciplina e resiliência em você e nas crianças. Editora: Paz & Terra, 2019.

ROSENBERG, Marshall B. Comunicação Não-Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 2 ed. São Paulo: Ágora, 2006.

AUN, Juliana Gontijo, VASCONCELOS Maria José Esteves & COELHO Sônia Vieira. Atendimento Sistêmico de famílias e redes sociais: Volume I – Fundamentos Teóricos e Epistemológicos. 3ª edição, Ed. Belo Horizonte: Ophicina da Arte & Prosa, 2012.

BROWN, Brené. A coragem de ser imperfeito. trad. Ana Rita Mendes ; rev. Maria João Amorim. – 1ª ed. – Amadora : Nascente, 2013. – 237, [1] p. ; 24 cm. – Tít. orig.: Daring greatly. – ISBN 978-989-668-199-0

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Estratégias Lúdicas: a inserção da criança com deficiência no ambiente escolar

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Sabemos que a inserção da pessoa com deficiência no ambiente escolar é um tema constantemente debatido no campo social, seja pela busca em entender como o processo se desencadeia, buscando agir pontualmente em situações emergenciais, inclusive pela busca de elencar aspectos relevantes na influência desta inserção no ambiente escolar.

O livro destaca por inúmeros fatores relacionados à inclusão da pessoa com deficiência no contexto escolar de maneira holística, onde o sujeito seja entendido por completo, entendido e respeitado. A atuação do psicólogo possui importância extremamente significativa na busca por tais objetivos e justamente por este motivo é tão importante falarmos acerca da temática abordada.

Importante salientar que a atuação do psicólogo nesse processo inclusivo possibilita a compreensão de fatores familiares e sociais na influência do desgaste ou desmotivação escolar, algo essencial quando se fala sobre sermos empáticos ao lidarmos com as dores e mazelas alheias.

Fonte: encurtador.com.br/sMS13

Precisamos discutir cada vez mais perspectivas sobre a mudança contínua de um cenário que têm gerado exclusão ao invés de promover a inclusão, e esse é um desafio diário no campo de atuação profissional, algo que precisamos despertar em todos os profissionais inseridos neste contexto, afinal a partir do momento em que verdadeiramente trabalharmos juntos então poderemos ser a iniciativa que o mundo precisa.

Interessante à discussão acerca desta temática, porquê de alguma maneira é extremamente necessário que desencadeemos uma ampla reflexão acerca da inclusão social, inclusive torna-se plausível mencionar que para isto devemos nos amparar em uma análise multiprofissional que seja capaz de compreender a pessoa com deficiência dentro do próprio contexto que esteja inserida, ajudando-a de forma eficaz e contundente.

Fonte: encurtador.com.br/btBFH

[…] a Escola pode melhor do que nunca e, em todo caso, pela única maneira concebível numa sociedade que proclama ideologias democráticas, contribuir para a reprodução da ordem estabelecida, já que ela consegue melhor do que nunca dissimular a função que desempenha. Longe de ser incompatível com a reprodução da estrutura das relações de classe, a mobilidade dos indivíduos pode concorrer para a conservação dessas relações, garantindo a estabilidade social pela seleção controlada de um número limitado de indivíduos, ademais modificados por e pela ascensão individual, e dando assim sua credibilidade à ideologia da mobilidade social que encontra sua forma realizada na ideologia escolar da Escola libertadora. (Bourdieu; Passeron, 1992, p. 175-176).

O livro em questão justifica-se em realizar um debate construtivo acerca deste assunto, onde consequentemente mostra-se junto a uma diversidade de ideias distintas, onde antes de qualquer opinião deve-se priorizar o bem-estar da pessoa com deficiência e a garantia de que haja minimamente respeito ao analisar e discutir a temática no âmbito social.

FICHA TÉCNICA

Autora: Kelem Zapparoli

Formato: 14x21cm

Idioma: Português

Capa comum – 2 de janeiro 2012

Páginas: 152

Ano de publicação: 1º edição – 2012 / 2º edição – 2014

 

Referência:

BOURDIEU, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro, WVA, 1997.

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Caos 2021: A negligência na assistência psicossocial primária como fonte de psicopatologia

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O Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA informa que irá de forma online promover o Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia- CAOS, que ocorrerá entre os dias 03 e 06 de Novembro de 2021, com o tema: A Psicologia e Atuação Psicossocial em situação de emergência. Inscrições pelo site. O evento irá ocorrer via Google Meet e também pelo Youtube.

Dentre as programações do congresso, haverá a mesa redonda com subtema: A negligência na assistência psicossocial primária como fonte de psicopatologia. A ocorrer dia 05/11 às 9h via Youtube.

Contará com a participação da Psicóloga Thays Stephanie Costa de Sousa, graduada pela Universidade Positivo direcionada à Psicologia Hospitalar e atualmente Residente em Urgências e Emergência em São José dos Pinhais-PR.

Fonte: encurtador.com.br/afiCF

Outra convidada a compor a mesa será a Psicóloga Dhieine Caminski, graduada pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Especialista em Atenção Básica/Saúde da família, tendo sido responsável pela Gerência de Saúde Mental da Secretaria da Saúde de Palmas/TO.

