Grupo Acadêmico de Estudos Feministas amplia bases epistemológicas da Psicologia
25 de setembro de 2017 Sonielson Luciano de Sousa
Mural
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Os encontros ocorrem a cada 15 dias, às segundas-feiras, 17h, na sala 203, no Ceulp
Lançado recentemente, o Grupo Acadêmico de Estudos Feministas é um projeto de extensão ligado ao curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob a coordenação da Profa. Me. Cristina D’Ornellas Filipakis e participação de várias acadêmicas do curso. Os encontros ocorrem a cada 15 dias, às segundas-feiras, 17h, na sala 203. O objetivo é discutir e ampliar a discussão sobre feminismo no âmbito acadêmico, tendo em vista que o tema ainda gera muitos mal-entendidos.
De acordo com a descrição do Grupo, observa-se entre os acadêmicos de graduação uma limitada compreensão teórica e científica sobre o feminismo, que é assunto atual e pertinente para o exercício de todas as profissões e para a vida em sociedade. Se debruçar sobre este tema é particularmente importante para evitar “discursos de ódio, situações de misoginia, preconceitos e exclusões”, comenta a profª. Filipakis, ao destacar que estas demandas são cada vez mais comuns nas relações sociais face a face e, mais recentemente, também nas redes sociais eletrônicas.
Para Filipakis, “o projeto visa apresentar aos estudantes os construtos teóricos básicos acerca do feminismo, para que a discussão acadêmica ultrapasse o senso comum e se baseie em teorias científicas, o que é, a rigor, um dos objetivos da formação universitária”. Durante os encontros, que duram em média uma hora e meia, a metodologia utilizada envolve leitura de textos, discussões, dinâmicas, exibição de filmes e documentários e outras estratégias que provoquem processos dialógicos e dialéticos.
De acordo com a coordenadora do curso de Psicologia, profa. Dra. Irenides Teixeira, este é mais um movimento no sentido de criar estratégias para que os acadêmicos se envolvam de maneira ativa nos temas mais relevantes do curso. ‘Já temos uma forte interação nos campos da educação, hospitalar, dos processos clínicos, das questões LGBT e, agora, no feminismo. Em breve iremos nos debruçar também sobre assuntos importantes para a psicologia, como a Tecnologia, questões de ordem parental e psicologia e espiritualidade’, pontua Irenides.
2º Encontro do Grupo Acadêmico de Estudos Feministas. Fonte: https://goo.gl/uRyBXR
Mais informações sobre o evento podem ser obtidas através do telefone 3219-8068 com a profa. Me. Cristina Filipakis.
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Impactos políticos e psicológicos do discurso feminista
Recente palestra apresentada pela egressa do curso de Psicologia Lilian Julian da Silva Guimarães abordou a temática do Movimento Feminista, citando inicialmente as três e importantes Ondas que deram origem e força ao Movimento histórico, na qual cada fase termina sendo marcado por conquistas no âmbito intelectual, político e filosófico que compõem o Movimento, em um panorama de lutas. Assim, entre outros assuntos pertinentes a temática proposta, justifica como chegou a uma escolha pelo tema e ainda a influência da filósofa, escritora, professora e militante feminista brasileira Marcia Tiburi, que norteou seu Trabalho de Conclusão de Curso, além é claro de Beauvoir e Betty Friedan.
No livro O Segundo Sexo, de Simone de Beauvoir, principal obra que marca a revolucionária caminhada rumo aos libertários direitos femininos, aos quais nós enquanto mulheres somos gratas a essa inquietante filósofa e escritora, as importantes conquistas para o nosso atual protagonismo feminino; ainda que seja necessário muitos avanços. De certa forma, enquanto mulher podemos nos sentir amparadas, e até mesmo reconhecidas em nossas angústias, ao nos deparamos com a célebre frase: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Nesse sentido, a palestra em sua maioria assistida por mulheres conseguiu trazer como pano de fundo o papel da mulher na atualidade e acirrar um debate sobre as disparidades, violência e desigualdades ainda presentes em uma sociedade impregnada pelo machismo.
Fonte: https://goo.gl/PFK2DC
Falou por exemplo que a primeira onda possui como marco a Revolução Francesa e a extensão do direito de voto. Na segunda onda, aparecem nomes importantes como Simone de Beauvoir (1908-1986) e Betty Friedan (1921-2006). Na terceira onda, historicamente reconhecida na década de 1990, marcada por questionamentos dentro do próprio movimento que permitiu uma importante redefinição das falhas dos movimentos anteriores, argumentando as diferenças e as condições étnicas e sociais, com intuito de negociar espaços e direitos de forma detalhada.
Além disso, adentrou assuntos como o protagonismo da mulher negra e lésbica, que não se sentiam contempladas no Movimento Feminista das primeiras fases, ou Ondas. Além disso, outra problemática apontada foi a influência desse movimento na vida do homem, como por exemplo, a perda de identidade e as vantagens desse movimento na vida deles. Importante lembrar que o movimento foi amplamente criticado por representar mulheres brancas e de classe alta, havendo de certa forma uma divisão dentro do próprio Movimento.
Foram ressaltados também aspectos culturais envolvidos nas questões de gênero, como a visão da mulher como o “sexo frágil”, a inversão objetal e as críticas ao feminismo. Ademais foram relatados aspectos que evolvem a mulher, seu corpo, o aborto, o mito da maternidade. Citando ainda Butler sobre as complexas estruturas que normatizam e reproduzem as questões de gênero que escreve em nossos corpos um discurso politico marcadamente violento e excludente de ser mulher.
