(En)Cena entrevista Nayjla Lane R Gonçalves: o fazer psicopedagógico

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Ana Carla Olímpio Soares  (Acadêmica de Psicologia)  – anacarlaolimpio@rede.ulbra.br

 

(En)Cena entrevista Nayjla Lane Ramos Gonçalves, psicóloga pela Ulbra Palmas, atuando com foco na Terapia Comportamental, psicopedagoga pela Universidade do Estado do Para – UEPA, mestre em educação pela Universidade Federal do Tocantins – UFT, pós-graduanda em Neuropsicologia e Psicologia e Desenvolvimento da Aprendizagem.

(En)Cena: Nayjla, é um prazer entrevistá-la, neste primeiro momento gostaria de compreender como surgiu o interesse na psicologia após a graduação em psicopedagogia. Apesar de não atuar diretamente na psicologia escolar, como você vê essa subárea da psicologia?

Nayjla: Sempre foi um desejo cursar Psicologia por suas implicações no desenvolvimento humano, e como Pedagoga ter um olhar ampliado para este desenvolvimento era imprescindível, o que se concretizou na graduação em Psicologia. Apesar de não atuar diretamente na Psicologia Escolar como Função, percebo como a Psicologia Escolar é importante para compreensão no desenvolvimento da aprendizagem, das habilidades sociais, relacionamentos dentro da escola, que para muitos alunos se tornam em um grande desafio e por vezes incide até em sofrimento. O universo escolar é eivado de muitos desafios.

(En)Cena: Diante da sua experiência na área educacional através da psicopedagogia, qual a principal lacuna na educação? Que estratégias é possível adotar para amenizar tais circunstâncias?

Nayjla: A história da Educação é extensa e como disse anteriormente, é acometida por muitos desafios, sejam pessoais, corporativos, estruturais, organizacionais, a política pública quando se trata de educação é complexa. No entanto para não aprofundar na história da Educação, quem sabe em outro momento, percebo que muitas lacunas ainda existem na educação, espaços de atenção que precisam ser preenchidos, compreendidos, um deles é a urgência em compreender que além do ensino e aprendizagem teóricos, catedráticos, faz-se imprescindível um olhar real, sério para as demandas emocionais de todos que compõe o universo escolar, não banalizar essa urgência de atenção Psicológica. Importante  entender por que o aluno não se desenvolve, valorizar suas potencialidades, um olhar para a pessoa como um todo, e não só em aprendizagens específicas do currículo.

(En)Cena: Além das problemáticas no campo educacional, qual a maior dificuldade que permeia as salas de aula (professores e alunos) no processo de aprendizagem?

Nayjla: Dentre muitas, posso citar com veemência, a participação da família na vida escolar dos filhos, a compreensão clara de que a escola tem um papel preponderante no desenvolvimento, mas que não substitui o ambiente, a responsabilidade, o papel que cabe a família, não é um lugar para deixar os filhos, mas um lugar para aprimorar, aperfeiçoar o ensino e aprendizagem e que precisa contar com uma base que vem de casa, embora, sabe-se que a escola também precisa estar preparada para intervir, em situações que faltem este alicerce, e aqui seria fundamental a intervenção do Psicólogo Escolar, no sentido de ajudar no desenvolvimento das potencialidades deste alunos, através de um trabalho de alcance  e descoberta da capacidade de aprender.

(En)Cena: Levando em conta as suas graduações e especializações, há importância do papel do psicólogo escolar? Qual seria?

Nayjla: Fundamental para dar direção coerente ao processo de aprender, de orientação aos alunos quanto a importância das habilidades sociais nos relacionamentos, que dentro de uma escola, para alguns, além de ser desafiador, causa muitos sofrimentos, desenvolver debates, palestras que mostrem a capacidade que cada um tem de se desenvolver no processo, no caminho que envolve o ensino e a aprendizagem, dar significado a vivência escolar, através de estratégias, como projetos, rodas de conversa e etc.

(En)Cena: Em algumas escolas, por muitas vezes esperam que o psicopedagogo realize o trabalho do psicólogo e vice-versa. Perante o seu conhecimento enquanto psicopedagoga, qual/quais a/as diferenças nessas atuações?

Nayjla: A diferença principal está na especificidade da função do Psicopedagogo, que é um profissional que conhece o processo de ensinar e aprender, que aliado a isso, tem uma noção das funções psicológicas que potencializam ou dificultam este processo, a escola não é um consultório, e nem este profissional é o terapeuta dos alunos, mas é através de seus conhecimentos e estratégias próprias de sua formação que promove meios adequados de dar significado às vivências no ambiente escolar, bem como viabilizar os meios para que os alunos consigam compreender como funcionam no que diz respeito ao seus processos de aprendizagem especificamente. Já o Psicólogo tem o domínio, ou espera-se que tenha, de conhecimento das funções psicológicas, dos processos mentais e comportamentais, e pode identificar situações e /ou mesmo transtornos que possam estar dificultando a aprendizagem.

(En)Cena: Como é possível a psicopedagogia e psicologia caminharem juntas na atuação do campo da aprendizagem/educação?

Nayjla: Na verdade não só é possível, como fundamental, pois são profissionais que atuam em situações e campos específicos no processo de aprendizagem dos alunos, o Psicopedagogo trabalha os métodos, estratégias no processo de aprender dos alunos, bem como tem um olhar mais amplo sobre as dificuldades quanto a aprendizagem, o Psicólogo dentro de suas especificidades tem a capacidade de diagnóstico melhor no que diz respeito ao  comportamento, emoções e processos mentais que podem estar inviabilizando a aprendizagem e a compreensão das estratégias propostas pelo Psicopedagogo. Assim, o privilégio de ter ambos os profissionais e em sintonia, contribuirá de forma efetiva e significativa no processo de desenvolvimento de cada aluno.

(En)Cena: Agradecemos a sua disponibilidade e para finalizarmos este momento, deixo livre para que você deixe uma mensagem ao nosso público do portal.