Fechando a composição da mesa; a psicóloga Marilena Ribeiro, graduada pelo Ceulp/Ulbra, egressa, com atuação no Centro de Referência da Assistência Social, no Centro de Atendimento Sócio Educativo do Governo do Estado/TO, psicóloga Redutora de Danos no Projeto Palmas Que Te Acolhe, atualmente psicóloga clínica.

Na mesa redonda será explorada a Atenção Primária em Saúde e a Assistência Psicossocial, considerando como parte indivisível da Instituição Saúde as demandas sociais; reconhecendo que o surgimento da Rede de Atenção Psicossocial se deu após a Reforma Psiquiátrica, onde adoecimento mental ganhou outro viés, reconhecendo variáveis sociais, e que psicopatologias não são isoladas em sinais e sintomas, destacando que quando saúde psicossocial é negligenciada vira situação de intervenção em urgência e emergência.

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“Pequena Miss Sunshine”: um olhar psicológico

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O filme “Pequena Miss Sunshine”, dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, com roteiro de Michael Arndt conta a história da família Hoover, moradores do Novo México. O pai da família, Richard, é uma espécie de coaching, palestrante motivacional que está tentando vender seu programa de autoajuda chamado Nove Passos, que promete transformar qualquer pessoa em um vencedor. Richard repete sempre que só há dois tipos de pessoas: vencedores e perdedores.

Sheryl, a mãe é uma mulher que trabalha fora, faz as funções domésticas e é responsável por apaziguar os conflitos dentro da família.

Seus filhos são Dwayne e Olive. Dwayne resolveu fazer o voto do silencio até conseguir se integrar na escola de pilotos da força aérea: está sem falar há meses e segue o niilismo, um dos princípios presentes na filosofia de Friedrich Nietzsche. Se sente um incompreendido e gosta de ficar sozinho no seu mundo, sem ser incomodado. Olive é uma menina de nove anos que sonha em se tornar miss.

Fonte: encurtador.com.br/enJL2

Frank é irmão de Sheryl, um professor universitário que se diz maior conhecedor sobre a vida do escritor Marcel Proust, é gay, foi rejeitado pelo parceiro e recentemente tentou o suicídio. Completa o grupo Edwin, o pai de Richard, um senhor que foi expulso do asilo por ser viciado em heroína.

O conflito se inicia quando Olive recebe um telefonema para participar de um concurso chamado de Little Miss Sunshine, no sul da Califórnia. Mesmo com dinheiro insuficiente, a família decide partir para realizar o sonho da menina. Resolvem viajar todos juntos e se esforçam ao máximo para chegar no local em que ocorrerá o concurso de beleza.

Logo no início, o carro da família, uma Kombi amarela, quebra e eles são obrigados a empurrar toda vez que precisa dar partida no veículo. É nesse momento que se mostra a unidade da família. Apesar das diferenças, todos se unem para atingir o objetivo: realizar o sonho de Olive, um sonho incentivado pela cultura americana.

Fonte: encurtador.com.br/htxPR

Durante o trajeto, várias situações vão delineando um pouco da visão dos personagens. Por exemplo, quando param para lanchar e a garota Olive pede um sorvete, o pai tenta dissuadi-la da ideia, utilizando argumentos como o fato de que as modelos geralmente são mulheres magras. Antes ele havia perguntado à garota se ela estava competindo por competir ou competindo para ganhar, tendo ela concordado em competir para vencer o concurso.

Em uma cena anterior, a garota relata sobre seu medo de não vencer e de desapontar o seu pai. O avô explica a ela que perdedor é quem desiste de seus sonhos por medo, e que se ela vai tentar, não é uma perdedora. Ao longo da viagem, muitos contratempos acontecem, o primeiro deles é a decepção do pai, que precisa lidar com o fracasso e rejeição do seu programa de autoajuda. Richard vai até um hotel e procura o responsável, a fim de obter aceitação para o seu programa, numa cena que demonstra uma dualidade: Richard está sem os trajes adequados e os meios para persuadir alguém, está com uma moto que pegou de um estacionamento, contrariando totalmente o pacote de sucesso que pretendia vender, o que acentua a noção de fracasso.

Ao longo da viagem, o perfil dos personagens vai sendo construído: o silêncio de Dwayne, a depressão de Frank, o fracasso de Richard, o desejo de retorno ao passado de Hoover e a impotência de Sheryl se misturam para compor uma cena em que não se sabe o que esperar de cada personagem.

Fonte: encurtador.com.br/oJMQT

Durante esse meio tempo, o avô, Hoover, morre enquanto dormia o que desestabiliza ainda mais a família e gera outros contratempos, como o enterro do avô, que ocorre de forma conturbada e já dá um indício da essência transgressora da família.

Em seguida, numa brincadeira em que Olive pergunta sobre uma letra de cor vermelha no centro de um cubo, tio Frank descobre que Dwayne é daltônico, ocasião em que o garoto entra em desespero, grita, reclama da falta de estrutura da família e se afasta de todos, numa espécie de surto. Nesse momento, e expressa através da fala e quebra o silêncio com a família, vindo a expressar um processo de maturidade nas cenas seguintes.

Ao chegar a Califórnia, estão atrasados para as inscrições do evento e são rechaçados por uma das organizadoras do concurso, que demonstra a total falta de empatia pela garota e sua família. Conseguem realizar as inscrições graças a outro profissional, que critica a postura da senhora e se propõe a resolver a situação em poucos minutos.

