Você anda muito estressado? Cuidado! Seu colesterol pode estar alto

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Atualmente, vivemos em um ritmo aceleradíssimo, com muito estresse, ansiedade e sem tempo para nada. E, infelizmente, as coisas que nos fazem bem ficam em segundo plano (saúde, família, amigos, hobbies, diversão e tempo livre!). Muitas pessoas sentem que precisam trabalhar constantemente e produzir mais do que nunca para se manterem competitivas em um mundo cada vez mais acelerado e competitivo. No entanto, esse tipo de pressão pode ter um impacto negativo na saúde física, mental e emocional, como também, ocasionando a produção demasiada do hormônio CORTISOL “o famosinho hormônio do estresse”.

Em uma entrevista realizada pelo Jornal de Minas ao médico e endocrinologista Rodrigo Neves, relatou que um dos fatores que contribui para esse aumento do cortisol é a ansiedade, um transtorno mental cada vez mais comum na sociedade moderna. O estresse crônico relacionado a preocupações financeiras, pressões no ambiente de trabalho e a incessante demanda das redes sociais, agrava ainda mais essa elevação do cortisol.

Dalgalarrondo (2008) cita que o cortisol é o hormônio produzido e liberado pelo corpo ao perceber circunstâncias de estresse e tensão. Ele aumenta a frequência cardíaca e a sudorese, dilata as pupilas e diminui algumas atividades metabólicas, para poupar energia e manter o indivíduo em estado de alerta. Entre suas várias funções, a que mais se destaca é o controle do estresse. O cortisol é considerado um dos hormônios mais importantes para a manutenção da vida, pois tem ações fundamentais em processos homeostáticos, cognitivos, cardiovasculares e imunológicos.

O maior problema é quando as circunstâncias de nervosismo são constantes ou há a ocorrência de patologias como o estresse crônico e o transtorno de ansiedade, que podem causar a hiper estimulação da produção do hormônio.

                                                                                                                                                     Fonte: Pexels

Quando o hormônio é produzido em excesso por um longo período, aparecem as consequências do cortisol alto.

Se o corpo é exposto cotidianamente a situações nas quais se sente ameaçado ou intimidado, ele irá produzir e liberar o cortisol. Quando esse crescimento do nível do hormônio ocorre por um longo período, as implicações negativas começam a aparecer.

O cortisol alto pode aumentar as chances do desenvolvimento de doenças como:  depressão, fadiga crônica, diabetes e hipertensão arterial; intensificar sensações de irritabilidade e ansiedade; causar ganho de peso e problemas gastrointestinais; diminuir a libido; alterar o ciclo menstrual; além de gerar comprometimentos cardiovasculares e perda de massa muscular.

E não é só o aumento que causa problemas. O cortisol baixo também pode trazer implicações desfavoráveis ao organismo. Em baixas concentrações, o hormônio pode gerar pressão baixa, hipoglicemia, fraqueza em músculos e articulações, além de falta de apetite.

A partir desse panorama, é possível entender a importância do cortisol e por que é tão necessário regular as taxas desse hormônio, tanto suas elevações, geralmente mais comuns, como reduções que sejam significativas.

                                                                                                                                                 Fonte: Pexels

“Stress não é algo que a gente deve tratar, mas sim prevenir”

Segundo psiquiatra Pedro Katz, chefe de uma equipe de psiquiatria em São Paulo, relata que exposição a constante estímulos, informações e obrigações típicos da vida moderna desencadeia uma reação química no organismo, levando a uma sobrecarga mental e emocional. Katz explica que, para o corpo funcionar bem, é preciso ter equilíbrio entre a adrenalina hormônio relacionado ao estado de alerta, e a serotonina, neurotransmissor associado à sensação de calma. O excesso de estímulos e a resposta do corpo ao stress causam um aumento da adrenalina e de outro hormônio, o cortisol. Para equilibrar a balança, a serotonina precisa entrar em ação. Quando a adrenalina e o cortisol estão sempre nas alturas, a serotonina não dá conta de fazer o contrapeso da balança. Este é um aspecto crítico que requer atenção.

Alguns dos impactos negativos no cérebro devido o excesso do cortisol são notáveis e incluem:

  • Dificuldades de concentração: O excesso de cortisol pode sobrecarregar o cérebro, resultando em dificuldades de concentração que afetam o desempenho no trabalho e nos estudos.
  • Lapsos de memória: Indivíduos com altos níveis de cortisol frequentemente relatam lapsos de memória, prejudicando a qualidade de vida.
  • Flutuações de humor: O cortisol em excesso pode causar alterações de humor, levando a sentimentos de irritabilidade, ansiedade e, em casos mais graves, depressão.
  • Alterações estruturais no cérebro:Estudos sugerem que a exposição prolongada ao cortisol em níveis elevados pode causar alterações estruturais no cérebro, afetando regiões relacionadas ao controle do estresse e às emoções.

Manter os níveis normais de cortisol é fundamental para preservar o bom funcionamento das atividades cardiovasculares, do sistema imunológico e do metabolismo. Além disso, regulá-lo permite garantir uma recuperação mais tranquila após a realização de atividades físicas.

O psiquiatra Pedro Katz cita algumas práticas saudáveis para diminuir o estresse e consequentemente o nível do hormônio cortisol no organismo:

  1. Alimente-se de forma saudável – A nutrição balanceada ajuda a reduzir os níveis do hormônio do estresse, alguns alimentos probióticos (como: beterraba, iogurte, chucrute, picles, etc.) podem potencializar esse processo. Faça dietas, mas sem radicalismos e busque manter um peso adequado;
  2. Hidrate-se corretamente – A desidratação pode causar o aumento do cortisol. Por isso, tomar água regularmente e manter o organismo sempre hidratado é uma ótima maneira de reduzir os efeitos indesejados da elevação;
  3. Tenha uma rotina de exercícios – Construir uma rotina de exercícios é outra maneira de controlar o hormônio. As atividades aeróbicas, principalmente, ajudam a reduzir o nível de cortisol e também a quantidade de glicose no sangue. Exercícios mais intensos podem ocasionar um aumento do hormônio na sequência, mas contribuem com sua diminuição a longo prazo.
  4. Mantenha o sono regulado – A privação de sono está associada ao aumento dos níveis de cortisol. Para evitar que isso ocorra, é preciso criar um padrão de repouso, garantindo sua qualidade. Dormir por um período adequado, em ambientes com ruído reduzido, e evitar o uso de telas antes de adormecer e logo ao acordar são boas recomendações.
  5. Desenvolva passatempos – Os passatempos são fundamentais para garantir momentos de descontração e trazer mais bem-estar para o dia a dia. Nesse quesito, vale qualquer atividade que proporcione instantes prazerosos, como dançar, tocar um instrumento, ler ou realizar artesanato.
  6. Entenda as causas do estresse – Caso o problema seja a recorrência das situações estressantes, vale a pena tentar identificar quais são seus gatilhos e causas. Assim, é possível procurar por possíveis soluções para essas questões, que ajudem a diminuir sua reincidência, como o apoio psicológico.
  7. Descanse – Outra dica que pode ajudar a controlar o aumento de cortisol é ter momentos de descanso. Conseguir separar as atividades do trabalho das horas de lazer e autocuidado permite tornar o repouso mais tranquilo. O importante é se dar tempo para recuperar as energias, deixando as preocupações e o estresse um pouco de lado.
  8. Faça pausasem momentos atarefados – Entre uma atividade e outra se possível, respire fundo para oxigenar e relaxar o seu cérebro.
  9. Valorize suas férias e fins de semana – Aproveite o tempo livre e encontre os amigos para relaxar e conversar;
  10. Pratique atividades de relaxamento – Faça massagem, yoga, meditação e tenha contato com a natureza;
  11. Preserve momentos de liberdade e privacidade;
  12. Participe de ações e projetos solidários – Incluam na sua vida atividades que geram sensibilização e sentimento de amor ao próximo;
  13. Priorize assuntos e não tente resolver várias tarefas ao mesmo tempo;
  14. Se incluía na agenda – Estabeleça limites na sua agenda e não leve trabalho para casa;
  15. E procure manter ou ter relações saudáveis e de companheirismo ao seu redor.

Caso não consiga colocar essas estratégicas em práticas sozinho é importante buscar o auxílio de um profissional de saúde mental para auxilia-lo nesse processo e talvez o profissional até considere a necessidade de prescrever medicação.

Estas soluções e práticas de prevenção não só podem ajudar a reduzir os níveis de cortisol, mas também a preservar a saúde cerebral a longo prazo. A conscientização sobre o impacto do estresse crônico e da ansiedade no cérebro é vital para evitar problemas de saúde duradouros, garantindo uma mente saudável para o futuro. A busca por um equilíbrio entre trabalho, vida pessoal e autocuidado é fundamental para enfrentar esse desafio crescente.

REFERÊNCIAS:

American Psychiatric Association. DSM IV:  Manual  de  Diagnóstico  e  Estatística  dasPerturbações  Mentais.  Lisboa:  Climepsi  Edi-tores; 1996

Dalgalarrondo, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. Porto Alegre: Editora ArtMed, 2008, 438 p.

Jornal de Minas Gerais – Saúde e Bem Estar. Minas Gerais, 2023 – Como o estresse afeta o cérebro? Médico alerta sobre danos do cortisol alto. Disponível em <:  https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/10/30/interna_bem_viver,1584285/como-o-estresse-afeta-o-cerebro-medico-alerta-sobre-danos-do-cortisol-alto.shtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

Marcella Centofanti. São Paulo. 2023. A síndrome do pensamento acelerado devido estresse. Disponível em <: https://revistamarieclaire.globo.com/saude/noticia/2023/07/sindrome-do-pensamento-acelerado-o-que-e-a-condicao-que-afeta-o-sono-e-o-humor.ghtml >. Acessado em 08 de dezembro de 2023.

