Psicóloga aponta estratégias práticas para equilibrar o uso das telas e recuperar o bem-estar emocional
A disseminação das tecnologias digitais alterou expressivamente a interação social, afetando o equilíbrio emocional e psicológico dos indivíduos. O acesso contínuo à informação, característica marcante desta era, expôs as pessoas a níveis elevados de ansiedade e sobrecarga emocional, condições frequentemente relatadas em consultórios de saúde mental.
De acordo com diversos estudos recentes, a exposição prolongada às telas e o uso excessivo de redes sociais estão diretamente relacionados ao aumento da ansiedade. Esses fatores são capazes de duplicar os casos de distúrbios psicológicos em comparação a períodos anteriores ao avanço tecnológico.
A psicólogaMaria Klien, especialista em ansiedade e medos, destaca que a hiperconectividade influencia diretamente a saúde mental. Conforme ela explica, a exposição constante a notificações, mensagens e demandas virtuais gera um estado permanente de alerta, prejudicando o repouso mental necessário para o equilíbrio emocional.
“A ansiedade desencadeada pela vida digital deriva, frequentemente, da percepção distorcida de urgência imposta pelas plataformas. A mente humana não está adaptada para a incessante exposição a estímulos, resultando em quadros de estresse”, esclareceMaria Klien.
Além dos sintomas emocionais, o uso excessivo das telas pode resultar em distúrbios físicos, como alterações do sono e comprometimento da visão. Esses fatores se somam às consequências psicológicas, agravando o quadro geral de saúde do indivíduo.
Maria Kliensugere práticas específicas para minimizar os impactos negativos da vida digital. Entre as estratégias indicadas estão a definição clara de limites no uso das plataformas, a redução do tempo diário dedicado aos dispositivos eletrônicos, silenciar as notificações e a incorporação regular de atividades de atenção plena.
“Estabelecer limites rígidos para o uso de aparelhos digitais é crucial. Uma rotina que inclua momentos específicos para a verificação das plataformas online pode reduzir significativamente a ansiedade”, recomenda a psicóloga.
Outra orientação é evitar o contato com dispositivos digitais pelo menos uma hora antes de dormir, medida que favorece a qualidade do sono. O período de repouso livre de interferências tecnológicas auxilia na recuperação emocional e cognitiva do indivíduo.
Para auxiliar nesse processo, a prática demindfulnesstem se mostrado eficaz ao estimular a concentração no momento presente, proporcionando um descanso mental das tensões causadas pelo ambiente virtual. Tal técnica oferece uma abordagem eficaz para lidar com a sobrecarga emocional da vida contemporânea.
“O mindfulness é uma ferramenta essencial para reconectar as pessoas ao momento presente. Com a prática regular, se torna possível mitigar os efeitos negativos da hiperconexão”, finalizaMaria Klien.
Sobre Maria Klien
Maria Klien exerce a psicologia, se orientando pela investigação dos distúrbios ligados ao medo e à ansiedade. Sua atuação clínica integra métodos tradicionais e práticas complementares, visando atender às necessidades emocionais dos indivíduos em seus universos particulares. Como empreendedora, empenha-se em ampliar a oferta de recursos terapêuticos que favorecem a saúde psíquica, promovendo instrumentos destinados ao equilíbrio mental e ao enfrentamento de questões que afetam o bem-estar psicológico de cada paciente.
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Mindfulness e Teatroterapia podem te ajudar a se expressar na faculdade
As tensões fazem parte do processo evolutivo do ser humano, um componente inerente à vida. Todavia, uma vez que elas se tornam frequentes e intensas, podem levar o indivíduo a um processo de adoecimento totalmente contrário ao seu progresso. E, o ambiente universitário, é um local que gera maior índice de tensão nos indivíduos participantes, não é à toa, é amostra de grupo onde percebesse maior índice no desenvolvimento de transtornos mentais. Prova disso, a OMS (2015) revela que 10% da população mundial sofre de algum transtorno psíquico, porém, quando vemos essa amostragem com estudantes universitários, mais de 40% dos jovens acadêmicos possuem algum transtorno mental Gomes & col. (2020)
Esses índices levam à seguinte reflexão: quais grandes marcadores no ambiente universitário geram essa tensão nos acadêmicos e, ocasionalmente, desenvolvimento dos transtornos psíquicos? Oliveira e Duarte (2004) se atentam ao stress gerado nas apresentações dos trabalhos universitários, e percebem que esses momentos os tornam mais vulneráveis a essa tensão devido a exposição e avaliação rígida sobre o construto de seu trabalho acadêmico. Gerando nesses universitários índices mais elevados de ansiedade e sintomas ligados a ela, até porque, a atuação do acadêmico dentro desse contexto o faz refletir diretamente no seu futuro profissional e o torna mais sensível e crítico consigo mesmo.
Tendo isso em vista, nota-se a relevância na busca de ferramentas para diminuir o nível de estresse gerado nas apresentações orais dos trabalhos acadêmicos. Uma dessas ferramentas da psicologia que podem ser utilizadas para diminuir o nível de estresse são Mindfulness e teatroterapia. Conheça abaixo sobre cada uma delas e como elas podem te ajudar:
O QUE É MINDFULNESS
Também chamada de atenção plena, tem origem no budismo. Quem trouxe o mindfulness para o Ocidente e passou a estudá-lo foi o biólogo americano Jon Kabat-Zinn (2005, n.p) , em 1979. Ele iniciou na faculdade de medicina da Universidade de Massachusetts, nos Estados Unidos, um programa de redução de estresse, batizado como Mindfulness-BasedStress Reduction. O programa de Jon Kabat-Zinn é o mais conhecido, porém existem diversos outros protocolos indicados por psicólogos, psiquiatras e demais profissionais da saúde mental. Hoje o mindfulness complementa o tratamento de transtornos mentais como ansiedade generalizada e depressão, por auxiliar no manejo de problemas do dia a dia.
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Mindfulness é a prática de se estar no momento presente da maneira mais consciente possível. Para Jon Kabat-Zinn “a consciência surge quando prestamos atenção, com propósito, no momento presente e sem julgamentos”. Ou seja, focar sua atenção em cada movimento, situação, respiração, e deixar de lado as distrações, pensamentos externos e sentimentos anteriores, para intencionalmente sentir, ouvir, viver plenamente a situação presente, também se trabalha a disciplina da mente com o objetivo de aumentar o foco. Com isso, aprendemos a fazer escolhas mais conscientes e funcionais, influenciando positivamente na maneira como lidamos com os desafios cotidianos.
A prática para permanecer no estado mental de atenção plena é como uma atividade física, é preciso treinar e manter uma rotina para sentir os resultados, ela pode ser exercitada em atividades simples do dia a dia, como escovar os dentes, tomar banho ou comer, esse exercício exige dedicação e autorregulação por parte de cada pessoa para se alcançar os resultados.
O QUE É TEATROTERAPIA
Na teatroterapia, o psicólogo utiliza de recursos e técnicas teatrais com fins terapêuticos, geralmente com o objetivo de se trabalhar habilidades sociais. Ele permite ao participante exercitar novos papéis, promovendo diferentes vivências e formas de ação, desenvolvendo nele habilidades de autoexpressão, espontaneidade, relacionamentos interpessoais. Auxilia ainda na resolução de conflitos internos e na aquisição de uma linguagem expressiva própria (ROCHA, 2007, pág. 25).
De acordo com Marcia Pontes Mendonça (2012), terapeuta organizacional colaboradora do site redehumanizasus.net, trata-se de uma estratégia terapêutica concebida em 1997 cuja elaboração foi baseada no Método Boal de Teatro e Terapia, no Teatro da Espontaneidade de Moreno, em princípios de Psicomotricidade e abordagens corporais como a bioenergética e o Sistema Rio Aberto, bases teórico-práticas da Terapia Ocupacional, além de ferramentas do teatro como a teatralidade, a espontaneidade e os jogos dramáticos”.(MENDONÇA, 2012, n.p)
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Ainda de acordo com ela, a técnica teatral trabalha questões conflitivas presentes em desafios cotidianos, explorando as possibilidades de (re)vivências de eventos rotineiros e concedendo o poder de transformação através da (des)construção dele. Durante a terapia, “emoções emergentes são simbolicamente enfrentadas, para que sejam transpostas para a atuação na vida real” (MENDONÇA, 2012). Ou seja, o ambiente artístico de uma sala de ensaio permite que as habilidades socioemocionais sejam trabalhadas em um ambiente controlado, que não só imita a vida, mas busca relações reais entre seus participantes.