Nayjla: Prazer foi todo meu em participar, sou educadora e a mensagem que deixo para os leitores, público deste portal, é que se importem com a educação e que jamais esqueçam que o processo de ensinar e aprender, não é só eivado de primazia, mas tem em si uma mágica natural, afinal não tem quem não possa aprender e quem não possa ensinar. A vida em si é uma grande escola, e se no decorrer dela pudermos contar com os que facilitem e deem maior significado às nossas vivências dentro dela, será mais leve a caminhada.

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A importância da mentoria como instrumento fundamental na formação acadêmica

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Desvendando a  Mentoria na Jornada Acadêmica

Lucas Nunes Barbosa (Acadêmico de Psicologia) – lucasnunesbarb@rede.ulbra.br

(En)Cena entrevista,  Sônia Cunha, Graduada em Letras Portugues/ Inglês e suas respectivas literaturas e Mestrado em Letras pela Universidade Federal do Tocantins, atualmente atuando como mentora acadêmica.

(En)Cena : Quais são os principais desafios que os estudantes enfrentam ao ingressar na vida acadêmica, e como sua mentoria aborda essas questões?

Sônia: De início, ressalto que a maioria dos acadêmicos que me procuram são trabalhadores que estudam. Essa delimitação já é um recorte considerável do perfil dos acadêmicos que cursam graduação em tempo integral ou pela manhã. Outro fato relevante é: a maioria também cursam suas graduações na modalidade EAD, banalizada em décadas passadas e que, com o advento da COVID-19, tornou-se a modalidade vigente de estudo.

O maior desafio é a escrita acadêmica em si, resumida na seguinte pergunta que ouço recorrente: Sonia, como eu vou escrever tudo o que eu acabei de te falar conforme as exigências da faculdade?

Como mentora, a partir da ideia do acadêmico vou traçando um esqueleto, delimitando a problemática, o objetivo geral e a justificativa que motivou a escolha de determinado tema. Em conjunto vamos traçando esse esqueleto e encaminhamos para o orientador do acadêmico que deverá dar o não a chancela para o início da escrita. Montamos um cronograma e o texto é repassado para o orientador a cada andamento da escrita.

(En)Cena: Como lida com diferenças individuais, como estilos de aprendizagem variados, ao oferecer orientação acadêmica?

Sônia: Eu auxilio apenas em cursos nos quais tenho segurança que são os de licenciatura. Em outras áreas do conhecimento auxilio na confecção de slides, banners, formatação e revisão linguística e metodológica (o ponto fraco da maioria dos acadêmicos).

(En)Cena: Como ajudar os alunos a estabelecer metas acadêmicas e desenvolver um plano para alcançá-las?

Sônia: Direcionada nos prazos. Se tem um fato que assimilei da carreira como servidora pública é que prazo a gente cumpre. Domingo elaboramos o cronograma da semana seguinte, pontuando item a item do que falta e vamos ajustando de acordo com as demandas, assim, na maioria das vezes, desde que o orientador não demore com a sua leitura crítica do trabalho, concluímos o trabalho antes do prazo terminar.

(En)Cena: Quais conselhos você daria para superar momentos de desmotivação ou falta de confiança acadêmica?

Sônia: Não sabe por onde começar, não sofra sozinho, peça ajuda!

A escrita travou, peça ajuda!

Não sabe se a escrita está boa, peça alguém da sua confiança para ler seu trabalho, pois muitas vezes, pelo fato do assunto ser óbvio para quem está pesquisando e escrevendo, para quem vai ler, não.

Vai escrever desde um bilhete à uma tese, pense sempre no seu leitor.

(En)Cena: Qual é a importância da mentoria acadêmica na formação e no desenvolvimento pessoal dos alunos?

Sônia: Primeiro, demonstrar que a escrita de um trabalho acadêmico – do resumo à tese, não precisa ser interpretado como um fardo. Com a mentoria acadêmica você terá um direcionamento que a faculdade não te fornece, isso porque, na graduação, as aulas de Metodologia Científicas são ministradas no início da graduação e a escrita do TCC no último. E mais, quando entramos na graduação não temos a maturidade para compreender o quanto esses conteúdos nos farão falta, mesmo sendo trabalhados de maneira superficial por alguns professores.

Quanto ao desenvolvimento pessoal, a mentoria é aquele direcionamento do que fazer, como fazer sem críticas ou discursos estigmatizados como  “vocês tem que fazer isso e aquilo”, mas não é ensinado de maneira prática. Meu trabalho é dividir a minha experiência acadêmica com aqueles que passam pelos mesmos desafios pelos quais passei, porém sem auxílio. É o de literalmente dizer: vai na coordenação do seu curso, peça a ementa do seu mestrado e vamos observar os créditos que você precisa cumprir e vamos traçar um plano para executá-lo em tempo x para você tomar posse no concurso que terá a chamada dos classificados no tempo y. Na graduação, eu não tive quem falasse dessa parte administrativa e burocrática que existe na vida acadêmica.

(En)Cena: Como equilibrar o apoio acadêmico com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais na mentoria?

Sônia: Eu sou boa em observar o comportamento das pessoas. Cada pessoa tem o seu. Caso a pessoa seja espontânea vou nessa linha, caso seja mais formal, também vou nessa linha. Só fecho mentorias com pessoas comprometidas, se a pessoa me der abertura sobre as questões socioemocionais, sou toda ouvidos, porém, muitas vezes as pessoas possuem problemas que fogem do meu alcance, como, conciliar a rotina familiar com a acadêmica, ou seja, a pessoa diz que quer fazer mestrado mas não quer abrir mão de todos os finais de semana na balada, todos os aniversários dos amigos, todos os eventos da igreja. Nesses casos eu não posso ajudar nem interferir. O percurso acadêmico é uma decisão.

(En)Cena: Como a mentoria pode auxiliar os alunos a lidarem com a pressão acadêmica e equilibrar suas demandas pessoais?

Sônia: Com organização de conteúdos e prazos e direcionamento do que e como fazer determinado trabalho acadêmico; tudo seguindo as normativas da instituição à qual o acadêmico está vinculado.