 

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Saúde Mental no Trabalho: satisfação e impacto

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Alexia Regina dos Santos (Acadêmica de Psicologia) – alexiaregina@rede.ulbra.br

 

A saúde mental no trabalho é um assunto crucial. A satisfação no trabalho e seu impacto na saúde mental estão interligados. Se uma pessoa está satisfeita no trabalho, é mais provável que sua saúde mental seja positivamente afetada. Ambientes de trabalho que promovem o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, oferecem apoio emocional e reconhecem o valor do bem-estar mental tendem a ter funcionários mais satisfeitos.

Por outro lado, ambientes tóxicos, altas demandas, falta de apoio e pressão constante podem ter um impacto negativo na saúde mental dos trabalhadores. O estresse prolongado no trabalho pode levar a problemas como a síndrome de burnout, ansiedade e depressão.

É importante que as empresas reconheçam a importância da saúde mental, implementando políticas e práticas que promovam um ambiente de trabalho saudável. Iniciativas como programas de apoio emocional, flexibilidade no trabalho e sensibilização para a saúde mental podem fazer uma grande diferença. Borges et al.10 alertam às organizações sobre os custos emocionais e as necessidades que envolvem a saúde mental dos trabalhadores da área da saúde. Salientam que, para uma instituição atingir seus objetivos de excelência no atendimento e qualidade nos serviços prestados, é necessário ter profissionais satisfeitos e que gozem de boa qualidade de vida. (BORGES, 2002)

O estresse ocupacional e o sofrimento psíquico dos profissionais de saúde podem ter um impacto significativo na qualidade do atendimento aos pacientes. Quando os profissionais estão sobrecarregados, exaustos emocionalmente ou enfrentam condições de trabalho adversas, a eficácia dos tratamentos oferecidos pode ser comprometida.

Esses fatores não-econômicos, embora não sejam facilmente quantificáveis em termos financeiros, têm um custo substancial no sistema de saúde. O burnout e a fadiga dos profissionais de saúde podem levar a erros médicos, falta de empatia no atendimento ao paciente e até mesmo à diminuição da qualidade dos cuidados prestados.

                                                                                                         Fonte: google/imagens.com

O impacto do ambiente de trabalho vai muito além das questões econômicas. Um ambiente de trabalho saudável não só beneficia os colaboradores, mas também afeta diretamente a produtividade, a criatividade e a satisfação no trabalho. Aqui estão alguns aspectos-chave:

  • Produtividade: Um ambiente positivo pode impulsionar a produtividade. Colaboradores que se sentem valorizados e apoiados tendem a ser mais engajados em suas tarefas e a produzir resultados mais eficazes.
  • Satisfação do Funcionário: A satisfação no trabalho está ligada ao ambiente em que se trabalha. Quando os funcionários se sentem respeitados, têm oportunidades de crescimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, sua satisfação aumenta.
  • Criatividade e Inovação: Ambientes que encorajam a colaboração, a diversidade de pensamento e a expressão criativa tendem a ser mais inovadores. A troca de ideias e perspectivas diferentes pode levar a soluções inovadoras.
  • Saúde Mental e Bem-Estar: Um ambiente de trabalho que promove o bem-estar mental dos funcionários reduz o risco de estresse ocupacional, burnout e outros problemas de saúde mental. Isso não só beneficia os funcionários individualmente, mas também contribui para um ambiente mais saudável como um todo.
  • Atração e Retenção de Talentos: Empresas com ambientes de trabalho positivos têm mais chances de atrair e reter talentos. Profissionais buscam não apenas salários competitivos, mas também um local onde se sintam valorizados e tenham oportunidades de crescimento.

De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social , 209.124 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais, entre depressão, distúrbios emocionais e Alzheimer, enquanto em 2021 foram registrados 200.244 afastamentos. Esses dados do INSS destacam uma preocupação crescente com o impacto dos transtornos mentais no ambiente de trabalho. “Esse cenário nos mostra a importância de discutirmos essas questões e esperamos que essas diretrizes possam nortear os debates sobre as responsabilidades dos diferentes atores, de modo a mobilizar os esforços para prevenir os impactos negativos do trabalho na saúde mental, promover e proteger a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores e trabalhadoras, assim como dar suporte às pessoas com problemas de saúde mental para que tenham seus direitos garantidos”, afirma a consultora da OMS. (INSS, 2020)

O aumento no número de afastamentos por transtornos mentais de um ano para o outro destaca a importância de abordar questões relacionadas à saúde mental no local de trabalho. Esses números também apontam para a necessidade de as empresas implementarem medidas preventivas e de apoio para promover a saúde mental dos funcionários. Estratégias como programas de conscientização, acesso a serviços de aconselhamento, ambientes de trabalho que reduzem o estresse e a promoção de uma cultura que valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal podem desempenhar um papel crucial. A saúde mental no trabalho não é apenas uma questão individual, mas também uma responsabilidade organizacional. Empresas que reconhecem e respondem às necessidades de saúde mental de seus funcionários tendem a criar ambientes mais saudáveis e produtivos.

O Informe Mundial de Saúde Mental: transformar a saúde mental para todos, publicado em junho de 2022 pela OMS, alerta para a necessidade de mudança e investimento em saúde mental, demonstrando que os transtornos mentais são a principal causa de incapacidade e causam um em cada seis anos vividos com incapacidade. Pessoas com condições graves de saúde mental morrem em média 10 a 20 anos mais cedo do que a população em geral, principalmente devido a doenças físicas evitáveis.

Ainda segundo o relatório, 15% dos adultos vivem com algum transtorno mental, como depressão e ansiedade. A consultora da OMS, Cláudia Braga, explica que, na perspectiva de compreender o problema para desenhar estratégias de ação, as diretrizes da OMS e da OIT apresenta dez fatores de risco para saúde mental tais como conteúdo do trabalho/desenho da tarefa, carga de trabalho e ritmo de trabalho, horário de trabalho, baixa participação em decisões relativas ao trabalho, adequação de ambiente e equipamentos, cultura e função organizacional, relações interpessoais no trabalho, papel na organização, preocupações com o desenvolvimento de carreira e questões relativas à interface casa-trabalho. “O que é urgente não é uma ou outra situação específica, já que os contextos e cenários variam, mas os atores-chaves adotarem medidas concretas para superar os problemas”, afirma Braga.

A saúde ocupacional desempenha um papel crucial na promoção e manutenção da qualidade de vida dos trabalhadores. Ao se concentrar no bem-estar físico e emocional no ambiente de trabalho, as práticas de saúde ocupacional não apenas beneficiam os funcionários individualmente, mas também contribuem para o sucesso geral da empresa. Empresas podem criar um ambiente de trabalho saudável implementando diversas práticas e políticas. Aqui estão pontos de relevância:

  • Comunicação Transparente
  • Cultura de Reconhecimento
  • Equilíbrio Entre Vida Profissional e Pessoal Desenvolvimento Profissional:
  • Ambiente Físico Confortável
  • Políticas de Saúde Mental
  • Promoção da Diversidade e Inclusão
  • Participação dos Funcionários

É importante ressaltar que a reputação de uma empresa desempenha um papel significativo na atração de talentos. A forma como uma empresa é percebida pelo público, incluindo potenciais funcionários, pode influenciar sua decisão de se candidatar a vagas disponíveis, mas também para reter funcionários existentes. Funcionários satisfeitos contribuem para uma cultura positiva e podem se tornar defensores da empresa.

REFERÊNCIAS

Borges LO, Argolo JCT, Pereira ALS, Machado EAP, Silva WSA. Síndrome de Burnout e os valores organizacionais: um estudo comparativo em hospitais universitários, 2002.

Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Violência e Saúde. Genebra: OMS, 2020. ONU – Organização das Nações Unidas.

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O surgimento do estresse e seus fatores desencadeantes na vida de Ross

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“Ross Geller, personagem de Friends (1994-2004)

Em 22 de setembro de 1994 foi lançado o primeiro episódio do que seria uma das séries mais assistidas pelo mundo, o sitcom americano “Friends”. A série que veio ao ar através da rede de televisão NBC pautava sua história de um grupo de amigos que vivia em Manhattan, na cidade de Nova York. Durante dez temporadas a sitcom apresenta o dia a dia desses 6 amigos, suas aventuras, amores, tristezas, alegrias, conquistas e perdas.

Ross Geller, interpretado por David Lawrence Schwimmer, é um dos personagens que mais causa controvérsias entres os fãs da série: nunca se sabe quem o ama, ou quem o acha extremamente antipático. Ele é irmão mais velho de Monica, vista na série como a principal anfitriã de todos durante as dez temporadas. Ross se torna conhecido como o cara dos divórcios, devido aos seus três casamentos findados. Analisando o personagem a fundo, podemos enxergar a grande expectativa que seus pais sempre colocaram sobre ele, pois ao ser visto como o preferido, ele trava uma caminhada para conseguir se manter na posição de “bom filho” mesmo após sair da casa de seus pais.

Esses e outros fatores mal resolvidos internamente culminam em uma grande rigidez na sua personalidade e consequentemente, geram um estresse que acaba por dominá-lo em determinadas ocasiões, que vistas externamente, poderiam ter sido administradas.