Em conclusão, aprender sobre as técnicas do psicodrama e entender a importância da teatroterapia serve como base para a futura atuação enquanto profissionais, tendo em vista os benefícios do uso das artes para a expressividade acadêmica e no contexto pessoal. A partir dos elementos supracitados é possível compreender que de modo geral a habilidade de se reconhecer enquanto pessoa e conseguir externalizar o seu “eu” real, antecede as práticas acadêmicas que exigem saber utilizar os conhecimentos adquiridos juntamente com tais habilidades, que servem como instrumento para o dia a dia, independente da sua área de atuação.
REFERÊNCIAS
GOMES, Carlos Fabiano Munir et al . Transtornos mentais comuns em estudantes universitários: abordagem epidemiológica sobre vulnerabilidades. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.), Ribeirão Preto , v. 16, n. 1, p. 1-8, mar. 2020 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762020000100009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 30 maio 2022.
ROCHA, A. Teatroterapia: O teatro como terapia social. Arquivo PDF, 2007. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/T202148.pdf
MENDONÇA, M. TEATROTERAPIA RECURSO TERAPÊUTICO ALIADO À TRATAR CONFLITOS PESSOAIS E GRUPAIS. Rede Humanizasus, 2012. Disponível em: https://redehumanizasus.net/12711-teatroterapia-recurso-terapeutico-aliado-a-tratar-conflitos-pessoais-e-grupais/
Teatro, Autismo e desenvolvimento socioemocional. Clia Psicologia, [s.d]. Disponível em: https://cliapsicologia.com.br/piracicaba/teatro-terapeutico/#:~:text=Qual% 20%20 objetivo%20do%20 Teatro,nos%20 ajuda%20a%20a can%C3%A7%C3%A1%2 Dias.
CUNHA, L.; SILVA, R.; ALCÂNTARA, B. UM ESTUDO SOBRE A IMPORTÂNCIA DA DINÂMICA DE GRUPO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM PROFESSORES. Revista Eletrônica, [s.d]. Disponível em: http://revistaeletronica1.hospedagemdesites.ws/revistaeletronicarh/pasta_upload/artigos/a33.pdf
BALDISSERA, O. O poder do mindfulness explicado pela neurociência. Pós Digital, 2021. Disponível em: https://posdigital.pucpr.br/blog/mindfulness-neurociencia
Pichon-Rivière: para psiquiatra e psicanalista argentino, aprender em grupo significa conviver com uma leitura criativa e crítica da realidade. Revista Educação, [s.l], Edição 243, online, 1 nov. 2017. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2017/11/01/pichon-riviere-aprender-em-grupo/
MINAYO, M. C. et. al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21. Petrópolis: Vozes, 2002. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/franciscovargas/files/2012/11/pesquisa-social.pdf
MARINHO, A. C.; TEIXEIRA, L. Medo de falar em público e timidez em universitários, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/35290#:~:text=O%20medo%20de%20falar%20em%20p%C3%BAblico%20foi%20associado%20com%20a,em%20p%C3%BAblico%20negativa%20ou%20positiva.
Autores: Ellen Chaves Silva, Gabriela da Silva Queiroz, Lucas do Nascimento da Silva, Melissa Fernandes Magalhães.
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Dialética e TFC ajudam mulheres gestantes no mercado de trabalho
24 de setembro de 2022 bruna texeira rabelo
Insight
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Na contemporaneidade, a discriminação contra profissionais gestantes é um tema recorrente, pois muitas são desrespeitadas a partir do momento em que engravidam. Cabe lembrar que, apesar da lei impedir que profissionais gestantes com Registro na Carteira de Trabalho sejam demitidas sem justa causa, a realidade perdura, fazendo com que muitas mulheres sejam humilhadas diariamente e submetidas a níveis de estresse muito altos, além de serem vítimas de assédio moral.
Assim, esse cenário na vida da mulher nos papéis de mãe e trabalhadora pode gerar desequilíbrio emocional, decorrente do quadro de que a maternidade é vista como uma variável agravante, fazendo com que os gestores cometam comportamentos violentos, tais como: retirar a autonomia da trabalhadora gestante ou contestar, a todo momento, suas decisões; vigilância excessiva seguida de manipulação de informações; isolar fisicamente o trabalhador e presumir que a carga horária da mulher deve ser reduzida apenas por conta da gestação.
O que é Dinâmica de grupo?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupo (2006, p. 1), “dynamis é uma palavra de origem grega que significa força, energia, ação”. E, Segundo Tatiana Wernikoff, (Instituto de Psicologia Organizacional) “Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo específico, caracteriza uma dinâmica”.
Em um artigo publicado em 1944 por Kurt Lewin, Dinâmica de Grupo é o “estudo das forças que agem no seio dos grupos, suas origens, consequências e condições modificadoras do comportamento do grupo”.
A Dinâmica de Grupo consiste em permitir que os indivíduos participantes desenvolvam suas habilidades e se tornem mais competentes por meio do que já sabem, atingindo quatro dimensões muito importantes: social, interpessoal, pessoal e profissional.
Os exercícios de dinâmicas de grupo são frequentemente utilizados para melhorar o relacionamento entre os diferentes elementos de um mesmo grupo, promovendo a autenticidade nas pessoas, além de permitir que os indivíduos lidem com opiniões e atitudes divergentes, promovendo o crescimento pessoal.
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O que é Dialética?
A Dialética é um método de diálogo que se concentra na contradição e oposição de opiniões, um jogo de ideias que se contradizem porque são diferentes umas das outras, podendo gerar novas ideias. A Dialética pode ser o debate ou a arte da persuasão, estando intimamente relacionada à retórica.
Jung define a Dialética como simplesmente uma discussão entre duas ou mais pessoas, que logo resulta em duas definições igualmente concisas, um método de construir novas sínteses.
O que é Terapia Focada na Compaixão?
A Terapia Focada na Compaixão (TFC) tem como objetivo ajudar as pessoas a acessar e estimular suas motivações, emoções e competências de autocompaixão. É uma terapia que integra conceitos do budismo, da psicologia evolucionista e das neurociências.
De acordo com Paul Gilbert (2009), a terapia centrada na compaixão decorre da percepção de que os pacientes se tratam com muita severidade, cheios de críticas, hostilidade, raiva e desprezo. Nesse sentido, um dos principais objetivos é que os pacientes desenvolvam uma atitude mais compassiva em relação a si mesmas, desenvolvendo assim a autocompaixão, onde o paciente permite se aceitar, diminuindo as cobranças e a autocrítica.
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Cabe lembrar, ainda, a diferença entre autocrítica severa e autocorreção compassiva, visto que a autocrítica se refere a uma forma de autojulgamento e auto avaliação negativos, que podem ser direcionados a diversos aspectos do self, como a aparência física, as emoções, os comportamentos, os pensamentos, a personalidade e os atributos intelectuais. Ao contrário da autocrítica, considera-se que a autocompaixão é uma resposta alternativa mais adaptativa à falha percebida. Na autocrítica severa os indivíduos funcionam como seus próprios inimigos, se auto agredindo e punindo de forma constante diante de falhas, remoendo e cultivando sentimentos de raiva, arrependimento e culpa. Já na autocorreção compassiva, o objetivo é procurar compreender que é possível aprender com os erros, que faz parte da natureza humana errar e sofrer, é parte natural da vida. Com uma atitude de aceitação e acolhimento se torna possível evoluir, aprendendo com os erros e situações adversas da vida.
”O sofrimento faz parte da vida. Que eu seja gentil comigo mesma neste momento. Que eu possa dar a mim mesma a compaixão de que preciso.”- Neff; Kristin.
Sendo assim, percebe-se que, com o uso regular das práticas supracitadas, será possível que as gestantes atinjam maior compreensão acerca da sua realidade e conquistem melhor qualidade de vida.
Referências bibliográficas
AFONSO, MARIA LUCIA MIRANDA. Oficinas Em Dinâmica de Grupo: Um Método de intervenção psicossocial. Casa do Psicólogo, 2007.
ANDRADE, Suely Gregori. Teoria E Pratica de Dinâmica de Grupo: Jogos E. Casa do Psicólogo, 1999.