Fonte: https://goo.gl/HYGKq1
O feminismo é um movimento político que tem buscado desde sempre, direitos iguais entre os gêneros; nesse contexto torna-se necessário trazer a tona um debate essencial para o entendimento de que vivemos numa sociedade patriarcal, ao qual Marcia Tiburi muito bem nos lembra, sobre o machismo presente nas mais simples e cotidianas relações às quais é marcadamente imposto pelas diferenças entre os gêneros, segundo ela, derivadas das crenças e também da cultura que é impregnada na história por um cenário discursivo e simbólico desse patriarcado, um legado que traz como centro o gênero masculino em detrimento do gênero feminino como segundo plano. Nesse ponto, incentivando para que a mulher tenha um lugar politico e de criação, sujeito histórico.
Marcia Tiburi apresenta o Feminismo como revolucionário, e nos alerta que a classe conservadora, os que têm medo da mudança, é essa sim que dizem que o feminismo é ultrapassado. Ela aponta o movimento como uma constante dialética, uma prática que é uma teoria e vice versa, sempre em voga e as pessoas devem se apropriar dele, nos fazendo pensar como uma grande questão que nos move. O feminismo é plural, e segundo ela, são muitos escapes que trazem à tona temas como gênero que hoje em dia de certa forma o sistema ainda esconde para que a mulher não perceba seu verdadeiro papel nesse contexto histórico.
Fonte: https://goo.gl/FpVMD5
O Feminismo é uma pergunta que devemos nos fazer: o porquê de tantos privilégios? E o porquê de manter uma sociedade de privilégios? Assim, Tiburi adentra a filosofia de Marx que aponta, sobre como percebeu as mulheres como sendo os proletários do proletário, observando no cerne da classe operária e proletária, o lugar que a mulher operária ocupava como subalterna, sofrendo mais que o homem operário. Devemos quebrar com essa opressão, e o Movimento é forte por lutar pela quebra do domínio patriarcado, e a lógica do machismo é sempre atacar o feminismo.
Dessa forma, foi um debate rico em questões atuais que envolvem a realidade que as mulheres vivenciam na sociedade. O debate contribuiu de forma significativa para o entendimento das questões de gênero, pois proporcionou um momento de reflexão sobre a temática. O Feminismo é uma ética, e historicamente todos os movimentos sociais estão de certa forma, interligados ao Movimento Feminista e suas reivindicações por direitos iguais entre os gêneros. Quando a mulher se auto-proclama feminista ela está marcando sua causa, seu lugar de criação que marca sua territorialidade, sua liberdade, e principalmente pela luta de tantas mulheres que foram e ainda são mortas todos os dias, nesse sistema institucional patriarcal.
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CAOS: Zanello: é preciso fazer uma revisão epistemológica na Psicologia
29 de agosto de 2017 Sonielson Luciano de Sousa
Notícias
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A palestra de encerramento do Caos 2017 – Congresso Acadêmico dos Saberes em Psicologia, ocorrida na última sexta-feira, dia 25, mobilizou a comunidade acadêmica, que participou de maneira intensa da temática abordada: as microviolências contra a mulher. O assunto foi conduzido pela professora (UNB) e psicóloga Valeska Zanello, conhecida feminista brasileira e uma das mais profícuas pesquisadoras nesta área.
Zanello fez uma abordagem direta e provocante, convidando os/as acadêmicos/as a saírem de suas zonas de conforto para que, desta forma, pudessem entender a dinâmica cotidiana enfrentada pelas mulheres brasileiras que são marcadas, segundo a professora, por um machismo e misoginia estruturais e por formas institucionalizadas de violência. Para tanto, Valeska se utilizou de reportagens, propagandas e recursos audiovisuais.
De acordo com a professora, que fez um amplo levantamento histórico sobre as condutas e formas de interações de poder entre gêneros, a própria psicologia se colocou como um instrumento para “colonizar” as formas de atuação social da mulher (que são eminentemente performáticas, assim com as dos homens), delimitando modos de ser a priori específicos para a condição feminina, modos estes que, por vezes, reforçaram estigmas como o de que as mulheres necessariamente nasceram para ser mães. “Por isso, eu venho propondo uma revisão epistemológica da Psicologia, pois ainda nos baseamos em autores homens, que pertencem a uma dada classe social, de uma dada cor de pele e região do mundo. É preciso diversificar este olhar a partir da própria necessidade das mulheres”, reforçou Valeska, ao destacar a importância de empoderar a mulher para que esta ocupe o seu lugar de fala e, assim, seja a protagonista de sua história.
Valeska também comentou sobre as práticas institucionalizadas de violência contra a mulher, violências estas que de tão comuns já foram relativizadas socialmente, como a objetificação e hipersensualização da mulher. Ao final de sua apresentação, a palestrante foi bastante aplaudida e os/as acadêmicos/as interviram com uma série de questionamentos, sobretudo no que tange a dimensão da teoria da performatividade, de Butler, para quem os papeis de gênero não são naturais e, portanto, acabam sendo assimilados por processos históricos e performativos, repetitivos, sendo que os que ousam quebrar esta dinâmica são severamente punidos.
De acordo com a coordenadora do curso, profa. Dra. Irenides Teixeira, a palestra encerrou com maestria a semana de atividades. “Este espaço de produção do saber, onde o olhar do outro e o debate saudável predominam, faz do Ceulp/Ulbra uma referência regional em excelência. É gratificante ver a participação e envolvimento de todos, sobretudo em temas tão atuais e emergentes, que envolvem sobremaneira o profissional de psicologia”, pontuou.
O acadêmico Lenício Nascimento disse que “a palestra foi uma oportunidade única de estar diante de um tema novo, desafiador e enriquecedor. Ouvir a Valeska nos faz repensar nossa maneira de atuar mundo, ampliando o olhar e respeitando as diferenças”.