Um dos fatores importantes que podemos nos lembrar é que, o estresse exagerado não surge de repente em nós. Assim como a maioria dos sintomas emocionais, saudáveis ou não, ele precisa ser cultivado até que se torne um traço significativo da nossa personalidade. Por isso é importante termos a prática da auto análise e auto conhecimento, para identificar os padrões que repetimos e que formam quem somos e/ou seremos.

Margis et al. (2003) nos mostra que o estresse é gerado pela quebra da homeostase, conhecido de maneira popular, como o equilíbrio. Viver sempre em desequilíbrio seria algo que o organismo humano não conseguiria suportar, e por isso acabamos por nos tornar seres que estão constantemente buscando a homeostase. Quando esse equilíbrio é quebrado, podendo ocorrer por diversas situações(como no exemplo de Ross o divórcio, ou quando descobriu que seria pai e até mesmo quando comeram o seu sanduíche sem o seu consentimento prévio) surge então o estressor, sendo definido como o evento que conduz ao estresse.

A partir do evento vem a resposta do indivíduo ao estresse gerado, essa resposta pode ser destrinchada em três níveis (Margis et al., 2003). Para fins didáticos veremos eles separadamente, mas sabemos que na realidade eles se misturam entre si e não podem ser separados uns dos outros.

Margis et al. (2003) nos mostra que o primeiro nível é o cognitivo, esse nível é caracterizado pela percepção que a pessoa tem do evento estimulante, entendemos então que uma mesma situação pode ser vista como estressante para alguns e para outros não, pois o ponto principal é a percepção e não o evento em si.

Isso deve trazer um olhar de cuidado sobre nós e nossa mente, pois muitas vezes realiza-se interpretações carregadas de distorções por não estar com a mente sã. Um exemplo que podemos enxergar na vida de Ross é quando ele tem um rompante de estresse e tristeza após alguém comer seu sanduíche no serviço; uma situação que não deveria ser levada a essa proporção, acabou gerando grande aflição para ele.

O segundo nível é o comportamental, aqui é onde o estresse se externaliza e pode ser visto pelas pessoas, sendo um dos comportamentos básicos o enfrentamento, também conhecido como ataque, evitação, fuga ou passividade (Margis et al 2003), e cada resposta poderá ser modelada pelas consequências geradas.

                                                                                                                                fonte pixabay

O fisiológico é o terceiro nível. Nesse nível temos diferentes pontos de vista, como por exemplo o evolutivo, que diz termos herdado os fatores estressantes, assim como o medo e ansiedade, dos nossos antepassados.

Nesse ínterim, importante pontuar que não somos capazes de viver uma vida sem estresse. stresse assim como o medo, tristeza, culpa e diversos sentimentos que por vezes não nos sentimos confortáveis em vivenciar, fazem parte da vida humana e tentar fugir deles a todo custo seria uma tarefa exaustante e impossível de ser realizada. O que podemos e devemos fazer é buscar a administração desse estresse, entendendo aquilo que é mais propenso a desencadeá-lo e quais as maneiras de dominar quando ele se fizer presente e como podemos lidar de maneira funcional. Essa lógica não se aplica somente ao estresse mas com todos os sentimentos que nos constroem.;para a busca de uma vida mais saudável, leve e feliz, tanto no trabalho, como nas nossas relações pessoais.

REFERÊNCIAS:

Margis, et al. Relação entre estressores, estresse e ansiedade. Março de 2003.

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Como manter boas relações no trabalho

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A qualidade das relações é protetiva em relação ao estresse e à insatisfação no trabalho

O estresse nas relações de trabalho é cada vez mais comum nos dias de hoje. As excessivas pressões e demandas do ambiente profissional podem colaborar com o surgimento de  conflitos interpessoais, tensões emocionais e até mesmo problemas de saúde. A constante  busca por melhores cargos, reconhecimento e salário pode levar os colaboradores a se tornarem mais agressivos e individualistas, prejudicando a cooperação e a harmonia entre as pessoas. Além disso, a sobrecarga de trabalho e as longas jornadas também podem causar estresse nas relações Chiavenato (2010).

Os estudos sobre o estresse no trabalho surgem na década de 1970, o estresse ocupacional é decorrente das “relações complexas entre condições de trabalho, condições externas ao trabalho e características do trabalhador, nas quais a demanda de trabalho excede as habilidades do trabalhador para enfrentá-las” (BARROS,2013).

Chiavenato (2010) apontou que as principais fontes de estresse no trabalho denominam-se: causas ambientais e causas pessoais. Sendo as ambientais, oriundas da própria Organização, ambiente com condições ruins de trabalho, acúmulo de tarefas, e as causas pessoais variam de acordo com cada indivíduo, como insegurança, preocupação excessiva, maus hábitos de alimentação. Quando os colaboradores estão constantemente sob pressão para cumprir prazos apertados e entregar resultados, é comum que haja um aumento nas tensões e conflitos. A falta de comunicação efetiva também é um fator que contribui para o estresse nas relações de trabalho.

A ausência de diálogo claro e aberto entre colegas e superiores pode levar a mal-entendidos, ressentimentos e frustrações. A falta de apoio e diálogo adequados também podem gerar um clima de desconforto e tensão no ambiente de trabalho. É importante ressaltar que o estresse nas relações de trabalho não afeta apenas o bem-estar emocional dos colaboradores, mas também pode ter consequências negativas para a produtividade e o desempenho da equipe.

E esse bem-estar é extremamente importante. Abreu (2017) aponta que a qualidade de vida é considerada uma grande aliada na melhoria do desempenho do trabalhador. Dito isso, garantir um ambiente de trabalho saudável é um fator de extrema importância para o bem estar. Ter uma boa relação de trabalho auxilia no processo de colaboração e criatividade, favorecendo bons resultados para a organização e um ambiente organizacional mais agradável. Para lidar com o estresse nas relações de trabalho, é fundamental que as organizações busquem medidas que promovam um ambiente saudável e colaborativo.

Fonte: StockSnap no Pixabay

Equipe colaborativa

Com isso, algumas mudanças de condutas podem favorecer uma melhor relação no ambiente de trabalho:

1-Demonstrar respeito ao próximo, ouvindo e valorizando os saberes dos colegas, buscando uma comunicação afetiva, de forma respeitosa evitando comentários ofensivos.

2- Postura colaborativa em ajudar a equipe, compartilhando os saberes e experiências, estando aberto a aprender.

3-Resolução de conflitos: Busca abordar os conflitos de maneira construtiva. Identifique as questões subjacentes, encontre soluções em conjunto e esteja disposto a ceder em determinados pontos. A resolução colaborativa de conflitos pode fortalecer as relações e reduzir o estresse.

4-Celebrar as conquistas em conjunto, reconhecendo a evolução e potencialidades dos colegas de trabalho, incentivando e proporcionando um ambiente de reconhecimento coletivo.

5-Estabelecer limites: Estabelecer limites em relação ao trabalho, como horários de trabalho, pausas e tempo para descanso. Evitando levar trabalho para casa e aprenda a estabelecer um equilíbrio entre as demandas profissionais e pessoais.

Fonte: Mohamed_hassan no Pixabay

Fortalecer vínculo

6-Manejo do estresse pessoal: Cuidar da saúde mental e física, pois isso pode influenciar suas relações no trabalho. Estar bem consigo mesmo, você estará mais preparado para lidar com o estresse nas relações de trabalho.

7- Estabelecer metas realistas: Evite colocar pressão excessiva sobre si mesmo ou sobre os outros. Estabeleça metas e expectativas realistas em relação ao trabalho e reconheça que as pessoas têm tempos diferentes.

Lembrando que reduzir o estresse nas relações de trabalho é um processo contínuo que requer esforço e comprometimento de todas as partes envolvidas. Ao adotar essas estratégias, o colaborador pode através das relações estar contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e harmonioso.

Referências:

ABREU, A. Qualidade de vida no trabalho: principais técnicas e benefícios! (2017).  Disponível<:http://revistaconexao.aems.edu.br/wpcontent/plugins/download-attachments/includes/download.php?id=1921>. Acessado em 05 Jun. 2023.

BARROS, I. C. S. Estresse ocupacional e qualidade de vida no contexto hospitalar: um estudo psicossociológico. 2013. 230p. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013.

CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional: A dinâmica do sucesso das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

 

 

 

 

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Arterapia como ferramenta de expressão das emoções e experiências

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(En)Cena entrevista a Professora de Artes, Renata Carvalho, 60 anos, bacharel em Direito, professora de artes, de duas escolas em São Luís, Maranhão. No contexto profissional, Renata atua como professora de alunos do Ensino Médio, com ênfase em expressões artísticas para manifestar sentimentos e emoções.

Todos nós precisamos nos expressar, e a arte é um meio de expressão. Na psicoterapia usamos a conversa, o diálogo. Na arterapia temos a possibilidade de abordar o problema através da argila, da pintura, do tecido… Cuidar de alguém usando a arte tem efeitos terapêuticos, pois envolve prazer, concentração e relaxamento, e a pessoa é estimulada a pensar através de materiais. Mosaicos, argila, pintura, colagens, tintas, gessos, tecidos, música, escrita. É um horizonte de grande possibilidade de expressão das suas atitudes, emoções, crenças, valores e sofrimento.

A Arteterapia propicia escutar a dor do outro e encontrar formas de lidar com ela. Em 1920, Jung

“[…] foi o primeiro a fazer uso da expressão artística em consultório. Para ele, a simbolização do inconsciente individual e do coletivo se manifestava na arte. Nesse sentido, ele recorreu a linguagem expressiva como forma de tratamento, pedindo aos clientes que desenhassem livremente seus sonhos, sentimentos, conflitos, etc.” (Cunha et al., 2017, p. 447).