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“Rio, Negro” – presença e contribuição da população negra na formação do Rio de Janeiro

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ASSISTA AO TRAILER: https://www.youtube.com/watch?v=P3RSPKLCuwQ

O filme, apresentado pela Casa Fluminense, traz imagens históricas e depoimentos de intelectuais como Haroldo Costa, Luiz Antonio Simas, Mãe Meninazinha de Oxum, Tainá de Paula e Leandro Vieira

Entre a segunda metade do século XIX e o início do século XX, o Rio de Janeiro foi o epicentro da chegada de mais de 2 milhões de pessoas negras escravizadas no Brasil. O documentário “Rio, Negro”, da Quiprocó Filmes, distribuído pela Pipa Pictures, aborda e demarca – por meio de entrevistas com grandes personalidades e intelectuais cariocas, além de imagens históricas – os processos sociais, políticos e as profundas transformações ocorridas naquele período no Rio devido à presença e à influência de pessoas negras de origem africana.

Trazendo uma perspectiva afrocentrada sobre a formação da cidade, o documentário revela o protagonismo individual e coletivo da população negra, bem como a perseguição institucional que culmina na transferência da capital para Brasília também como uma estratégia de apagamento desta população. “Rio, Negro” apresenta argumentos históricos inéditos que articulam o ideário racista que molda nossas relações sociais, a mudança da capitalidade nacional e os efeitos políticos decorrentes desse processo sobre o Rio de Janeiro.

Com roteiro e direção de Fernando Sousa e Gabriel Barbosa, o longa conta com depoimentos de importantes ativistas do movimento negro, artistas, arquitetos e outros pensadores da cidade, tais como o ator Haroldo Costa, o escritor Luiz Antonio Simas, a vereadora Tainá de Paula, o carnavalesco Leandro Vieira, o ritmista Eryck Quirino, a atriz Juliana França, a ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum, a historiadora Ynaê Lopes, os pesquisadores Christian Lynch, Nielson Bezerra e Eduardo Possidonio, entre outros.

Luís Antônio Simas
Foto: Elisângela Leite

Financiado pela Casa Fluminense, organização carioca que constrói coletivamente políticas e ações para a Região Metropolitana do Rio de Janeiro e que, pela primeira vez, decidiu investir num filme, entendendo a relevância de contar essa história sob o olhar da população negra, “Rio, Negro” vem evidenciar os capoeiristas, sambistas, tias baianas, malandros, barqueiros e diversos outros personagens que forjaram o Rio e seus movimentos culturais, sociais, religiosos e de saberes. 

Mãe Meninazinha de Oxum
Foto: Elisângela Leite

“Em Rio, Negro, o período de transição entre a monarquia e a república é tratado como um momento crucial para a vida social e política da cidade. Foi também quando a população urbana pobre e preta se consolidou, se organizou e foi amplamente acossada pelo Estado. O filme vem pensar a cidade a partir da presença e contribuição dessa população, responsável pelo nosso modo de ser, nossa linguagem falada e corporal, nossas crenças, entre tantas outras características marcantes presentes no nosso cotidiano”, diz o diretor e roteirista Fernando Sousa.

Oprimida  pelas instituições, a população negra oriunda de diferentes países da África era maioria naquele período. Assim, o Rio de Janeiro reunia negros alforriados, negros que ainda chegavam, seus descendentes, e por consequência, todas as práticas culturais, especialmente as práticas africanas herdadas, desenvolvidas e consolidadas ao longo do tempo, como o samba e o carnaval, fundamentais para o restabelecimento dos laços comunitários e para a construção de novas tecnologias e conhecimentos. 

Ao mesmo tempo em que reconstitui essa contribuição, o doc mostra o movimento institucional de “embranquecer” e “civilizar” a cidade por meio da assimilação de modelos urbanísticos e arquitetônicos das metrópoles europeias, sobretudo os de Paris, em detrimento das influências africana e lusitana. Veremos, por exemplo, que a eliminação de cortiços, da região portuária da Pequena África e do morro do Castelo dos espaços urbanos fazem parte desta estratégia.

Apesar de recontar essa história, marcada por muita dor, o diretor e roteirista Gabriel Barbosa enfatiza que “Rio, Negro” traz uma perspectiva diferente:

“É fundamental criar novas narrativas e inverter esse olhar do suplício e do açoite que é constantemente associado à história da população negra. Em ‘Rio, Negro’ invertemos essa lógica, abordando outros olhares como a sofisticação estética e a contribuição destas pessoas em campos como a arte, a ciência, a gastronomia, a linguagem”, diz.

Filme mostra que transferência da capital para Brasília também foi estratégia racista e de apagamento da população negra

O marco narrativo de “Rio, Negro” culmina com a transferência da capital do país para o Centro-Oeste, na década de 1960, com a construção de Brasília. A transferência da capital já era prevista na Constituição de 1891 para trazer modernização e uma suposta segurança e estabilidade política na sede do poder. 

A mudança, de fato, só veio a ocorrer em 1960, deixando o Rio de Janeiro sem qualquer projeto ou política pública direcionada às pessoas que dependiam do movimento da capital, especialmente as pessoas negras, constantemente excluídas dos processos de tomada de decisão. O documentário também expõe os argumentos racistas que deram base à transferência.

“No processo de pesquisa, nos debruçamos sobre este ponto e chegamos a uma série de registros e documentos que expõem argumentos racistas. Há documentos, sobretudo da Missão Cruls, que foi a primeira expedição à região central do Brasil realizada no final do século XIX com o objetivo de preparar a transferência, além de registros do livro “Quando Mudam as Capitais”, escrito por José Osvaldo de Meira Penna, um dos principais ideólogos de Juscelino Kubitschek, que citam justificativas racistas para embasar e legitimar a transferência da capital”, afirma Fernando Sousa.

Casa Fluminense: em iniciativa inédita, organização apresenta “Rio, Negro” por acreditar na importância e na urgência de se contar esta história

Trazendo uma perspectiva afrocentrada sobre a formação da cidade, “Rio, Negro” é a primeira produção cinematográfica de longa-metragem apresentada pela Casa Fluminense, organização da sociedade civil criada em 2013 para fomentar e criar ações efetivas voltadas à promoção de igualdade, ao aprofundamento democrático e ao desenvolvimento sustentável do Rio de Janeiro. 

