Patrícia Sousa compartilha sua experiência no Programa “Melhor em Casa”

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(En)Cena entrevista Patrícia Sousa, enfermeira, graduada pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com Mestrado em Ciências e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente exerce a função de Diretora do Departamento de Planejamento e Gestão da Secretaria Municipal de Saúde de Redenção-PA. Patrícia é especializada em Saúde Pública; Qualificação de Gestores do SUS; e Facilitadores em Educação Permanente em Saúde, além de ser uma referência importante quando se trata de programas governamentais especialmente o “Melhor em Casa”. 

Sua experiência em planejamento estratégico e gestão pública na área da saúde, a torna uma voz relevante na implementação e monitoramento de políticas de assistência domiciliar. Ao longo de sua carreira, Patrícia tem coordenado com excelência a execução de projetos voltados à melhoria da qualidade de vida da população, garantindo que os recursos sejam utilizados de maneira eficiente e que os pacientes recebam atendimento humanizado e adequado em seus lares.

Em sua entrevista para o Portal (En)Cena, oportuniza o conhecimento sobre como os programas de saúde do governo, como o “Melhor em Casa”, impactam diretamente a vida das pessoas. Com sua vasta experiência em gestão pública e dedicação à saúde, Patrícia oferece informações valiosas sobre os desafios e conquistas no cuidado domiciliar, revelando o que está por trás do sucesso dessas iniciativas e como elas podem transformar o atendimento à saúde na comunidade.

 

(En)Cena – Patrícia, é um prazer entrevistá-la. Vamos conversar um pouco sobre o programa “Melhor em Casa”, uma proposta de acompanhamento domiciliar. Para começarmos, gostaria de saber: Como funciona o processo de inclusão de pacientes no programa “Melhor em Casa”? Quais são os critérios para participar?

Patrícia Sousa – O programa “Melhor em casa” recebe todos os pacientes que tenham necessidade de acompanhamento no domicílio, porém existem alguns casos prioritários, pessoas que tiveram AVC por exemplo, que estão sequelados e precisam de um acompanhamento mais constante; pessoas com deficiência motora e problemas de locomoção; pacientes que passaram por cirurgias, que também precisam de acompanhamento ou algum procedimento como oxigenoterapia, passagem de sonda; pacientes com lesões na pele de qualquer tipo que precisam de curativos diários e acompanhamento, acabam por ser os pacientes prioritários pois precisam receber a visita da equipe multidisciplinar até em 2 ou 3 vezes na semana, a depender do caso. Mas o programa atende qualquer pessoa que necessite de acompanhamento em casa, isso enquadra muito os idosos e pessoas com doenças crônicas. O processo de inclusão de pacientes começa com uma avaliação médica, geralmente realizada em hospitais ou unidades de saúde, que identifica aqueles que podem receber cuidados no domicílio. Os principais critérios envolvem pacientes que precisam de acompanhamento contínuo, mas que não necessitam de internação hospitalar, como pessoas com doenças crônicas, em recuperação de cirurgias, ou em reabilitação. Além disso, é importante que o paciente tenha uma condição de saúde estável e um cuidador familiar que possa colaborar no dia a dia

(En)Cena – Quais tipos de serviços de saúde o programa oferece e quais são os profissionais envolvidos nas visitas domiciliares?

Patrícia Sousa – A equipe multi oferece serviços de saúde no ambiente domiciliar, garantindo atendimento especializado e contínuo a pacientes com condições que exigem cuidados frequentes, mas que podem ser tratados fora do hospital. Os serviços prestados são vários e dependem da composição da equipe, mas estão entre acompanhamento médico, cuidados de enfermagem, fisioterapia, suporte psicológico e outros. Os profissionais envolvidos nas visitas incluem médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e, dependendo das necessidades do paciente, assistentes sociais e nutricionistas

(En)Cena – Patrícia, um dos objetivos desta entrevista é entender ⁠⁠como o programa pode atender a comunidade e quem se encaixa como perfil de usuário. Assim sendo, como é realizada a avaliação inicial do paciente e o acompanhamento ao longo do tratamento?

Patrícia Sousa –  A avaliação inicial do paciente é feita por uma equipe multiprofissional, que visita o paciente e faz um apanhado geral das condições de saúde, necessidades de cuidados e do ambiente familiar. Esse momento é muito importante para criar um plano de atendimento personalizado, que é o que vai definir a frequência das visitas e os profissionais envolvidos no caso de cada paciente. Ao longo do tratamento, o usuário do programa é acompanhado de perto pela equipe, que ajusta o plano conforme a evolução do quadro, e garante que ele receba os cuidados adequados e que a família também esteja orientada para participar do processo. 

(En)Cena – Como o programa contribui para a redução de internações hospitalares e para o bem-estar do paciente e da família?

Patrícia Sousa – O intuito do programa é justamente acompanhar o paciente no domicílio para que ele tenha uma certa qualidade de vida e consiga de certa forma no seu lar, ter o atendimento adequado, pensando inclusive numa ideia de humanização. Esse programa também vem como estratégia na diminuição de internações e ocupação de leitos em hospitais, pois muitas das vezes o paciente pode ser acompanhado em casa e está no hospital ocupando um leito que poderia servir para outro paciente em uma situação mais grave ou de maior vulnerabilidade, ao qual tem maior necessidade daquele leito. Buscar qualidade de vida, trazer conforto e bem-estar no domicílio, no ambiente de casa, da família, a fim de favorecer a reabilitação do paciente.

(En)Cena – Como o “Melhor em Casa” lida com emergências e mudanças no quadro clínico dos pacientes atendidos?

Patrícia Sousa – Quanto às emergências que o programa lida, depende muito do caso. A equipe do “Melhor em Casa” transporta alguns equipamentos que a depender da emergência, eles mesmos vão prestar os primeiros socorros. Quando não, a equipe encaminha o paciente entrando em contato com a ambulância ou SAMU. Esse atendimento vai ocorrer com certa prioridade por ter sido caracterizado como urgência pela equipe. Quanto às mudanças no quadro clínico, é de acordo com a necessidade do paciente, todo tipo de procedimento é administrado pela equipe, desde medicamentos via oral aos intravenosos – toda necessidade que o paciente demonstrar na hora da visita será atendida pelo Melhor em Casa que estará capacitada pra fazer, até porque é uma equipe de multiprofissionais com médico, enfermeiro, fisioterapeuta, entre outros. Quando o caso passa da assistência que o programa pode oferecer de imediato, a equipe conta com uma certa prioridade no encaminhamento do paciente a um segundo serviço da Rede Municipal de Saúde.