No Brasil, a psiquiatra Nise da Silveira inovou no tratamento em um Hospital Psiquiátrico com o uso da Arteterapia com os pacientes esquizofrênicos. Há três abordagens principais para este tipo de terapia: a analítica, junguiana, gestáltica. Do ponto de vista junguiano o ser é visto como criativo e capaz de criar e ser autor da própria história. Ao mesmo tempo em que a pessoa está criando, colorindo, transformando, isso também está sendo trabalhado na sua psiquê e consequentemente no seu comportamento.

Furth (2004) acredita  que,  tanto  na  arte  quanto  na Arteterapia, os  conteúdos  do  inconsciente  são  registrados  pela  produção simbólica  (imagens),  pelas formas, diversidade de  cor,  formas,  movimentos,  ocupação  no  suporte  e padrões   expressivos   gerais,   elementos  que   compõem   o   processo   de transformação  e  obtêm  consistência  a  partir  da  criação  plástica. Sendo assim,  as imagens  produzidas  pelos  indivíduos  ajudam na  compreensão  da  atividade psíquica deles.

Em 1969, fundou-se a AATA – Associação de Arteterapia Americana, que ARTE e TERAPIA se fundem numa única palavra, trazendo no seu escopo o conceito de tratamento psicológico pela arte. É válido lembrar que a arteterapia sozinha não substitui o acompanhamento profissional com um psicólogo ou psiquiatra, mas é uma terapia complementar de grande importância para muitas pessoas.

(En) Cena: Renata, quem é o arterapeuta e o que ele precisa dominar?

Todo profissional graduado em qualquer área, pois a arteterapia é um método onde se utiliza atividades artísticas que irão favorecer a concentração, estimular respostas emotivas, essenciais para o bem estar físico e mental do aluno – no meu caso, como educadora de arte. Para tanto é necessário que o profissional tenha habilidades artísticas ou técnicas nas diversas linguagens da arte para atuar na melhora da qualidade de vida do aluno e deixar fluir os sentimentos por meio da arte.

(En) Cena: Quem pode se beneficiar da arteterapia?

Qualquer pessoa, de qualquer idade, que esteja vivenciando situações de estresse, angústia, dificuldades de atenção, depressão, traumas, problemas de sexualidade, dentre outros.

(En) Cena: Quais são os campos de atuação da Arteterapia?

A arteterapia possui várias modalidades como a pintura (coloração ou cromoterapia), escultura, desenho, dança, música, colagem, expressão teatral, história oral, dentre outras.

(En) Cena: Quais são as vantagens da arteterapia?

Como uma intervenção ajuda as pessoas a melhorar o foco das atividades, melhora o conhecimento sobre si mesmo, ajuda na expressão dos sentimentos e emoções, alivia o estresse e melhora a expressão verbal dos indivíduos.

(En) Cena: Nesses mais de 20 anos de experiência, você chegou a ver o impacto da arteterapia na vida de algum aluno ou pessoa? Se sim, como foi?

Sim, em uma atividade de desenho sobre a família, a aluna evidenciou que estava sofrendo assédio sexual do próprio pai, levei o caso ao juizado de menor e os pais perderam a guarda da filha e tudo ficou bem para a aluna.

(En) Cena: De que forma esta terapia alternativa pode ser utilizada no controle da ansiedade e estresse?

Nas aulas de arte, utilizo a coloração de flores, paisagens e florestas, no desenvolver da pintura percebe-se o estresse do aluno quando eles não conseguem pintar nem uma folha e a ansiedade quando os alunos não atentam para os detalhes do desenho e pintam tudo com uma cor só. Somente com a repetição das mesmas atividades é que eles vão se acalmando e entendendo o benefício que a atividade traz para o auxílio na regulação das emoções.

(En) Cena: Para a nossa sociedade atual que vive uma epidemia de ansiedade, em que andamos sempre apressados, qual técnica expressiva de arteterapia você indicaria?

Todas as técnicas são bem vindas, mas por experiência própria indica a coloração ou produção de mandalas. Elas produzem momentos de relaxamento, reflexão, além de muita serenidade e criatividade. Seus benefícios são espetaculares porque desenvolve e eleva a dimensão da espiritualidade dos indivíduos.

A configuração de mandala harmoniosa, dentro de um molde rigoroso, denota intensa mobilização de forças auto curativas para compensar a desordem interna. Nise da Silveira, em Museu de Imagens do Inconsciente (1981).

Foto: Acervo Pessoal – Produção Autoral

A mandala tem uma dupla finalidade, o de conservar a ordem psíquica, se ela já existe; ou de restabelecê-la, se desapareceu. Nesse último caso, incentiva a criação do ser humano (JUNG,2005).

(En) Cena: Após concluir o trabalho, ele é guardado, ou a pessoa é convidada a falar sobre o que fez? Como se dá a análise do que foi feito?

O aluno é convidado a falar sobre o que significou para ele produzir aquela atividade. Depois da análise os trabalhos são guardados em uma pasta e devolvidos no final do ano letivo. Em relação à análise, eles, geralmente começam a expressar seus sentimentos ainda de forma bem tímida. Quando os problemas são mais complexos, eles preferem falar individualmente. Dependendo da gravidade do caso, encaminho para a coordenação da Escola que auxilia na intervenção dos problemas que, muitas vezes é o que está interferindo na aprendizagem do aluno.

Lamentavelmente o uso e ensino da arte nas escolas tem sido tolhido por vários fatores. Dentre eles o pouco interesse em estimular o pensamento criativo do aluno, que estabelece limites muito aquém das possibilidades do aluno, que enfatiza de forma exagerada a reprodução e memorização do conhecimento e que desconsidera a imaginação e a fantasia como dimensões importantes a serem melhor exploradas.

No entanto, é válido afirmar que as terapias alternativas apresentam inúmeras possibilidades para exercitar e fazer fluir a criatividade e também importante para promoção da saúde mental e prevenção de desordens mentais que atormentam os alunos de hoje.

Foto: Acervo Pessoal – Produção Autoral

Referências

 

FURTH, G. M. O mundo secreto dos desenhos: uma abordagem junguiana da cura pela arte. São Paulo: Paulus, 2004.

O QUE É ARTETERAPIA? | QUEM PODE SER ARTETERAPEUTA? | TRANSIÇÃO DE CARREIRA?

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Dialética e TFC ajudam mulheres gestantes no mercado de trabalho

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Na contemporaneidade, a discriminação contra profissionais gestantes é um tema recorrente, pois muitas são desrespeitadas a partir do momento em que engravidam. Cabe lembrar que, apesar da lei impedir que profissionais gestantes com Registro na Carteira de Trabalho sejam demitidas sem justa causa, a realidade perdura, fazendo com que muitas mulheres sejam humilhadas diariamente e submetidas a níveis de estresse muito altos, além de serem vítimas de assédio moral.

Assim, esse cenário na vida da mulher nos papéis de mãe e trabalhadora pode gerar desequilíbrio emocional, decorrente do quadro de que a maternidade é vista como uma variável agravante, fazendo com que os gestores cometam comportamentos violentos, tais como: retirar a autonomia da trabalhadora gestante ou contestar, a todo momento, suas decisões; vigilância excessiva seguida de manipulação de informações; isolar fisicamente o trabalhador e presumir que a carga horária da mulher deve ser reduzida apenas por conta da gestação.

O que é Dinâmica de grupo?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega que significa força, energia, ação”. E, Segundo Tatiana Wernikoff, (Instituto de Psicologia Organizacional) “Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo específico, caracteriza uma dinâmica”.

Em um artigo publicado em 1944 por Kurt Lewin, Dinâmica de Grupo é o “estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo”.

A Dinâmica de Grupo consiste em permitir que os indivíduos participantes desenvolvam suas habilidades e se tornem mais competentes por meio do que já sabem, atingindo quatro dimensões muito importantes: social, interpessoal, pessoal e profissional.

Os exercícios de dinâmicas de grupo são frequentemente utilizados para melhorar o relacionamento entre os diferentes elementos de um mesmo grupo, promovendo a autenticidade nas pessoas, além de permitir que os indivíduos lidem com opiniões e atitudes divergentes, promovendo o crescimento pessoal.

Fonte: Imagem por pch.vector no Freepik

 

O que é Dialética?

A Dialética é um método de diálogo que se concentra na contradição e oposição de opiniões, um jogo de ideias que se contradizem porque são diferentes umas das outras, podendo gerar novas ideias. A Dialética pode ser o debate ou a arte da persuasão, estando intimamente relacionada à retórica.

Jung define a Dialética como simplesmente uma discussão entre duas ou mais pessoas, que logo resulta em duas definições igualmente concisas, um método de construir novas sínteses.

O que é Terapia Focada na Compaixão?

A Terapia Focada na Compaixão (TFC) tem como objetivo ajudar as pessoas a acessar e estimular suas motivações, emoções e competências de autocompaixão. É uma terapia que integra conceitos do budismo, da psicologia evolucionista e das neurociências.

De acordo com Paul Gilbert (2009), a terapia centrada na compaixão decorre da percepção de que os pacientes se tratam com muita severidade, cheios de críticas, hostilidade, raiva e desprezo. Nesse sentido, um dos principais objetivos é que os pacientes desenvolvam uma atitude mais compassiva em relação a si mesmas, desenvolvendo assim a autocompaixão, onde o paciente permite se aceitar, diminuindo as cobranças e a autocrítica.

