A psicoterapia é essencialmente o cuidado psíquico, dos sentimentos e de transtornos mentais, quando novos psicólogos se formam ou até mesmo dentro da academia, muitas vezes somente os fatores mentais são levados em consideração, em como eles afetam o comportamento, a vida social e por aí vai. Mas existe um ramo dentro da psicologia que ao levar em consideração fatores biopsicossociais, também dá atenção para o corpo e faz a psicologia a partir disso.
Fonte: (Instituto de Análise Bioenergética de São Paulo (bioenergetica.com.br))
A Análise Bioenergética é um termo criado a partir dos estudos desenvolvidos pelo psicanalista Wilhelm Reich por Alexander Lowen, que liga a expressão corporal aos sentimentos e busca entender a personalidade através dessas expressões. Hoje, após a contribuição de diversos pesquisadores e discípulos de Reich, a análise bioenergética envolve ferramentas que são importantes no processo terapêutico, como liberação de tensões, posturas que facilitam as vibrações naturais do corpo e respiração.
Ao utilizar a bioenergética na saúde pública, psicólogos tem a chance de diversificar o trabalho feito e adicionar autopercepção ao público sobre sua totalidade. Além de contribuir para a saúde mental ao aliviar dores crônicas e psicossomáticas
Um conceito abordado na psicologia como um todo é a autorregulação, que é descrita como a capacidade biológica e natural de ser autônomo quando o assunto são emoções e sentimentos. A bioenergética trabalha esse conceito ao relacioná-lo com a autonomia do ser, a autorregulação nos faz refletir sobre a nossa ação com o ambiente, assim como a ação do ambiente sobre o indivíduo. Ao educar pela autorregulação é possível entrar em contato com os próprios sentimentos e expressá-los de forma autêntica a partir do corpo.
O grounding, ou aterramento é uma das técnicas que pode ser incluída na bioenergética por exercer uma atividade de concentração no próprio corpo, trazendo benefícios psíquicos.
Essa linha teórica ainda é pouco abordada dentro da faculdade, tendo em mente os poucos recursos terapêuticos do corpo que se é utilizado em um contexto clínico, no contexto de saúde mental e saúde pública é algo mais visto. Há também uma escassez de trabalhos e artigos publicados sobre esse assunto.
REFERÊNCIAS
DE OLIVEIRA, Gislene Farias; DA SILVA, Regina Coeli Araújo; ROLIM, Solange Gonçalves. Análise Bioenergética: uma revisão sistemática da literatura. ID on line. Revista de psicologia, v. 7, n. 20, p. 75-96, 2013.
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Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo e a simbologia Junguiana
O filme lançado em 2022, “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” conta a narrativa de uma mãe imigrante chinesa sobrecarregada (Michelle Yeoh) que se chama Evelyn, apesar da premissa dramática, o filme é do gênero da ficção científica e comédia. Junto com a situação de Evelyn, ela tem que lidar com conflitos familiares e com a lavanderia que comprou com o marido Waymond. Um dos principais conflitos é com sua filha, Joy, que é uma jovem lésbica que procura pela aprovação da mãe e do avô.
A premissa do filme gira em volta de um dia importante para Evelyn e Waymond que vão a receita federal conversar com uma auditora um tanto rígida, porém no elevador a caminho do escritório, Waymond muda completamente de comportamento e personalidade e a avisa que sua vida está em perigo e precisa entender como pode impedir um grande desastre. A partir daí Evelyn embarca em uma jornada confusa e incessável em que ela tem que viajar entre universos para parar a vilã Jobu Tupaki.
Durante a trama é revelado que Jobu é sua filha, Joy, de outro universo, um universo em que Evelyn era uma cientista e levou Joy para além de seus limites até que a mente dela tomou de conta de todos os universos e ela passou a vivenciar tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Se tornando uma antagonista em busca de alguém que a entendesse e esse alguém era Evelyn. Ela é considerada vilã por ter criado um tipo de buraco negro representado por um donut escuro que suga mais do que a luz, Jobu diz que colocou todos seus sentimentos e tudo que aconteceu a ela nesse donut.