(En)Cena – Quais são as principais parcerias ou colaborações que o programa estabelece com outras unidades de saúde?

Patrícia Sousa –  O programa Melhor em Casa faz parte da rede municipal de saúde, então tudo o que ele necessitar para dar prosseguimento ao atendimento do paciente dentro da rede, ele pode encaminhar. Exemplo: O CER, (Centro Especializado em Reabilitação), o CEO (Centro de Especialidades Odontológicas), o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Hospital Municipal, que também pode ser a necessidade do paciente, entre outros. Quaisquer serviços da Rede Municipal de Saúde podem ser acessados pela equipe do Melhor em Casa para promover o bem-estar e saúde dos pacientes.

(En)Cena – Como os resultados do programa são avaliados em termos de impacto na saúde pública e na qualidade de vida dos pacientes?

Patrícia Sousa –  Os resultados são acompanhados como todos os outros programas, a depender da gestão municipal de saúde. Tem gestão que faz a avaliação e manutenção dos programas de maneira quadrimestral, outras trimestralmente e assim por diante. Geralmente é feita a classificação de risco na ficha dos pacientes, que ao final do prazo determinado pela gestão, é reavaliada e registrada. Para o acompanhamento do paciente em casa, é feito um prontuário que fica sob os cuidados do mesmo (ou da família), onde a cada visita da equipe é feito um registro e todos os profissionais presentes assinam e escrevem os procedimentos executados naquele dia de visita, então é bem interessante pois na hora de fazer o acompanhamento e avaliação desse paciente, esse prontuário serve de instrumento para que se possa visualizar a evolução do mesmo a cada mês. Todavia volto a dizer, cada gestor vai especificar de acordo com seu município e demanda, qual a melhor forma de recolher e analisar e avaliar os resultados advindos da prática da equipe. Aqui onde resido (Redenção/PA) é feito de maneira quadrimestral através de um Relatório detalhado do Quadrimestre anterior (RDQA), no qual se avaliam todos os serviços de saúde do município, então se avalia tudo, inclusive o Melhor em Casa. Em termos de impacto na saúde pública, é muito positivo. É comprovado que o ambiente domiciliar do paciente pode contribuir em muito à sua recuperação, então a proposta do programa obtém em muito uma recuperação mais favorável do paciente, e em termos de números, o programa desafoga muito o Hospital.

(En)Cena – Como funciona a atuação dos psicólogos/profissionais da saúde mental no programa?

Patrícia Sousa –  A atuação do psicólogo é de suma importância. Ter um paciente debilitado e acamado em casa, mexe muito com a estrutura psicológica dos familiares. Sem falar na parte física, a considerar que os esforços que envolvem o cuidado de uma pessoa acamada são muitos e diversos, causando muito cansaço, estresse e ansiedade nos cuidadores formais ou informais, então o acompanhamento com psicólogo a cada semana com escuta, orientação, acolhimento e trazendo para a família estratégias para promover a saúde mental da família e do paciente, é um diferencial na equipe. O psicólogo é tão importante quanto qualquer outro profissional no quadro da equipe e muitas vezes se torna a base para o bom desenvolvimento dos outros profissionais engajados no tratamento do paciente. Através das conversas e do acolhimento feito ali na hora da visita, a família se acalma enquanto os demais profissionais fazem seu trabalho com o paciente. O trabalho multi vai contribuir na evolução do quadro clínico como um todo.

(En)Cena – Expressamos nossa gratidão pela sua disponibilidade e contribuição neste momento. Gostaríamos de lhe conceder a oportunidade de deixar uma mensagem final para o nosso público do portal.

Patrícia Sousa –  O Programa “Melhor em Casa” representa um avanço no cuidado humanizado, trazendo a possibilidade de tratar e cuidar de pacientes no aconchego do próprio lar, ao lado de seus familiares. Com uma equipe dedicada de profissionais da saúde, o programa oferece suporte contínuo e especializado, que garante ao paciente o tratamento necessário sem perder o conforto e a proximidade de seu ambiente familiar. Ao promover o bem-estar e fortalecer os vínculos afetivos durante o tratamento, o “Melhor em Casa” transforma a forma como cuidamos da saúde, levando acolhimento e dignidade a quem mais precisa.

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Psicólogo Plácido Medrado fala sobre trabalho no CRAS pós pandemia

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O (En)Cena entrevista o psicólogo Plácido Lucio Rodrigues Medrado. Plácido é professor universitário, Especialista em docência do Ensino Superior e Psicopedagogia; e Mestrando em Ciências da Saúde da UFT em Palmas-TO. Atualmente é Psicólogo do CRAS Santino Dias de Alecrim em Luzimangues – Porto Nacional/TO. 

(En)Cena: Como era o trabalho desenvolvido pelo(a) psicólogo(a) que atua no CRAS antes da pandemia? 

Plácido: Então, o trabalho do CRAS é voltado para prevenção e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. O trabalho é interdisciplinar e pautado na questão psicossocial. Antes da pandemia, basicamente era atendimento de situação de vulnerabilidade social, de conflitos familiares e o atendimento de demandas encaminhadas do Conselho Tutelar, CREAS. Esse trabalho sempre através de visitas domiciliares, de grupos, de orientações e de atendimentos, antes da pandemia, o trabalho era feito dessa forma.

(En)Cena: Houve alguma intervenção voltada para demandas que vieram em decorrência desse acontecimento atípico? Se sim, quais as principais medidas que precisaram ser tomadas a partir das novas demandas emergentes?

Plácido: Com a chegada da pandemia de Covid-19, precisou ser ajustado às demandas do CRAS, principalmente no que se refere ao uso de EPIs como máscara, viseira e o uso de jaleco. E a questão que ficou muito forte com as demandas do CRAS foi o fato de que um dos principais instrumentos de trabalho do para o atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social é a visita domiciliar e com a pandemia, evitou-se ao máximo fazer essa visita domiciliar, em casos de extrema urgência de atendimento pela justiça ou alguma demanda bem urgente, a equipe técnica iria a casa dessas famílias utilizando os EPIs. Utilizou-se também na época da pandemia o atendimento remoto, tanto por videochamada, como videoconferência, mensagens no WhatsApp e ligações telefônicas. Então, teve que fazer toda essa mudança. Na pandemia também, alguns atendimentos do CRAS eram em salas com janelas abertas para permanecer ali a articulação de ar naquela sala. As demandas aumentaram, principalmente no que se refere às violências contra idoso, contra criança, contra mulher e os conflitos também aumentaram por conta da convivência de ficar em casa.