Fonte: Imagem no jcomp no Freepik

Cabe lembrar, ainda, a diferença entre autocrítica severa e autocorreção compassiva, visto que a autocrítica se refere a uma forma de autojulgamento e auto avaliação negativos, que podem ser direcionados a diversos aspectos do self, como a aparência física, as emoções, os comportamentos, os pensamentos, a personalidade e os atributos intelectuais. Ao contrário da autocrítica, considera-se que a autocompaixão é uma resposta alternativa mais adaptativa à falha percebida. Na autocrítica severa os indivíduos funcionam como seus próprios inimigos, se auto agredindo e punindo de forma constante diante de falhas, remoendo e cultivando sentimentos de raiva, arrependimento e culpa. Já na autocorreção compassiva, o objetivo é procurar compreender que é possível aprender com os erros, que faz parte da natureza humana errar e sofrer, é parte natural da vida. Com uma atitude de aceitação e acolhimento se torna possível evoluir, aprendendo com os erros e situações adversas da vida.

”O sofrimento faz parte da vida. Que eu seja gentil comigo mesma neste momento. Que eu possa dar a mim mesma a compaixão de que preciso.”- Neff; Kristin.

Sendo assim, percebe-se que, com o uso regular das práticas supracitadas, será possível que as gestantes atinjam maior compreensão acerca da sua realidade e conquistem melhor qualidade de vida.

 

Referências bibliográficas

AFONSO, MARIA LUCIA MIRANDA. Oficinas Em Dinâmica de Grupo: Um Método de intervenção psicossocial. Casa do Psicólogo, 2007.

ANDRADE, Suely Gregori. Teoria E Pratica de Dinâmica de Grupo: Jogos E. Casa do Psicólogo, 1999.

CABRAL, João Francisco Pereira. “Dialética”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/dialetica.htm Acesso em 07/06/2022.

COSENZA. BRUNA. Maternidade e trabalho: o preconceito com as mães no mercado. 07 de maio de 2021. Disponível em https://www.vittude.com/empresas/maternidade-e-trabalho-como-combater-o-preconceito/#:~:text=Quando%20o%20assunto%20%C3%A9%20ma acesso em 07/06/2022

GARCIA. C. F, VIECILI. J. Implicações do retorno ao trabalho após licença-maternidade na rotina e no trabalho da mulher. Fractal, Rev. Psicol. 30 (2) • Ago 2018 https://www.scielo.br/j/fractal/a/4zVSP8j3SKn9Rf9TtNvzWzn/? Acesso em 07/06/2022

LARA. C. A importância do apoio psicológico no pré-natal. Disponível em https://leiturinha.com.br/blog/apoio-psicologico-no-pre-natal/#:~:text=Para%20al%C3%A9m%20dos%20inc%C3%B4modos%20naturais,sombra%20de%20d%C3%BAvidas%2C%20acompanhamento%20psicol%C3%B3gico. Acesso 07/06/2022

LUZ, G. A. R. A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO. Disponível em https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/a-evolucao-mulher-no-mercado-trabalho.htm#:~:text=De%20acordo%20com%20o%20artigo,homens acesso em 07/06/2022

Maternidade e trabalho: como as empresas podem ajudar nesse desafio? (Autor desconhecido.) 05 de julho de 2021. Disponíveis em https://paraempresas.catho.com.br/maternidade-e-trabalho/ aceso em 07/06/2022

PASQUALINI, Juliana C.; MARTINS, Fernando Ramalho e EUZEBIOS FILHO, Antonio. A “Dinâmica de Grupo” de Kurt Lewin: proposições, contexto e crítica. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2021, vol.26, n.2, pp. 161-173. ISSN 1413-294X.  http://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20210016. Acesso em 07/06/2022

PENIDO. M. A. Terapia Focada na Compaixão – Esclarecendo dúvidas com a professora Maria Amélia Penido. 28 de janeiro de 2021. Disponível em https://www.focotcc.com/post/terapia-focada-na-compaix%C3%A3o-esclarecendo-d%C3%BAvidas-com-a-professora-maria-am%C3%A9lia-penido#:~:text=A%20Terapia%20Focada%20na%20Compaix%C3%A3o%20tem%20por%20objetivo%20ajudar%20as,de%20voz%20e%20outros%20exerc%C3%ADcios. Acesso em 07/06/2022

PORFIRIO. F. Dialética. Disponível em https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/dialetica.htm. Acesso em 07/06/2022

RÓS. L, OLIVEIRA. M. Maternidade. 05 de abril de 2018. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2018/04/05/elas-foram-perseguidas-e-assediadas-no-trabalho-ao-anunciarem-a-gravidez.htm acesso em 07/06/2022

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DINÂMICAS DE GRUPO (SBDG). Dinâmica de grupo: conhecendo a história da dinâmica dos grupos no Brasil. Blumenau: SBDG, 2006.

SOUZA. F. O que é a Terapia da Compaixão? Paul Gilbert. Disponível em https://www.psicologiamsn.com/2015/12/o-que-e-a-terapia-da-compaixao-paul-gilbert.html acesso 07/06/2022

Autores:

Bruna Teixeira Rabelo

Clara Eliza Ata Nepomoceno

Gabriella Gonçalves de Oliveira

Larissa Rosa de Oliveira Izac

 

 

 

 

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Mindfulness e Terapia Focada na Compaixão podem ajudar no alívio de sintomas de ansiedade, depressão e estresse em professores

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É perceptível que a constante sobrecarga de trabalho ocasiona problemas físicos e mentais.  Segundo uma pesquisa promovida pelo site Nova Escola, realizada com 5 mil docentes, apontou que 60% dos professores se queixaram de sintomas de ansiedade, estresse e dores de cabeça. Durante intervenções de grupos terapêuticos, métodos são utilizados para a diminuição desses sintomas, o uso de técnicas como o Mindfulness, Terapia Focada na Compaixão podem ajudar no controle e alívio desses sintomas.

Através da Atenção Plena e da Terapia Focada na Compaixão abordadas pelo método socrático, podem controlar e reduzir quadros de ansiedade, estresse e níveis moderados de depressão. O espaço de discussão é necessário para a humanização dos professores e diminuição das patologias. O fato de poder compartilhar suas inseguranças e medos, faz com que as ansiedades diminuam.

Humanização do trabalho docente

A natureza do trabalho docente é, por si só, complexa e marcada por desafios. É recorrente, na literatura da educação, abordar a natureza do trabalho docente sem uma articulação com as condições de vida, trabalho e saúde mental do sujeito que o realiza: o professor. Ansiedade, depressão, desesperança, estresse crônico e síndrome de Burnout são os distúrbios mais listados quando se refere ao adoecimento  dos professores da Educação Básica (CNTE, 2021; Nascimento e Seixas, 2020). Além dos sintomas de saúde mental, também é comum encontrar danos físicos, tais como: problemas nas cordas vocais, lesão por esforço repetitivo e doenças do aparelho respiratório. Esse quadro aponta danos sociais, posto que indicam ausência de condições efetivas de aprendizagem de todos, em especial, as crianças. É possível que, se houver um cruzamento com o baixo desempenho das crianças em avaliações externas, se encontre uma possível raiz/origem das condições adversas nas quais ocorrem as relações sociais no interior das escolas.

Por ocasião do risco de perda do direito especial de aposentadoria, vinte e cinco anos de efetivo exercício como professor, a pauta da saúde do trabalhador da educação passou a ocupar lugar na luta sindical com a realização de pesquisa sobre o levantamento da saúde do profissional de educação. Os resultados surpreenderam a todos: sindicalistas, pesquisadores e gestores da educação. O adoecimento físico era realidade visto o quantitativo de licença para tratamento de saúde; mas a pesquisa, à época, trouxe à luz dados até então obscuros no que se refere à saúde mental do professor (CODO, 2002; CNTE, 2003). Nessa pesquisa, realizada em parceria com a Universidade de Brasília, os elementos que constituem a Síndrome de Burnout, como a exaustão emocional, a perda de envolvimento pessoal e a despersonalização contribuíram, significativamente, para o tema saúde dos trabalhadores da educação ocupar lugar no cenário nacional.

Fonte: Imagem por Freepik

Em busca no google com os descritores “professor” e “adoecimento” encontra-se, aproximadamente 1.100.000 resultados em 0,48 segundos. Ocupar lugar no cenário nacional parece ter sido na multiplicação de estudos que apreendem a realidade do adoecimento do professor e a ampliação dos contratos das Redes de Ensino de Plano de Saúde, porém o quadro só tem se agravado.  Em estudo bibliográfico Nascimento e Seixas (0000) afirmam que essa realidade não difere quanto o estabelecimento, se público ou privado, ou o nível de atuação, se Educação Básica ou Superior.

Os professores da Educação Básica perderam o direito à aposentadoria especial de 25 anos. Viveram o isolamento social no contexto da pandemia e as escolas foram fechadas por dois anos. O estudo “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer” teve como objetivo central conhecer os impactos do trabalho remoto na saúde emocional dos trabalhadores em educação promovido pelo CNTE e os resultados são, de igual mota, aterradores, tais quais já apontados pelas pesquisas publicadas: 24% com depressão, 20% ansiedade e 20% alto nível de estresse; além de transtornos mentais e síndrome de Burnout. Que empresa é produtiva com um quadro de pessoal tão acometido por adoecimento mental? E quando essa “empresa” é uma instituição de ensino, de educação escolar?