Fonte: Divulgação Prime Vídeo
Por outro lado, o dia a dia de Evelyn é interrompido a todo momento por olhos móveis de plástico que Waymond coloca em todos os lugares, segundo ele esses olhos deixam o ambiente que normalmente é carregado e estressante, mais leve e divertido. Waymond encara a vida de uma forma positiva em que mesmo em tempos difícieis e especialmente neles as pessoas precisam ser gentis umas com as outras.
O pensamento niilista de Jobu entra em choque com o pensamento otimista de Waymond, que influencia Evelyn a “vencer” Jobu e recuperar sua filha. A simbologia do buraco negro e do pensamento de Waymond são apresentadas a partir de um círculo preto com o centro branco e um círculo branco com o centro preto, demonstrando que mesmo na falta de esperança e acreditando que nada importa, Jobu ainda tem uma saída e mesmo enfrentando a vida com amor e gentileza, ainda existem momentos ruins.
Fonte: Divulgação Prime Vídeo
Tais conceitos refletem a simbologia de Yin/Yang, que são traduzidos como o princípio feminino e o princípio masculino. Visto que é a ideia de que os dois princípios são opostos, mas se complementam, no Yin existo um pouco do Yang e no Yang existe um pouco do Yin, no sentindo original o Yin é enxergado como nebuloso e sombrio, já o Yang é algo que brilha e ilumina (Wihelm, 2006).
Ao ter aspectos de um em outro, Evelyn e Jobu/Joy encontram um equilíbrio entre si que não se excluem, mas se integram de uma forma que o filme interpreta como a recuperação do vínculo entre mãe e filha apesar da resistência das duas.
Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik
A forma que vemos essa dualidade na psicologia analítica é através dos arquétipos feminino e o masculino, a anima e o animus. O arquétipo é visto como um potencial inato de imaginação e comportamento que pode ser encontrado nos seres humanos em qualquer lugar, são conteúdos inconscientes.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Aline. O Verdadeiro Multiverso da Loucura. Adoro Cinema, 2022. Disponível em <Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: Críticas AdoroCinema> Acesso em: 26/08/2022
Wilhelm, R. (2006). I ching: o livro das mutações. São Paulo: Pensamento.
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Sobrecarga e equilíbrio – (En)Cena entrevista a professora Vanessa Oster
“Falar de saúde mental neste período é algo difícil, vivo no limite. Existe uma linha muito tênue entre a sanidade e o surto. Durante o dia tenho várias alterações de humor e isso reflete em todas as minhas atividades, principalmente no trabalho”.
O Portal (En)Cena entrevista a professora e pesquisadora do Instituto Federal de Tecnologia do Tocantins (IFTO), doutoranda em educação pela UNICID, Vanessa Oster, para entender sua perspectiva acerca dos desafios que o Brasil da pandemia impõem à mulher, profissional, cientista, esposa, mãe de duas crianças em idade de alfabetização no ensino remoto.
Em sua fala, a professora relata pontos como a intensificação da sobrecarga da mulher no período da pandemia, devido ao acúmulo de atribuições domésticas, das atividades escolares dos filhos às tarefas ordinárias da vida profissional. Nesta perspectiva, a entrevistada destaca a importância da saúde mental para oportunizar uma melhor interação entre as pessoas envolvidas na dinâmica do trabalho, tornando a rotina mais agradável e produtiva e conduzindo todos a decisões assertivas. Por fim, Vanessa Oster aponta preocupações com os retrocessos sociais no que tange ao atraso nas conquistas relativas à equidade de gêneros em decorrência do período de calamidade causado pela COVID-19.
Figura 1 – Foto pessoal
(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, professora do IFTO, pesquisadora, mãe e professora dos filhos em aula online e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID-19?
Vanessa Oster – Ser mulher durante a pandemia é um exercício diário de fé, paciência e persistência. São muitas demandas, é preciso ser uma boa mãe, uma excelente profissional, uma dona de casa exemplar e tudo isso acontecendo ao mesmo tempo no mesmo ambiente. As tarefas se confundem, trabalho e cuido das crianças simultaneamente. Isso para mim é o mais complicado. A sobrecarga da mulher é evidente no período da pandemia, ficou muito claro que as atribuições domésticas e as atividades dos filhos são das mulheres.