(En)Cena: Quais foram as suas estratégias de enfrentamento enquanto profissional? 

Plácido: Foram diversas, tentando adaptar à realidade. Primeiramente, se adaptar nesse contexto de pandemia, cuidar primeiramente da saúde física, pensar também na qualidade do serviço que está sendo passado. Então, a questão da vacinação também, de procurar enquanto profissional tomar a vacina. Os profissionais da política pública da assistência não foram os primeiros a receberem a primeira dose da vacina, então, teve esse desafio de buscar. Direito à saúde como a vacinação.

(En)Cena: Na sua perspectiva, os gestores da política  de Assistência Social tomaram as providências necessárias para lidar com essa nova realidade? 

Plácido: Em grande parte foram implantadas medidas, mas faltou suporte, principalmente nas demandas urgentes de atendimento a possíveis violações de direitos.

(En)Cena: As mudanças adotadas no trabalho durante a pandemia permanecem até os dias atuais? Se sim, quais? 

Plácido: Sim. Como por exemplo o uso de álcool, os cuidados com uso de máscara em caso de sintomas gripais.

(En)Cena: Quais mudanças você considera que foram positivas nesse novo cenário pós pandemia? 

Plácido: A atenção direcionada ao cuidado com EPIs (máscara). A necessidade de fortalecer os vínculos familiares e a fortalecimento da socialização presencial.

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(En)Cena entrevista a psicóloga Leni Barbosa

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(En)Cena entrevista Leni Barbosa,  psicóloga, gestora da gerência de valorização do policial civil, departamento de atendimento psicossocial aos profissionais da secretaria de segurança pública. 

(En)Cena – Lenir, é um prazer entrevistá-la, obrigada por fornecer o seu tempo. Para começarmos, gostaria que você explicasse de onde surgiu seu interesse pela psicologia psicossocial. Ser psicóloga com atuação nessa área sempre te atraiu? Qual a linha do tempo para ter chegado até o momento profissional atual? Como tem sido pra você ser gestora nesse contexto?
Leni Barbosa – Bom, a psicologia como um todo me interessa e muito. Aqui o atendimento é psicológico e social, talvez eu ter falado atendimento psicossocial te deu a impressão de psicologia psicossocial. O departamento, no atendimento ao servidor, perpassa pela psicologia psicossocial, clínica e organizacional. Haja vista trabalharmos com questões que envolvem o individual, o social e o organizacional.

(En)Cena – Ser psicóloga com atuação nessa área sempre te atraiu? Qual a linha do tempo para ter chegado até o momento profissional atual? Como tem sido pra você ser gestora nesse contexto?
Leni Barbosa – Como eu disse anteriormente, a psicologia como um todo me atrai, vivo do trabalho que desenvolvo como psicóloga e nunca tive dúvidas da minha escolha profissional.

(En)Cena – O principal objetivo dessa entrevista é a compreensão do contexto que você está inserida, que é a área de valorização do policial civil. Portanto, gostaria de discutir quais são os desafios encontrados na sua atuação e como você, como gestora, enxerga esses desafios?
Leni Barbosa – Os desafios são muitos, lidar com o adoecimento psicológico é um desafio. Em se tratando do nosso público alvo em específico, os quais lidam constantemente com riscos e perigos nos quais os fatores estressores estão sempre presentes e com isso estão mais propensos ao adoecimento. Neste sentido, o maior desafio é a oferta de acolhimento em saúde mental tornar-se um atrativo para estes profissionais, desmistificando a crença de que quem procura atendimento psicológico não é “normal” 

(En)Cena – A partir dos desafios enfrentados pelos policiais civis, existe uma equipe multiprofissional que atua em conjunto com você? Se sim, por quais profissionais é formada essa equipe? E qual a abordagem utilizada para abordar esses desafios?
Leni Barbosa – Atualmente temos o assistente social e o psicólogo que são responsáveis pelos atendimentos. A abordagem é acolher o servidor na sua singularidade, independente da construção subjetiva do profissional que está sendo atendido.

(En)Cena – De que maneira a diversidade de conhecimentos e experiências dessa equipe pôde contribuir para resultados mais favoráveis no tratamento dos policiais civis?
Leni Barbosa – Um conhecimento diversificado sempre agrega valor a uma equipe, então buscamos aproveitar o conhecimento que cada profissional dispõe para que haja eficiência e eficácia nos resultados. 

(En)Cena – De acordo com o que você vivencia, qual o impacto desse setor para o bem estar psicossocial dos policiais civis? Como você define a contribuição do psicólogo para os policiais e sociedade?
Leni Barbosa – Os policiais são os guardiões da lei e da segurança da sociedade, um policial saudável traz melhores resultados no desempenho de suas atribuições.

 (En)Cena – Quais medidas estão sendo implementadas para garantir o bem-estar psicológico desses profissionais?
Leni Barbosa – Ao sermos demandados pelo serviço, são realizados acompanhamentos psicológicos, acompanhamento social, visitas domiciliares, visitas institucionais e demais necessidades conforme a capacidade do setor.

(En)Cena – Como lida com diferenças individuais ao oferecer acolhimento aos policiais?
Leni Barbosa – Acolhendo a subjetividade do servidor.

(En)Cena – Quais conselhos você daria para recém formados com interesse nessa área de atuação?
Leni Barbosa – Aqui eu respondo com uma frase de Confúcio: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida” Tudo que fazemos por amor, torna-se algo prazeroso, então meu conselho é que o futuro profissional da área, escolha bem onde quer estar. Na clínica, na organizacional, na psicologia social, na psicologia escolar, na psicologia jurídica e assim, escolhendo bem não sentirá o fardo pesado.

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Construindo pontes: obstáculos e oportunidades na dinâmica das equipes interprofissionais

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A psicóloga e coordenadora ABA, Lariane Medeiros, compartilha uma narrativa envolvendo seu cotidiano inserida em uma equipe interprofissional.

(En)Cena entrevista Lariane Medeiros, Psicóloga (CRP 23/2344), Pós-graduanda em Análise do Comportamento Aplicada e Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental. Atualmente atua como coordenadora ABA em uma clínica para pacientes neurodivergentes e como psicóloga clínica em consultório particular. 

(En)Cena: Qual foi o percurso profissional que a conduziu até o presente momento?