O espaço de discussão é necessário para a humanização da categoria e diminuição das patologias. O fato de poder compartilhar suas inseguranças e medos,

faz com que as ansiedades diminuam. Ressalta-se que de maneira geral é dada muita importância a discussão de dados objetivos, homem máquina, produtivo. Porém, são os aspectos subjetivos que evitam explosões e encenações no ambiente de trabalho.

O inventário da saúde do professor realizado pelo CNTE, em parceria com o Laboratório de Psicodinâmica e clínica do Trabalho da UnB, aponta que é necessário o alargamento do diálogo nas relações de trabalho, bem como o compartilhamento de experiências para melhorar as relações pessoais no interior das escolas. No pós pandemia a síntese do inventário aponta que a realidade no interior das escolas pode assim ser sintetizada: “trabalhadores hiperativos, competição exacerbada, descarte dos diferentes, exigências incompatíveis com a realidade, desvalorização das entregas, falta de autonomia, opressão burocrática, disponibilidade plena e flexibilidade total, tomando a máquina como ideal da produtividade humana foram alguns dos sintomas verificados nesse novo modelo de trabalho.” De fato, observa-se que o professor deverá tomar consciência dessas condições e há que se resgatar a consciência sobre sua capacidade de prestar a atenção em si e nas suas próprias sensações para, assim, tomar seu lugar de professor nas relações de trabalho no interior da escola.

Em face a esse grave quadro de adoecimento mental do professor indica-se, a seguir, as técnicas que estão sendo propostas para serem aplicadas em Grupo Terapêutico de professores da Educação Básica.

 

O que é dinâmica de grupo

O ser, da espécie humana, torna-se ser humano na convivência. Não nasce pronto com os das demais espécies: torna-se. O ser humano sendo um ser social somente existe em função de seus relacionamentos grupais. Segundo  Zimerman e Osório (1997) citado por MELO (2014), “todo indivíduo é um grupo na medida em que, no seu mundo interno, há um grupo de personagens introjetados, como os pais, os irmãos entre outros, que convivem e interagem entre si” (p. 01). Desse modo observa-se que para compreendermos o ser humano, devemos estudar sua vida em grupo.

Reunidas em grupo, as pessoas apresentam maior riqueza e complexidade das qualidades da dimensão humana, como a comunicação, por exemplo. O campo do conhecimento sobre a convivência em grupo e de suas relações com os outros grupos e com as instituições mais amplas é denominado dinâmica de grupo. A dinâmica de grupo desenvolveu-se no século XX. ocasião em que, sobretudo, psicólogos e sociólogos passaram a dar um tratamento mais científico ao estudo de grupo (MELO, 2014).

Fonte: Imagem no Freepik

Kurt Lewin é considerado o fundador da moderna dinâmica de grupo. Com seu trabalho na Universidade de Iowa, por volta dos anos 1940, e, mais tarde, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Lewin estabeleceu esse campo de estudo e atraiu pesquisadores e recursos financeiros para este tipo de pesquisa. Os artigos de Lewin publicados na década de quarenta do século XX e depois reunidos nos livros Teoria de campo em Ciência Social (1965) e Problemas de dinâmicas de grupo (1978), prepararam o terreno para investigações e publicações do pós-guerra.

Para Lewin (1978), um grupo é mais do que a soma de seus membros: consiste numa totalidade dinâmica que não resulta apenas da soma de seus integrantes, tendo propriedades específicas enquanto totalidade, princípio da Escola da Gestalt. Possui estrutura própria, objetivos e relações com outros grupos que atuam no mesmo espaço físico. A essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas sua interdependência. Lewin caracteriza um grupo como sendo um todo dinâmico, o que significa que uma mudança no estado de uma das suas partes provoca mudanças em todas as outras.

Nesse sentido, as tentativas com vistas à realização dos objetivos grupais criam no grupo um processo de interação entre as pessoas, que se influenciam reciprocamente e pode haver a produção de novos significados e metas. São esses os resultados que almejamos na proposição deste projeto de intervenção em grupo de professores da Educação Básica com a aplicação das técnicas apresentadas a seguir.

O que é Mindfulness

A tradução para o português significa atenção plena. Cada vez mais é comum não observarmos nossa rotina diária. Às vezes, ao final do dia nem lembramos das atividades realizadas. Isso decorre de um estilo de vida no qual as atividades e ações ocorrem no “piloto automático”, sem a devida atenção do fazer. A técnica da atenção plena, com base no funcionamento fisiológico do ser humano, orienta-nos a dar atenção à prática da consciência sem julgamentos e no momento presente. Afirmam os pesquisadores que a prática diária e cotidiana da atenção plena pode transformar o cérebro humano reduzindo o estresse e liberando a criatividade, portanto, melhorando o desempenho da pessoa como um todo.

Estudos realizados pela Universidade Britânica e Universidade de Tecnologia de Chemnitz(2017) demonstram que a prática da atenção plena promove alterações em duas áreas do cérebro humano, quais sejam: o córtex cingulado anterior localizado ao fundo na região da testa, atrás do lobo frontal. Essa região está associada à autorregulação, ou seja, capacidade de dar direção intencional à atenção e ao comportamento, o que nos leva a suprimir reações automáticas.

Fonte: Imagem por pressfoto no Freepik

A outra região do cérebro que sofre alteração com a prática da atenção plena é o hipocampo, no qual encontrou-se quantidades de massa cinzenta aumentada nos participantes de programas de atenção plena, na pesquisa citada acima. O hipocampo localiza-se no interior da região temporal em cada hemisfério e é parte do sistema límbico, estruturas interiores associadas à emoção e à memória e é coberta por receptores do cortisol, hormônio do estresse. O hipocampo pode ser danificado pelo estresse crônico, tornando-o menor. Essa área é importante para a resiliência, aptidão essencial para os dias atuais estressantes.

Neurocientistas descobriram que a prática da atenção plena afeta áreas do cérebro relacionadas com a percepção, a consciência corporal, a tolerância à dor, a regulação da emoção, a introspecção, o pensamento complexo e o senso de si mesmo.

Mindfulness ou atenção plena é o processo de perceber ativamente coisas novas. Quando você faz isso, se coloca no momento presente. Torna-se mais sensível ao contexto e à perspectiva. Essa é a essência do envolvimento, do engajamento. O processo do Mindfulness é gerador de energia, não consumidor.

O que é Terapia Focada na Compaixão

A Terapia Focada na Compaixão (TFC) enraiza-se em uma análise evolucionista e funcional de sistemas básicos de motivação social (e.g., viver em grupos, formar hierarquias e rankings, buscar parceiros sexuais, ajudar e compartilhar com aliados e cuidar de iguais) e diferentes sistemas emocionais funcionais (e.g., responder a ameaças, buscar recursos e estados de contentamento/segurança).

Além disso, há cerca de 2 milhões de anos atrás, os (pré-)humanos começaram a evoluir uma série de competências cognitivas para a racionalização, reflexão, antecipação, imaginação, mentalização e criação de um senso de self socialmente contextualizado. Essas novas competências podem causar grandes dificuldades na organização de motivações e sistemas emocionais arcaicos.

A TFC sugere que nosso cérebro evoluído é, portanto, potencialmente problemático por conta de seu “design” básico, sendo facilmente induzido a comportamentos destrutivos e problemas de saúde mental (chamamos isso de “cérebro complicado”, “tricky brain”). Contudo, mamíferos e especialmente seres humanos possuem também motivações e emoções evoluídas para o comportamento afiliativo, de cuidado e altruísmo que pode organizar nosso cérebro de maneira a se distanciar significativamente de nossos potenciais destrutivos.(GILBERT, 2014)

Assim, a TFC salienta a importância de desenvolver a capacidade das pessoas de acessar (de maneira mindful), tolerar e direcionar motivações e emoções afiliativas para elas mesmas e os outros, além de cultivar a compaixão interna como uma maneira de organizar nosso “cérebro complicado” de formas pró-sociais e mentalmente saudáveis.

Maiêutica Socrática

A Maiêutica Socrática ou o Diálogo Socrático, refere-se a um questionamento gradual e sistemático sobre uma temática específica, acarretando um eventual debate de paradigmas e conclusões, possuindo como objetivo principal a percepção de lacunas lógicas ou não acuradas.

Segundo Beck et al., (1979); J.Beck, (1997) e Overholser, (1993), os objetivos do questionamento socrático envolvem a obtenção de informações, assim como o conhecimento acerca da demanda. Além disso, abrange a identificação de estratégias de enfrentamento e a identificação de estressores, considerando o funcionamento biológico, psicológico e social. Abrange fomentar a conversão de queixas vagas em problemas concretos, construindo a decisão colaborativa a respeito do enfoque relacionado aos problemas.

Fonte: Imagem por frimufilms no Freepik

Ademais, abrange examinar o significado atribuído pelos integrantes aos eventos e avaliar as consequências de pensamentos, emoções ou comportamentos. Observa-se a identificação de cognições específicas associadas a emoções ou comportamentos  disfuncionais, assim como a avaliação das auto verbalizações dos integrantes. Segundo Arlinda dos Santos Melo (2012), na medida em que o paciente identifica questões para as quais desconhece as respostas, pode se motivar a aprender e tentar descobrir soluções para as suas dificuldades.

Considerações finais

É importante um olhar crítico para a saúde mental do professor em adoecimento psíquico. Entender que questões psicológicas e emocionais afetam ações do cotidiano é necessário para que uma intervenção terapêutica seja aplicada, a fim de promover uma saúde mental equilibrada do sujeito para que dessa forma sintomas psíquicos sejam aliviados. Sintomas de ansiedade, depressão e estresse têm aumentado em níveis alarmantes, compreender que um plano de ação precisa ser implantado, pode evitar um sofrimento psíquico maior, que pode ocasionar em outros sintomas.