GARCIA. C. F, VIECILI. J. Implicações do retorno ao trabalho após licença-maternidade na rotina e no trabalho da mulher. Fractal, Rev. Psicol. 30 (2) • Ago 2018 https://www.scielo.br/j/fractal/a/4zVSP8j3SKn9Rf9TtNvzWzn/? Acesso em 07/06/2022
PASQUALINI, Juliana C.; MARTINS, Fernando Ramalho e EUZEBIOS FILHO, Antonio. A “Dinâmica de Grupo” de Kurt Lewin: proposições, contexto e crítica. Estud. psicol. (Natal) [online]. 2021, vol.26, n.2, pp. 161-173. ISSN 1413-294X. http://dx.doi.org/10.22491/1678-4669.20210016. Acesso em 07/06/2022
É perceptível que a constante sobrecarga de trabalho ocasiona problemas físicos e mentais. Segundo uma pesquisa promovida pelo site Nova Escola, realizada com 5 mil docentes, apontou que 60% dos professores se queixaram de sintomas de ansiedade, estresse e dores de cabeça. Durante intervenções de grupos terapêuticos, métodos são utilizados para a diminuição desses sintomas, o uso de técnicas como o Mindfulness, Terapia Focada na Compaixão podem ajudar no controle e alívio desses sintomas.
Através da Atenção Plena e da Terapia Focada na Compaixão abordadas pelo método socrático, podem controlar e reduzir quadros de ansiedade, estresse e níveis moderados de depressão. O espaço de discussão é necessário para a humanização dos professores e diminuição das patologias. O fato de poder compartilhar suas inseguranças e medos, faz com que as ansiedades diminuam.
Humanização do trabalho docente
A natureza do trabalho docente é, por si só, complexa e marcada por desafios. É recorrente, na literatura da educação, abordar a natureza do trabalho docente sem uma articulação com as condições de vida, trabalho e saúde mental do sujeito que o realiza: o professor. Ansiedade, depressão, desesperança, estresse crônico e síndrome de Burnout são os distúrbios mais listados quando se refere ao adoecimento dos professores da Educação Básica (CNTE, 2021; Nascimento e Seixas, 2020). Além dos sintomas de saúde mental, também é comum encontrar danos físicos, tais como: problemas nas cordas vocais, lesão por esforço repetitivo e doenças do aparelho respiratório. Esse quadro aponta danos sociais, posto que indicam ausência de condições efetivas de aprendizagem de todos, em especial, as crianças. É possível que, se houver um cruzamento com o baixo desempenho das crianças em avaliações externas, se encontre uma possível raiz/origem das condições adversas nas quais ocorrem as relações sociais no interior das escolas.
Por ocasião do risco de perda do direito especial de aposentadoria, vinte e cinco anos de efetivo exercício como professor, a pauta da saúde do trabalhador da educação passou a ocupar lugar na luta sindical com a realização de pesquisa sobre o levantamento da saúde do profissional de educação. Os resultados surpreenderam a todos: sindicalistas, pesquisadores e gestores da educação. O adoecimento físico era realidade visto o quantitativo de licença para tratamento de saúde; mas a pesquisa, à época, trouxe à luz dados até então obscuros no que se refere à saúde mental do professor (CODO, 2002; CNTE, 2003). Nessa pesquisa, realizada em parceria com a Universidade de Brasília, os elementos que constituem a Síndrome de Burnout, como a exaustão emocional, a perda de envolvimento pessoal e a despersonalização contribuíram, significativamente, para o tema saúde dos trabalhadores da educação ocupar lugar no cenário nacional.
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Em busca no google com os descritores “professor” e “adoecimento” encontra-se, aproximadamente 1.100.000 resultados em 0,48 segundos. Ocupar lugar no cenário nacional parece ter sido na multiplicação de estudos que apreendem a realidade do adoecimento do professor e a ampliação dos contratos das Redes de Ensino de Plano de Saúde, porém o quadro só tem se agravado. Em estudo bibliográfico Nascimento e Seixas (0000) afirmam que essa realidade não difere quanto o estabelecimento, se público ou privado, ou o nível de atuação, se Educação Básica ou Superior.
Os professores da Educação Básica perderam o direito à aposentadoria especial de 25 anos. Viveram o isolamento social no contexto da pandemia e as escolas foram fechadas por dois anos. O estudo “Novas formas de trabalhar, novos modos de adoecer” teve como objetivo central conhecer os impactos do trabalho remoto na saúde emocional dos trabalhadores em educação promovido pelo CNTE e os resultados são, de igual mota, aterradores, tais quais já apontados pelas pesquisas publicadas: 24% com depressão, 20% ansiedade e 20% alto nível de estresse; além de transtornos mentais e síndrome de Burnout. Que empresa é produtiva com um quadro de pessoal tão acometido por adoecimento mental? E quando essa “empresa” é uma instituição de ensino, de educação escolar?
O espaço de discussão é necessário para a humanização da categoria e diminuição das patologias. O fato de poder compartilhar suas inseguranças e medos,
faz com que as ansiedades diminuam. Ressalta-se que de maneira geral é dada muita importância a discussão de dados objetivos, homem máquina, produtivo. Porém, são os aspectos subjetivos que evitam explosões e encenações no ambiente de trabalho.
O inventário da saúde do professor realizado pelo CNTE, em parceria com o Laboratório de Psicodinâmica e clínica do Trabalho da UnB, aponta que é necessário o alargamento do diálogo nas relações de trabalho, bem como o compartilhamento de experiências para melhorar as relações pessoais no interior das escolas. No pós pandemia a síntese do inventário aponta que a realidade no interior das escolas pode assim ser sintetizada: “trabalhadores hiperativos, competição exacerbada, descarte dos diferentes, exigências incompatíveis com a realidade, desvalorização das entregas, falta de autonomia, opressão burocrática, disponibilidade plena e flexibilidade total, tomando a máquina como ideal da produtividade humana foram alguns dos sintomas verificados nesse novo modelo de trabalho.” De fato, observa-se que o professor deverá tomar consciência dessas condições e há que se resgatar a consciência sobre sua capacidade de prestar a atenção em si e nas suas próprias sensações para, assim, tomar seu lugar de professor nas relações de trabalho no interior da escola.
Em face a esse grave quadro de adoecimento mental do professor indica-se, a seguir, as técnicas que estão sendo propostas para serem aplicadas em Grupo Terapêutico de professores da Educação Básica.
O que é dinâmica de grupo
O ser, da espécie humana, torna-se ser humano na convivência. Não nasce pronto com os das demais espécies: torna-se. O ser humano sendo um ser social somente existe em função de seus relacionamentos grupais. Segundo Zimerman e Osório (1997) citado por MELO (2014), “todo indivíduo é um grupo na medida em que, no seu mundo interno, há um grupo de personagens introjetados, como os pais, os irmãos entre outros, que convivem e interagem entre si” (p. 01). Desse modo observa-se que para compreendermos o ser humano, devemos estudar sua vida em grupo.
Reunidas em grupo, as pessoas apresentam maior riqueza e complexidade das qualidades da dimensão humana, como a comunicação, por exemplo. O campo do conhecimento sobre a convivência em grupo e de suas relações com os outros grupos e com as instituições mais amplas é denominado dinâmica de grupo. A dinâmica de grupo desenvolveu-se no século XX. ocasião em que, sobretudo, psicólogos e sociólogos passaram a dar um tratamento mais científico ao estudo de grupo (MELO, 2014).
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Kurt Lewin é considerado o fundador da moderna dinâmica de grupo. Com seu trabalho na Universidade de Iowa, por volta dos anos 1940, e, mais tarde, no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Lewin estabeleceu esse campo de estudo e atraiu pesquisadores e recursos financeiros para este tipo de pesquisa. Os artigos de Lewin publicados na década de quarenta do século XX e depois reunidos nos livros Teoria de campo em Ciência Social (1965) e Problemas de dinâmicas de grupo (1978), prepararam o terreno para investigações e publicações do pós-guerra.
Para Lewin (1978), um grupo é mais do que a soma de seus membros: consiste numa totalidade dinâmica que não resulta apenas da soma de seus integrantes, tendo propriedades específicas enquanto totalidade, princípio da Escola da Gestalt. Possui estrutura própria, objetivos e relações com outros grupos que atuam no mesmo espaço físico. A essência de um grupo não é a semelhança ou a diferença entre seus membros, mas sua interdependência. Lewin caracteriza um grupo como sendo um todo dinâmico, o que significa que uma mudança no estado de uma das suas partes provoca mudanças em todas as outras.
Nesse sentido, as tentativas com vistas à realização dos objetivos grupais criam no grupo um processo de interação entre as pessoas, que se influenciam reciprocamente e pode haver a produção de novos significados e metas. São esses os resultados que almejamos na proposição deste projeto de intervenção em grupo de professores da Educação Básica com a aplicação das técnicas apresentadas a seguir.