Lariane: Iniciei minha carreira profissional como estagiária de recursos humanos em uma construtora, depois me mantive na área em outras empresas até chegar a ocupação de um cargo de liderança no RH de um atacarejo, ao todo fiquei 6 anos na área de psicologia organizacional. Em 2021 fiz a transição de carreira para a clínica iniciando com atendimentos online de adultos e desde então sigo como psicóloga clínica. Após uma mudança de estado devido a questões pessoais, iniciei em uma clínica infantil de atendimento interprofissional, onde tenho atuado há pelo quase 2 anos como coordenadora

(EnCena): Como a coordenadora clínica lida com a diversidade de abordagens e processos decisórios dos demais profissionais na equipe interprofissional?

Lariane: É comum dentro de um acompanhamento interprofissional termos diversidade nas abordagens e decisões de cada profissional que acompanham um caso em comum, dessa forma, eu busco sempre estar em contato com cada área compartilhada, visando sempre focar na evolução do paciente e na contribuição que cada profissional tem para oferecer para o caso que acompanho.  Dessa forma, consigo facilitar minha visão sobre o caso e acolho os demais profissionais dentro do que for viável e possível. 

(EnCena): Quais são os principais desafios enfrentados por uma coordenadora clínica ao integrar as intervenções da terapia intensiva baseada na Análise do Comportamento Aplicada com as práticas de outras áreas, como terapia ocupacional, fonoaudiologia e escolar?

Lariane: Um desafio comum na prática interprofissional se dá quando o paciente não é atendido no mesmo contexto clínico, quando ocorre alguma intervenção por profissionais que não estão no mesmo ambiente, em alguns contextos existem profissionais que não facilitam a comunicação e a troca para acompanhamento do caso. Outro desafio se dá quando os profissionais de áreas parceiras que atendem a mesma criança não aceitam ou compreendem as intervenções propostas, o que dificulta a generalização de comportamentos esperados do paciente em todos os contextos que ele é atendido. O que observo é que quando os profissionais estão alinhados, isso facilita a evolução do caso e a criança e a família são beneficiadas nesse processo de troca interprofissional. 

(EnCena) :Como a coordenadora clínica gerencia divergências de opinião ou conflitos entre os membros da equipe interprofissional durante a tomada de decisões em relação aos casos dos pacientes?

Lariane: Busco gerenciar sempre através do respeito a cada profissional que participa do caso de cada paciente considerando que as experiências são válidas para contribuição e evolução do caso, compreendo que cada profissional terá a sua área específica, sua abordagem e seus objetivos, mas sempre tenho como referência que o foco é na qualidade de vida do paciente e na família atendida. Nesse cenário, acredito que parceria faz total diferença para esse tipo de acompanhamento, quando ocorre divergência de opiniões ou conflitos, a melhor opção que considero é o que será mais adequado para o caso e para a família.

(EnCena): Quais são os principais obstáculos enfrentados por uma coordenadora clínica ao alinhar as metas terapêuticas da equipe interprofissional com as expectativas e necessidades das crianças e suas famílias?

Lariane: Os maiores obstáculos diante desse cenário são famílias que demandam expectativas que não são inerentes ao processo, ou ainda que se isentam da participação e colaboração do contexto de intervenção. É notório que algumas famílias necessitam de mais orientação e acompanhamento que outras, o que faz com que cada intervenção seja personalizada e adequada para cada criança e família atendida.

(EnCena): Como uma coordenadora clínica monitora o progresso do paciente dentro do contexto de uma equipe interprofissional, considerando diferentes perspectivas, áreas e métodos de intervenção?

Lariane: O monitoramento do progresso do paciente é de suma importância dentro do contexto interprofissional. Assim, o acompanhamento ocorre de modo periódico através de comunicação com a equipe para alinhamentos, reuniões e trocas a fim de contribuir para que o paciente seja beneficiado e que a evolução do paciente seja eficiente mesmo com as particularidades de cada área onde o paciente é atendido. 

(EnCena): Qual deve ser o papel da família na contribuição e implementação das estratégias e planos de intervenção fora do ambiente clínico?

Lariane: O papel da família dentro do processo de intervenção é de grande importância. Uma observação que faço desse período trabalhando na área é que quanto mais a família é engajada na implementação das estratégias e mais envolvida com o plano terapêutico maiores são as chances de eficiência e generalização de comportamentos apropriados e adaptativos em casa e em outros ambientes externos ao ambiente clínico. No entanto, quando a família não se aproxima ou se mostra interessada em realizar as orientações dadas durante o acompanhamento, isso traz barreiras significativas para a evolução do caso e extrapola os limites da atuação profissional.

(EnCena): Quais são as vantagens percebidas ao trabalhar com uma equipe interprofissional?

Lariane: Trabalhar com uma equipe alinhada e colaborativa possibilita que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida e que as evoluções sejam observadas pelo olhar de outros profissionais; e que ele seja visto como um ser único que recebe uma intervenção interprofissional proporcionando objetivos em comum e trocas significativas dentro do contexto clínico. 

(EnCena): De que maneira a diversidade de conhecimentos e experiências em uma equipe interprofissional pode contribuir para resultados mais favoráveis no tratamento do paciente?

Lariane: A diversidade de conhecimentos e experiências da equipe podem contribuir de modo significativo para o tratamento e evolução do paciente quando existe a troca de ponto de vista, quando existe a compreensão de que o paciente é um indivíduo único que é atendido por vários profissionais. Por exemplo, algumas vezes acontece de termos habilidades que são estimuladas em um determinado contexto e através da comunicação entre os profissionais e até mesmo orientações de como podem ser feitas essas estimulações, tendem a facilitar o manejo das habilidades nos demais ambientes e favorecer o tratamento do paciente.

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Explorando os horizontes da Educação

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“A educação deve ser um encontro de sonhos e esperança… de melhor qualidade de vida e inclusão”

(En)Cena entrevista Sirlene Ulombe, 54 anos, natural  do Rio de Janeiro. Sirlene possui graduação em enfermagem, é educadora especialista em Saúde Pública e Vigilância Sanitária. No momento, cursa mestrado em Gerontologia. Atualmente está dedicada ao ensino acadêmico de enfermagem e presta consultoria para famílias com pessoas idosas, auxiliando no envelhecimento com qualidade.

(En)Cena : Sirlene, como a educação pode contribuir na vida dos idosos?

Sirlene: Envelhecimento é um processo contínuo, universal, porém desigual (isso é, não acontece da mesma forma para todos). Nesse sentido precisamos todos aprender a envelhecer: e aprender a envelhecer é continuar aprendendo tudo que nos propusermos! Assim a Educação é qualidade de vida, é esperança, é continuidade. Só aprendemos quando queremos e só vivemos até o momento que queremos viver.

(En)Cena: Que tipos de programas ou cursos de educação são mais populares entre os idosos?