(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere em tomadas decisões acertadas ou equivocadas no trabalho?
Vanessa Oster – Falar de saúde mental neste período é algo difícil, vivo no limite. Existe uma linha muito tênue entre a sanidade e o surto. Durante o dia tenho várias alterações de humor e isso reflete em todas as minhas atividades, principalmente no trabalho. O meu desempenho profissional está diretamente ligado ao meu estado de espírito. Se estou bem a aula ministrada por mim, a metodologia aplicada é exitosa caso contrário nada flui de forma prazerosa. A manutenção da saúde mental é de fundamental importância para que eu tenha condições de realizar as minhas atividades pessoais e profissionais com qualidade. Estando com uma boa saúde mental o convívio (mesmo que virtual) com os colegas propiciará uma interação/ socialização mais agradável e produtiva, o que automaticamente conduzira para decisões assertivas. Sendo assim, neste período, várias decisões tomadas foram erradas em função de uma instabilidade emocional.
Figura 2 – Mari_C/Getty Images
(En)Cena – Quais os desafios de ser ensinar e produzir ciência sendo mãe e mulher, durante a pandemia?
Vanessa Oster – Produzir ciência não é fácil em nenhuma condição, agora então exige uma maior dedicação. Ser mãe e fazer ciência, ao mesmo tempo e no mesmo ambiente é uma equação com muitas variáveis e nem sempre é possível chegar a um resultado, algumas coisas se perdem pelo caminho. Em vários momentos a mãe precisa elencar prioridade as quais lhe tomarão mais tempo. Neste período de pandemia eu optei em priorizar meu tempo com as meninas, até por elas estarem nas serem iniciais e precisarem receber uma alfabetização e um letramento de qualidade. Historicamente e socialmente, a mãe é tida como responsável pelas crianças e responsável por tornar o ambiente doméstico um bom lugar para a família conviver.
Como neste período de pandemia tudo acontece dentro de casa, fazer ciência e ser mãe demandou que muitas horas de sono fossem dedicadas a leitura para que a minha produção acadêmica não parasse. Com muita dedicação, muitos momentos de surtos e sem muita compreensão das crianças eu tenho conseguido fazer ciência. Não sei se manter a produção acadêmica é uma decisão assertiva no momento, devido à sobrecarga, mas é muito satisfatório ter resultados de um trabalho seu publicado. Seja como capítulo de livro, artigo ou qualquer outra forma de documentar a minha contribuição para a ciência. E assim vamos seguindo entre uma tarefa e outra das crianças um artigo é lido, depois que elas dormem é que consigo escrever.
Figura 3 – freepik
(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?
Vanessa Oster – Antes da pandemia estávamos em um “momento feminino”, estávamos nos aproximando de uma equidade de gêneros, porém com a crise da covid-19 talvez a vida de muitas mulheres mude e tenha um “retrocesso” no que se trata da equidade. Em função do convívio mais intenso entre os cônjuges, devido fatores econômicos e vários outros acontecimentos da pandemia, aumentou muito o número nos casos de violência doméstica. Algumas meninas que estavam em idade escolar, viraram adultas no período de pandemia começaram a trabalhar e terão dificuldades para voltar a escola, algumas mulheres saíram do trabalho para cuidar dos filhos pois não tinham com quem deixar as crianças, tornando-se assim dependentes financeiramente dos seus cônjuges. A meu ver são alguns fatores que podem levar uma submissão feminina. Por outro lado, algumas mulheres se destacam no período pandêmico devido ao potencial de liderança e facilidade de mediar conflitos nos Governos e nas Empresas. Sendo assim acredito que existirá dois grandes grupos, as mulheres independentes e estáveis profissionalmente (não sei se com saúde mental) que estarão à frente de grandes projetos sociais, grandes empresas e até mesmo líderes de governo e aquelas que retroagiram e tiveram que postergar o sonho da igualdade de gênero por mais uns anos. O que ambos os grupos terão em comum, é serem formados por mulheres sobrecarregadas e que estão em constante busca de equilíbrio.