Fonte: encurtador.com.br/qGW17

No início do concurso, já se observa uma deformação da realidade: um concurso de miss infantil, onde as crianças parecem plastificadas, com roupas, cabelos e trejeitos de adultos, em contraposição à pequena Olive, que é desengonçada e se comporta de forma espontânea. Seu figurino também se diferencia: enquanto as meninas usam roupas mais femininas, Olive se apresenta com um short, blusa, sobretudo, gravata e chapéu, compondo um figurino mais livre e irreverente.

A coreografia ensinada pelo seu avô é ousada e divertida, porém não agrada ao público bem-comportado e conservador, que vaia, faz tumulto e tenta impedir o fim da apresentação, numa resposta clara à transgressão da música/dança/comportamento.

Como forma de reação, os pais da menina invadem o palco a fim de impedir que ela seja retirada de lá e conseguem que ela termine a apresentação. Aqui chega-se ao clímax da narrativa, que tem como resultado a união crescente da família.

Fonte: encurtador.com.br/beiCD

 Apesar de não ter vencido o concurso, a garota demonstra alegria com o resultado, o que foi possível graças às palavras do avô, que desconstrói a ideia da competição, e ao incentivo da família.

Pode-se dizer que a viagem foi uma experiência reveladora, na medida em que vai descortinando a complexidade dos personagens, que estão longe de ser uma-visão-única-uma-coisa-só, que produzem no espectador uma sensação de afeto e compreensão diante dessas pessoas, a quem foi prometido o sonho americano, e das situações decorrentes da não- realização desses sonhos.

FICHA TÉCNICA

Título: Pequena Miss Sunshine
Título Original: Little Miss Sunshine
Origem: EUA
Ano de Produção: 2006
Gênero: Aventura/Comédia/Drama
Duração: 102 minutos
Elenco: Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano
Direção: Jonathan Dayton, Valerie Faris

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Protagonismo e apoio – (En)Cena entrevista a empresária Fabíola Bocchi

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“O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e pra mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio”

O Mapa das Empresas pela Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia [1], informa que, em janeiro de 2020, o Brasil já ultrapassa a marca de 20 milhões de pequenos negócios. Segundo o SEBRAE, em 2020, os pequenos negócios representaram 98% das empresas do país, são responsáveis por 54% dos empregos formais, 30% de toda a riqueza nacional e estão presentes em 100% dos municípios brasileiros.
E durante a pandemia da Covid 19, o empreendedorismo, foi a saída encontrada por muitas pessoas ante ao desemprego e à redução de salários causados pelo contexto do coronavírus [2].

Mas como podemos pensar a saúde mental da mulher e empreendedora, no contexto da pandemia?

O Portal (En)Cena conversa com Fabíola Bocchi para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, a empresária e administradora da franquia do Divino Fogão em Palmas-TO, mãe e estudante de psicologia no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca problemas ligados à “sobrecarga invisível” de trabalho que caracteriza a rotina de muitas mulheres e, ainda, destaca a importância da solidariedade e do protagonismo feminino como soluções no pós-pandemia.

Fabíola Bocchi. Foto: arquivo pessoal

(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, empresária, mãe e estudante de psicologia e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?

Fabíola Bocchi – É um imenso desafio. Ser mulher já vêm com a sobrecarga invisível anexada durante tempos normais, agora então a situação se intensificou muito mais. O excesso de trabalho, estudos de forma remota, responsabilidades domésticas e acompanhamento escolar recaiu sobre todas nós, nos deixando mais sensíveis à ansiedade e ao estresse. Tivemos um impacto muito brusco, sem precedentes… tivemos que nos adaptar muito rapidamente, e muitas vezes o psicológico não acompanha.

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(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere na rotina de casa e do trabalho?

Fabíola Bocchi – Com as emoções desestabilizadas, ficamos muito mais vulneráveis a sofrer com os efeitos negativos de tantas atividades, e isso acaba impactando muito como lidamos com as coisas mais simples do dia a dia na nossa casa e trabalho. O momento nos desafia a transmitirmos à quem mais amamos (principalmente os pequenos) segurança, otimismo, força, mas não são todos os dias que isso é possível, infelizmente.

(En)Cena – Quais os desafios de empreender sendo mãe e mulher, durante a pandemia?

Fabíola Bocchi – O meu negócio exigiu muito mais atenção do que o normal, pois precisou ser totalmente reinventado. O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e para mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio. E como mãe e mulher, equilibrar tudo isso está sendo um esforço imenso, acho que o maior de todos os obstáculos. Como meus filhos são pequenos e em idade escolar, fica praticamente impossível acompanhá-los durante as aulas online e acompanhar as minhas aulas como estudante ao mesmo tempo. A noite é que me sento com calma e revisamos o aprendizado do dia e então auxílio nas tarefas. Mas nunca imaginei que teria que ser tão vigilante com o tempo, e desenvolver tanto mais minha habilidade de administrar e planejar para conseguir dar conta de tantas demandas.

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(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?

Fabíola Bocchi – Percebo o quanto é benéfico grupos de pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades, que se relacionam e interagem buscando desabafar, buscando apoio, solidariedade e uma palavra animadora. Penso que nós mulheres poderíamos buscar mais estas redes de apoio, nos fortalecendo mutuamente. Também podemos procurar diferentes formas de combater a ansiedade, buscando ter maior flexibilidade com as rotinas de casa e trabalho, e com nossos objetivos pessoais, tentando baixar as exigências sobre si mesmas, aprendendo a observar nossos limites, ter autocompaixão e não buscar a perfeição. O caminho para as mulheres no pós-pandemia é ser protagonistas na reconstrução da nossa realidade.