Sirlene: Pessoas idosas procuram conhecimento em informática e tecnologias, artes manuais, práticas alternativas complementares e culinária.

(En)Cena: Como a educação pode ajudar os idosos a se manterem mentalmente ativos?

Sirlene: A mente humana sobrevive por estímulos. Aprender algo novo sempre é estimulante para o cérebro. Aprender coisas novas pode retardar processos de demência e ajudar na recuperação de AVC e AVE.

(En)Cena: Quais são os desafios comuns enfrentados pelos idosos ao buscar oportunidades de aprendizado?

Sirlene: Preconceito (sofrem com fracos que tentam menospreza-los), inacessibilidade (os ambientes e  as cidades não são adaptadas) e falta de estímulo (principalmente de familiares) .

(En)Cena: Como as tecnologias estão impactando a educação dos idosos?

Sirlene: Constituem desafio e ao mesmo tempo limitação. Acho que por isso mesmo é a formação mais procurada.

(En)Cena: Qual é o papel das instituições educacionais na promoção da educação para os idosos?

Sirlene: Tornar acessível, tornar prazeroso, tornar contextualizado o processo ensino/aprendizagem.

(En)Cena: Qual o papel da educação como ferramenta de inclusão social e combate à solidão?

Sirlene: Como comecei a citar na primeira pergunta: Educação deve ser encontro de sonhos e esperança; de melhor qualidade de vida; de inclusão. Em minha experiência terapêutica, mesmo pessoas com déficit de saúde mental, almejam se sentir iguais, incluídas, ter o prazer de se sentir capazes de aprender e ensinar mais alguma coisa. Com idosos não é diferente. A busca por conhecimento aproxima pessoas, diminui a solidão… Por isso digo que melhora a qualidade de vida. Saber viver o envelhecer aprendendo até o fim.

(En)Cena:Como a comunidade pode incentivar o idoso a buscar oportunidades de aprendizagem no decorrer dessa fase?

Sirlene: Reduzindo barreiras, promovendo acessibilidade, dizendo não ao preconceito, aprendendo com idosos.

                                                                                         Fonte: Arquivo Pessoal

             

 A razão pela motivação pelo trabalho com idosos.

O (En)Cena agradece a participação da Enfª Sirlene Xavier de Lima Ulombe, em nossa recente entrevista. Foi um prazer contar com a contribuição enriquecedora, sobre uma pauta tão relevante.

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Mayara Formiga: Boa alimentação e exercícios físicos para combater a ansiedade

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Mayara formiga é psicóloga há mais de 10 anos, formada na faculdade Anhanguera de Anápolis GO, pós-graduada em psicologia organizacional, coaching, pós-graduada em psicopedagogia, fez pós-graduação em gerontologia, nesse momento está terminando uma especialização em neuropsicologia. Atualmente faz atendimento com crianças, adolescentes, adultos e idosos. Também atende em domicílio realizando cuidados paliativos para idosos.

Essa entrevista com a psicóloga Mayara é focada na ansiedade, visando que, hoje em dia, as pessoas estão muito ansiosas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país em que há um dos maiores níveis de ansiedade do mundo, devido ao alto nível de preocupação das pessoas, altos índices de desemprego, a não existência de educação relacionada à saúde mental, saúde pública fragilizada, a pandemia que isolou as pessoas, o medo em meio a essa pandemia, as grandes exigências das empresas e fábricas que prejudicam muito os funcionários com as altas metas, excesso de tarefas, o ritmo das cidades grandes, entre outros são os motivos para o Brasil ocupa essa posição.

A ansiedade diferente do que muitos pensam não é um exagero mas sim um transtorno que vai se agravando gradualmente e que a pessoa precisa muito de apoio e também é necessária a ajuda de um profissional. Referente a isso é possível constatar que esse assunto é de bastante relevância na atualidade.

(En)Cena: Hoje em dia se fala muito de ansiedade, mas o que seria a ansiedade em si?

Mayara: A ansiedade em si, é uma reação natural do corpo relacionada ao medo e a preocupação. Ela se torna uma patologia a partir do momento que se torna um excesso e passa a atrapalhar as atividades de rotina podendo desencadear um transtorno.

(En)Cena: Como que a ansiedade se torna maligna?

Mayara: A partir do momento em que a ansiedade é considerada como patológica. Quando é exagerada e desproporcional em relação ao estímulo, desencadeando sofrimento emocional e comprometendo negativamente a qualidade de vida, e o desempenho diário da pessoa. Sendo assim ela se torna perigosa.

(En)Cena: A partir de quando ela se torna maligna, como podemos combatê-la?

Mayara: Não é uma forma definitiva para combater a ansiedade, pois a partir do momento em que ela é considerada como um transtorno, ela se torna para alguns uma batalha diária, ela pode ser controlada e reduzida com meditação, sono de qualidade, uma pausa para cuidar de si, boa alimentação, exercícios físicos, redução de cafeína e açúcares, terapia e medicações.

(En)Cena: Como podemos prevenir essa ansiedade sendo que temos tantos estímulos para a mesma?

Mayara: Podemos prevenir a ansiedade como descrito na pergunta anterior, praticando exercícios físicos, alimentação e sono de qualidade, evitar se isolar, concentrar na respiração, ficar longe das redes sociais, se afastar de notícias negativas.

(En)Cena: Quais os tipos de ansiedade?

Mayara: São definidos como os transtornos:

  • Transtorno do pânico.
  • Agorafobia.
  • Fobias específicas.
  • transtorno de ansiedade social ou fobia social.
  • Transtorno de ansiedade generalizada.
  • Transtorno de ansiedade de separação.

(En)Cena: Existem medicamentos para essa ansiedade?

Mayara: Sim, os quais só podem ser prescritos por um psiquiatra, dentre eles os mais conhecidos são: Alprazolam, Diazepam, Buspirona, Lorazepam.

(En)Cena: Qual dica você pode dar para as pessoas quando começam a sentir ansiedade? O que pode-se fazer quando começar a sentir os sintomas da ansiedade?

Mayara: A dica que sempre costumo dar é que faça exercícios de respiração, pois no momento de uma crise o maior aliado é a respiração, aos poucos ela vai oxigenar a mente e fazê-la menos agitada. Procure sempre fazer esses exercícios para se sentir melhor.

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(En)Cena entrevista Nayjla Lane R Gonçalves: o fazer psicopedagógico

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Ana Carla Olímpio Soares  (Acadêmica de Psicologia)  – anacarlaolimpio@rede.ulbra.br

 

(En)Cena entrevista Nayjla Lane Ramos Gonçalves, psicóloga pela Ulbra Palmas, atuando com foco na Terapia Comportamental, psicopedagoga pela Universidade do Estado do Para – UEPA, mestre em educação pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, pós-graduanda em Neuropsicologia e Psicologia e Desenvolvimento da Aprendizagem.