Helena Theodoro
Foto: Elisângela Leite

Para Henrique Silveira, co-fundador da Casa Fluminense, o filme, sendo um produto cultural, possui essa capacidade de sensibilizar e dialogar com as pessoas, ampliando o alcance e o impacto da mensagem:

“O racismo estrutural organiza a memória oficial a partir de uma perspectiva branca, ocultando as lutas da população negra por justiça, a sua história e seus protagonistas. Por isso a Lei 10.639, que determina o ensino da história da África e dos negros no Brasil, é tão importante. Com o filme queremos apresentar a história do Rio de Janeiro a partir da perspectiva negra, revelando que o projeto da República para essa população sempre foi a exclusão, criminalização, violência e embranquecimento. Por outro lado, foi nas brechas dessa sociedade racista que a população negra marcou profundamente a sociedade brasileira com sua arte, cultura e humanidade”, explica. 

Prestes a completar 10 anos de intenso trabalho, a Casa Fluminense vê o projeto também como uma forma de despertar o pensamento crítico para novas reflexões sobre o passado para, consequentemente, entendermos o presente e o futuro da cidade, bem como a influência da população negra nesses cenários.

“Ao longo dos seus 10 anos, a Casa Fluminense enegreceu a sua equipe executiva, seu Conselho de Governança e o seu programa. Esta foi uma mudança estratégica, pois só é possível construir uma agenda de justiça social se compreendermos o peso do racismo estrutural na reprodução das desigualdades em nossa sociedade. Com essa premissa, o filme joga luz sobre a contribuição dos negros para a formação social do Rio de Janeiro no início do século XX e a mudança da capital federal para Brasília em 1960. São dois fatos históricos fundamentais para compreender os desafios contemporâneos do Rio de Janeiro, como violência urbana e desenvolvimento socioeconômico. Entendemos os movimentos e coletivos negros conquistaram espaço no debate público para a questão racial esperamos que o filme possa contribuir nas pautas de justiça, memória e reparação”, afirma Larissa Amorim, coordenadora executiva da Casa.

Sinopse:

Rio, Negro é um documentário que apresenta um olhar possível para a história do Rio de Janeiro, assentado na presença e contribuição da população negra de origem africana na formação da cidade. A partir de entrevistas e amplo material de arquivo, a narrativa busca desvelar como a população negra forjou trajetórias individuais e laços comunitários em uma cidade-diáspora marcada pelas disputas em torno do projeto “civilizatório” das elites brancas. Rio, Negro confere centralidade a esse debate, articulando o ideário racista, a transferência da capital para Brasília e suas consequências político-institucionais para o Rio de Janeiro.

Tainá de Paula
Foto: Elisângela Leite

 

FICHA TÉCNICA:

Direção e Roteiro | Fernando Sousa & Gabriel Barbosa

Assistentes de Direção | Daila Ferreira & Laura Aguiar

Produção Executiva | Fernando Sousa

Produtores Associados | Henrique Silveira & Wania Sant’Anna

Pesquisa de conteúdo | Alessandra Schimite, Fernando Sousa & Gabriel Barbosa 

Pesquisa e licenciamento de arquivo | Alessandra Schimite

Direção de Fotografia | Laís Dantas

1º Assistente de Câmera | Renan Herison

2º Assistente de Câmera/Logger | Júlia Camargo

Operadores de Câmera | Laís Dantas e Renan Herison 

Vídeo Assist  | Albert Ribeiro

Operador de movimento | Edvaldo Neto

Gaffers | Tainã Miranda & Jon Thomaz

Direção de áudio | Vilson Almeida 

Técnico de som direto | Antonio Carlos V. Da Silva (DMC)

Direção de Produção | Luana Fraga

Assistente de Produção | Felipe Dutra

Fotografia Still | Elisângela Leite 

Direção de arte | Caroline Meirelles

Assistente de Direção de Arte | Patrícia Fuentes

Contra-regra | David Cabelinho

Figurino | Greice Simpatia e Espaço Afro Obìnrin Odara

Costureira bandeira Okê Arô | Aurora Galonete Rodrigues

Produtora de Transporte | Ana Acioli

Produtora de Transporte Assistente | Ana Clara da Silva

Seguranças Alcyr Lauduger e Marco Porto  

Motoristas | Eliacibes Torezani Alcântara de Oliveira, Rodrigo Busquet Valentino da Costa e Rosinaldo Nascimento dos Santos

Coordenação de Pós-Produção | Felipe Bretas – Multiphocus

Produção de Pós-Produção | Dora Motta

Montagem e edição | Eduardo Braz, Gabriel Barbosa, edt. e Thomaz Tarre, edt.

Videografismo | Bragga

Colorista | Renan Castelo Branco

Edição e mixagem de som | Thiago Santos

Trilha sonora original | Muato

Música de abertura | A Voz do Morro, Zé Ketti

Catering | Boteco do Seu França

Assessoria de imprensa | Mario Camelo

Cartaz | Antônio Gonzaga

Controller | Zélia Balbina

Assessoria Jurídica | Daniel Law

 

Elenco | em ordem de aparição

Juliana França, Átila Bee, Álvaro Pereira Nascimento, Ynaê Lopes dos Santos, Eduardo Possidonio, Carlos Eugênio, Nielson Bezerra, Christian Lynch, Mãe Meninazinha de Oxum, Antonio Edmilson, Luiz Antonio Simas, Tainá de Paula, Eryck Quirino, Haroldo Costa, Vinícius Natal , Leandro Vieira, Helena Theodoro , Mauro Osório , Henrique Silveira

 

Sobre a Quiprocó Filmes:

A Quiprocó Filmes é uma produtora audiovisual independente, sediada no Rio de Janeiro, que busca provocar mudanças através de um olhar inquieto. Criamos imagens atentas às histórias, emoções e afetos, a partir de diferentes vozes, transformando a maneira que as pessoas vêem suas próprias vidas e os diferentes elementos da nossa cultura. Criamos conteúdo para Cinema, TV e streaming. Produzimos conteúdo publicitário e institucional para organizações e empresas. Realizamos oficinas audiovisuais em parceria com instituições da sociedade civil.