Para a próxima edição do CAOS, em breve a coordenação de Psicologia dará mais informações sobre o evento.
“O filme Mulher-Maravilha já soma US$ 294 milhões nos EUA – passando a bilheteria de ‘O Homem de Aço‘ (US$ 291 milhões). Especialistas de bilheterias da Forbes divulgaram um relatório afirmando que ‘Mulher-Maravilha‘ deve encerrar sua jornada nos EUA com sensacionais US$ 350 milhões. Se a projeção se confirmar, o filme terá a maior bilheteria do Universo Cinematográfico da DC nos Estados Unidos, passando também ‘Batman vs Superman: A Origem da Justiça‘ (US$ 330 milhões) e ‘Esquadrão Suicida‘ (US$ 325 milhões). ”
Diana de Temiscira, filha de Hipólita e Zeus, a própria matadora de deuses, mais conhecida como Mulher Maravilha, interpretada pela atriz Gal Gadot (que diga-se de passagem faz uma atuação digna de aplausos), o filme Mulher Maravilha está aí para mostrar nas telonas o poder que a mulher pode ter.
“As Amazonas, de acordo com a Mitologia Grega, segundo as lendas, eram guerreiras de grande habilidade que viviam em comunidades exclusivamente femininas, arranjando parceiros uma vez por ano para se procriarem – e os matando após a fecundação. O mito também afirma que essas mulheres combatentes chegavam ao extremo de arrancar um dos próprios seios para se tornarem melhores arqueiras.”
Na Ilha de Temiscira viviam apenas mulheres (as Amazonas). Mulheres fortes, guerreiras e audaciosas. Não havendo aqui a cultura do patriarcado e nem do machismo, consequentemente, as Amazonas não se tornaram submissas à homens e não faz parte da forma de ser/comportar-se delas calarem-se para que o homem possa falar ou esperar pela permissão masculina para realizar algo. Isso pode ser observado na cena em que Diana adentra um conselho no qual apenas homens são permitidos, causando espanto a todos eles. O que é interessante de perceber é a estranheza sentida por ela, diante da indignação dos homens por ela estar no recinto, expressada nitidamente no seu olhar de “ não estou entendendo”, direcionado a eles.
Além disso, durante todo o filme é nítido o poder de decisão que Diana possui, não há se quer um momento do live-action em que ela deixou que os homens que a acompanhavam decidissem algo no seu lugar. No entanto, isso não a impediu de apaixonar-se por Steve Trevor (interpretado por Crhis Pine), seu companheiro durante toda a trama. Diana e Steve, apesar de possuírem gênios fortes, entenderam que ambos tinham seus potenciais e que precisavam respeitar a individualidade um do outro. Em suma, Steve não se impôs como macho-alfa a fim de subjugar Diana, mas sim percebeu a força feminina que ela possuía e apaixonou-se por ela.
O filme traz uma interpretação feminina maravilhosa, carregada de empoderamento. Vale a pena cada minuto, do início ao fim.
REFERÊNCIAS:
Mulher Maravilha: Patty Jenkins torna-se a mulher a arrecadar mais em bilheteria de um live-action. Disponível em:<http://cinepop.com.br/mulher-maravilha-patty-jenkins-torna-se-a-mulher-a-arrecadar-mais-em-bilheteria-de-um-live-action-147397>
Mulheres Guerreiras: as mitológicas Amazonas realmente existiram?. Disponível em:<http://www.megacurioso.com.br/mito-ou-verdade/45470-mulheres-guerreiras-as-mitologicas-amazonas-realmente-existiram.htm>
Mulher Maravilha: depois dos créditos (crítica). Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=88pzARZfcRI>
FICHA TÉCNICA DO FILME
MULHER MARAVILHA
Diretor: Patty Jenkins Elenco: Gal Gadot, Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright; País: EUA Ano: 2017 Classificação: 12
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O papel da mulher: da Antiguidade à Contemporaneidade
Ser submisso é sujeitar-se forçadamente ou voluntariamente. A condição da mulher em décadas passadas era de submissa aos homens “[…] que viva sob uma estreita vigilância, veja o menor numero de coisas possível, ouça o menor número de coisas possível, faça o menor número de perguntas possível” (XENOFONTE apud ALVES E PITANGUY, 1985, p.12). Tal submissão não era por escolha, mas literalmente imposta pela sociedade e pela igreja católica.
Nessa época a influência da igreja sobre a sociedade era bastante intensa, determinando a superioridade masculina, com base na bíblia. “Era função da Igreja “castrar” a sexualidade feminina, usando como contraponto a ideia do homem superior a qual cabia o exercício da autoridade. Todas as mulheres carregavam o peso do pecado original e, desta forma, deveriam ser vigiadas de perto e por toda a vida.” (CORRÊA DA SILVA et al, 2005).
Fonte: http://zip.net/bttJ5h
As famílias eram formadas não por escolha dos cônjuges, mas por acordos benéficos aos pais da moça e do rapaz. Dentro desse contexto a mulher era apenas uma peça a ser negociada para fechar o acordo, ela precisaria cumprir com os afazeres do lar sendo uma boa esposa. Era também papel da mulher na antiguidade manter uma boa imagem da sua família e esposo.
Essa condição em que as mulheres se encontravam dava-se também á acomodação delas mesmas, pois aprendiam com as gerações anteriores que seu papel no futuro era de ser uma boa esposa. Ao mesmo tempo em que as mulheres aceitavam a condição imposta á elas, os homens se aproveitavam do poder que tinham em mãos.