(En)Cena: Nayjla, é um prazer entrevistá-la, neste primeiro momento gostaria de compreender como surgiu o interesse na psicologia após a graduação em psicopedagogia. Apesar de não atuar diretamente na psicologia escolar, como você vê essa subárea da psicologia?

Nayjla: Sempre foi um desejo cursar Psicologia por suas implicações no desenvolvimento humano, e como Pedagoga ter um olhar ampliado para este desenvolvimento era imprescindível, o que se concretizou na graduação em Psicologia. Apesar de não atuar diretamente na Psicologia Escolar como Função, percebo como a Psicologia Escolar é importante para compreensão no desenvolvimento da aprendizagem, das habilidades sociais, relacionamentos dentro da escola, que para muitos alunos se tornam em um grande desafio e por vezes incide até em sofrimento. O universo escolar é eivado de muitos desafios.

(En)Cena: Diante da sua experiência na área educacional através da psicopedagogia, qual a principal lacuna na educação? Que estratégias é possível adotar para amenizar tais circunstâncias?

Nayjla: A história da Educação é extensa e como disse anteriormente, é acometida por muitos desafios, sejam pessoais, corporativos, estruturais, organizacionais, a política pública quando se trata de educação é complexa. No entanto para não aprofundar na história da Educação, quem sabe em outro momento, percebo que muitas lacunas ainda existem na educação, espaços de atenção que precisam ser preenchidos, compreendidos, um deles é a urgência em compreender que além do ensino e aprendizagem teóricos, catedráticos, faz-se imprescindível um olhar real, sério para as demandas emocionais de todos que compõe o universo escolar, não banalizar essa urgência de atenção Psicológica. Importante  entender por que o aluno não se desenvolve, valorizar suas potencialidades, um olhar para a pessoa como um todo, e não só em aprendizagens específicas do currículo.

(En)Cena: Além das problemáticas no campo educacional, qual a maior dificuldade que permeia as salas de aula (professores e alunos) no processo de aprendizagem?

Nayjla: Dentre muitas, posso citar com veemência, a participação da família na vida escolar dos filhos, a compreensão clara de que a escola tem um papel preponderante no desenvolvimento, mas que não substitui o ambiente, a responsabilidade, o papel que cabe a família, não é um lugar para deixar os filhos, mas um lugar para aprimorar, aperfeiçoar o ensino e aprendizagem e que precisa contar com uma base que vem de casa, embora, sabe-se que a escola também precisa estar preparada para intervir, em situações que faltem este alicerce, e aqui seria fundamental a intervenção do Psicólogo Escolar, no sentido de ajudar no desenvolvimento das potencialidades deste alunos, através de um trabalho de alcance  e descoberta da capacidade de aprender.

(En)Cena: Levando em conta as suas graduações e especializações, há importância do papel do psicólogo escolar? Qual seria?

Nayjla: Fundamental para dar direção coerente ao processo de aprender, de orientação aos alunos quanto a importância das habilidades sociais nos relacionamentos, que dentro de uma escola, para alguns, além de ser desafiador, causa muitos sofrimentos, desenvolver debates, palestras que mostrem a capacidade que cada um tem de se desenvolver no processo, no caminho que envolve o ensino e a aprendizagem, dar significado a vivência escolar, através de estratégias, como projetos, rodas de conversa e etc.

(En)Cena: Em algumas escolas, por muitas vezes esperam que o psicopedagogo realize o trabalho do psicólogo e vice-versa. Perante o seu conhecimento enquanto psicopedagoga, qual/quais a/as diferenças nessas atuações?

Nayjla: A diferença principal está na especificidade da função do Psicopedagogo, que é um profissional que conhece o processo de ensinar e aprender, que aliado a isso, tem uma noção das funções psicológicas que potencializam ou dificultam este processo, a escola não é um consultório, e nem este profissional é o terapeuta dos alunos, mas é através de seus conhecimentos e estratégias próprias de sua formação que promove meios adequados de dar significado às vivências no ambiente escolar, bem como viabilizar os meios para que os alunos consigam compreender como funcionam no que diz respeito ao seus processos de aprendizagem especificamente. Já o Psicólogo tem o domínio, ou espera-se que tenha, de conhecimento das funções psicológicas, dos processos mentais e comportamentais, e pode identificar situações e /ou mesmo transtornos que possam estar dificultando a aprendizagem.

(En)Cena: Como é possível a psicopedagogia e psicologia caminharem juntas na atuação do campo da aprendizagem/educação?

Nayjla: Na verdade não só é possível, como fundamental, pois são profissionais que atuam em situações e campos específicos no processo de aprendizagem dos alunos, o Psicopedagogo trabalha os métodos, estratégias no processo de aprender dos alunos, bem como tem um olhar mais amplo sobre as dificuldades quanto a aprendizagem, o Psicólogo dentro de suas especificidades tem a capacidade de diagnóstico melhor no que diz respeito ao  comportamento, emoções e processos mentais que podem estar inviabilizando a aprendizagem e a compreensão das estratégias propostas pelo Psicopedagogo. Assim, o privilégio de ter ambos os profissionais e em sintonia, contribuirá de forma efetiva e significativa no processo de desenvolvimento de cada aluno.

(En)Cena: Agradecemos a sua disponibilidade e para finalizarmos este momento, deixo livre para que você deixe uma mensagem ao nosso público do portal.

Nayjla: Prazer foi todo meu em participar, sou educadora e a mensagem que deixo para os leitores, público deste portal, é que se importem com a educação e que jamais esqueçam que o processo de ensinar e aprender, não é só eivado de primazia, mas tem em si uma mágica natural, afinal não tem quem não possa aprender e quem não possa ensinar. A vida em si é uma grande escola, e se no decorrer dela pudermos contar com os que facilitem e deem maior significado às nossas vivências dentro dela, será mais leve a caminhada.

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Saúde física e psicológica do Policial Penal

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As vivências e enfrentamentos de um Policial Penal. Marcondes Marques Marciano, policial penal (segundo à direita da foto)

Marcondes Marques Marciano é bacharel em direito, pós-graduado em direito administrativo, atualmente é Policial Penal desde 2017, hoje é lotado no núcleo de operações com cães – NOC da Polícia Penal do estado do Tocantins (@noc.oficial). O Portal (En)Cena o convidou para responder algumas perguntas sobre o impacto do trabalho dos policiais penais de forma geral.