O que é Mindfulness
A tradução para o português significa atenção plena. Cada vez mais é comum não observarmos nossa rotina diária. Às vezes, ao final do dia nem lembramos das atividades realizadas. Isso decorre de um estilo de vida no qual as atividades e ações ocorrem no “piloto automático”, sem a devida atenção do fazer. A técnica da atenção plena, com base no funcionamento fisiológico do ser humano, orienta-nos a dar atenção à prática da consciência sem julgamentos e no momento presente. Afirmam os pesquisadores que a prática diária e cotidiana da atenção plena pode transformar o cérebro humano reduzindo o estresse e liberando a criatividade, portanto, melhorando o desempenho da pessoa como um todo.
Estudos realizados pela Universidade Britânica e Universidade de Tecnologia de Chemnitz(2017) demonstram que a prática da atenção plena promove alterações em duas áreas do cérebro humano, quais sejam: o córtex cingulado anterior localizado ao fundo na região da testa, atrás do lobo frontal. Essa região está associada à autorregulação, ou seja, capacidade de dar direção intencional à atenção e ao comportamento, o que nos leva a suprimir reações automáticas.
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A outra região do cérebro que sofre alteração com a prática da atenção plena é o hipocampo, no qual encontrou-se quantidades de massa cinzenta aumentada nos participantes de programas de atenção plena, na pesquisa citada acima. O hipocampo localiza-se no interior da região temporal em cada hemisfério e é parte do sistema límbico, estruturas interiores associadas à emoção e à memória e é coberta por receptores do cortisol, hormônio do estresse. O hipocampo pode ser danificado pelo estresse crônico, tornando-o menor. Essa área é importante para a resiliência, aptidão essencial para os dias atuais estressantes.
Neurocientistas descobriram que a prática da atenção plena afeta áreas do cérebro relacionadas com a percepção, a consciência corporal, a tolerância à dor, a regulação da emoção, a introspecção, o pensamento complexo e o senso de si mesmo.
Mindfulness ou atenção plena é o processo de perceber ativamente coisas novas. Quando você faz isso, se coloca no momento presente. Torna-se mais sensível ao contexto e à perspectiva. Essa é a essência do envolvimento, do engajamento. O processo do Mindfulness é gerador de energia, não consumidor.
O que é Terapia Focada na Compaixão
A Terapia Focada na Compaixão (TFC) enraiza-se em uma análise evolucionista e funcional de sistemas básicos de motivação social (e.g., viver em grupos, formar hierarquias e rankings, buscar parceiros sexuais, ajudar e compartilhar com aliados e cuidar de iguais) e diferentes sistemas emocionais funcionais (e.g., responder a ameaças, buscar recursos e estados de contentamento/segurança).
Além disso, há cerca de 2 milhões de anos atrás, os (pré-)humanos começaram a evoluir uma série de competências cognitivas para a racionalização, reflexão, antecipação, imaginação, mentalização e criação de um senso de self socialmente contextualizado. Essas novas competências podem causar grandes dificuldades na organização de motivações e sistemas emocionais arcaicos.
A TFC sugere que nosso cérebro evoluído é, portanto, potencialmente problemático por conta de seu “design” básico, sendo facilmente induzido a comportamentos destrutivos e problemas de saúde mental (chamamos isso de “cérebro complicado”, “tricky brain”). Contudo, mamíferos e especialmente seres humanos possuem também motivações e emoções evoluídas para o comportamento afiliativo, de cuidado e altruísmo que pode organizar nosso cérebro de maneira a se distanciar significativamente de nossos potenciais destrutivos.(GILBERT, 2014)
Assim, a TFC salienta a importância de desenvolver a capacidade das pessoas de acessar (de maneira mindful), tolerar e direcionar motivações e emoções afiliativas para elas mesmas e os outros, além de cultivar a compaixão interna como uma maneira de organizar nosso “cérebro complicado” de formas pró-sociais e mentalmente saudáveis.
Maiêutica Socrática
A Maiêutica Socrática ou o Diálogo Socrático, refere-se a um questionamento gradual e sistemático sobre uma temática específica, acarretando um eventual debate de paradigmas e conclusões, possuindo como objetivo principal a percepção de lacunas lógicas ou não acuradas.
Segundo Beck et al., (1979); J.Beck, (1997) e Overholser, (1993), os objetivos do questionamento socrático envolvem a obtenção de informações, assim como o conhecimento acerca da demanda. Além disso, abrange a identificação de estratégias de enfrentamento e a identificação de estressores, considerando o funcionamento biológico, psicológico e social. Abrange fomentar a conversão de queixas vagas em problemas concretos, construindo a decisão colaborativa a respeito do enfoque relacionado aos problemas.
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Ademais, abrange examinar o significado atribuído pelos integrantes aos eventos e avaliar as consequências de pensamentos, emoções ou comportamentos. Observa-se a identificação de cognições específicas associadas a emoções ou comportamentos disfuncionais, assim como a avaliação das auto verbalizações dos integrantes. Segundo Arlinda dos Santos Melo (2012), na medida em que o paciente identifica questões para as quais desconhece as respostas, pode se motivar a aprender e tentar descobrir soluções para as suas dificuldades.
Considerações finais
É importante um olhar crítico para a saúde mental do professor em adoecimento psíquico. Entender que questões psicológicas e emocionais afetam ações do cotidiano é necessário para que uma intervenção terapêutica seja aplicada, a fim de promover uma saúde mental equilibrada do sujeito para que dessa forma sintomas psíquicos sejam aliviados. Sintomas de ansiedade, depressão e estresse têm aumentado em níveis alarmantes, compreender que um plano de ação precisa ser implantado, pode evitar um sofrimento psíquico maior, que pode ocasionar em outros sintomas.
Observa-se que com os conhecimentos adquiridos e os resultados advindos do bem estar proporcionado com a prática das técnicas aplicadas, possam corroborar aos participantes, em alguma medida, a ressignificação do estilo de vida, propiciando o autoconhecimento e desenvolvendo uma postura empática se empenhando em tornar as relações de trabalho menos conflitivas e pesadas. A intervenção em grupo terapêutico com professores é fundamental para psicoeducação e para contribuir com a diminuição desses quadros de sintomas psicológicos, consequentemente, refletindo em uma melhor qualidade no ensino e na aprendizagem dos estudantes.
Referências
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CARVALHEIRO, Gabriela; TOLFO, Suzana da Rosa. Trabalho e depressão: um estudo com profissionais afastados do ambiente laboral. Disponível em https://www.scielo.br. Acesso em: 03 de maio de 2022.
CASTANHEL, Flavia Del; LIBERALI, Rafaela. Redução de Estresse Baseada em Mindfulness nos sintomas de câncer de mama: revisão sistemática e metanálise. Einstein: São Paulo, 2018. Disponível em https://www.scielo.br/ Acesso em: 3 de maio de 2022.
Confederação Nacional dos trabalhadores da educação. Retrato da Escola, n. 3 Brasília, DF: CNTE, 2003.
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GILBERT, Paul. As origens e a natureza da terapia focada na compaixão. British Journal of Clinical Psychology (2014), 53, p. 6-41
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Alília Cesário dos Santos
Dilsilene Maria Ayres de Santana
Kassandra Quedi Valduga
Matheus Gouveia
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Como o uso da Dialética Junguiana, Dialética Comportamental e Mindfulness podem construir sentido existencial para idosos?
21 de setembro de 2022 Maria Laura Maximo Martins
Insight
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Desde o final do século XX e principalmente no decorrer do século XXI o fenômeno do envelhecimento populacional vem ganhando força no Brasil e no mundo. Em razão disso, se fez necessária a atenção, investigação e investimento em estudos sobre essa etapa do desenvolvimento humano. A velhice por muitas vezes é uma fase composta por diversas variáveis, em que o luto, o desamparo e a solidão estão presentes, além de todo o processo biológico que envolve constantes mudanças. Por isso, é de suma importância compreender os aspectos biopsicossociais do envelhecer.
A concepção de velhice
É importante ressaltar que a velhice não tem uma data exata definida. Não se tem um parâmetro que possa ser considerado inarredável. Existem pessoas que podem ser consideradas velhas aos 40 anos e, ao mesmo tempo, temos pessoas consideravelmente jovens aos 75 anos. De acordo com o que regulamenta o Estatuto do Idoso (Ministério da Saúde, 2013a), entende-se como idoso todo o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos.
Importante mensurar que Beauvoir apud Coura e Montijo (2014), colaciona as diferenças de conceitos entre idade biológica, social e psicológica. A idade biológica refere-se ao envelhecimento orgânico do organismo, levando em consideração o envelhecimento dos órgãos e a capacidade de autorregulação que também se torna menos eficaz. A idade social é seriamente determinada pela cultura e tem como referência o papel que o indivíduo ocupa na sociedade, e o quanto está ou não socialmente ativo.