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Protagonismo e apoio – (En)Cena entrevista a empresária Fabíola Bocchi
“O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e pra mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio”
O Mapa das Empresas pela Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia [1], informa que, em janeiro de 2020, o Brasil já ultrapassa a marca de 20 milhões de pequenos negócios. Segundo o SEBRAE, em 2020, os pequenos negócios representaram 98% das empresas do país, são responsáveis por 54% dos empregos formais, 30% de toda a riqueza nacional e estão presentes em 100% dos municípios brasileiros.
E durante a pandemia da Covid 19, o empreendedorismo, foi a saída encontrada por muitas pessoas ante ao desemprego e à redução de salários causados pelo contexto do coronavírus [2].
Mas como podemos pensar a saúde mental da mulher e empreendedora, no contexto da pandemia?
O Portal (En)Cena conversa com Fabíola Bocchi para entender sua perspectiva acerca dos desafios de ser mulher, a empresária e administradora da franquia do Divino Fogão em Palmas-TO, mãe e estudante de psicologia no Brasil da pandemia. A entrevistada destaca problemas ligados à “sobrecarga invisível” de trabalho que caracteriza a rotina de muitas mulheres e, ainda, destaca a importância da solidariedade e do protagonismo feminino como soluções no pós-pandemia.
Fabíola Bocchi. Foto: arquivo pessoal
(En)Cena – Considerando o seu lugar de fala, de mulher, empresária, mãe e estudante de psicologia e usuária ativa das redes sociais: o que é ser mulher no Brasil, durante a pandemia da COVID 19?
Fabíola Bocchi – É um imenso desafio. Ser mulher já vêm com a sobrecarga invisível anexada durante tempos normais, agora então a situação se intensificou muito mais. O excesso de trabalho, estudos de forma remota, responsabilidades domésticas e acompanhamento escolar recaiu sobre todas nós, nos deixando mais sensíveis à ansiedade e ao estresse. Tivemos um impacto muito brusco, sem precedentes… tivemos que nos adaptar muito rapidamente, e muitas vezes o psicológico não acompanha.
Figura 2pixbay
(En)Cena – Como a saúde mental (sentimentos e emoções) das mulheres interfere na rotina de casa e do trabalho?
Fabíola Bocchi – Com as emoções desestabilizadas, ficamos muito mais vulneráveis a sofrer com os efeitos negativos de tantas atividades, e isso acaba impactando muito como lidamos com as coisas mais simples do dia a dia na nossa casa e trabalho. O momento nos desafia a transmitirmos à quem mais amamos (principalmente os pequenos) segurança, otimismo, força, mas não são todos os dias que isso é possível, infelizmente.
(En)Cena – Quais os desafios de empreender sendo mãe e mulher, durante a pandemia?
Fabíola Bocchi – O meu negócio exigiu muito mais atenção do que o normal, pois precisou ser totalmente reinventado. O peso da responsabilidade é muito grande pois você sabe que existem diversas famílias que dependem do emprego para viver, e para mim, buscar minimizar os impactos disso está sendo o grande desafio. E como mãe e mulher, equilibrar tudo isso está sendo um esforço imenso, acho que o maior de todos os obstáculos. Como meus filhos são pequenos e em idade escolar, fica praticamente impossível acompanhá-los durante as aulas online e acompanhar as minhas aulas como estudante ao mesmo tempo. A noite é que me sento com calma e revisamos o aprendizado do dia e então auxílio nas tarefas. Mas nunca imaginei que teria que ser tão vigilante com o tempo, e desenvolver tanto mais minha habilidade de administrar e planejar para conseguir dar conta de tantas demandas.
Figura 3pixbay
(En)Cena – Na sua opinião, qual seria o caminho para as mulheres no pós-pandemia?
Fabíola Bocchi – Percebo o quanto é benéfico grupos de pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades, que se relacionam e interagem buscando desabafar, buscando apoio, solidariedade e uma palavra animadora. Penso que nós mulheres poderíamos buscar mais estas redes de apoio, nos fortalecendo mutuamente. Também podemos procurar diferentes formas de combater a ansiedade, buscando ter maior flexibilidade com as rotinas de casa e trabalho, e com nossos objetivos pessoais, tentando baixar as exigências sobre si mesmas, aprendendo a observar nossos limites, ter autocompaixão e não buscar a perfeição. O caminho para as mulheres no pós-pandemia é ser protagonistas na reconstrução da nossa realidade.