 (En)Cena – Tendo em vista que a realidade do Sistema Prisional brasileiro é de superlotação e dentro disso uma sobrecarga além da exposição à violência, quais são os principais desafios que os profissionais do sistema penitenciário enfrentam em relação à saúde mental no ambiente de trabalho?

Marcondes Marques: Os profissionais do sistema penitenciário enfrentam desafios significativos em relação à saúde mental, incluindo altos níveis de estresse devido à natureza do trabalho, exposição a situações traumáticas, falta de recursos e apoio psicológico adequado, além do risco de burnout devido à sobrecarga de responsabilidades. A violência no ambiente de trabalho e principalmente a falta de reconhecimento também contribuem para a deterioração da saúde mental desses profissionais, que deixam suas casas para se expor à realidade por vezes difícil de compartilhar com as pessoas próximas, assim causando também isolamento.

(En)Cena: Quais medidas estão sendo implementadas para garantir o bem-estar psicológico dos funcionários do sistema penitenciário?

As medidas para garantir o bem-estar psicológico dos funcionários do sistema penitenciário incluem programas de apoio psicológico, como a oferta de aconselhamento e serviços de saúde mental. Além disso, treinamentos regulares para lidar com situações estressantes, a implementação de políticas de prevenção ao estresse ocupacional e o fornecimento de recursos para gestão do estresse são estratégias comuns. Algumas instituições também promovem uma cultura de apoio entre colegas e incentivam a comunicação aberta sobre questões relacionadas à saúde mental. No entanto, é um desafio contínuo melhorar e expandir essas iniciativas para abordar as complexidades do ambiente penitenciário.

                                                            Fonte: Acervo Pessoal 

Núcleo de operações com cães da Polícia Penal

(En)cena: No estudo da psicologia, o estresse está relacionado à exposição prolongada a fatores que geram estado de alerta, desafios e ameaças, sabendo da sobrecarga física e contínua que enfrentam e da exposição ao perigo, como o estresse ocupacional afeta a saúde física dos Policiais Penais? Quais são os impactos mais comuns?

O estresse que enfrentamos no sistema penitenciário pode afetar nossa saúde física de várias maneiras. Alguns efeitos comuns incluem problemas para dormir, pressão alta, questões no coração, dores musculares, dores de cabeça frequentes e um sistema imunológico comprometido. Lidar constantemente com situações de pressão e tensão pode ser a causa desses problemas de saúde, aumentando o risco de desenvolver condições crônicas. Além disso, o estresse prolongado pode prejudicar os hábitos alimentares e a atividade física, o que piora ainda mais os impactos da saúde física dos Policiais Penais.

(En)cena: Quais recursos estão disponíveis para promover a saúde mental dos profissionais do sistema penitenciário e como eles são acessados?

Existem recursos como: Programas de Aconselhamento e Psicoterapia, treinamentos de resiliência e gestão de estresse que equipam os profissionais com habilidades para lidar com pressões do trabalho, grupos de apoio entre os próprios colegas, aqui se tem um ambiente solidário para compartilhar experiências. Políticas de licença e descanso adequadas, que fomentam períodos de descanso necessários para recuperação, além do próprio trabalho com os animais do NOC promover certo alívio, o vínculo com os animais propicia certa descontração que por vezes não acontece devido ao tipo de função exercida.

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VOCIFER – Por dentro do heavy/power metal tocantinense

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Jurupary” foi lançado em 23 de junho de 2023 explorando as lendas por trás de uma controversa figura do folclore amazônico. Naturais do estado do Tocantins, com a proposta de levar a essência brasileira para além das fronteiras nacionais, a Vocifer entrega um som singular

Ana Júlia Labre Tavares (Acadêmica de Psicologia)  – anajulialabre@rede.ulbra.br

 

A riqueza mística que permeia as diversas culturas e lendas em um país tão vasto como o Brasil oferece inspiração para narrativas envolventes, sejam compartilhadas ao redor de uma fogueira, registradas em páginas de livros desgastadas pelo tempo, ou até mesmo ecoando através de acordes poderosos em discos de heavy metal. O que a banda de power/heavy metal tocantinense, Vocifer, demonstrou com maestria nos álbuns ‘Boiuna’ (2020) e ‘Jurupary’(2023).

A banda de Heavy/Power Metal originária do Tocantins mantém sua dedicação em difundir a rica cultura amazônica globalmente. Em seu mais recente feito, a banda oficializou parceria com a gravadora grega Alone Records, encarregada da distribuição internacional do álbum ‘Jurupary’ em formatos de CD e vinil. Fundada em 2016, a atual formação da Vocifer conta com João Noleto nos vocais, Lucas Lago no baixo, Pedro Scheid e Gustavo Oliveira nas guitarras e Alex Cristopher na bateria.

O Portal (En)Cena entrevista o guitarrista da banda, Pedro Scheid, de Palmas-TO, para melhor compreender o cenário atual da música no Tocantins e, também, como tem sido sua experiência como músico.

(En)cena – Considerando suas experiências até o momento, qual a tua percepção sobre o cenário da música no Tocantins?

Pedro Scheid – O Tocantins é um Estado que pouco explora a vastidão de sua cultura. Existem muitas manifestações artísticas e culturais que são pouco divulgadas, pouco difundidas, sequer faladas nos ambientes acadêmicos. Acredito que inicialmente, para que possamos fortalecer a nossa cultura, consequentemente o cenário musical, deve-se investir em locais de divulgação. Uma regularidade maior em apresentações no espaço cultural por exemplo, trazendo artistas de fora de todos os nichos para realizar apresentações no teatro Fernanda Montenegro, seria uma forma efetiva de criar uma cultura de consumo e propagação das manifestações artísticas do nosso estado. Existem vários artistas locais, desde a velha guarda como Dorivã, projetos musicais como Tambores do Tocantins, bandas que já apresentam relevância mundial como a Vocifer, enfim, vários estilos diferentes que respiram inspirações muito semelhantes presentes no cotidiano tocantinense. Portanto, com os incentivos e investimentos certos, as manifestações culturais serão difundidas e se tornarão um hábito para a população, contribuindo para seu desenvolvimento e evolução.

(En)cena – Pouco se fala sobre a temática que vocês têm levado mundo afora. Como vocês chegaram nessa ideia de abordar lendas e mitos da região Norte nos álbuns? 