Entretanto, as mulheres que não se conformavam foram as que marcaram a história, uma delas foi Joana D’arc, guerreira francesa que comandou um exercito com cerca de sete mil homens. Contudo em consequência desse inconformismo, muitas mulheres que viveram nessa época foram brutalmente punidas e mortas, acusadas de bruxaria.
Fonte: http://zip.net/bdtJTV
Inicio das transformações do cenário feminino
A partir do século XIX inicia-se a discussão de gêneros na construção social e identitária dos papéis masculinos e femininos. A mulher começou a ter suas primeiras conquistas, como a inserção no mercado de trabalho, mas exercendo funções inferiores. Frente a isso veio o feminismo, onde as mulheres aliadas ao movimento operário buscavam de melhorias trabalhistas. Na metade desse mesmo século a mulher teve acesso as primeiras instituições destinadas a educá-las, mas ainda uma educação primaria. Educação forjada em conteúdos morais e quanto a sua postura social, como mãe e esposa. Só então a partir do século XX a mulher teve então acesso ao ensino secundário e ensino superior. Na formação de sua identidade após anos de luta a mulher conseguiu o direito de votar, e também de ser eleita.
A busca pela liberdade sexual e direitos reprodutivos ganhou forças na década de 1960 quando surgiu o primeiro anticoncepcional oral. “A revolução sexual e a emancipação feminina tiveram papel fundamental nas mudanças que ocorreram no casamento, no amor e na sexualidade.” (ARAÚJO, 2002). Ao contrario da antiguidade onde o casamento era por benefícios a partir do século XVIII ele passa a incluir como centro o amor romântico.
O modelo de casamento atualmente dá-se pela relação igualitária entre os parceiros, a valorização do companheirismo, da amizade, e a mulher não tem como dever procriar. A sexualidade que até então era reprimida e abominada pela igreja foi aos poucos substituída pelo direito de amar e de explorar sua própria sexualidade dando lugar ao prazer. Atualmente as mulheres se despertam mais cedo para a atividade sexual ao contrario de antigamente onde era um pré-requisito, que as jovens se casassem cedo e virgens. Em grande parte a sexualidade adquiriu papel bastante influente nesse despertar, levando em consideração as necessidades da mulher e não só do homem.
Fonte: http://zip.net/bstJJl
Considerações sobre mudanças, ideias e reais
Ao fazer um comparativo entre o antes e o agora, percebe-se que a igualdade conquistada não se concretiza por inteiro. De fato as mulheres conseguiram o direito á muitas ações que não tinham antes, porém elas não se desfizeram literalmente das suas práticas antigas. O dever feminino ainda engloba lavar, passar, cozinhar, limpar e cuidar dos filhos. O que difere é o seu direito de também poder trabalhar fora de casa. Denomina-se aqui a mulher multifuncional.
Pensar em igualdade de gêneros é acreditar que homens e mulheres possuem os mesmos direitos e deveres, mas, contudo os direitos iguais não chegaram até o homem. Para o gênero masculino já é suficiente se ele for o provedor do lar, propiciando a alimentação e todos os custos necessários, dessa forma não se sente obrigado a ajudar nos afazeres domésticos. Observa-se que a figura masculina foi mal acostumada pela cultura dominante, que pregava a opressão ao “sexo frágil”.
Uma das conquistas mais influentes do sexo feminino foi à inserção no mercado de trabalho. Hoje em dia os cargos que eram especificamente para os homens, estão sendo ocupados pelas mulheres também. Porém, é importante destacar que apesar dessa uniformidade em relação ao trabalho, os salários ainda são menores para o lado feminino. Isso não se dá por falta de qualificação por parte das mulheres, já que as mesmas têm se profissionalizado de maneira intensa e responsável. Pode-se dizer que a causa, é a não aceitação integral pela economia capitalista, em relação ao contingente feminino profissionalizado.
Fonte: http://zip.net/bntJqF
Apesar de essa revolução cultural em relação a transformação do papel da mulher-esposa ser bem conhecida hoje, a mídia publicitária ainda tem como base, na maior parte do tempo, a “mulher dona de casa”. As propagandas televisivas, impressas, auditivas, representativas, educativas entre outras, apresentam a mulher exercendo os afazeres primários a sua condição inicial. Sabe-se que essas propagandas alcançam praticamente a todos os públicos, e o que traz consequência e preocupação é o alcance delas a população infantil.
Na maioria das vezes, o sistema educacional e a instituição familiar não têm ensinado as novas gerações sobre a igualdade de gênero de uma forma transformadora. O que predomina até os dias de hoje é a tradicional divisão das práticas pertencentes a cada grupo sexual. De início é necessário, que a sociedade comece a educar as crianças, ensinando-as a construir um novo cenário menos opressor e preconceituoso, abrindo espaço para uma verdadeira justiça social.
Ao fazer uma sintetização de todo os conteúdos aqui apresentados têm- se um rico acervo de informações que propiciam uma curiosidade a respeito da instituição familiar moderna. Na atualidade os casamentos não têm adquirido tanta importância como em épocas passadas. As pessoas estão construindo suas vidas em função de realizações extremamente individuais. Realizações essas que na maioria das vezes não incluem o matrimônio.
Seria uma observação presunçosa, dizer que foram os indivíduos independentemente que escolheram essa nova forma de se relacionar. Sabe-se que a sociedade contemporânea, com sua nova reorganização econômica e com as mudanças sobre as necessidades mais abrangentes, contribuiu e muito para esse processo evolutivo acontecer.
“[…] o que eu tenho em mim – meu corpo, meu rosto, minha idade – é suficiente.”