Figura 4Pixbay

Nota:

[1] https://www.gov.br/governodigital/pt-br/mapa-de-empresas

[2]https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Sites%20Modulares/Agentes%20P%C3%BAblicos/Guia%20de%20Empreendedorismo%20do%20Candidato.pdf

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CFP se posiciona a favor da descriminalização e legalização do aborto no Brasil

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STF discute liberação do aborto até a 12ª semana de gestação

O Supremo Tribunal de justiça (STJ) intensifica debate sobre a descriminalização e legalização do aborto no Brasil. O Debate é construído por pessoas favoráveis e contrárias a legalização. O aborto é proibido no Brasil respaldado pelo artigo 128, incisos I e II do Código Penal Brasileiro. Hoje o aborto só é permitido em três casos: feto anencéfalo, estupro e/ou que cause risco à vida da mulher.

De acordo com a Folha de São Paulo, em dez anos, o Brasil teve entre 9,5 e 12 milhões de abortos provocados. Sendo estimado que exista meio milhão de abortos clandestinos por ano no país e que provavelmente 50% tem complicações. Resultando em um gasto de R$ 500 milhões, pelo SUS, em uma década.

Diante do cenário, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) se posiciona a favor da descriminalização e legalização do aborto no Brasil. Em carta o CFP se posiciona: ‘A autonomia das mulheres sobre seus corpos deve ser ampliada para que as mesmas tenham condições de decidir ou não interromper uma gravidez. A Psicologia deve se posicionar agindo sobre as situações que favorecem situações de vulnerabilidade social e psicológica, que provocam intensas situações de sofrimento psíquico, como é o caso da manutenção de uma gravidez que não foi escolhida pela gestante’. A carta aberta pode ser lida na integra no endereço https://site.cfp.org.br/cfp-defende-descriminalizacao-legalizacao-aborto-brasil/ .

Fonte: encurtador.com.br/mopvC

Joice Reitz, acadêmica de Psicologia do CEULP – ULBRA, se posiciona: ‘Sou a favor da legalização do aborto por que percebo, com o estudo que tenho do assunto, que temos muito mais a ganhar com isso. Entendo o choque inicial que a proposta pode causar na população, mas basta parar um pouco para pensar e perceber que, além de maior autonomia feminina, a prática legalizada vem para melhorar questões de saúde pública, uma vez que a mesma permite toda uma estrutura para a mulher que deseja o aborto, com apoio médico (não de açougueiros clandestinos), psicológico e social. Não dá mais para fechar os olhos para este assunto. Todos sabem que a prática ocorre a todo o momento e em todo lugar. A legalização dessa prática não se trata de uma ação “demoníaca” e “pecadora” como muitos alegam (e cabe aqui ressaltar que o Estado é laico), mas se trata de uma ação que dá visibilidade para uma realidade triste, dura e camuflada. Nosso país precisa de representantes políticos e cidadãos que tomem decisões e tenham posturas e atitudes livres de suas crenças pessoais, que sejam capazes de pensar no todo, no coletivo, e não somente no próprio umbigo.“

REFERÊNCIAS

TUROLLO, Reynaldo. STF começa debate sobre legalização do aborto até 12ª semana de gravidez. Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/stf-comeca-debate-sobre-legalizacao-do-aborto-ate-12a-semana-de-gravidez.shtml > acessado em 03/08/2018.

COLLUCCI,Cláudia. FARIA, Flávia. SUS gasta R$ 500 milhões com complicações por aborto em uma década. Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/07/sus-gasta-r-500-milhoes-com-complicacoes-por-aborto-em-uma-decada.shtml acessado em 03/08/2018.

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As Vozes: a importância das redes de apoio na Adesão ao Tratamento

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The Voices – “As vozes” – foi lançado em 2015 e aborda uma combinação de violência, terror, romance e comédia permeada pelo humor negro. A direção é da franco-iraniana Marjane Satrapi, e o roteiro ficou com Michael R. Perry. O protagonista da história é um jovem chamado Jerry Hickfang (Ryan Reynolds), uma pessoa otimista e que leva uma vida controlada; no entanto, cada dia, após sua rotina de trabalho, ao chegar em casa, sempre se depara com uma situação inusitada: pessoas conversarem com animais de estimação é algo comum, mas ouvi-los responderem suas indagações foge do conceito de normalidade e é tido como patologia.

Logo no início do filme percebe-se que Jerry vive num mundo à parte. O longa foca no artifício de passar cenas com o personagem principal desempenhando ações corriqueiras no seu trabalho usando headphone para ouvir músicas, corroborando com tal afirmativa; observa-se ainda, que a paleta de cores da obra é colorida, permeando o cenário com um mix de alegria e desconforto, visto que as tonalidades são exageradamente berrantes em certos objetos e pessoas, criando assim um ambiente único e instigante aos olhos do espectador.