A idade psicológica refere-se à capacidade dos aspectos de inteligência, memória e motivação. Não se pode deixar de considerar que definir a velhice apenas em termos cronológicos pode ser um erro comum, pois depende do contexto em que o indivíduo está inserido, das oportunidades e experiências que se teve ou tem acesso, segundo Garcia (2014). Ademais, existe um enorme preconceito em relação à velhice, que são expressos por reações de desgosto, ridicularização, negação e afastamento. Neri e Freire (2000) aduzem que há uma forte associação entre a velhice com a doença, a dependência e até com a morte.
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Dinâmica de grupo
Quando se desprende o conceito de grupos, necessário se faz assimilar que são condições do ser humano ter desejos, identificações, mecanismos de defesa e, em especial, necessidades básicas como a dependência e o desejo de ser reconhecido pelo outro. “Assim como o mundo interior e o exterior são a continuidade um do outro, da mesma forma o individual e o social não existem separadamente, pelo contrário, eles se diluem, interpenetram, complementam e confundem entre si”. (ZIMERMAN, OSORIO et al, 2007, p. 27).
A modalidade privilegia a aprendizagem e o treino de várias competências e contribui para que o indivíduo obtenha e partilhe informações sobre mudanças e transições características dessa fase. A psicoterapia em grupo na velhice pode proporcionar melhora nos sintomas psicológicos e físicos, bem como na qualidade de vida (Rebelo, 2007).
Neto (2004) refere que quando as pessoas percebem que estão sós, enfraquecem e apenas conseguem ver um cenário deprimente e de desesperança do que é a sua vida. Assim os os laços que se criam dão suporte social, cognitivo e emocional, auxiliando o idoso na manutenção da auto-estima e do desenvolvimento pessoal, uma vez que resulta numa melhoria da saúde mental, maior autodomínio e maior satisfação na qualidade de vida, pois reduz os efeitos negativos do stress e melhora as respostas imunitárias e de humor (Andrews, 2001; Hansen-Kyle, 2005).
A dinâmica em grupo terapêutico é um recurso necessário quando pensamos na criação de novas relações pessoais e promoção de qualidade de vida na terceira idade, é um momento de troca de vivências e experiências adquiridas ao longo da vida.
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Mindfulness
Mindfulness é uma palavra de origem inglesa que conceitualmente tem sua origem a partir do termo Sati que vem do dialeto indiano pali, que por sua vez, significa “lembrança” ou “lembrar”, assim como também pode ser traduzido por “estar atento” (Grossman e Van Dam, 2011). Nessa perspectiva, Sati é entendido como recordar para reorientar a atenção e estar alerta para experiência do momento presente de maneira receptiva e incondicional (Germer, 2016b). Dentro do contexto budista, o conceito de Sati aparece no seu sermão Satipatthana Sutta (Os Quatro Elementos da Atenção) e é considerado o coração das meditações budistas (Thera, 1962).
No caso do Brasil, ainda existe a dificuldade de interpretação do inglês para o português, pois a tradução literal da palavra “mindfulness’’ pode ser variada entre “atenção plena”, “consciência plena”, “mente alerta”, “observação vigilante”, entre outras. No meio científico, o termo mais utilizado para traduzi-la é Atenção Plena, mas ainda existem críticas que apontam que esta não seja a tradução mais literal.
Uma definição operacional de mindfulness dentro do contexto ocidental é feita por Kabat-Zinn (2003), que define o termo como a consciência que emerge ao prestar atenção no momento presente e sem julgamento momento a momento. Alguns autores, por sua vez, conceituam mindfulness como um estado ou traço que se refere à capacidade de estar atento ao que acontece no momento presente intencionalmente e sem julgamento.
Diante de todo exposto, importa salientar que o Mindfulness não é apenas uma técnica, mas um estilo de vida, uma forma de ver o mundo de uma perspectiva mais saudável e sem julgamentos, percebendo os fenômenos tais quais eles se apresentam e adquirindo uma perspectiva de aceitação e neutralidade em relação a eles.
A busca pelo sentido da vida pode causar tensão interior em vez de equilíbrio interior. Entretanto, essa tensão é um pré-requisito necessário para a saúde mental. O que o sujeito necessita não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente (Frankl, 1946/2011).
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Dialética – Terapia Comportamental
A Terapia Comportamental Dialética foi desenvolvida a partir da década de 1970 pela psicóloga, professora e escritora norte-americana Marsha Linehan. Apesar de ter sido projetada inicialmente para tratar TPB, sabe-se que é bastante útil para qualquer pessoa com problemas de desregulação emocional, mesmo que a causa não esteja relacionada a um transtorno mental. Na Dialética o terapeuta pode escolher quais peças da terapia serão efetivas para clientes diferentes. Em resumo, quando não está sendo usada para tratar (Boderlaine), o modelo é muito flexível e pode ser usado para qualquer transtorno (Van Dijk, 2013).
A dialética fundamental neste modelo de terapia se concentra na validação e aceitação do paciente em sua inteira totalidade. Sobre a “dialética”, vale ressaltar que, ao criar seu modelo de tratamento, Linehan foi fortemente influenciada pela teoria da dialética. Van Dijk (2013) explica que pensar dialeticamente significa olhar para ambas as perspectivas em uma situação e, em seguida, trabalhar para sintetizar essas perspectivas possivelmente opostas. Terapia através do método dialética, é uma modalidade de psicoterapia que combina propostas da ciência comportamental, da filosofia dialética e da prática zen.
Dialética Junguiana
Segundo Jung (2009b), a psicoterapia trata-se de um tipo de procedimento dialético, que ocorre a partir da interação entre dois sistemas psíquicos, o do paciente e o do psicoterapeuta, em uma relação de troca e influência mútua. Essa concepção distanciou-se bastante da inicial, que considerava a psicoterapia como um “método aplicável de maneira estereotipada por qualquer pessoa, para obter um efeito desejado” (JUNG, 2009b, p.1). Sendo assim, no método dialético proposto por Jung, o psicoterapeuta deve abdicar de sua autoridade diante do paciente, impondo-se um espírito crítico que não se deixa levar pela pretensão de saber e julgar sobre a individualidade e totalidade da personalidade do paciente.
Dessa forma conclui-se que, o foco através da terapia possibilita a promoção de saúde e auxilia os idosos a encarar esse período da vida de forma o mais produtiva possível e passível de ser vivida com bem-estar e qualidade, visando melhor adaptar os idosos às demandas e mudanças que são características do processo de envelhecimento. Oferece um espaço de escuta e fala, que através da Terapia Dialética e Mindfulness buscam criar um ambiente controlado que permita aos idosos estabelecerem regulação emocional, gerenciamento comportamental, práticas contemplativas que favoreçam a melhora das demandas relativas ao quadro específico que possuem.
Referências
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ZIMERMAN, D.E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas Sul: 2010.
Autores:
Ana Carla Olímpio Soares
Adhemar Chúfalo Filho
Auridéia Loiola Dallacqua
Eduardo Barros Carneiro
Maria Laura Maximo Martins
Maria Luiza Pinto Araújo Fernandes Sá
Tatiane Gomes de Moraes Silva.
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Como a prática de Mindfulness e Musicoterapia amenizam estresse e ansiedade em pré-vestibulandos?
20 de setembro de 2022 Annanda Larissa Aires
Insight
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A ansiedade e o estresse são termos confundidos por alguns, afirmando que são sinônimos ou até mesmo invertem os seus conceitos, já que estão intrinsecamente interligados, fazendo parte da vida cotidiana dos sujeitos. No entanto, a primeira palavra mencionada é um estado de humor que o indivíduo possui, da qual, na maioria das vezes é enxergada negativamente por conta do sistema nervoso central permitir que o “comportamento biológico” do corpo se altere mediante situações, coisas, pensamentos ameaçadores (BARLOW, 2020, p. 125). Já o estresse (embora esse termo seja idiossincrático na atualidade), é a consequência de uma situação ansiogênica, isto é, a resposta fisiológica e emocional de uma pessoa mediante uma circunstância estressora (MORRIS, 2004, p. 373).