16 de fevereiro de 2021 Carolina Vieira de Paula
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Você conhece o REIKI?
Trata-se de uma terapia integrativa, na qual o profissional estende suas mãos sob partes do corpo do paciente para canalizar energia vital universal, com a finalidade de reestabelecer o equilíbrio físico (orgânico), regularizar suas funções vitais e equilibrar o campo mental e emocional.
Segundo o site, www.minhavida.com.br, o REIKI é reconhecido como “técnica pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e também é aplicado no Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, através do projeto de Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, que contempla outros tratamentos alternativos, como meditação, arteterapia, musicoterapia, tratamento naturopático e quiropraxia”.
Durante a pandemia da COVID 19, a clínica Espaço Acolher de Palmas-TO vem desenvolvendo um trabalho gratuito de REIKI presencial, por agendamento, ou à distância, toda terça feira, das 21 às 21:30. O trabalho apoia pessoas a reequilibrar seus chacras e a fortalecer sua energia vital nestes tempos adoecedores. Para participar da iniciativa, basta acessar o instagram da @espacoacolherto ou o whatsapp (98111 5373), colocar seu nome na lista disponível no feed e se preparar para relaxar e se reenergizar.
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The Good Doctor: profissionais que lidam com a crise
Meu pai tinha esse mantra… “Seja como uma pedra, nunca chore”. Isso me tornou forte, o nem sempre foi uma coisa boa, mas foi o suficiente. (Dr. Alex Park)
A crise é uma série de eventos, ocorrências que podem acontecer de formas distintas, muitas vezes imprevisíveis. Como grandes situações catastróficas como terremotos, incêndios, estupros, momentos que podem ameaçar a integridade física, psíquica, social e a vida das pessoas. Na disciplina de Intervenção em situações de crise, do curso de Psicologia, é visto que pode existir uma ruptura psíquica do sujeito com essas conjunturas, ocasionando uma crise psicológica. Neste cenário o indivíduo pode experimentar uma perda familiar, término de relacionamento e mudanças radicais em torno do ambiente.
Vivenciar uma crise é uma experiência normal de vida, que reflete oscilações do indivíduo na tentativa de buscar um equilíbrio entre si mesmo e o seu entorno (SÁ, WERLANG, PARANHOS, 2008). Contudo, se esse equilíbrio não é firmado ou for alterado, rompido por alguma causa, a crise se instaura, fazendo com que o sujeito sofra com inúmeras alterações, físicas, comportamentais, ambientais e psíquicas. O estado de crise é limitado no tempo, quase sempre se manifestando por um evento desencadeador, e sua resolução final depende de fatores como a gravidade do evento e dos recursos pessoais e sociais da pessoa afetada (MORENO et al., 2003).
Fonte: encurtador.com.br/iloD3
Ao estudar sobre os profissionais que lidam com a crise, foi percebido que existem muitos profissionais que não apenas encaram esses acontecimentos, bem como sofrem com esses problemas. Como profissionais da saúde, educação, militares, bombeiros, psicólogos, entre outros.
A crise como uma experiência da vida humana é permeada pela necessidade de um cuidado profissional imediato pautado em conhecimento teórico-prático e vinculado a um modelo, para responder à pessoa em crise, coerente com os processos transformadores que impactam a prática interdisciplinar profissional e alinhado às atuais políticas públicas de saúde mental (ALMEIDA, et al, 2014).
Contudo, existem muitos profissionais que já estão adoecidos ou em estado constante de pressão, assim quando o dever os chama, eles sofrem em dobro. Não porque não sabem lidar com a situação, mas porque precisam estar em ótimas condições para englobar as necessidades das pessoas. Por também estarem em condições críticas, podem romper com a crise até no ambiente de trabalho.
Um bom exemplo disso é expressado durante a série The Good Doctor. Uma produção médica ambientada nos Estado Unidos, do qual um médico diagnosticado com síndrome de savantismo, um tipo de Autismo raro, desempenha grandes feitos através de habilidades intelectuais inimagináveis. Shaun Murphy é o protagonista principal, tido como um jovem e brilhante médico, contudo ele possui dificuldades em socializar com os funcionários do hospital e até com os pacientes. Após enfrentar numerosas barreiras em sua função como médico, Shaun consegue se adaptar da melhor forma possível no ambiente de trabalho. Até que nos episódios dez e onze da segunda temporada, ele e toda a equipe do San Jose St. Bonaventure Hospital passam por uma grande experiência traumática.