 

No decorrer do enredo compreende-se que o protagonista apresenta particularidades de um portador de transtorno mental, tendo dificuldades em aderir ao tratamento medicamentoso. Mion Jr e Gusmão (2006) afirmam que a adesão ao tratamento, sendo ele medicamentoso ou não, decorre de fatores socais, interpessoais, aspectos relacionados ao tratamento ou ainda características ligadas à doença. Portanto, mesmo que Jerry tenha aderido à psicoterapia, fazer uso dos fármacos é relevante no seu prognóstico, uma vez que ele ouve vozes. Parte-se do pressuposto que o mesmo é esquizofrênico.

No CID 10, a esquizofrenia caracteriza-se:

Em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, e por afetos inapropriados ou embotados. Usualmente mantém-se clara a consciência e a capacidade intelectual, embora certos déficits cognitivos possam evoluir no curso do tempo. Os fenômenos psicopatológicos mais importantes incluem o eco do pensamento, a imposição ou o roubo do pensamento, a divulgação do pensamento, a percepção delirante, ideias delirantes de controle, de influência ou de passividade, vozes alucinatórias que comentam ou discutem com o paciente na terceira pessoa, transtornos do pensamento e sintomas negativos (OMS, 1997).

O transtorno mental afeta de forma significativa a vida do sujeito, podendo comprometer a forma de ser e estar deste, ou seja, afeta o ajustamento psicossocial do individuo (MORAIS, 2006).  Os colegas de trabalho de Jerry não sabem sobre o seu passado, no qual, cometeu um ato que o levou a reclusão social. Ao ser reinserido na sociedade este busca agir conforme as normas e regras, pois paira sobre Jerry a possibilidade de voltar ao cárcere.

 

No entanto, o protagonista não dispõe de redes de apoio durante o seu tratamento, isto é, um amigo, um familiar que o ampare durante este processo. Desta forma, mesmo impelido a seguir as “regras” que lhe são impostas, a realidade é assustadora e solitária, portanto, Jerry opta por não se medicar e assim continuar na sua própria “realidade”.

Villas-Boas et al (2012) salienta que o apoio social se caracteriza por um:

Processo complexo e dinâmico que envolve os indivíduos e suas redes sociais, com o intuito de satisfazer as suas necessidades, prover e complementar os recursos que possuem e, dessa forma, enfrentar novas situações, podendo ter como fontes principais os familiares e os profissionais da saúde (p. 3).

A psiquiatra desempenha uma fonte de apoio, mas de forma superficial, preenche apenas o protocolo burocrático, a sua fala é monótona, não demonstrando interesse no cotidiano do seu paciente. Portanto, destaca-se a relevância do trabalho interdisciplinar, o acompanhamento psicoterápico poderia auxiliar manejos das situações e no enfrentamento de crises (MARQUES et al, 2012).

 

Nesse interim percebe-se que nada ao redor do Jerry propicia a uma adesão ao tratamento medicamentoso, as redes de apoio são as vozes que apenas ele escuta, é por meio destas que Jerry sente-se amado, compreendido. Desta forma, a medicação o lança numa realidade amedrontadora e sem vínculos de amizade, sendo uma ferramenta de sofrimento, visto que, sem as vozes a conexão que o protagonista tinha com o gato e o cachorro é desconectada, perdendo assim os únicos vínculos afetivos que ainda disponha (VILLAS-BOAS, 2009).

O filme retrata de forma implícita o papel biopolítico da psiquiatria e a indústria farmacêutica como ferramentas de controle social e geradora de sofrimento ao sujeito devido à medicalização excessiva. Percebe-se o envolvimento cada vez mais perverso destas vertentes. Foucault corrobora ao salientar que:

O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica, a medicina é uma estratégia biopolítica (FOUCAULT, 1989, p. 82).

Por fim, os agentes de controle em consonância com seus dispositivos de disciplina imperam na sociedade; esta, por sua vez, sustenta o discurso com ênfase na “medicalização”, onde profissionais compactuam com a indústria farmacêutica lucrando com incentivos financeiros, adotando uma postura indiferente ao sofrimento, às consequências sociais e salubres, compondo assim com a lógica capitalista.

REFERÊNCIAS:

BOAS, L. C. G. Apoio Social, Adesão ao tratamento e controle metabólico de pessoas com diabetes mellitus tipo 2. 2009, Dissertações de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

BOAS, L. C. G. et al. Relação entre apoio social, adesão aos tratamentos e controle metabólico de pessoas com diabetes mellitus. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Artigo Original 20(1):[08 telas] jan.-fev. 2012.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1989.

GUSMÃO, J. L; MION, D. J. Adesão ao tratamento – conceitos. Rev Bras Hipertens vol.13(1): 23-25, 2006.

MARQUES, C. R. et al. Intervenção em situação de crise no âmbito hospitalar. Disponível em:
http://guaiba.ulbra.br/seminario/eventos/2012/artigos/psicologia/salao/919.pdf. Acesso em: 28 de novembro de 2015.

Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997. vol.1.

FICHA TÉCNICA

AS VOZES

Titulo original: The Voices
Direção:  Marjane Satrapi
Gênero: Comédia, Suspense, Drama
Lançamento: 25 de Junho de 2015-12-01
Nacionalidade: EUA, Alemanha
Elenco: Ryan Reynolds, Gemma Arterton, Anna Kendrick

 

 

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Relato de experiência como paciente do CAPS AD Vila Nova

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Me chamo José Francisco Angelim (Kiko), tenho 54 anos e minha qualificação profissional é como consultor  de projetos e processos. Como hobby faço alguns trabalhos, que alguns consideram como arte e cenários para peças de teatro. No último semestre de 2012 fiz o cenário completo da peça Piá Farroupilha e alguns itens para a peça Gregos e Freudianos. Ambas sob a direção de Bob Bahlis.