Viola Davis fez história na premiação do Oscar que chegou a sua 89ª edição ocorrida em 2017. É a primeira vez nas premiações do Oscar, que uma mulher negra chega a marca de três indicações. Viola foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com o filme “Fences”, em português “Um Limite Entre Nós” e soma o Globo de Ouro com o longa, além de levar o Tony Awards em 2001 com King Hedley II e em 2010 com sua atuação na Broadway em “Fences”. Em 2009 foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com o filme “Dúvida”, além da indicação ao Oscar de Melhor Atriz com o filme “Histórias Cruzadas”.
Viola Davis no filme “Um Limite Entre Nós”.
Seu reconhecimento em massa veio em sua atuação como Annalise Keating, uma advogada de renome na série produzida por Shonda Rhimes “How To Get Away With Murder”, em português “Como Defender um Assassino”. Essa personagem lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em Série de Drama. A primeira mulher negra a receber o prêmio. Ao receber o Emmy, o Tony Awards e o Oscar, Viola entra para a lista de apenas 23 nomes que receberam a Tríplice Coroa de Atuação.
Em um de seus discursos mais famosos na entrega do Emmy em 2015, Viola levantou debate sobre a dificuldade que as mulheres negras enfrentam nos mais diversos campos. Ela afirma que “A única coisa que diferencia as mulheres negras de qualquer outra é a oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”. Uma problemática que vem tomando os espaços de debate e traz reflexões como a Bei Hooks, importante nome dentro do feminismo negro nos Estados Unidos.
“Obrigada por nos levar além dessa linha.” Fonte: http://zip.net/bqtGS3
Para nós negras é necessário enfrentar esta questão não apenas porque a dominação patriarcal conforma relações de poder nas esferas pessoal interpessoal e mesmo íntimas, mas também porque o patriarcado repousa em bases ideológicas semelhantes às que permitem a existência do racismo, a crença na dominação construída com base em noções de inferioridade e superioridades. (HOOKS, 1989, p.23).
Sobre os espaços conquistados dentro da Academia, Viola ressalta que existiram mulheres negras que abriram as possibilidades de valorização no campo das artes. Taraji P. Hanson, Kelly Washington, Halle Berry, Nicole Beharie, Meagan Good e Gabrielle Union foram citadas por ela como sendo precursoras na luta em busca da valorização e reconhecimento das mulheres negras no cinema.
Em seus discursos, a atriz reafirma sua gratidão a diretores que quebraram os padrões ao proporem novos espaços de atuação para as mulheres negras, como o exemplo de Shonda Rhimes que descreve Annalise Keating na trama de “How To Get Away With Murder” como sendo uma mulher independente, bem sucedida, que dá aulas de Direito em uma universidade renomada. O filme “Estrelas Além do Tempo” reafirma os novos tempos não apenas no campo cinematográfico, mas que ultrapassa fronteiras e mobiliza ações em todo o mundo.
Annalise Keating, de “How To Get Away With Murder”.
Angela Davis, filósofa e ativista afro americana, em seu discurso na Marcha das Mulheres (2017) afirma que a marcha “representa a promessa de um feminismo contra o pernicioso poder da violência do Estado. É um feminismo inclusivo e interseccional que convoca todos nós a resistência contra o racismo, a islamofobia, ao anti-semitismo, a misoginia e a exploração capitalista. O pensamento feminista negro, então é um conjunto de experiências e ideias compartilhadas por mulheres afro americanas – mas não somente – que oferecem um ângulo particular de visão de eu, da comunidade e da sociedade. Ele envolve interpretações teóricas da realidade de mulheres negras por aquelas que realmente a vivem (COLLINS, 1989).
Viola Davis está construindo espaços de reconhecimento e empoderamento de mulheres negras e esse novo cenário no campo cinematográfico reverbera em novos modos de ser e agir na sociedade. Ao falar sobre as diferenças entre mulheres brancas e negras e os problemas de classe, Davis amplia as possibilidades de discussão. Em seus discursos o assunto paira e traz à tona, temáticas de domínio do feminismo negro, como o legado de uma história de luta, a natureza interligada de raça gênero e classe, o combate aos estereótipos ou imagens de controle, a atuação como mães professoras e líderes comunitárias e a política sexual. (COLLINS, 1991).
Viola em seu discurso no Oscar 2017. Fonte: http://zip.net/bqtGS5
As lutas em busca de equidade entre mulheres brancas e negras não terminam aqui, porém quanto mais houver a abertura de espaços de maior alcance para a discussão e conscientização desses temas, maior será a mobilização social, pois “o que as mulheres compartilham não e a mesma opressão, mas a luta para acabar com o sexismo, ou seja, pelo fim das relações baseadas em diferenças de gênero socialmente construídas.” (HOOKS, 1989).
O combate às desigualdades de direitos entre homens e mulheres no campo profissional, nas relações cotidianas, nos relacionamentos e nas oportunidades deve permanecer, e como Viola Davis defende na entrega do Globo de Ouro 2017 para atriz Meryl Streep, nós viemos para “viver em voz alta” e lutar em prol da diminuição dessas disparidades é fundamental na busca de uma sociedade mais tolerante, igualitária e principalmente, mais sensível ao outro, mais humana.
REFERÊNCIAS:
BORGES, Juliana. O Discurso de Angela Davis na Women’s March.2017. Disponível em: <https://cronicasnabelavista.wordpress.com/2017/01/22/brevissimas-do-facebook-o-discurso-de-angela-davis-na-womens-march/>. Acesso em: 06 mar. 2017.
COLLINS, Patricia Hill. Black Feminist Thought: Knowledge Consciousness and Polifics of Empowerment. Nova Iorque: Routledge, 1991.