Levando em conta o contexto, vale ressaltar que a utilização de técnicas, como o Mindfulness (WILLIAMS, 2015), que trata-se de um método de atenção plena centrada no presente, perante a ausência de julgamentos ou rotulações de si e dos outros, juntamente com a Musicoterapia, no qual caracteriza-se como um campo do saber que se volta para “o que a música proporciona no setting”, ou seja, os seus efeitos e envolve também as subjetividades dos participantes com a música sendo direcionado entre o musicoterapeuta e o grupo ao longo da intervenção (UBAM, 2018), com o intuito de amenizar o estresse e a ansiedade em adolescentes pré-vestibulandos.
A importância da dinâmica de grupo com fins terapêuticos
O grupo e sua finalidade no processo terapêutico dependem da fluidez do mesmo, no que tange a participação ativa dos integrantes como também as diversas estratégias, recursos, técnicas e atividades que incentivam a comunicação e a ação dos membros do grupo, a fim de elaborar, facilitar e esclarecer o campo dinâmico do processo grupal.
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Conforme Osório (2003), o grupo é um conjunto de pessoas que possuem a capacidade de se reconhecer em sua singularidade e que estão exercendo uma ação interativa com objetos compartilhados. Dessa interação, que se desenvolve a partir da organização dos aspectos sociais, culturais e normativos, surgem fenômenos que são denominados fenômenos grupais. Existem grupos espontâneos, como grupo de amigos, e grupos organizados, com objetivos específicos.
A intervenção em grupo deve-se preocupar com a possibilidade de os participantes entrarem em contato com seu mundo interno para aprenderem a lidarem com suas angústias, lançar mão de recursos até então desconhecidos para eles e garantir segurança aos membros deixando claro os objetivos da dinâmica e suas regras. Segundo Minicucci (2002, p. 32), acredita Kurt Lewin que, até certo ponto, o indivíduo tem seus próprios objetivos pessoais. Precisa de suficiente espaço de movimento livre no interior do grupo para atingir tais objetivos e satisfazer às próprias necessidades. Os objetivos do grupo não precisam ser idênticos aos objetivos do indivíduo, mas as divergências entre indivíduo e grupo não podem ultrapassar determinados limites, além dos quais um rompimento entre ambos é inevitável.
Diante disso, o psicanalista Pichon-Rivière define o grupo como “um conjunto de pessoas, ligadas no tempo e no espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente a uma tarefa, interatuando para isto em uma rede de papéis, com o estabelecimento de vínculos entre si.” (AFONSO, 2006, p. 20).
Conhecendo o Mindfulness
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O autor Mark Williams (p.9, 2015) apresenta o prefácio de Jon Kabat-Zinn, em seu livro “Atenção Plena”, que o Mindfulness requer um empenho verídico ou participação verdadeira do indivíduo. O precursor dessa técnica de meditação científica, Jon Kabat-Zinn, enfatizou as concepções desta que Mark Williams e Danny Penman notaram:
“É um estilo de vida, e não apenas uma boa ideia, uma técnica inteligente ou uma moda passageira. É um conceito que data milhares de anos e costuma ser citado como “o coração da meditação budista”, embora sua essência seja universal” (WILLIAMS, p.9, 2015).
Outro ponto sobre este assunto é que a atenção plena faz a pessoa estar com a mente e corpo no agora, no presente. É claro, como fora mencionado, que estar mediante a esta situação só é possível quando o indivíduo estiver disposto para isso e engajar-se.
A Musicoterapia no controle do estresse e da ansiedade
A musicoterapia é definida como um tipo de intervenção de tem a intenção de prevenir, desenvolver e restabelecer as potencialidades do indivíduo a partir dos encontros musicoterapêuticos. E pode ser tanto direta quanto indireta a intervenção (ANJOS et al., 2017, p.230).
Na interpretação de Tyson (1981) (PUCHIALLO, M.; HOLANDA, A., 2014, p. 130), nos Estados Unidos a Musicoterapia, em meados do século 20, entrou em prática oficialmente durante a Primeira Guerra Mundial e também foi utilizada no período da Segunda Guerra em soldados para fins terapêuticos, focalizando-se na recuperação e reabilitação desses indivíduos tanto física e educacionalmente.
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E quanto à Musicoterapia, conforme Bruscia (2000; apud GARCIA et al., 2020, p.111), “as experiências utilizadas na musicoterapia são audição, recriação, improvisação e composição, podendo ser aplicadas conjunta ou separadamente”. E por meio dela, dá para reforçar “os efeitos terapêuticos de um tratamento por meio da “produção dos sentimentos, pensamentos e atos dinamicamente transformados no contato com o outro” […].” (GARCIA et al., 2020, p. 111).
A eficácia da Musicoterapia na Argentina, mencionada por Costa (1989), em seu segundo plano surgiram resultados positivos em pacientes de “casas de depressão pós-poliomielite” (Apud PUCHIALLO e HOLANDA, 2014, p. 131). Aplicou-se a Musicoterapia de guerra a mesma utilizada nos soldados norte-americanos que fora enquadrada nesses indivíduos dessas casas (PUCHIALLO; HOLANDA, 2014).
Adolescência e vestibular: um evento ansiogênico
Para a realização da intervenção optou-se por público-alvo, os adolescentes pré-vestibulandos. A adolescência se entende como um processo longo e complexo que envolve diversas variáveis, como as mudanças físicas advindas da puberdade, as modificações cognitivas, emocionais e socias, que se refletem em contextos sociais, econômicos e culturais (PAPALIA e FELDMAN, p.386, 2013).
Segundo Lamônica e Carvalho (2019), as diversas transformações vivenciadas pelos adolescentes, aliada a importância que os exames vestibulares tem recebido nas últimas décadas (o que o tornou um evento ansiogênico para a maior parte dos estudantes), podem contribuir para que estes sejam mais propensos à ocorrência de algumas psicopatologias, como o estresse, a ansiedade, (que serão o foco da intervenção em grupo), ademais de outros transtornos como as fobias e os comportamentos obsessivos compulsivos.
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Polonia e Senna (2008), afirmam que a associação presente entre os fatores culturais, cognitivos e a escola, tem gerado debates acerca de como estes interagem como unidade e causam impacto sobre a promoção de uma aprendizagem efetiva para os indivíduos.
Evidenciando que a educação desempenha um papel significativo no desenvolvimento dos adolescentes (PAPALIA e FELDMAN, p.412, 2013), sendo influenciada diretamente através das culturas de cada país. Outros fatores que influenciam o desempenho escolar dos adolescentes, é o estilo de parentalidade dos pais, o ambiente em que ocorre a aprendizagem, o nível socioeconômico, a qualidade de ensino, a influência dos pares, a escola e autoconfiança manifestada pelos estudantes.
Referências
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MORRIS, C. G.; MAISTO, A. Introdução à psicologia. 6. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
OSORIO, L. C. Psicologia Grupal: uma nova disciplina para o advento de uma era. Porto Alegre: Artmed, 2003.
PAPALIA, D.E.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento humano, 12. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2013.
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Sabe-se que um dos principais sofrimentos mentais do século XXI é o transtorno de ansiedade, tendo sido citado recentemente pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como de prevalência global. Durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, muitos foram os desafios para professores e alunos que tiveram de se adaptar a períodos de aulas on-line, bem como retornar às atividades mesmo em meio às incertezas sobre o vírus e às formas de combatê-lo.
Esse cenário de incertezas e de adaptação dos professores de forma abrupta às mais diversas tecnologias favoreceu o surgimento de quadros ansiosos e o consequente aumento do adoecimento mental dos profissionais da educação e por vezes seu afastamento do ambiente de trabalho.
O transtorno de ansiedade se refere a distúrbios que causam angústia, medo, nervosismo, dentre outros sintomas e trata-se de uma preparação natural do corpo para reagir ao risco presente em determinado ambiente, mesmo que esse risco não exista realmente. O grande problema desta reação do indivíduo é quando ela se torna intensa e frequente, comprometendo a qualidade de vida e a saúde emocional. Dentre os principais prejuízos ao indivíduo estão aumento dos níveis de cortisol, perda de memória, desgaste do sistema imunológico podendo levar ao aparecimento de doenças autoimunes como lúpus e a diabetes tipo I.
Fonte: Imagem de Elisa por Pixabay
Relacionando a saúde mental ao contexto de trabalho atual dos professores, observa-se que os mesmos são uma das categorias profissionais que mais necessitam de novas habilidades emocionais para enfrentar este novo cenário pós- pandemia.
Em recente estudo feito pela Nova Escola,28% dos professores denotam sua saúde emocional como péssima ou ruim e 30%, como razoável, ou seja, a maior parte dos entrevistados possui uma saúde mental frágil e que necessita de cuidados.