Já fiz uso de quase todos tipos de drogas, mas minha preferência recai sobre o consumo de álcool. Para os padrões atuais de iniciação ao alcoolismo comecei a me interessar por bebida com uma idade bem  avançada. Após os 20 anos.

Nos últimos 03, 04 anos o consumo de álcool tornou-se exagerado culminando na minha primeira internação (21 dias) no hospital Vila Nova. Internação que não deixou nenhum aprendizado em virtude do tempo de internação (ninguém se recupera neste tempo) e inexistência de programa específico de tratamento, exceto algumas aparições de membros do AA.

Após alta da internação passei a ter acompanhamento psiquiátrico e a freqüentar grupos de AA duas vezes por semana. Pesquisei muito sobre a história do AA desde a sua criação em 1935. Posso afirmar que conheço muito sobre a filosofia “escrita”, chegando a ser convidado para dar palestras em hospitais. Convite que declinei porque seriam em locais de tratamento com internações em ambientes como o hospital Vila Nova e que não vejo nenhuma possibilidade de recuperação para os que lá estão internados.

No grupo do AA que participava (Nossa Senhora das Graças) comecei a me sentir desconfortável com a forma que os grupos eram conduzidos. Sem a aplicação de uma metodologia adequada, cada um falando assuntos diversos, sem debater os doze passos e tradições, sem uma orientação médica/terapêutica etc, etc, etc.

Então cheguei a conclusão que o meu desconforto poderia ser com “aquele” grupo que estava participando e passei a freqüentar outro grupo (São Vicente) simultaneamente, onde me deparei com a mesma realidade. Não satisfeito passei a freqüentar mais um grupo (Santa Rita) e minha insatisfação permaneceu.

Após 09 meses, mesmo com a minha participação em três grupos diferentes (simultaneamente) resolvi desistir do AA por questões que já foram relatadas.

Com 07 meses de abstinência comecei a ter recaídas que culminaram em uma nova internação. Minha psiquiatra, por me conhecer muito bem, sugeriu que eu fosse internado na clinica São José onde fiquei 54 dias que foram suficientes  para que eu conhecesse procedimentos totalmente diferentes da minha experiência anterior de internação. Muitas atividades, equipes multidisciplinares,  ótima estrutura, atenção com a saúde etc, etc, etc.

Na minha primeira consulta (pós alta) minha psiquiatra perguntou se eu conhecia o trabalho do CAPS. Respondi que não e ela comentou que seguia uma linha de tratamento muito próxima do que eu me identifiquei na clinica São José e que seria interessante que eu conhecesse.

Pesquisei o que pude sobre o CAPS e encontrei pouco material disponível. Para mim isto já foi um ponto negativo porque vinha da escola do AA onde encontrei farta publicação. Levei um tempo para entender que o AA foi fundado em 1935 e que o CAPS, ainda é uma criança, que já nasceu com uma proposta forte, mas ainda é uma criança.

Mais na frente, “se começarmos a nos preocupar agora”, o CAPS também poderá ter as suas histórias registradas, publicadas e que poderá ser mais uma ferramenta disponível para os que estão buscando a sua recuperação.

Fiz uma visita ao CAPS AD Vila Nova onde passei por uma entrevista de acolhimento, recebi informações sobre a sua estrutura, filosofia, metodologia de acompanhamentos e resolvi começar a participar.

Retornando a minha psiquiatra relatei que havia começado a participar dos grupos do CAPS e que iria continuar. Foi então que minha psiquiatra sugeriu que as nossas consultas fossem suspensas porque eu teria um acompanhamento bem mais efetivo/diferenciado através dos profissionais do CAPS.

Faz 10 meses que participo dos grupos de segundas, quartas e sextas feiras no período da manhã e sempre que possível procuro me envolver nas atividades extras grupos como por exemplo: eventos, datas comemorativas, etc.

No CAPS encontrei uma engrenagem/sintonia interessante na parceria PMPA/SUS e Hospital Mãe de Deus. Fazendo uma analogia com uma engrenagem qualquer, deve-se ter muito “presente” a necessidade de manutenções, atualizações freqüentes e periódicas.

Governo municipal então responsável pela estrutura física deve estar sempre atento as condições oferecidas/disponibilizadas aos profissionais, pacientes e familiares. Quando falo em condições refiro-me a à investimento em automação (tecnologia),  instalações, manutenções preventivas e corretivas das ferramentas/estruturas que são utilizadas. Cabe lembrar que mesmo instalações como as oferecidas pelo recém inaugurado CAPS Partenon, se não tiver uma manutenção/atualização constante, em pouco tempo estará sucateada.

Hospital Mãe de Deus então responsável pelo corpo clínico tem a missão permanente de busca/formação de novos talentos que se identifiquem com a causa da dependência química. Sabemos que são poucos os profissionais disponíveis com esta qualificação e  que quando identificados, ainda precisarão de “muita” lapidação para entender/viver a drogadição e “principalmente” trabalhos em grupo.

No meu modo de ver somente a formação acadêmica é insuficiente para que um profissional execute plenamente as suas atividades no tratamento da dependência química.