HOOKS, Bei. Talking Back:Thinking Feminist Thinking Black. Boston: South End Press, 1989.
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Willian Marston e Mulher Maravilha: o pioneiro e a heroína
Super-heróis são na verdade apenas uma personificação de quem acreditamos ser: Pioneiros e Heróis. Lynda Carter
O mês de junho tem sido aguardado ansiosamente pelos fãs da super-heroína da DC Comics, Mulher Maravilha, que ganhará seu primeiro filme solo após a participação em “Batman Vs Superman – A Origem da Justiça”, na pele da atriz israelense Gal Gadot. A personagem, que tem origem nas histórias em quadrinhos da editora americana All-star Comics, atualmente é um ícone da cultura pop. Considerada a maior referência feminina das HQ’s, em 2016 foi nomeada embaixadora honorária da ONU. Mas nem sempre tudo foi tão maravilhoso.
Fonte: http://zip.net/bktDRL
Os super-heróis foram criados por jovens artistas norte-americanos em meio à Grande Depressão, retratados em histórias em quadrinhos descartáveis que poderiam ser compradas por centavos em bancas e farmácias. Apesar da incrível popularização das estórias de super-heróis, os escritores e cartunistas que hoje são venerados pelos fãs do gênero, não eram bem vistos pela sociedade ou considerados artistas genuínos, por isso muitos criaram pseudônimos para usar em suas obras (SUPERHEROES: A NEVER-ENDING BATLLE, 2013).
Na primeira frase de seu artigo “A Surpreendente História de Origem da Mulher Maravilha” para a Smithsonian Magazine, a professora de história dos EUA da Harvard University, Jill Lepore, usa uma manchete de jornal de 1942: “Célebre Psicólogo é Revelado como o Autor de ‘Mulher Maravilha’, o Sucesso de Vendas em Quadrinhos” (LEPORE, 2014, p.1). Até então usando o pseudônimo Charles Moulton, o psicólogo Willian Moulton Marston (1893-1947) foi revelado como o criador da famosa e polêmica heroína. Por que Marston, um profissional prestigiado, usaria um pseudônimo?
Segundo Lepore (2014), Maxwell Gaines, co-criador do gênero dos quadrinhos e fundador da All-American Comics, vendia milhões de cópias de HQ’s dos recém “nascidos” Superman e Batman, porém com a Segunda Guerra Mundial devastando a Europa, as revistas em quadrinhos enalteciam os mais variados tipos de violência, fazendo com que vários críticos e jornais declarassem abominação às histórias. Foi então que Gaines contratou Marston como consultor, uma vez que este já havia se demonstrado ávido defensor dos quadrinhos.
Gaines havia lido sobre Marston em um artigo da revista Family Circle publicado em 1940 pela escritora e redatora Olive Richard. Na ocasião Olive visitou a casa de Marston para pedir sua opinião como um perito em quadrinhos. Ao ser questionado sobre os temas cruéis de algumas histórias, Marston concordou, porém acreditava que o desejo dos leitores ainda era de que o melhor acontecesse no final. Para Willian, a pior coisa dos quadrinhos era sua alarmante masculinidade, e para se defender dos críticos, criou uma personagem feminina (LEPORE, 2014).
Primeiros esboços da heroína. Fonte: http://zip.net/bmtDH5
Marston fez algo extremamente arriscado tendo em vista o pioneirismo e o possível preconceito dos consumidores da época. O medo de Willian e dos editores em desenvolver uma personagem feminina não é exclusivo à década de 40, muitos estúdios e executivos ainda temem investir nas personagens femininas, denotando que o preconceito e a misoginia perpassaram os séculos.
“Célebre psicólogo”: o polígrafo e o mentiroso
Formado pela Harvard University, Willian Marston foi PhD em Psicologia, inventor, e ficou famoso pelo estudo de “pessoas normais”, uma vez que na época havia um grande investimento em estudos psicológicos de patologias e desvios comportamentais. O psicólogo desenvolveu uma teoria para descrever as respostas emocionais a partir da avaliação de quatro fatores: Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade (em inglês formando a sigla DISC), configurando estilos comportamentais. Ele publicou suas descobertas no livro As Emoções das Pessoas Normais (ETALENT, 2016).
Por volta de 1917, Willian publicou seus primeiros estudos quanto à descoberta da correlação entre a pressão sanguínea sistólica e estados mentais, principalmente decepções. Com um invento construído em 1915, por meio de questionários em relação a um determinado assunto, percebeu uma correspondência entre a pressão arterial e mentir, algo que chamou a atenção do governo e atraiu publicidade para seus experimentos (DISCPROFILE, 2017).
Willian Marston era casado com a advogada Elizabeth Holloway. Para Lepore (2014, p. 1), “Marston foi um homem de mil vidas e mil mentiras”, isso porque, Olive Richard, escritora da Family Circle, não foi visitar Willian para entrevistá-lo, ela morava lá. Marston, Elizabeth e Olive (que na verdade tinha o sobrenome Byrne) mantinham um relacionamento polígamo, sendo Byrne apresentada socialmente como uma cunhada viúva de Marston. Durante sua vida, Willian sempre se expressou condenando intolerância e preconceito (LEPORE, 2014).
Marston (extrema direita) aplicando teste do polígrafo enquanto Olive Byrne (extrema esquerda) anota as respostas. Fonte: Smithsonian Magazine
Mulher Maravilha: a heroína acorrentada
Desenhada por Harry G. Peter, em sua primeira aparição a princesa Diana de Themyscira (futuramente com o alter ego de Diana Prince), usava uma tiara dourada com uma estrela, um bustiê vermelho com uma águia e barriga à mostra, uma calcinha azul estrelada e botas vermelhas de cano alto. Ousado. Diana apresentava habilidades de força e reflexos sobre-humanos, durabilidade, resistência e vôo.