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Assessoria de Imprensa:


Mario Camelo

Prisma Colab

mario@prismacolab.com.br 

+55 21 99992.3644

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A importância do conhecimento sobre sexualidade na Formação de Professores

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A Formação de professores é um ato contínuo que começa desde o início da sua trajetória profissional, mas falar sobre temas que envolvem sexualidade ainda é um assunto carregado de tabus.   

A formação nas temáticas gênero, corpo e sexualidade é um assunto muito importante, tendo em vista a modernidade a qual estamos passando, ao desenvolvimento humano das novas gerações que tendem a refletir e reestruturar o corpo e a sexualidade como parte indispensável da formação humana e ainda pela simples observação de que todos nós somos seres sexuais.

As sexualidades não podem ser vistas seguindo apenas uma dimensão que é a dimensão biológica, as dimensões que compõem as sexualidades são inúmeras dentre elas: Biológica, Cultural, Social, Política, Religiosa e etc. 

Diante disso o (En)Cena entrevista o Professor Mestre Edmilson Andrade Reis, que é Pesquisador das categorias Corpo, Gênero e Sexualidade na formação de professores. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT-PORTO NACIONAL). Graduado em Enfermagem pela Universidade de Marília (UNIMAR), também é graduado em Pedagogia (UNIP). E atualmente, graduando em Psicologia CEULP-ULBRA, que falará com mais propriedade sobre o assunto. 

(En)Cena – O que é formação de professores e qual a importância da sexualidade durante o processo de formação?

Edmilson Andrade: Formação de Professores é um processo contínuo que deveria acontecer sem restrições , preconceitos, sexismo e etc. Porém, quando observamos a categoria sexualidade na formação de professoras, muitos entraves existem e por esses e muitos outros motivos, as sexualidades são deixadas como responsabilidade das famílias e sabemos que isso quase nunca acontece. Trazendo a importância na formação de professores sobre essa categoria, é importante destacar que todos nós somos seres sexuais e as sexualidades são constituídas por inúmeros fatores que incluem: orientação sexual, gênero, afeto, carinho, respeito e etc. Nesse sentido, no processo de formação a abordagem sobre as sexualidades deve acontecer de forma esclarecedora visando, primeiramente, observação da faixa etária dos alunos, em seguida definir o método educativo que será utilizado, orientar sobre as fases de desenvolvimento humano e, finalmente, esclarecer que as sexualidades são construções individuais a partir de dimensões que incluem: social, cultural, biológica e religiosa.  

(En)Cena – De que forma a educação brasileira trabalha a sexualidade?

Edmilson Andrade: A educação brasileira entende que as sexualidades são evidenciadas meramente a partir da dimensão a biológica, pois, muitos insistem em afirmar que nascer homem ou mulher (macho ou fêmea) é sexualidade, e nós sabemos que isso é apenas uma dimensão que a constitui e ela, por si só, não se torna responsável por construir as sexualidades. Porém, temos em outro paralelo o fato de que abordar temáticas sobre Infecção Transmitida Sexualmente-ITS´s, HIV/AIDS e gravidez na adolescência, entre outros, são abordagens que constituem as sexualidades, porém, mais uma vez estamos nos restringindo apenas à dimensão biológica, o que invalida as demais dimensões.

(En)Cena – Como a Psicologia tem se relacionado com suas outras experiências multiprofissionais?

Edmilson Andrade: A psicologia vem acrescentar saberes e perspectivas, tanto na questão profissional e pessoal, pois, se somos seres bio-psico-sócio-espirituais, a psicologia se encaixa perfeitamente no tocante às emoções, comportamentos, fatores cognitivos, relações familiares, mecanismos de defesas, fases de desenvolvimento humano, incluindo o ato de nascer e morrer, afinal, uma grande parte de nossas vidas passamos refletindo, pensando e questionando a essência do eu, e os corpos. 

(En)Cena – Em quais dimensões a sexualidade pode ser trabalhada em um contexto multidisciplinar?

Edmilson Andrade: As dimensões que constituem as sexualidades por si só, já são vistas como multidisciplinares, porque quando pensamos nas sexualidades elas estão presentes nos corpos humanos. Esses corpos já são trabalhados, moldados e estruturados em contextos multidisciplinares. Um exemplo é quando pensamos na dimensão psicológica que também constitui as sexualidades, afinal, somos indivíduos com desejos, repletos de construções e desconstruções.

(En)Cena – Quais são as implicações de abordar a sexualidade dentro de um processo de formação ou de construção do Ser Humano?

Edmilson Andrade: No tocante ao ser humano, todos nós somos seres que possuímos sexualidades, afinal, ela não se restringe apenas ao ato sexual e sim como categoria que faz parte da essência e construção dos corpos humanos, um simples ato de abraçar, acariciar e ter afeto já é em si, exercer partes que tange às sexualidades.

Trazer as sexualidades para o contexto de formação de professores, ainda é um grande desafio, pois nos deparamos diariamente com ideologias políticas partidárias e educacionais que acreditam veementemente que esclarecimento sobre sexualidades na sala de aula é sinônimo de alteração de gênero. 

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O adeus à Anna O.

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Já nos aproximamos do final do semestre letivo. Todas as atividades se tornaram urgentes e inadiáveis e ontem vivi um desafio interessante: precisei me despedir da minha primeira paciente na clínica escola a quem chamarei simbolicamente de Anna O, em homenagem à analisanda de Breuer e Freud que inaugura os estudos de psicanálise.

Sobre verdadeira Anna O. é preciso dizer, ao menos, que também não tinha esse nome. Era Bertha Pappenheim, que aos 21 anos quando foi diagnosticada com histeria, doença exemplar da época Vitoriana, pelo médico Joseph Breuer.