Como tratamento principal a esse quadro de ansiedade em professores, a terapia e o uso de técnicas já consagradas e reconhecidas cientificamente como o mindfulness, a TFC (terapia focada na compaixão) e a dialética são tidas como formas de ajuda para a redução dos sintomas maléficos e o aumento do bem-estar do indivíduo.
Dinâmica de Grupo
O campo do conhecimento sobre a convivência em grupo e de suas relações com os outros grupos e com as instituições mais amplas foi denominado dinâmica de grupo.
O psicólogo Kurt T. Lewin (1965) foi quem introduziu o termo “dinâmica de grupo” nas ciências sociais e deu nome e identidade definitivos para o estudo dos grupos na Psicologia Social norte-americana. Suas proposições têm importância histórica para a ciência psicológica e seu legado apresenta-se ainda hoje como referência para a formação de psicólogos e demais profissionais que lidam com o fenômeno da grupalidade.
Em aspectos práticos, dinâmica de grupo é uma ferramenta que consiste na reunião de várias pessoas no mesmo local para realização de atividades, nas quais elas interagem entre si.
Assim, a importância da Dinâmica de Grupo reside em permitir que o indivíduo participante desenvolva suas competências por meio do que já lhe é conhecido, e se tornar ainda mais competente, podendo chegar a atingir quatro dimensões importantíssimas: dimensão social, dimensão interpessoal, dimensão pessoal e dimensão profissional.
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Mindfulness
Mindfulness é uma técnica de meditação consubstanciada em um momento de concentração e atenção plena, sem julgamentos. Essa prática proporciona a atenção plena para o momento atual, visto que com o ritmo acelerado em que se vive, as pessoas passam a agir de forma automática, sem parar ou mesmo terem um momento de concentração.
Concentrar-se significa estar em contato com o presente e não estar envolvido com lembranças ou com pensamentos sobre o futuro, dessa forma é intencional, visto que o sujeito escolhe e se esforça para estar atento plenamente, com foco integral no momento atual, que se deve à não categorização dos sentimentos, pensamentos e sensações apresentadas, além do não julgamento, que tem relação com uma aceitação verdadeira desses fatores, na maneira que se é apresentado.
Mindfulness não é uma crença, uma ideologia, nem uma filosofia, é uma descrição fenomenológica coerente da natureza da mente, emoção e sofrimento e sua liberação em potencial, com base em práticas destinadas a um treinamento sistemático e a cultivar aspectos da mente e do coração por meio da faculdade de atenção plena.
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TFC -Terapia Focada na Compaixão
A Teoria Focada na Compaixão foi desenvolvida por Paul Gilbert como uma abordagem de tratamento transdiagnóstico que visa criar autocompaixão e reduzir o sentimento de vergonha, desenvolvendo um sistema de suporte interno que precede o envolvimento com o conteúdo interno doloroso.
O foco clínico na Teoria Focada na Compaixão é baseado em algumas observações: a) pessoas com níveis elevados de vergonha e autocrítica podem ter muita dificuldade em serem delicadas consigo mesmos, sentirem alívio ou autocompaixão; b) pessoas que geralmente viveram histórias de abuso, negligência e/ou ausência de afeto na infância, tornando-se vulneráveis às ameaças de rejeição; c) trabalhar com vergonha e autocrítica requer um foco terapêutico nas memórias mais remotas; d) pessoas com tendências a altos níveis de vergonha e autocrítica podem sentir dificuldade em gerar sentimentos de contentamento, segurança e carinho.
Pesquisas sobre a neurofisiologia das emoções sugerem que podemos distinguir pelo menos três tipos de sistema de regulação emocional: 1) Sistema de proteção à ameaça; 2) Sistema de direção e impulso; e 3) Sistema de satisfação e contentamento.
Os fundamentos da Teoria Focada na Compaixão são organizados nesses três sistemas que podem estar desequilibrados e o objetivo é reequilibrá-los. Para isso, há três aspectos no engajamento terapêutico: 1º) o terapeuta usa habilidades de expressão dos atributos da compaixão; 2º) o paciente vivencia isso como algo compassivo e seguro que diminui a vergonha e a culpa; e 3º) o terapeuta ajuda o paciente a desenvolver atributos e habilidades da compaixão.
Os elementos-chave da Teoria Focada na Compaixão são a psicoeducação, a atenção plena, a compaixão e as imagens.
Dialética
Dialética deriva do termo latim dialectica e do grego dialektike, que significa discussão. Provém dos prefixos “dia” que indica reciprocidade e de “lêgein” ou “logos” que indicam o verbo e o substantivo do discurso da razão, ou teoria. Nasceu assim, incorporando as razões do outro através do diálogo.
Este foi o primeiro sentido do termo, empregado por Sócrates na Grécia antiga: dialética como a arte do diálogo, de demonstrar uma tese por meio de argumentação capaz de definir e distinguir conceitos envolvidos em uma discussão.
Na acepção moderna, porém, dialética seria o modo de pensar as contradições da realidade, compreendendo o real como essencialmente contraditório e em permanente transformação.
A dialética considera que a totalidade é sempre maior que a soma das partes, e que sua apropriação é sempre dinâmica. A totalidade é a estrutura significativa da realidade dada pela visão de conjunto, pela síntese que o sujeito faz de algo em determinado momento. Diz-se, então, de um sujeito ativo, que atribui sentidos subjetivos ao mundo a partir das sínteses que realiza.
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Conclusão
Desta forma, após a aplicação de todas as técnicas apresentadas, no público-alvo, percebe-se a redução da sintomatologia da ansiedade no trabalho dos professores, além da reverberação positiva tanto na relação dos docentes com os colegas de trabalho, quanto com os acadêmicos, famílias dos discentes e demais pessoas do convívio. Assim, o manejo da saúde mental do professor enquanto cidadão, através da remissão do sofrimento e da modificação da reatividade emocional e redução dos efeitos nocivos do estresse e da ansiedade, reflete ainda nas demais relações sociais do mesmo, cooperando para o bem-estar individual e coletivo.
Referências
ALBUQUERQUE, Guilherme Souza Cavalcanti de. SILVA, Marcelo José de Souza. PETTERLE, Ricardo Rasmussen. SOFRIMENTO MENTAL DE PROFESSORES DO
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AUTORES:
Evelyn Oliveira Dias
João Araújo Lima Júnior
Candida Dettenborn
Ana Cristina Martins Mascarenhas Matos
Taís da Conceição Freitas Nogueira
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Os benefícios do mindfluness para estudantes do Ensino Fundamental
5 de setembro de 2022 Ana Carolina Noleto Monteiro
Insight
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O espaço escolar é um local onde se aprende a ler e escrever, além de ser um ambiente relevante de aprendizagem, interações, valores éticos, morais e sociais. É nesse espaço que são oferecidas vivências e experiências significativas que contribuirão para a formação de cidadãos críticos e participativos. Por outro lado, a escola enfrenta dificuldades para a efetiva formação desses estudantes e a indisciplina ganha destaque. Na atualidade é crescente o aumento de atos indisciplinares entre crianças e jovens, e esse cenário compromete o ensino e desafia todos os envolvidos nesse processo.
Atualmente vivenciam-se diálogos, discussões e projetos acerca de habilidades socioemocionais em todas as áreas onde há necessidade de relacionamentos saudáveis. Noticiários relacionados às agressões em escolas pelo país inteiro vem sendo recorrente entre crianças e principalmente entre adolescentes e jovens. Dados alarmantes de desenvolvimento de transtornos emocionais com esse público tem feito com que organizações reflitam sobre estratégias de prevenção desses acontecimentos, buscando desenvolver habilidades importantes para a vida.
A instituição escolar é um ambiente de convivência, é onde se dá início às aprendizagens acadêmicas assim como também de interação e relacionamento entre pares. É na escola que a criança dá continuidade à expansão de visão de mundo, onde precisa aprender a lidar com as diferenças, dificuldades, respeito, empatia, amor ao próximo, resolução de conflitos de forma assertiva e regulação das suas emoções.
Segundo (Souza, 2009):
“Portanto, o papel que a escola possui na construção dessa parceria é fundamental, devendo considerar a necessidade da família, levando-as a vivenciar situações que lhes possibilitem se sentirem participantes ativos nessa parceria”.
Segundo a autora, as escolas podem proporcionar às crianças e adolescentes um ambiente com ensinamentos básicos para a vida que, provavelmente, não receberão em nenhum outro lugar.
A dinâmica de grupo surge com um olhar voltado para promoção e prevenção em saúde mental, reforçando a necessidade de abordar temas relacionados à regulação emocional e interação social através intervenção, dinâmica, discussões e atividades lúdicas.