Após sua estreia na All-star Comics no final de 1941, ela ganhou sua primeira capa do início de 1942, pela Sensation Comics (LEPORE, 2014). A princesa Diana deixava a Ilha Paraíso, um lugar onde não havia homens e as mulheres tinham um enorme poder físico e mental; para combater o fascismo nos Estados Unidos. Em sua história de origem, após Steve Trevor, um piloto da Força Aérea Americana, cair na Ilha Paraíso as Amazonas competiram entre si para eleger quem o levaria de volta ao seu país. Diana vence a competição e Steve acaba se tornando seu interesse amoroso.
Mulher Maravilha e Steve Trevor
Willian Marston e a Mulher Maravilha foram importantíssimos para a criação da futura DC Comics. O número de vendas crescia e tudo era empolgação até março de 1942, quando a “Organização Nacional da Literatura Descente” categorizou a Sensation Comics como uma leitura inadequada para jovens devido à falta de roupas da super-heroína. Mesmo após a contratação de novos consultores outras polêmicas surgiam.
Um membro do conselho consultivo de Gaines decidiu alertá-lo sobre as constantes referências sádicas nas histórias da Mulher Maravilha. Nas palavras de Lepore (2014, p.1), “episódio após episódio, a Mulher Maravilha é acorrentada, atada, amordaçada, laçada, amarrada, agrilhoada e algemada. ‘Grande cinta de Afrodite!’, grita a Mulher Maravilha em certo momento. ‘Eu estou farta de ser amarrada!’”. Cada vez mais editores se opuseram as práticas de tortura às quais a heroína tinha que vencer.
De acordo com Lepore (2014), as ideias das amarras podem ser visualizadas através de editoriais e correspondências de Willian para seu ilustrador, onde ele descreve detalhadamente cenas que insinuavam fetiche sexual por imobilização. Sem dúvidas era uma controvérsia sobre as verdadeiras intenções de Marston, mas há uma história por detrás das correntes e cordas.
No balão: “Por que eles me amarram com correntes tão pequenas? Isso é um insulto!” Fonte: http://zip.net/bxtFGz
Devido ao seu relacionamento com Olive Byrne e sua família, Willian, Elizabeth e Harry G. Peter (o ilustrador) foram fortemente influenciados pelos movimentos feminista, sufragista feminino (para ter o direito de votar) e contraceptivo, por meio da tia de Olive, Margaret Sanger. Cada um desses movimentos continha como símbolo central as correntes e amarras, que “prendiam” as mulheres à desigualdade de direitos (LEPORE, 2014).
Desde o surgimento do movimento sufragista feminino nos Estados Unidos, no início do século XIX, mulheres ameaçavam (e eventualmente o faziam) acorrentar-se aos portões de órgãos públicos e instituições como forma de protesto. Margaret Sanger por sua vez, publicava caricaturas de mulheres alegóricas se livrando de cordas e correntes feitas pela artista Lou Rogers, em sua revista Birth Control Rewiew (“Revista de Controle Contraceptivo”). Para Sanger, a mulher se encontrava acorrentada ao seu lugar na sociedade (LEPORE, 2014).
Marston manteve o segredo da influência de Sanger sobre a Mulher Maravilha até sua morte, e só foi descoberto anos depois. A Super-Heroína que quebrava todos os paradigmas feminilidade da época, em poucos anos conquistou milhões de fãs e aos poucos foi se readaptando e perdendo algumas características originais, uma delas, após muitas polêmicas foi o excesso de correntes, coincidindo (felizmente), em certo grau, com as “amarras” das mulheres reais, que conquistaram cada vez mais liberdade e direitos.
Margaret Sanger em protesto contra censura e ilustração de Lou Rogers. Fonte: Smithsonian Magazine
Outras referências como o Laço da Verdade, que é uma espécie de polígrafo que muitos gostariam de ter; e os braceletes da Mulher Maravilha iguais aos que Olive Byrne usava; ficam implícitos como presentes para quem é incitado por descobertas, denotando a complexidade tanto da personagem em si, quanto da ligação criador/criatura nesse caso.
Trazer esses temas à tona não transforma Willian Marston na própria figura heróica que ele criou, mas mostra como o psicólogo obcecado pelo “não dito” montou de maneira curiosa uma personagem que (assim como os melhores personagens) representa os embaraçados sentimentos e desejos humanos. Através de uma visão historicista, percebe-se como Marston, com sua profissão e atitudes, trouxe contribuições para a psicologia e para a sociedade de modo geral.
Mulher Maravilha é nomeada Embaixadora Honorária da ONU. Fonte: ONU/Kim Haughton
O pioneirismo de Willian e de seus parceiros se estende para todas as obras de quadrinhos, cinema e TV que trazem personagens pouco representados e diferentes do “comum”. É válido destacar o aumento de protagonistas femininas heróicas com menos apelo sexual aparente e mulheres mais parecidas com a “realidade” em obras como as séries Supergirl (2015) e Jessica Jones (2015); personagens dos quadrinhos como Miss Marvel (Kamala Khan), a Nova personagem da Marvel, America Chavez; e também uma menção honrosa à inovadora série televisiva Wonder Woman (1975), estrelada pela atriz Lynda Carter.