Nunca esquecendo que os profissionais já residentes também merecem uma atenção especial do que se refere a atualizações, intercâmbios, legislações etc.

Minha experiência no CAPS tem sido extremamente positiva porque é onde encontrei um modelo de tratamento que preocupa-se, inicialmente, com a saúde, equipe multidisciplinar, valorização da liberdade de expressão e troca de experiências até mesmo entre corpo clínico, pacientes e familiares.

Outra situação que deve ser valorizada é que recebe-se uma atenção até mesmo fraternal, o que torna o relacionamento mais sincero, mais aberto e de fácil comunicação. Temos grupos, temos consultas individuais, temos olho no olho e assim sabemos que na menor mudança de comportamento, ausências, seremos procurados, nem que seja por telefone, para que seja entendido o que está acontecendo.

Tenho ciência que o CAPS (representado por uma ponte) é uma passagem e que terei muitas saudades quando o objetivo da recuperação plena for alcançado.

No início do texto citei que o CAPS ainda é uma criança e como toda criança tem o seu início de aprendizado. No meu entender algumas situações já poderiam merecer uma atenção especial.

  • Estudar a viabilidade de grupos noturnos. Na configuração atual quando um paciente, ainda em tratamento, retorna ao mercado de trabalho, vê-se obrigado a abandonar o tratamento;
  •  Aumento do número de oficinas principalmente focadas a atividades artísticas. Música, teatro, dança, dobraduras, bisqui, marcenaria, etc;
  • Laudos mais contundentes para serem apresentados quando da renovação dos benefícios junto ao INSS. Claro que dentro de uma minuciosa análise médica, assiduidade, comprometimento com o tratamento, etc;
  • Redes de relacionamentos/internet. Criação de veículos que possibilitem maior visibilidade. Vale lembrar que depois de várias citações sobre o AA numa novela das 8hs, o programa se fortaleceu muito.

Existem várias outras situações que poderiam ser exercitadas mas vejo nestas quatro, um bom desafio, um bom começo.

Finalizando, não poderia deixar passar a oportunidade de enaltecer o profissionalismo, a dedicação, o comprometimento e o caráter  dos profissionais residentes no CAPS AD Vila Nova.

Sempre brinco que eles são empregados de um respeitado grupo hospitalar, poderiam estar numa bela sala com todo conforto, ficando mais expostos a ascensões profissionais (porque não?), local de trabalho mais adequado para a execução das suas atividades e foram parar aonde? No meio do mato.

Para muitos o bairro Vila Nova só é conhecido pela existência da feira do pêssego. Pois é! Eles aceitaram o desafio de trabalhar no mato, conviver com maluquinhos (não somos santos), não ter tanto conforto mas fazem o que gostam e se dedicam ao extremo dentro das condições disponíveis para a execução das suas atividades.

Receita simples (aquelas de liquidificador). Faça com amor e seja o melhor!

Esta foi a minha contribuição.

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CAPS, cuidado e família

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Há algumas semanas, como processo de reflexão do estágio no CAPS II de Palmas, têm-se pensado, têm-se desejado e visto a necessidade de se organizar um grupo com os familiares dos usuários. Esta possibilidade surgiu através das conversas, atendimentos, desabafos de alguns usuários em relação a sua família, no que diz respeito a possíveis maus tratos, a não acompanhamento da rotina, da vida e da evolução do filho, do irmão, da esposa que frequenta o CAPS.

Neste grupo, além de se discutir o acompanhamento, a forma de tratamento e cuidado do familiar para com o usuário, pode-se trabalhar também a demanda da própria família no que tange às dificuldade que têm na lida com o sofrimento mental. No sentido do CAPS tentar ajudar, articular com outras unidades de saúde e assistência social, a fim de amenizar as dificuldades que as famílias enfrentam, tanto em relação ao usuário, como no que diz respeito a outros fatores que prejudicam a saúde e o bem estar de tal família, como por exemplo, preocupações, fome, desemprego ou até mesmo alguma doença de caráter orgânico.

Com esse intuito, organizou-se, em outubro, um grupo mensal para acolher alguns familiares de pessoas que se tratam no CAPS. De acordo com a necessidade dos casos, alguns familiares foram avisados sobre o grupo, quando estes foram até o CAPS – para consulta médica, para conversa com a psicóloga ou para pegar medicação, assim como através de telefonemas e visitas domiciliares, sendo que algumas confirmaram presença, porém no dia determinado, não compareceram. Até o presente momento, ocorreu somente um encontro inicial, com apenas uma mãe de dois usuários que frequentam o CAPS. As explicações dadas pelos familiares para o não comparecimento ao grupo foram as seguintes: “Não poderei ir devido ser meu horário de trabalho”; “não tenho como ir”; “me liga mais tarde” e etc.

Diante disso, questiona-se do que adianta o profissional realizar um trabalho com a pessoa durante quatro dias da semana em um ou dois períodos do dia, sendo que quando este sujeito chega em casa, não há uma compreensão, não existe colaboração, não há paciência e carinho por parte do familiar em relação aos frequentadores do CAPS, segundo as falas de alguns usuários. Às vezes pode faltar até mesmo instrução, informação e conhecimento a respeito do diagnóstico, das vontades, das necessidades, das dificuldades e dos desejos do usuário, por parte de seus familiares. A partir deste questionamento surge a necessidade de se desenvolver um trabalho em conjunto com usuário e familiares, afinal de contas, não tem como fazer uma inserção social e lidar com o sofrimento mental intenso sem trabalhar com a família.