A dinâmica em grupo busca explorar e identificar a forma como os estudantes se expressam e lidam com as suas emoções e com a relação com o outro e ainda proporciona momentos de escuta, ao mesmo tempo em que permite verbalizar de forma assertiva. Seria uma mudança concretizada através da prática e da realidade.
Fonte: Imagem de vined mind por Pixabay
No ambiente escolar o mindfulness, é totalmente interessante para que os professores e os alunos façam o uso dessa técnica para que reduza os níveis de estresse, e assim possam ocorrer mais mudanças no comportamento dos alunos em sala de aula. Com a técnica mindfulness os professores e os alunos ganham habilidades como o autoconhecimento, lidam melhor com o estresse, ficam mais calmos, sabem lidar com a aceitação, ganham encorajamento e conseguem equilibrar o emocional e melhorar suas relações interpessoais.
O mindfluness transmite uma sensação de bem-estar e isso muda o ambiente escolar deixando-o mais harmônico. Fazer com que o aluno aprenda a dirigir sua atenção e ignorar as distrações podem ser difíceis, mas é o primeiro passo, observando também seu corpo, suas sensações e emoções.
De acordo com (CAMPOS, 2019):
“É necessário colocar em prática programas de mindfulness em contexto escolar, de forma a intervir relativamente às dificuldades emocionais e/ou comportamentais, dado que estes programas melhoram inúmeras competências”.
A atenção plena no ambiente escolar pode contribuir para o desenvolvimento desses aspectos, melhor desempenho, menos impulsividade, fazendo com que as funções sejam executadas da melhor forma.
O uso da dialética no contexto escolar se faz necessário, pois se entende que é dialogando que os envolvidos no ambiente escolar encontram soluções para os conflitos que vivenciam no cotidiano.
Fonte: Imagem de David Mark por Pixabay
Segundo (PEREIRA, 2013), “O termo dialética se refere tanto à natureza do ser humano quanto ao seu pensar”. Diante disso acredita-se que usando a técnica da dialética é possível refletir acerca da indisciplina escolar, pois se sabe que essa problemática caso não seja resolvida, pode ocasionar grandes prejuízos no processo de ensino aprendizagem.
A técnica da dialética pode ser um ser um elo de reflexão, mudanças e reorganização de ideias e pensamentos para aqueles que são mais resistentes às mudanças de comportamentos.
Usar a dialética de forma correta é expressar o pensamento de forma que o outro ouça e que mesmo não concordando com a ideia, acabe respeitando.
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Ana Catarina Teixeira. A influência da técnica de mindfulness no comportamento em sala de aula e no empenho acadêmico. Repositório Institucional Camões, 2020. Disponível em: https://repositorio.ual.pt/handle/11144/4597. Acesso em: 30/05/2022
PEREIRA, Thaís Thomé Semi Oliveira. Pichon-Rivière, a dialética e os grupos operativos: implicações para pesquisa e intervenção. Revista da SPAGESP, 14(1), 21-29 (2013). Disponível em: file:///C:/Users/Coordenacao/Downloads/dialetica.pdf. Acesso em 31/05/2022
RAMON COSENZA, DA REVISTA NEUROEDUCAÇÃO, 30 DE JANEIRO DE 2018. Disponível em: https://revistaeducacao.com.br/2018/01/30/pratica-de-mindfulness-no-ambiente-escolar-pode-trazer-beneficios-a-alunos-e-professores/. Acesso em 01/06/2022
SOUZA, Maria Ester do Prado. Família/Escola: A importância dessa relação no desempenho escolar (2009). Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1764-8.pdf. Acesso em 10/06/2022
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Como o grupo terapêutico pode ajudar as pessoas com esgotamento laboral?
4 de setembro de 2022 Gabriel Farias Resplandes
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Na atualidade em que vivemos, os ambientes de trabalho disfuncionais estão cada vez mais propícios para a contribuição do adoecimento mental de seus trabalhadores. A criação de um grupo terapêutico com indivíduos que se encontrem nessa situação é uma forma de intervenção capaz de amenizar os referidos sintomas. Dessa forma, o grupo permite que o trabalhador entre em contato com outras pessoas que passam pela mesma situação, além de proporcionar escuta especializada e um espaço seguro para que compartilhem suas experiências e angústias.
A princípio, é importante lembrar que o processo de evolução e adaptação dos seres humanos se deu graças aos inter-relacionamentos grupais. O grupo é formado quando os integrantes apresentam valores e interesses em comum. Assim, o que diferencia um grupo do outro é a finalidade para a qual ele foi criado.
Para a construção de um grupo, há de se planejar e manejar os fenômenos do grupo por meio de fundamentos técnicos. Assim, a estrutura deve conter o objetivo, ideias, o público alvo que se planeja atingir. Ao decorrer dos encontros, o responsável pela condução do grupo tem que estar atento tanto às resistências que atrapalham alcançar objetivo grupal, quanto às formas de comunicação, aos vínculos e papéis assumidos. Ademais, é indispensável o desenvolvimento das funções do ego e o exercício das atividades interpretativas (ZIMERMAN, 1997).
Fonte: Imagem de Irina L por Pixabay
Mindfulness e dialética
A prática de Mindfulness ou atenção plena é frequentemente associada à meditação sendo um exercício de concentração, estando inserida dentro do contexto das terapias cognitivo comportamentais, sendo uma técnica primordialmente de concentração que visa em outros aspectos, trazer a atenção para o momento presente, trabalhando uma postura de aceitação e não julgamento, tendo como objetivo final a regulação emocional. É muito comum que vários dos sintomas e sofrimentos venham do funcionamento de remoer pensamentos e coisas do passado ou da antecipação de problemas do futuro, logo a prática da atenção plena, acaba sendo um recurso para tornarmos cada vez mais conscientes do momento presente (KABAT-ZINN apud VANDENBERGHE; SOUSA, 2006).
Atenção plena é a percepção consciente que emerge quando prestamos atenção de uma maneira particular as coisas como elas são: deliberadamente, no momento presente e de uma maneira imparcial. A atenção plena possibilita que enxerguemos de modo claro o que quer que esteja acontecendo na nossa vida TEASDALE; WILLIAMS; SEGAL, 2016).
Vivendo no controle automático não se pode reagir de maneira flexível aos acontecimentos momentâneos e dessa forma limitando as respostas ao ambiente. Muitas vezes, ao evitarmos os pensamentos ruins, situações e eventos que causam tristeza, somos levados a angústia e o Mindfulness pode aliviar e reduzir a situação estressora (KABAT-ZINN apud VANDENBERGHE; SOUSA, 2006).
No que tange a Dialética (do grego διαλεκτική (τέχνη), pelo latim dialectĭca ou dialectĭce) é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que levam a outras ideias. A tradução literal de dialética significa “caminho entre as ideias”.
Segundo Vieira (2006), existe uma dialética entre o indivíduo e o universo simbólico, que por sua vez é permeado pela cultura. A compreensão de pensamentos e idéias está em função para que se compreenda conteúdos inconscientes, ainda de acordo com tal autor, Jung considera que a psique é constituída historicamente, surgindo assim outra proposição de que a psique é coletiva.
Fonte: Imagem por Pixabay
Pessoas com sintomas de esgotamento emocional relacionados à atividade laboral
O mundo laboral na contemporaneidade gera impactos significativos na saúde mental, culminando assim na saúde física dos trabalhadores. As diversas formas de globalização, financeira, inovações tecnológicas e principalmente pelas novas formas de gestão interferem diretamente na saúde dos trabalhadores em seus diversos contextos de atuação, incluindo na maneira em que se organizam coletivamente.
Franco et al 2010 aponta que as relações de trabalho são permeadas flexibilização e precarização social e que tais aspectos repercutem negativamente na saúde do trabalhador. Uma pesquisa realizada pela startup Closecare, aponta que as doenças psicoemocionais são a terceira maior causa de afastamento do trabalho no Brasil, cujo atingiu recorde de concessão de auxílio doença em 2020 e destaca-se que será a principal até 2030. As organizações são de setores e portes variados e foram considerados os atestados com categorias F da CID-10, referente a transtornos mentais e comportamentais, foram avaliados quadros específicos de episódios depressivos, ansiedade e estresse.
Destarte, as pesquisas apontam que após a finalização dos encontros, os participantes dos grupos terapêuticos dispõem de habilidades para lidar com o estresse e ansiedade que possam ser causados pela atividade laboral, como também são capazes de ressignificar suas relações com sua ocupação profissional, a fim de encontrar bem-estar em sua realização.
REFERÊNCIAS
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