Observa-se que com os conhecimentos adquiridos e os resultados advindos do bem estar proporcionado com a prática das técnicas aplicadas, possam corroborar aos participantes, em alguma medida, a ressignificação do estilo de vida, propiciando o autoconhecimento e desenvolvendo uma postura empática se empenhando em tornar as relações de trabalho menos conflitivas e pesadas. A intervenção em grupo terapêutico com professores é fundamental para psicoeducação e para contribuir com a diminuição desses quadros de sintomas psicológicos, consequentemente, refletindo em uma melhor qualidade no ensino e na aprendizagem dos estudantes.

Referências

BRUM, Eliane. Exaustos-e-correndo-e-dopados. Jornal Online El País Brasil. Publicado em 4 de julho de 2016. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/. Acesso em: 02 de maio de 2022.

CARVALHEIRO, Gabriela; TOLFO, Suzana da Rosa. Trabalho e depressão: um estudo com profissionais afastados do ambiente laboral. Disponível em https://www.scielo.br. Acesso em: 03 de maio de 2022.

CASTANHEL, Flavia Del; LIBERALI, Rafaela. Redução de Estresse Baseada em Mindfulness nos sintomas de câncer de mama: revisão sistemática e metanálise. Einstein: São Paulo, 2018. Disponível em https://www.scielo.br/ Acesso em: 3 de maio de 2022. 

CODO, Wanderley. (Org.). Educação: carinho e trabalho. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

Confederação Nacional dos trabalhadores da educação. Retrato da Escola, n. 3 Brasília, DF: CNTE, 2003.

DOURADO, L. F. Editorial. Retratos da Escola, Brasília, DF, n. 11, v. 6, p. 297-299, jul./dez. 2012.

GILBERT, Paul. As origens e a natureza da terapia focada na compaixão. British Journal of Clinical Psychology (2014), 53, p. 6-41

GOUVÊA, Leda Aparecida Vanelli Nabuco de. As condições de trabalho e o adoecimento de professores na agenda de uma entidade sindical Saúde debate 40 (111), Oct-Dec/2016 Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-1104201611116   Acesso em 26/06/2022

HEBERLE, Andréia Yess; , Lisandra Antunes de. Grupos terapêuticos em saúde mental – uma modalidade na prática dos serviços de atenção à saúde mental. Disponível em: http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/ Acesso em: 3 de maio de 2022.

NASCIMENTO, Kelen Braga & SEIXAS, Carlos Eduardo. O adoecimento do professor da Educação Básica no Brasil: apontamentos da última década de pesquisas. Disponivel em https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/20/36/ Acesso em 27/06/022

PARISI, Silvana. Separação amorosa e individuação feminina: uma abordagem em grupo de mulheres no enfoque da Psicologia Analítica. Tese de Doutorado em Psicologia, Universidade de São Paulo. São Paulo: 2009. 272 pág

MELO, Armando Sérgio Emerenciano de et alli. Conceitos básicos em intervenção grupal Encontro Revista de Psicologia  (Volume 17/ 26 – 2014)

Autores:

Alília Cesário dos Santos
Dilsilene Maria Ayres de Santana
Kassandra Quedi Valduga
Matheus Gouveia

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Como a prática de Mindfulness e Musicoterapia amenizam estresse e ansiedade em pré-vestibulandos?

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A ansiedade e o estresse são termos confundidos por alguns, afirmando que são sinônimos ou até mesmo invertem os seus conceitos, já que estão intrinsecamente interligados, fazendo parte da vida cotidiana dos sujeitos. No entanto, a primeira palavra mencionada é um estado de humor que o indivíduo possui, da qual, na maioria das vezes é enxergada negativamente por conta do sistema nervoso central permitir que o “comportamento biológico” do corpo se altere mediante situações, coisas, pensamentos ameaçadores (BARLOW, 2020, p. 125). Já o estresse (embora esse termo seja idiossincrático na atualidade), é a consequência de uma situação ansiogênica, isto é, a resposta fisiológica e emocional de uma pessoa mediante uma circunstância estressora (MORRIS, 2004, p. 373).

Levando em conta o contexto, vale ressaltar que a utilização de técnicas, como o Mindfulness (WILLIAMS, 2015), que trata-se de um método de atenção plena centrada no presente, perante a ausência de julgamentos ou rotulações de si e dos outros, juntamente com a Musicoterapia, no qual caracteriza-se como um campo do saber que se volta para “o que a música proporciona no setting”, ou seja, os seus efeitos e envolve também as subjetividades dos participantes com a música sendo direcionado entre o musicoterapeuta e o grupo ao longo da intervenção (UBAM, 2018), com o intuito de amenizar o estresse e a ansiedade em adolescentes pré-vestibulandos.

A importância da dinâmica de grupo com fins terapêuticos

O grupo e sua finalidade no processo terapêutico dependem da fluidez do mesmo, no que tange a participação ativa dos integrantes como também as diversas estratégias, recursos, técnicas e atividades que incentivam a comunicação e a ação dos membros do grupo, a fim de elaborar, facilitar e esclarecer o campo dinâmico do processo grupal.

Fonte: Imagem no Freepik

Conforme Osório (2003), o grupo é um conjunto de pessoas que possuem a capacidade de se reconhecer em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetos compartilhados. Dessa interação, que se desenvolve a partir da organização dos aspectos sociais, culturais e normativos, surgem fenômenos que são denominados fenômenos grupais. Existem grupos espontâneos, como grupo de amigos, e grupos organizados, com objetivos específicos.

A intervenção em grupo deve-se preocupar com a possibilidade de os participantes entrarem em contato com seu mundo interno para aprenderem a lidarem com suas angústias, lançar mão de recursos até então desconhecidos para eles e garantir segurança aos membros deixando claro os objetivos da dinâmica e suas regras. Segundo Minicucci (2002, p. 32), acredita Kurt Lewin que, até certo ponto, o indivíduo tem seus próprios objetivos pessoais. Precisa de suficiente espaço de movimento livre no interior do grupo para atingir tais objetivos e satisfazer às próprias necessidades. Os objetivos do grupo não precisam ser idênticos aos objetivos do indivíduo, mas as divergências entre indivíduo e grupo não podem ultrapassar determinados limites, além dos quais um rompimento entre ambos é inevitável.

Diante disso, o psicanalista Pichon-Rivière define o grupo como “um conjunto de pessoas, ligadas no tempo e no espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre si.” (AFONSO, 2006, p. 20).

 Conhecendo o Mindfulness

Fonte: Imagem de Shahariar Lenin por Pixabay

O autor Mark Williams (p.9, 2015) apresenta o prefácio de Jon Kabat-Zinn, em seu livro “Atenção Plena”, que o Mindfulness requer um empenho verídico ou participação verdadeira do indivíduo. O precursor dessa técnica de meditação científica, Jon Kabat-Zinn, enfatizou as concepções desta que Mark Williams e Danny Penman notaram:

“É um estilo de vida, e não apenas uma boa ideia, uma técnica inteligente ou uma moda passageira. É um conceito que data milhares de anos e costuma ser citado como “o coração da meditação budista”, embora sua essência seja universal” (WILLIAMS, p.9, 2015).

Outro ponto sobre este assunto é que a atenção plena faz a pessoa estar com a mente e corpo no agora, no presente. É claro, como fora mencionado, que estar mediante a esta situação só é possível quando o indivíduo estiver disposto para isso e engajar-se.

 A Musicoterapia no controle do estresse e da ansiedade

A musicoterapia é definida como um tipo de intervenção de tem a intenção de prevenir, desenvolver e restabelecer as potencialidades do indivíduo a partir dos encontros musicoterapêuticos. E pode ser tanto direta quanto indireta a intervenção (ANJOS et al., 2017, p.230).

Na interpretação de Tyson (1981) (PUCHIALLO, M.; HOLANDA, A., 2014, p. 130), nos Estados Unidos a Musicoterapia, em meados do século 20, entrou em prática oficialmente durante a Primeira Guerra Mundial e também foi utilizada no período da Segunda Guerra em soldados para fins terapêuticos, focalizando-se na recuperação e reabilitação desses indivíduos tanto física e educacionalmente.

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E quanto à Musicoterapia, conforme Bruscia (2000; apud GARCIA et al., 2020, p.111), “as experiências utilizadas na musicoterapia são audição, recriação, improvisação e composição, podendo ser aplicadas conjunta ou separadamente”.   E por meio dela, dá para reforçar “os efeitos terapêuticos de um tratamento por meio da “produção dos sentimentos, pensamentos e atos dinamicamente transformados no contato com o outro” […].” (GARCIA et al., 2020, p. 111).

A eficácia da Musicoterapia na Argentina, mencionada por Costa (1989), em seu segundo plano surgiram resultados positivos em pacientes de “casas de depressão pós-poliomielite” (Apud PUCHIALLO e HOLANDA, 2014, p. 131). Aplicou-se a Musicoterapia de guerra a mesma utilizada nos soldados norte-americanos que fora enquadrada nesses indivíduos dessas casas (PUCHIALLO; HOLANDA, 2014).

 Adolescência e vestibular: um evento ansiogênico

Para a realização da intervenção optou-se por público-alvo, os adolescentes pré-vestibulandos. A adolescência se entende como um processo longo e complexo que envolve diversas variáveis, como as mudanças físicas advindas da puberdade, as modificações cognitivas, emocionais e socias, que se refletem em contextos sociais, econômicos e culturais (PAPALIA e FELDMAN, p.386, 2013).