Existe uma importância em se implantar um grupo de apoio, com esclarecimentos, compartilhamentos e desabafos do familiar em relação a quem utiliza os serviços de saúde dos CAPS. Afinal não é nada fácil para quem cuida ter que arrumar forças, paciência e amor depois de um longo dia de trabalho, ou até mesmo só pelo fato de ser o único familiar, às vezes já idoso; em muitas situações faltam recursos financeiros e em outras o usuário nem mesmo possui um familiar por perto, ou os que moram perto, só criticam e agem com preconceito com relação às dificuldades diárias de seu familiar usuário.

“Em uma crise repentina ou sob estresse prolongado, a comunicação pode sucumbir – exatamente naqueles momentos em que ela é mais essencial para a resiliência familiar” (WALSH, 2005, p. 103). Grande parte dos ensinos e dos incentivos para se adquirir ou desenvolver a capacidade de superação frente às adversidades da vida, começa em casa, com um possível modelo, com um diálogo aberto e sincero entre familiares. Neste sentido, a comunicação se define como sendo uma “troca de informações, resolução de problemas sócio-emocionais e prática/instrumental” (EPSTEIN et al., 1993 apud WALSH, 2005, p. 103).

Após conversas e discussões, a psicóloga responsável pelo campo na parte da manhã, juntamente com a estagiária, chegaram à conclusão que seria importante trabalhar, com o grupo, assuntos como – transtornos mentais, angústias, aflições, medos, anseios, tanto em relação à pessoa que utiliza os serviços do CAPS, como também às necessidades e sonhos individuais de cada familiar, além de passar para o público em questão essa responsabilidade quanto a pensar e se expressar a respeito do tema proposto e abordado por todos, assim como o que eles gostariam que fosse trabalhado na próxima semana.

Neste grupo pretende-se respeitar as “relações entre iguais com diferentes saberes”, ou seja, utilizar uma “ética relacional” no que diz respeito à “singularidade” de cada indivíduo, de cada família, refletindo assim em cima da “construção do lugar de cada um nas relações humanas”, tanto profissionalmente como pessoal. (COLOMBO, 2012, p. 443). Pois dessa forma, pode ser que ocorra um externalizar do problema, o que é muito bom, porque assim o familiar saberá que ele pode contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar e que existe um “equilíbrio entre os saberes e o poder” (Colombo, 2012, p. 443) de cada pessoa.

A proposta deste grupo vai ao encontro de um dos objetivos do CAPS, que é, por meio da “integridade”, da criatividade, da cooperação e das “relações horizontais”, modificar o sofrimento em algo que não seja exclusão, e sim uma promoção de “ampliações das possibilidades de viver” (COLOMBO, 2012, p. 444). Essa ideia parece um tanto complexa, já que trás uma responsabilidade sobre cada pessoa que irá participar, tirando de cima do terapeuta, do psicólogo ou do médico, por exemplo, aquela ideia que o profissional é o detentor de todo conhecimento. É preciso levar em conta, a cultura, a identidade, as condições socioambientais de cada família, assim como de cada paciente.

Assim como na sociedade matrística, definida como uma estrutura social, onde “o poder está distribuído entre os diversos seres, incluindo a natureza, em uma interação sistêmica. O poder surge da orquestração de todas as forças em direção à cooperação, à reciprocidade e ao desenvolvimento,” segundo Colombo (2012, p. 444). É difundido entre os participantes o poder para falar, se expressar, discordar, acrescentar, de forma recíproca, para, quem sabe, dessa maneira, modificar a forma de pensar e agir, sendo que por muitas vezes tanto o profissional como o familiar cuidador acabam por pensar e conseqüentemente agir de forma errada, prejudicando assim, ao invés de ajudar.

A fim de que cada pessoa, tanto o usuário como o profissional, assuma e concorde com seu papel de agente da sua realidade observada, como descreve o autor acima citado, pretende-se continuar com este grupo na última semana de todo mês. Nosso primeiro e único encontro até o dado momento, aconteceu no dia 31 de outubro de 2012, comparecendo somente uma familiar, como já foi dito. A mesma pôde falar das suas dificuldades enquanto mãe, já que em sua casa os seus três filhos possuem algum tipo de sofrimento mental, e ela já é uma senhora viúva que cuida sozinha de seus três filhos já adultos. Dona X, contou sobre o dia-a-dia dos irmãos, falou sobre algumas situações difíceis que já enfrentou e pediu um encaminhamento para uma avaliação geral de um dos seus filhos com um médico, pois o mesmo queixa-se de muitas dores.

Por fim, esta mãe pôde falar sobre o que lhe afligia, o que te traz medo, assim como os profissionais puderam entender como funciona as relações dentro da casa desta família, além de instruí-la em como proceder em relação aos mesmos e em algumas situações que lhe oferecem riscos.

Referências:

WALSH, Froma. Fortalecendo a Resiliência Familiar. Ed. 1. Editora ROCA. 2005.

COLOMBO, Sandra Fedullo. O Papel do Terapeuta em Terapia Familiar.  In: OSORIO, Luiz Carlos; DO VALLE, Maria Elizabeth Pascual & Cols (org.). Manual de Terapia Familiar. Porto Alegre: Editora ARTMED, 2010.

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