Fonte: encurtador.com.br/psCN5
Durante a véspera de Natal dois pacientes dão entrada no hospital com sintomas parecidos, sendo depois descoberto ser um vírus originário da Malásia e que pode levar as pessoas a morte. Toda a equipe da emergência teve que ficar em quarentena por causa do incidente, incluindo Dr. Marphy, que desde cedo se encontrava nervoso com os sons do pronto socorro. A crise começa no ambiente a partir do momento que as pessoas infectadas adentram o hospital, mas com o restante das pessoas o processo é mais longo.
A parte do episódio que evidencia a crise é o momento que tudo parece dar errado. Uma pessoa morre com o vírus, outra precisa ser operada, um garoto sofre com uma crise de asma e Shaun parece não aguentar mais a pressão do ambiente. No que tange ao fato dos profissionais enfrentarem a crise junto com os pacientes, parecia algo normal, que todo médico ou profissional da saúde deveria saber fazer. Mas não contavam com os fatores emocionais, pressão por ajudar várias pessoas assustadas, pouco material disponível e a ameaça iminente de morte.
O que parecia ser um dia normal na emergência, culminou em uma grande crise para todos os envolvidos. Os profissionais de saúde estavam cometendo erros, gritavam, entravam em traze, morriam na quarentena e mesmo em uma grande bagunça como aquela tentavam de alguma forma alcançar o equilíbrio.
Fonte: encurtador.com.br/psCN5
Embora tudo pareça ficção é visto na série que todos conseguem de alguma forma sobreviver ao acontecimento. Pois, eles se ajudaram, não deixaram a crise absorver tudo deles, cada um lidou com o problema com suas próprias reservas emocionais, psíquicas, físicas, etc.
Do exemplo em questão, percebe-se que a crise é uma perturbação temporária e em algumas pessoas pode ser uma forma de crescimento, uma forma de mudança e oportunidade para enxergar a vida com outros olhos. Para Parada (2004), quando a solução da crise se dá de forma adaptativa, surgem três oportunidades: a de dominar a situação atual, a de elaborar conflitos passados e a de apreender estratégias para o futuro. Logo, a elaboração da situação através de habilidades as vezes desconhecidas, pode servir como base para o manejo de situações conflituosas futuras. Que mais profissionais tenham o treinamento e as condições necessárias para realizar o manejo de modo adequado.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
Título Original: The Good Doctor Direção:Mike Listo, Freddie Highmore, Larry Teng, Steve Robin, Michael, Patrick Jann, Alrick Riley, David Straiton, Allison Liddi-Brown, Joanna Kerns, Steven DePaul Elenco: Freddie Highmore, Nicholas Gonzales, Antonia Thomas, Tamlyn Tomita País:Estado Unidos da América Ano:2017 Gênero: Drama Médico
REFERÊNCIAS
ALMEIDA. A. B.; et al. Intervenção nas situações de crise psíquica: dificuldades e sugestões de uma equipe de atenção pré-hospitalar. Rev Bras Enferm. 2014 set-out;67(5):708-14.
PARADA, E. (2004). Psicologia Comportamental Aplicada al Socorrismo Profesional. Primeros Auxilios Psicologicos. Acesso em: 29 de abril de 2019. Disponível em: http://members.fortunecity.es/esss1/Jornadas97ParadaE.htm.
MORENO, R. R.; PEÑACOBA, C. P.; GONZÁLEZ-GUTIÉRREZ, J. L. & Ardoy, J. C. (2003). Intervención Psicológica en Situaciones de crisis y emergencias. Madrid: Dykinson.
SÁ, D. S.; WERLANG. B. S. G.; PARANHOS. M. E. Intervenção em crise. REVISTA BRASILEIRA DE TERAPIAS COGNITIVAS, 2008, Volume 4, Número 1
Com a rápida urbanização advinda do início do século XX, muitos utensílios foram criados para deixar o dia a dia mais prático, entretanto, ao invés das pessoas terem mais tempo livre e de qualidade, elas estão mais apressadas, preocupadas e ansiosas.