A jovem estava recolhida em seu quarto sofrendo de contraturas, de paralisia no lado esquerdo do corpo, mergulhada em mutismo e delírios diversos quando recebeu os primeiros cuidados por meio de catarse e hipnose de Breuer.

Anos depois, em decorrência do tratamento de Freud, por meio da psicanálise, Bertha Pappenheim se tornou a primeira assiste social da Alemanha dedicando-se a acolher jovens judias pobres e inúmeras órfãs que eram levadas a prostituição.

O caso de Anna O. descrito por Freud no Livro Estudos Sobre Histeria, deixa claro que era preciso ouvir e interpretar as falas que vinham do inconsciente, o que os sonhos poderiam revelar e fazer de toda dor, sofrimentos banais. Com isso, Freud inaugura a psicanálise, tratamento que propõe a cura pela fala; inicia a noção da sexualidade na origem das neuroses, desenvolve a ideia da reversibilidade dos sintomas histéricos e, também, identifica evidências do amor de transferência.

Fonte: Imagem no Freepik

Voltemos à história da minha Anna O.!

Confesso que adiei o dia da despedida ao máximo, afinal, esses momentos propiciam os temíveis feedbacks e as avaliações. E eu estava insegura sobre qual seria a percepção da minha primeira paciente sobre o resultado do nosso ano de terapia.

Quanto a isso é preciso destacar que o trabalho desenvolvido com ela, que é estudante de psicologia, foi muito marcado pela transferência e pela contratransferência. Desde uma interação facilitada por uma transferência positiva iniciada nos primeiros contatos, até os desafios intensos do manejo continuado de transferência negativa, nos dois meses finais. Além, da inegável, contratransferência causada pelo fato de a minha Anna O. ser estudante de psicologia, conhecer das teorias e técnicas que eu aplicava nas sessões e, por fim, utilizar-se deste conhecimento como meio de resistência ao processo terapêutico.

Para o dia da despedida, eu ensaiei ao máximo todas as saídas previsíveis a fim de ter apoio em caso de dificuldades. E se ela não dissesse nada, isso significaria que ela não havia gostado do trabalho? E se ela fizesse uma crítica dura, ainda poderia ser interpretada como transferência negativa?

Enfim, como eu iria lidar com o meu ego narcisista de psicóloga em formação ante ao feedback da paciente que pegou o início da minha prática ainda tão rudimentar?

Foi assustador! Mas como os prazos não esperam, me lancei ao desafio.

E no final deu tudo certo. Ela chorou a sessão toda. Confessou que também tinha medo do dia da despedida. Agradeceu a disponibilidade e o trabalho desenvolvido: mais por ela do que por mim. Que fique claro! Disse ter ficado surpreendida com a clínica de ênfase em psicanálise, pois quando se dispôs a iniciar a terapia imaginava que ia apenas “se conhecer melhor” e não esperava que a experiência e a transferência fossem provocar tantas dores e tantas conquistas.

Fonte: Imagem no Freepik

Confesso que eu só não chorei, porque, afinal psicólogo não chora! Faz semblante de analista!

Mas que eu precisei lembrar disso várias vezes, eu precisei.

O bacana da experiência foi perceber na prática que o esforço do estudo, do empenho e da coragem de se arriscar mesmo sendo ainda tão iniciante trouxe resultado útil à paciente, apoiando-a a alcançar alterações concretas em suas relações e no manejo dos seus sintomas.

Quando eu lembro que perdi noite de sono preocupada com a possível ideação suicida de Anna O., mal consigo reconhecer a moça que falava comigo na última sessão. Sua libido não estava mais regredida, ela conseguiu trabalhar, não deixou a faculdade, não tinha mais crises de insônia ou de ansiedade, nem levantava a cada 10 minutos para ir ao banheiro durante a sessão.

Contudo ela ainda continua a ser minha Anna O. E como se dispôs a manter a terapia na clínica escola da Ulbra, na ênfase da psicanálise, certamente será o maravilhoso desafio de outro colega a partir do próximo ano.

REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund, 1856-1939. Obras completas, volume 2 : estudos sobre a histeria (1893-1895) em coautoria com Josef Breuer / Sigmund Freud ; tradução Laura Barreto ; revisão da tradução Paulo César de Souza — 1a ed. — São
Paulo: Companhia das Letras, 2016.

FREUD, Sigmund, 1856-1939 Cinco lições de psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos (1909) / Sigmund Freud.

SANTOS, Manoel Antônio. A transferência na clínica psicanalística: a abordagem freudiana. Temas psicol. vol.2 no.2 Ribeirão Preto ago. 1994

ISOLAN, Luciano Ransier. Transferencia erótica uma breve revisão. 189 Transferência erótica – Isolan Rev Psiquiatr RS maio/ago 2005;27(2):188-195

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Saúde mental de acadêmicos no último ano de curso

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En(Cena) entrevista a psicóloga Adriele Freire

 “A reta final da graduação é marcada por mudanças, como o início dos estágios específicos supervisionados e da elaboração do trabalho de conclusão de curso que podem trazer sofrimento psíquico aos universitários’ ‘- Adriele. (Trecho retirado do artigo encurtador.com.br/ajAF p.7)

Adriele Freire, acadêmica egressa do CEULP/ULBRA, atualmente Psicóloga no Serviço Escola de Psicologia (SEPSI) do CEULP/ULBRA, teve como sua tese de conclusão  de curso “A SAÚDE MENTAL DE ACADÊMICOS NO ÚLTIMO ANO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DO CEULP/ULBRA”, tema esse que se tornou base para uma série de reflexões.

Aproveitando o vasto conteúdo e a importância desse TCC para graduandos, trouxemos a presença  de Adriele Freire. A entrevista concedida nos proporcionou ainda mais conhecimento, nos fazendo sentir parte do processo, ao mesmo tempo que pode sanar curiosidades.

Fonte: Arquivo Pessoal

EN(CENA) – Comparando 2017 e o ano atual, você acha que o sofrimento psicológico dos alunos, estando na reta final da graduação ou não, é diferente?