Segundo Lamônica e Carvalho (2019), as diversas transformações vivenciadas pelos adolescentes, aliada a importância que os exames vestibulares tem recebido nas últimas décadas (o que o tornou um evento ansiogênico para a maior parte dos estudantes), podem contribuir para que estes sejam mais propensos à ocorrência de algumas psicopatologias, como o estresse, a ansiedade, (que serão o foco da intervenção em grupo), ademais de outros transtornos como as fobias e os comportamentos obsessivos compulsivos.

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Polonia e Senna (2008), afirmam que a associação presente entre os fatores culturais, cognitivos e a escola, tem gerado debates acerca de como estes interagem como unidade e causam impacto sobre a promoção de uma aprendizagem efetiva para os indivíduos.

Evidenciando que a educação desempenha um papel significativo no desenvolvimento dos adolescentes (PAPALIA e FELDMAN, p.412, 2013), sendo influenciada diretamente através das culturas de cada país. Outros fatores que influenciam o desempenho escolar dos adolescentes, é o estilo de parentalidade dos pais, o ambiente em que ocorre a aprendizagem, o nível socioeconômico, a qualidade de ensino, a influência dos pares, a escola e autoconfiança manifestada pelos estudantes.

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WILLIAMS, M.; PENMAN, D. Atenção plena. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.

Autores:

Annanda Larissa Aires Coimbra

Joana D’Arc Gomes Pimentel

Laura Marcela Chaves Pereira

Naomi Alves Almeida

 

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Mindfulness e Terapia Focada na Compaixão para a redução da ansiedade e estresse em professores

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Sabe-se que um dos principais sofrimentos mentais do século XXI é o transtorno de ansiedade, tendo sido citado recentemente pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como de prevalência global. Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, muitos foram os desafios para professores e alunos que tiveram de se adaptar a períodos de aulas on-line, bem como retornar às atividades mesmo em meio às incertezas sobre o vírus e às formas de combatê-lo.

Esse cenário de incertezas e de adaptação dos professores de forma abrupta às mais diversas tecnologias favoreceu o surgimento de quadros ansiosos e o consequente aumento do adoecimento mental dos profissionais da educação e por vezes seu afastamento do ambiente de trabalho.

O transtorno de ansiedade se refere a distúrbios que causam angústia, medo, nervosismo, dentre outros sintomas e trata-se de uma preparação natural do corpo para reagir ao risco presente em determinado ambiente, mesmo que esse risco não exista realmente. O grande problema desta reação do indivíduo é quando ela se torna intensa e frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional. Dentre os principais prejuízos ao indivíduo estão aumento dos níveis de cortisol, perda de memória, desgaste do sistema imunológico podendo levar ao aparecimento de doenças autoimunes como lúpus e a diabetes tipo I.

Fonte: Imagem de Elisa por Pixabay

Relacionando a saúde mental ao contexto de trabalho atual dos professores, observa-se que os mesmos são uma das categorias profissionais que mais necessitam de novas habilidades emocionais para enfrentar este novo cenário pós- pandemia.

Em recente estudo feito pela Nova Escola, 28% dos professores denotam sua saúde emocional como péssima ou ruim e 30%, como razoável, ou seja, a maior parte dos entrevistados possui uma saúde mental frágil e que necessita de cuidados.

Como tratamento principal a esse quadro de ansiedade em professores, a terapia e o uso de técnicas já consagradas e reconhecidas cientificamente como o mindfulness, a TFC (terapia focada na compaixão) e a dialética são tidas como formas de ajuda para a redução dos sintomas maléficos e o aumento do bem-estar do indivíduo.

Dinâmica de Grupo

O campo do conhecimento sobre a convivência em grupo e de suas relações com os outros grupos e com as instituições mais amplas foi denominado dinâmica de grupo.

O psicólogo Kurt T. Lewin (1965) foi quem introduziu o termo “dinâmica de grupo” nas ciências sociais e deu nome e identidade definitivos para o estudo dos grupos na Psicologia Social norte-americana. Suas proposições têm importância histórica para a ciência psicológica e seu legado apresenta-se ainda hoje como referência para a formação de psicólogos e demais profissionais que lidam com o fenômeno da grupalidade.

Em aspectos práticos, dinâmica de grupo é uma ferramenta que consiste na reunião de várias pessoas no mesmo local para realização de atividades, nas quais elas interagem entre si.

Assim, a importância da Dinâmica de Grupo reside em permitir que o indivíduo participante desenvolva suas competências por meio do que já lhe é conhecido, e se tornar ainda mais competente, podendo chegar a atingir quatro dimensões importantíssimas: dimensão social, dimensão interpessoal, dimensão pessoal e dimensão profissional.

Fonte: Imagem no Freepik

Mindfulness

Mindfulness é uma técnica de meditação consubstanciada em um momento de concentração e atenção plena, sem julgamentos. Essa prática proporciona a atenção plena para o momento atual, visto que com o ritmo acelerado em que se vive, as pessoas passam a agir de forma automática, sem parar ou mesmo terem um momento de concentração.

Concentrar-se significa estar em contato com o presente e não estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro, dessa forma é intencional, visto que o sujeito escolhe e se esforça para estar atento plenamente, com foco integral no momento atual, que se deve à não categorização dos sentimentos, pensamentos e sensações apresentadas, além do não julgamento, que tem relação com uma aceitação verdadeira desses fatores, na maneira que se é apresentado.

Mindfulness não é uma crença, uma ideologia, nem uma filosofia, é uma descrição fenomenológica coerente da natureza da mente, emoção e sofrimento e sua liberação em potencial, com base em práticas destinadas a um treinamento sistemático e a cultivar aspectos da mente e do coração por meio da faculdade de atenção plena.

Fonte: Imagem por pressfoto no Freepik

TFC -Terapia Focada na Compaixão

A Teoria Focada na Compaixão foi desenvolvida por Paul Gilbert como uma abordagem de tratamento transdiagnóstico que visa criar autocompaixão e reduzir o sentimento de vergonha, desenvolvendo um sistema de suporte interno que precede o envolvimento com o conteúdo interno doloroso.

O foco clínico na Teoria Focada na Compaixão é baseado em algumas observações: a) pessoas com níveis elevados de vergonha e autocrítica podem ter muita dificuldade em serem delicadas consigo mesmos, sentirem alívio ou autocompaixão; b) pessoas que geralmente viveram histórias de abuso, negligência e/ou ausência de afeto na infância, tornando-se vulneráveis às ameaças de rejeição; c) trabalhar com vergonha e autocrítica requer um foco terapêutico nas memórias mais remotas; d) pessoas com tendências a altos níveis de vergonha e autocrítica podem sentir dificuldade em gerar sentimentos de contentamento, segurança e carinho.

Pesquisas sobre a neurofisiologia das emoções sugerem que podemos distinguir pelo menos três tipos de sistema de regulação emocional: 1) Sistema de proteção à ameaça; 2) Sistema de direção e impulso; e 3) Sistema de satisfação e contentamento.

Os fundamentos da Teoria Focada na Compaixão são organizados nesses três sistemas que podem estar desequilibrados e o objetivo é reequilibrá-los. Para isso, há três aspectos no engajamento terapêutico: 1º) o terapeuta usa habilidades de expressão dos atributos da compaixão; 2º) o paciente vivencia isso como algo compassivo e seguro que diminui a vergonha e a culpa; e 3º) o terapeuta ajuda o paciente a desenvolver atributos e habilidades da compaixão.

Os elementos-chave da Teoria Focada na Compaixão são a psicoeducação, a atenção plena, a compaixão e as imagens.

Dialética

Dialética deriva do termo latim dialectica e do grego dialektike, que significa discussão. Provém dos prefixos “dia” que indica reciprocidade e de “lêgein” ou “logos” que indicam o verbo e o substantivo do discurso da razão, ou teoria. Nasceu assim, incorporando as razões do outro através do diálogo.

Este foi o primeiro sentido do termo, empregado por Sócrates na Grécia antiga: dialética como a arte do diálogo, de demonstrar uma tese por meio de argumentação capaz de definir e distinguir conceitos envolvidos em uma discussão.

Na acepção moderna, porém, dialética seria o modo de pensar as contradições da realidade, compreendendo o real como essencialmente contraditório e em permanente transformação.

A dialética considera que a totalidade é sempre maior que a soma das partes, e que sua apropriação é sempre dinâmica. A totalidade é a estrutura significativa da realidade dada pela visão de conjunto, pela síntese que o sujeito faz de algo em determinado momento. Diz-se, então, de um sujeito ativo, que atribui sentidos subjetivos ao mundo a partir das sínteses que realiza.

Fonte: Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

Conclusão

Desta forma, após a aplicação de todas as técnicas apresentadas, no público-alvo, percebe-se a redução da sintomatologia da ansiedade no trabalho dos professores, além da reverberação positiva tanto na relação dos docentes com os colegas de trabalho, quanto com os acadêmicos, famílias dos discentes e demais pessoas do convívio. Assim, o manejo da saúde mental do professor enquanto cidadão, através da remissão do sofrimento e da modificação da reatividade emocional e redução dos efeitos nocivos do estresse e da ansiedade, reflete ainda nas demais relações sociais do mesmo, cooperando para o bem-estar individual e coletivo.

Referências

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AUTORES:

Evelyn Oliveira Dias

João Araújo Lima Júnior

Candida Dettenborn

Ana Cristina Martins Mascarenhas Matos

Taís da Conceição Freitas Nogueira

 

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