O homem na sua época de agricultor tinha que ter paciência para esperar o tempo da colheita, ficar atento aos sinais da natureza, já o homem urbano é muito imediato, consegue o alimento pronto com menos da metade do esforço que antes era feito, isso também o faz projetar essa praticidade e pressa em outras áreas de sua vida e deixa de estar conectado à assuntos relacionados a natureza pois não a reconhece como seu hábitat, deixando de se importar com o desenvolvimento sustentável e esquecendo suas origens.
Fonte: encurtador.com.br/aDNWZ
O crescente uso dos recursos naturais em prol do desenvolvimento tecnológico e econômico, é visto como algo bom, porque aparentemente traz benefícios a todos, mas é tudo um conto de fadas?
Com a ajuda da tecnologia o número de mortalidade infantil diminuiu, a medicina ficou mais eficiente, a comunicação mais acessível, mas, também contribui para o aumento da probabilidade de surgimento de transtornos psicológicos devido a correria, a necessidade de buscar sempre mais, cumprir prazos e responsabilidades, conciliar um emprego, cuidar da família, vida doméstica e se sobrar tempo, tomar uma cerveja depois do expediente.
Crises de ansiedade, pânico, depressão, estresse pós-traumático são patologias cada vez mais comuns e características desse século, causado em parte por esse novo modo de se relacionar, sendo consequências do meio em que se vive. Vendo a situação por essa perspectiva, o problema deixa de ser individualizado e passa a ser social, sendo questão de saúde pública.
Fonte: encurtador.com.br/chloC
Um ambiente equilibrado depende do bem-estar físico, mental e social, então o impacto do meio ambiente, muitas vezes subjugado nessa equação, é de suma importância à saúde mental.
Marquês de Sade, um escritor francês disse: “Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza”. Como exemplificação dessa frase, a Costa Rica é considerada o povo mais feliz do mundo, visto do ponto de sintonia com a natureza e sustentabilidade, e não sobre progresso econômico.
Apesar de parecer, esse texto não é um incentivo para abandonar a vida urbana e se isolar em alguma caverna, mas para valorizar o meio ambiente e preservá-lo, depois de termos usufruído por tanto tempo, afinal, é de onde viemos, onde estamos e o único lugar onde podemos ir.
Psicologa ensina como evitar falhas em momentos decisivos no livro “Deu Branco!”
30 de setembro de 2017 Grupo Editorial Record
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Falar em público, jogar uma partida que vale o título do campeonato, ir bem numa entrevista de emprego ou numa prova de concurso de público. Situações como estas causam ansiedade e geralmente abalam o equilíbrio emocional de muita gente. Algumas pessoas conseguem controlar o nervosismo e obter bons resultados. Outras simplesmente paralisam e não alcançam o desempenho que teriam se não estivessem sob pressão.
Em “Deu branco!”, a psicóloga americana Sian Beilock investiga as relações entre o corpo e a mente para explicar por que falhamos em momentos críticos e mostra como o bloqueio mental se manifesta deformasdiferentes em artistas, estudantes, atletas e empresários. Beilock destaca a importância da terapia de exposição para estimular que as pessoas se habituem a agir sob pressão e em circunstâncias estressantes:
“Treinar sob pressão pode representar mais do que simplesmente se acostumar com a pressão. Ajuda também a lidar com o excesso de atenção com o próprio desempenho que, em geral, acompanha situações de grande tensão”, defende a autora, que também analisa o uso de medicamentos para controlar a ansiedade.
Por meio de teorias da ciência cognitiva, com ensinamentos sobre memória e desenvolvimento cerebral, “Deu branco!” indica o caminho para se manter calmo e ter um bom desempenho em momentos desafiadores.
Sian Beilocké professora de psicologia da Universidade de Chicago. Concluiu o mestrado em ciências cognitivas pela Universidade da Califórnia, em São Diego, e o doutorado em cinesiologia e psicologia pela Universidade Estadual de Michigan. Sua pesquisa na área de ciência cognitiva é patrocinada pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos e pelo Departamento de Educação do país.