Adriele Freire – Acredito que sim, principalmente por causa da pandemia, que trouxe várias outras preocupações aos acadêmicos junto com mudanças significativas em suas rotinas.

EN(CENA)- Atualmente a ULBRA não possui mais o Trabalho de Conclusão de Curso. Você acha que isso diminuiu o sofrimento psicológico?

Adriele Freire – Sim, pois foi um dos aspectos mais citados pelos acadêmicos como estressor nessa etapa do curso quando realizei a pesquisa. Alguns até sugeriram que fosse realizado em dupla como alternativa para diminuir o estresse.

EN(CENA)- Você acha que existe uma normalização do sofrimento, não só nas turmas de Psicologia mas no ensino superior como um todo?

Adriele Freire – No ensino superior como um todo penso que ainda existe certa falta de conhecimento e, consequentemente, preconceito em relação ao cuidado com a  saúde mental. Em relação às turmas de psicologia, em alguns momentos, parece que há negligência em relação ao autocuidado.

Fonte: encurtador.com.br/acA68

EN(CENA)- Essa questão do sofrimento aliada à pressa de se formar para entrar no mercado de trabalho e conseguir independência pode trazer diversos desgastes para o estudante. Desgastes dos quais resultam em transtornos como a ansiedade e a depressão. A transição brusca do ensino presencial para o remoto pode ter potencializado o surgimento desses transtornos?

Adriele Freire- Acredito que sim, pois a pandemia trouxe muitos temores e incertezas em relação ao futuro tanto profissional quanto pessoal e familiar.

EN(CENA)Aqui no CEULP/Ulbra nós temos o alteridade, que é o núcleo de atendimento educacional especializado em discentes universitários. O qual conta com servidores multidisciplinares entre eles  psicólogos e estudantes de Psicologia. Como projetos de extensão como esse contribuem de forma positiva aos acadêmicos? Como incentivar os alunos a buscarem esses serviços em suas faculdades?

Adriele Freire –É muito importante na vida do universitário, pois é um suporte social que auxilia nesse momento tão importante que é a formação profissional. Acredito que a divulgação desse serviço principalmente através das redes sociais pode ser uma forma de incentivo, uma vez que são cada vez mais utilizadas.

EN(CENA) Em seu artigo você nos traz a realidade dos sintomas psicossomáticos em acadêmicos, como  por exemplo privação de sono, estresse, angústias  e facilitadores de desequilíbrios hormonais. De que formas esses sintomas prejudicam os acadêmicos e como eles podem ser aliviados ou reduzidos?

Adriele Freire- Podem prejudicar em vários aspectos, como no desempenho acadêmico e até no dia a dia. Utilizar estratégias de coping, de autocuidado podem ajudar, são coisas que os acadêmicos geralmente esquecem-se de fazer, talvez devido à demanda da faculdade e mesmo a ansiedades relacionadas à formação.

Fonte: encurtador.com.br/mtBG6

EN(CENA)Existe um estigma de que  estudantes de Psicologia/ saúde cuidam dos outros, mas negligenciam sua própria saúde mental e física. Quais dicas você daria para que esses estudantes pudessem otimizar o tempo, mas sem se esquecer do autocuidado?

Adriele Freire- Acredito que a terapia é uma grande aliada nesse aspecto, mas na impossibilidade de fazer, o suporte de colegas que estão no mesmo momento ou passando por situações semelhantes pode ajudar bastante, um exemplo podem ser encontros em grupos para falar sobre as questões da faculdade.

EN(CENA) Entre o meio acadêmico de psicologia, muito se fala  e  se estuda sobre suicídio e depressão. Mas sabemos que muitos desses alunos fazem parte das estáticas de tentativa de suicídio. Em sua opinião como promover uma psicoeducação, além do exigido academicamente (palestras, trabalhos) para que de fato esses alunos se conscientizem?

Adriele FreireTalvez a partir de rodas de conversa sobre a saúde mental dos próprios acadêmicos de psicologia em que haja um momento de troca entre eles seja uma forma de verem em si mesmos o que estudam, de forma que consigam entender e agir de forma efetiva sobre si mesmos.

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Tá, mas e agora? Sobre se formar em Psicologia durante a pandemia

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Meu nome é Giovanna Gomes, eu tenho 22 anos e já estive em mais lugares do que eu pensei que estaria. Já morei em quatro das cinco regiões do país, e estudei ao todo em treze instituições de ensino (somando o ensino regular com a universidade).

Nada disso me preparou para me transferir para um estado do qual eu nunca tive, em uma faculdade em que eu não conhecia ninguém presencialmente. Mudei-me para cá no segundo semestre de 2020, e estou atualmente no 9º semestre. Quando você estiver lendo isso, talvez eu esteja até formada.

As salas de aula são ocupadas por e-mails, usuários com fotos de anime, fotos deles mesmos, ou até mesmo sem nenhuma foto. No meio de uma pandemia em que não podemos ter contato, o contato que era tão necessário para que eu pudesse me sentir integrada não existiu. Formar grupos é algo que só aumenta a sensação de estranheza. Não sei se a forma de trabalhar e desenvolver as tarefas de cada pessoa funciona, então é quase como uma roleta russa. Não conheço a aparência de grande parte dos alunos, não consigo associar o rosto aos nomes com facilidade, não sei como eles gostam de se expressar, qual a sonoridade da voz de grande parte deles.

Fonte: encurtador.com.br/gCHLS

Vou me formar sem nunca ter pisado na faculdade. Vou ter habilidades, conexões sociais, boas o suficiente para conseguir um emprego após a formação? Algum colega do qual eu me dou bem está pensando em abrir um consultório compartilhado? Não faço ideia. Estou assustada? Com certeza.

Mas a vida é sobre jornada, sobre momentos.

Tive sorte que outros alunos em situações similares não tiveram. Em Junho de 2021 tive a oportunidade de me tornar estagiária no SEPSI – Serviço Escola de Psicologia, e aceitei de todo o coração. As meninas de lá me acolheram, me ensinaram, me abraçaram em toda a minha confusão e medo. É por causa delas que tenho a oportunidade de conhecer parte dos alunos que fazem estágio em ênfase clínico, que estão na mesma jornada que eu.