Após milhares de palavras para chegar aqui, no último parágrafo, retomo a frase usada no começo desse texto, mas para discordar dela. Lynda Carter diz que Super-heróis são na verdade apenas uma personificação de quem acreditamos ser, porém, assim como a Mulher Maravilha denota inevitavelmente o psiquismo do seu criador e de certa maneira o que ele era, todo tipo de arte que consumimos denota o nosso psiquismo, e portanto, o que nós somos. Desse modo, se você consome as diversas artes de Super-Heróis, não precisa acreditar que é um, porque em partes você já é.
Wonder Woman (1975). Fonte: http://zip.net/bvtFdN
REFERÊNCIAS:
LEPORE, J. The Surprising Origin Story of Wonder Woman. Smithsonian Magazine, out. 2014. Disponível em: < http://www.smithsonianmag.com/arts-culture/origin-story-wonder-woman-180952710/?page=1>. Acesso em: 09 de fev. de 2017.
METODOLOGIA DISC. Etalent. Rio de Janeiro: 2016. Disponível em: <http://www.etalent.com.br/sobre/metodologia-disc/>. Acesso em: 06 de fev. de 2017.
SUPERHEROES: A Never-Ending Battle. Produção de Michael Kantor e Sally Rosenthal. Estados Unidos (US): Ghost Light Films, 2013. Ep. 1 Truth, Justice and the American Way.
WILLIAN MARSTON. Discprofile. Em En-US. 2017. Disponível em: < https://www.discprofile.com/what-is-disc/william-marston/>. Acesso em: 06 de fev. de 2017.
VIII Congresso Internacional de Estudos sobre a Diversidade Sexual e de Gênero ocorre em Juiz de Fora
19 de novembro de 2016 Laryssa Nogueira dos Anjos Araújo
Notícias
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Acontecerá na próxima semana o VIII Congresso Internacional de Estudos sobre a diversidade sexual e de gênero, realizado pela Associação Brasileira de Estudos da Homocultura – ABEH, nos dias 23, 24 e 25 de novembro de 2016, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em Juiz de Fora, Minas Gerais.
O congresso, que acontece a cada dois anos, tem como objetivo a realização e exposição de diálogos, estabelecidos nos países dos autores participantes, acerca das relações e tensionamentos da homocultura. Além disso, é considerado uma oportunidade de intercâmbio e enriquecimento sobre diversidade sexual e de gênero.
A programação conta com a conferência de abertura, 27 simpósios temáticos, 6 mesas redondas, 46 apresentações de pôsteres, assembleia para deliberação e eleição de nova diretoria, 36 apresentações de relatos de experiências, lançamento de 24 livros e a festa “Fun House”, no encerramento do evento.
Dentre os eixos temáticos abordados nos simpósios pode-se citar: Gêneros e sexualidades nas escolas: políticas, práticas e poderes em disputa; “We Can Do It” – a desconstrução homocultural das práticas nas relações de trabalho; Ativismos e produções acadêmicas LGBT, feministas e queer em tempos de ascensão conservadora no Brasil; Educação, religião e direitos humanos: diálogos interdisciplinares sobre a diversidade sexual e de gênero; Políticas públicas, processos educativos e subjetividades: reinvenções, potencialidades e tensões na temática da diversidade sexual.
Mais informações, inscrição e submissão de trabalhos podem ser realizadas no site do evento.
No dia 25 de agosto participei de uma palestra – durante a 1ª. Semana de Psicologia do Ceulp – que tinha como tema “gênero e contemporaneidade”. Essa palestra dava certa ênfase ao feminismo. O que mais me chamou atenção foram as colocações da palestrante prof. Dra. Temis Parente, que tinha como base de sua tese os meios de comunicação. Com isso pude ver que as mulheres não são tão respeitadas como deveriam em nosso meio midiático e que apesar de toda a luta contra o machismo ele ainda prevalece; observei que as mesmas são utilizadas como “objetos” por homens (me perdoe a palavra) cretinos e sem caráter, que não vê o talento que há por trás de uma “saia”. Um exemplo que ela deu e que eu achei interessante, foi o caso que ocorreu durante as Olimpíadas de 2016 quando William Waack – apresentador da Rede Globo – dividiu a cobertura com a jornalista Cristiane Dias; William, em um determinado momento, simplesmente ignorou a presença da colega ao lado. Aí a mesma falou assim: “finalmente você me cumprimentou”… Só que a câmera estava aberta e dava para ver a cara de deboche de William. E não é a primeira vez que ele faz isso, mas é aí que me questiono e se fosse um homem ao lado dele, ele trataria do mesmo jeito? Acredito que com certeza não, e isso é só a ponta do iceberg.
Há inúmeros outros casos em que mulheres são destratadas sem o menor pudor. Ao analisar o contexto midiático vi que são poucas as mulheres que apresentam programas com uma linha esportiva, por mais que tenhamos alguns exemplos de mulheres neste meio, ainda prevalece a visão de que a mulher tem que cobrir editorias mais leves, como saúde geral ou colunismo social.
Outra ênfase que dou a este relato é que a mulher continua a ser fragilizada, ou seja, uma mulher não pode ser a provedora do lar, logo vem a sociedade e taxa a mesma como coitada, da mesma forma uma mulher não pode ser mãe solteira, pois já colocam um selo na mesma, tais com: puta, sem juízo entre outras palavras, que é melhor nem prosseguir.
Essa palestra me fez perceber que nossa luta por melhor lugar na sociedade vai longe, e que teremos que mostrar que nosso potencial é maior que nossos seios ou até mesmo a nossa bunda. Que não somos objetos sexuais, somos cidadãs que compõem essa nação, e que também estamos aqui para mostrar o nosso valor.
E para terminar afirmo que merecemos respeito acima de tudo. Se estamos onde estamos é porque batalhamos muito e queremos os nossos devidos méritos!