Pedro Scheid – Como toda grande ideia de bandas famosas, tudo começou na mesa de um bar (risos). Através de conhecidos que tinham projetos e convivência com povos originários locais, suscitou-se a temática inicialmente em torno da Boiuna, a grande cobra que atormenta/acalenta os ribeirinhos e os povos originários que difundem suas histórias. O tema despertou muito interesse por nossa parte, uma vez que essa temática fantasiosa e mitológica é muito comum dentro das bandas de metal no mundo todo. Nada melhor, então, que contar histórias sobre a nossa região, onde nascemos, crescemos e fazemos parte e levar para o mundo uma história tão pouco conhecida entre os próprios tocantinenses. Tal temática foi muito bem recebida pela crítica, como pudemos perceber pelo feedback gerado no nosso primeiro disco (intitulado “BOIUNA”) sendo chamados de “os contadores de história do Tocantins”. Isso marcou tanto a banda que levamos a ideia para o segundo disco, trazendo a história por trás do “Jurupary”.

                                                                                                                Fonte: Acervo Pessoal

Foto retirada nas gravações do último álbum, Jurupary. Em sequência, da esquerda para a direita, Pedro scheid, Thiago Bianchi, João Noleto, Luis Fernando Ribeiro, Leandro Abrantes, Gustavo Noleto e Lucas Lago.

(En)cena – Com a grande quantidade de tribos presentes no Tocantins, e, consequentemente, uma grande diversidade de crenças e culturas, como vocês conseguiram elaborar uma única linha de narrativa para a composição dos álbuns? 

Pedro Scheid -Apesar de existirem, como eu posso dizer… muita difusão “boca-a-boca” dessas histórias, a nossa principal fonte de pesquisa foram as dissertações de acadêmicas na área, principalmente de faculdades como a UFAM. Através das referências, encontramos vários livros sobre as temáticas, livros estes que eram basicamente relatos dos historiadores que visitaram as tribos indígenas no século XIX. Fizemos um compilado de várias versões e várias histórias até chegar em uma linha que nos agradasse e fosse possível converter numa história desenvolvida com início, meio e fim, enfim, uma cronologia lógica. A ideia, na verdade, não é utilizar apenas uma versão narrativa, ou evidenciar alguma versão como sendo correta, na realidade, nós bebemos das várias versões e nos inspiramos para desenvolver algo nosso e que levasse a várias interpretações sobre a vida como um todo, para que quem lesse nossas letras e escutasse nossas músicas, trouxesse os acontecimentos narrados para sua própria vida.

(En)cena – Como você aborda o processo de composição de músicas? Você segue alguma rotina específica?

Pedro Scheid -Normalmente o processo de composição depende de vários fatores. Inicialmente é necessário definir uma temática e quais as referências que servirão como base para inspiração. Através da temática e do contexto de cada música, é possível inferir quais as interpretações instrumentais serão ideais para despertar nos ouvintes os sentimentos equivalentes ao que está sendo contado na música. Dessa forma, imerso nas referências e na temática, aguça-se a criatividade de forma orgânica e os arranjos passam a ser criados. É um processo demorado e volátil pois as composições vão se adaptando ao longo do tempo até chegar em sua versão final. A Vocifer sempre foi muito criteriosa, calculista e perfeccionista em suas composições e isso é exemplificado quando se escuta cada música nos álbuns já produzidos.

                                                                                                                                 Fonte: Acervo Pessoal

Pedro Scheid nas gravações do videoclipe de “Rain of Doubts”, uma das canções do segundo álbum. A composição é uma balada bastante introspectiva que emana uma sensação melancólica e angustiante de incerteza.

(En)cena – Quais são seus álbuns ou guitarristas favoritos?

Pedro Scheid – Hoje em dia meus guitarristas favoritos são: Kiko Loureiro, Andy James, Rick Graham, Timo Tolkki, John Petrucci, Steve Vai, Michael Romeo, Roberto Barros, Bastian Martines, enfim, a lista é grande. Álbuns é mais difícil de citar, acredito que é melhor citar bandas que vieram me inspirando ao longo dos anos em minhas composições como Iron Maiden, Angra, Shaman, Helloween, Edguy, Avantasia, Symphony x, Stratovarius, Kamelot, essas principalmente para a Vocifer, no entanto para o desenvolvimento como músico tenho consumido muito música clássica da escola barroco, metal moderno e instrumental como djent e também linhas de música brasileira como Toquinho, Djavan e Yamandu Costa.

(En)cena – Como lidar com imprevistos durante uma performance ao vivo?

Pedro Scheid – É muito difícil lidar com imprevistos, pois como o próprio nome sugere, é algo que você não consegue prever. Então a melhor forma de lidar é se preparar muito bem para a performance ao vivo, seja fisicamente, seja mentalmente, e lógico, se preparar musicalmente. Os imprevistos sempre acontecem, não existe ambiente musical sem imprevisto, mas aqueles que estão mais preparados e que possuem mais experiência sempre sabem como dar a volta por cima. Uma dica importante é estar acompanhado de profissionais habilitados, como bons técnicos de som, bons roadies, bons produtores e sempre se organizar e pensar em todos os backups. Por exemplo, para o meu caso, guitarrista, eu levo duas guitarras caso uma dê problema, dois jogos de encordoamento caso arrebente, várias palhetas caso eu perca ou caia durante a execução das músicas, cabos de instrumento extra, a possibilidade de tocar em linha caso dê problema nos amplificadores e caixas de ferramenta multiuso para qualquer recurso técnico – gambiarra – que seja necessário.

(En)cena – Quais tendências musicais você acha mais interessantes?

Pedro Scheid – Hoje em dia eu busco não rotular um nicho específico como mais interessante que outro. Eu busco encontrar as qualidades e aquilo que está por trás de uma manifestação artística. Todos os estilos musicais têm suas qualidades e, para um músico, quanto mais este conhecer os linguajares dentro de estilos musicais diferentes, maior a sua desenvoltura principalmente em aspectos criativos e nas composições. Infelizmente, hoje no Brasil nós vivemos um monopólio cultural por conta do alto investimento do agronegócio no estilo “sertanejo”, o que ofusca tantos outros estilos muito mais ricos culturalmente falando.

(En)cena – Por fim, que conselhos você daria a artistas aspirantes que estão começando suas jornadas?

Pedro Scheid – A dica de ouro que eu dou é encontrar o seu ídolo, é buscar referências, é escutar muita música, degustar música, assistir shows, ir em shows, ver o seu ídolo tocar, entender como seu ídolo chegou aonde está e buscar trilhar um caminho parecido. E principalmente, encontrar aquilo que você gosta e traçar um objetivo para se desenvolver cada vez mais, fazendo tudo com seriedade e buscando o profissionalismo.

 

 

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