Os nomes, os usuários, agora têm rosto. Sim, ainda tenho o medo existencial de me graduar, eu acho que ele nunca nos deixa completamente. Mas é maravilhoso saber que não estou sozinha.

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Adaptação ao novo normal – O desafio de formar na pandemia

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Um dos grandes desafios que todo o mundo está enfrentando com certeza é a pandemia pelo coronavírus. Além de trazer uma nova realidade e um novo “normal”, tivemos que aprender a conviver com a distância, descobrir novos talentos e também nos reinventarmos diante deste novo cenário.

Como estudante de Psicologia, foi um grande susto vivenciar um fato como este, já estudamos várias pandemias que aconteceram no decorrer dos séculos e décadas, mas nunca esperei que eu pudesse viver algo do tipo. Inicialmente seria apenas uma quarentena, que começou a se estender por dois, quatro, seis meses e depois um ano.

Inicialmente quando as aulas pararam me senti assustado e sem saber o que poderia acontecer, mas a esperança de que as aulas voltassem e tudo normalizasse estava presente. Tivemos que nos adaptar a um novo contexto, as aulas não poderiam voltar de forma presencial e, portanto tivemos que aderir ao modelo de ensino remoto.

Fonte: Pixabay

No primeiro foi um pouco estranho, muitos colegas não conseguiram se adaptar e até trancaram o curso para esperar o retorno das aulas presenciais. Este retorno a cada semestre era adiado e então não tivemos escolha, a não ser nos adaptar a isto.

Cheguei ao último ano de curso e vi vários colegas que se formaram na modalidade online e foi tudo diferente. O sonho de estar no auditório com a família, amigos e a emoção comovendo todos, deu lugar a uma tela de computador onde tudo era transmitido através de uma videochamada.

Sinto-me privilegiado de mesmo diante deste cenário poder ter a oportunidade de continuar estudando e contribuindo para o meu sonho de me tornar um psicólogo. Mesmo tendo que me adaptar, eu me sinto confiante de não ter desistido. Não foi fácil, as aulas remotas muitas vezes eram pesadas e cansativas e chegava a pensar se estaria mesmo aprendendo.

Fonte: encurtador.com.br/gruI7

Com o avanço da vacinação, fico mais alegre de ver que as matérias de estágios voltaram de forma presencial, mas tenho muitas saudades de andar pelos corredores da Ulbra, encontrar os amigos, professores, dividir uma sala de aula, reclamar do frio do ar condicionado e vivenciar a experiência de estar em uma sala de aula. Ainda não é o momento de voltarmos ao total, mas a alegria de ver que as pessoas estão conseguindo ficar imunizadas, me deixa mais tranquilo de fazer a minha parte tomando todos os cuidados.

Com o início do estágio, essa confiança retornou com mais força e me sinto mais próximo de alcançar o meu objetivo. Confesso que ainda tenho a esperança de que quando for a minha vez, eu esteja no auditório para conseguir me formar. Acredito que o grande êxito da faculdade além de poder exercer a profissão, é ver as pessoas que amo celebrando comigo a vitória de conseguir finalizar uma parte da vida acadêmica, pois sei que um psicólogo nunca deve parar de estudar.

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Congresso do CFP contará com professores e acadêmica da Psicologia

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A apresentação foi inscrita no Eixo “A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia”

A professora, psicóloga e coordenadora Dra Irenides Teixeira, o professor Esp. Sonielson Sousa e a acadêmica Hannah Oliveira, todos do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, tiveram um trabalho aprovado para ser apresentado no ‘V Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão’ na modalidade de Comunicação Oral.

Profa. Dra. Irenides Teixeira e Prof. Esp. Sonielson Luciano. Foto: Arquivo pessoal.

O evento ocorre no período de 14 a 18 de novembro de 2018, organizado pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP, na UNINOVE – Campus Memorial (São Paulo – SP). O grupo irá apresentar o trabalho sob o título “Mídia como catalisadora de discursos ambivalentes para os jovens da Pós-Modernidade”. O dia e horário da apresentação ainda serão definidos.

Acadêmica Hannah Silva e Prof. Esp. Sonielson Luciano. Foto: Assessoria de imprensa do Ceulp/Ulbra.

O trabalho foi inscrito no Eixo “A psicologia e a superação das desigualdades no acesso e qualidade da formação em psicologia”, na área de ‘Comunicação Social e Psicologia’. O grupo irá abordar, numa revisão bibliográfica, como a dinâmica contemporânea engendrada pela mídia gera uma gama de jovens frustrados.

Mais sobre o trabalho

Com a aparente difusão do poder à massa anônima, já que as estruturas mediadoras da Modernidade, como o papel indutor do estado, por exemplo, se enfraqueceram, a ansiedade e insatisfação tornam-se referências corriqueiras para as populações jovens. Isso provoca um enorme mal-estar geral, sobretudo nos adolescentes e nos jovens adultos, cujos sintomas são percebidos na clínica psicológica.

Desta forma, predomina um cenário onde impera uma espécie de terra de ninguém que se coloca a todo o momento como um desafio a ser constantemente superado. Isto, metaforicamente, é a própria materialização do neoliberalismo, que opera por meio de bases líquidas e que impacta sobremaneira na formação identitária destes jovens.

Por esta ótica, os dispositivos de controle – inserindo aí as relações de poder explicitadas pela imprensa – colocam o jovem numa situação de ambivalência. Estes são submetidos à ideia de trabalhar por um progresso ininterrupto e um excessivo autogerenciamento da vida. No entanto, a possibilidade de que todos usufruam de um processo de individualização e de formação identitária adequada aos padrões liberais de consumo publicizados pela mídia é inalcançável, e a Psicologia tem como papel primordial, no campo social e do ativismo político, criar narrativas de comunicação que denunciem esta dinâmica, sob pena de ver eclodir uma gama ainda maior de distúrbios de ordem emocional/psicológico.

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