Fonte: goo.gl/3e6dL1
DEU BRANCO! Como evitar falhas nos momentos importantes usando a ciência cognitiva Autor: Sian Beilock Tradução: AdrianaRieche Preço: R$ 49,90 Tradução: Joana Faro Editora: BestSeller |Grupo Editorial Record
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A tragédia como dialética entre os deuses Apolo e Dionísio
A obra a Origem da Tragédia ou Nascimento da Tragédia, Helenismo e Pessimismo, foi a primeira obra de Nietzsche, (CASTRO, 2008). De acordo com Vieira (2012), esta obra de Nietzsche foi publicada em 1872 quando ele ainda era professor universitário no curso de filologia, e é considerada por algum autores uma das principais obras da filosofia moderna. Neste livro, Nietzsche aborda sobre a tragédia que era segundo Vasconsellos (2001) um coro composto por doze homens e era cantada por um ator denominado Hipócritas que representava deuses ou seres legendários vivos ou mortos, sobretudo a tragédia era aberta ao público e o público participava livremente e se comovia com os coros e entravam em uma catarse.
A tragédia de Nietzsche aborda a dialética entre o deus Apolo e o deus Dionísio, onde Apolo representava as artes plásticas, o sonho, perfeição, luz, beleza, razão, sonho e Dionísio representava o vinho, a embriaguez, os prazeres carnais, a falta de limites e regras, pois para Nietzsche (2006) a vida se dava entre essa dialética apolínea e dionisíaca, entre o equilíbrio das duas forças, contrariando as ideias socráticas e discorrendo sobre o helenismo que foi o período onde o apolíneo e o dionisíaco viviam em perfeita harmonia.
O autor também traz a tragédia atica que resgata o dionisíaco e é a manifestação artística, é o equilíbrio do espírito dionisíaco e por meio desse processo o grego consegue manter-se diante da vida rodeado por essas duas forças, na tragédia atica o espírito dionisíaco prevalece. A tragédia nasceria na Grécia a partir do espírito da música e renasceria na modernidade a partir do espírito wagneriano. O nascimento da tragédia proveniente do espírito da música, Nietszche (2008).
Fonte: http://zip.net/bktLfw
É extremamente evidente a maneira como Nietzsche traz a dialética entre o apolíneo e o dionisíaco, quebrando a ideia socrática e rasgando a ilusão na qual os gregos estavam submersos, trazendo de volta o pessimismo, pois os gregos possuíam consciência a respeito das dificuldades e impasses da vida, sobretudo eram otimistas e o espírito dionisíaco visava unir a existência em torno da verdade e criar um elo do homem com a verdade nua e crua, sem a ilusão criada pelo apolíneo de que tudo era belo e perfeito, e Nietzsche (2008, p. 24) descreve da seguinte forma:
E não são só as imagens agradáveis e alegres que experimenta em si com aquela compreensão ilimitada; também o grave, melancólico, triste, sombrio, os repentinos impedimentos, as imposições do acaso, as esperanças angustiosas; enfim, toda a “divina comédia” da vida com o inferno, passam por ele, não só como um jogo de sombras — pois ele vive e sofre com estas cenas — e mesmo assim não sem aquele pensamento, passageiro na aparência; e talvez haja quem se lembre, como eu também me recordo, de ter, de permeio com os perigos e sustos do sonho, exclamando para si encorajadoramente: “É um sonho! Quero continuar a sonhá-lo!” Assim como também dizem existirem pessoas capazes de continuar a causalidade de um mesmo sonho por três e mais noites consecutivas. Fatos que atestam claramente que o nosso ser interior, o fundamento comum de todos nós, recebe o sonho como necessidade prazenteira, e com profunda alegria. Esta necessidade prazenteira do conhecimento do sonho foi exprimida, da mesma forma, pelos gregos mediante o seu Apolo, como deus de todas as formas criativas e, ao mesmo tempo, o deus-adivinho. Ele que, segundo a sua raiz, é o “Brilhante”, a divindade da luz, domina outrossim o belo brilho do mundo-fantasia.
O espírito apolíneo criava ao redor da forma uma cortina estética perfeita e bela, criando também uma ilusão utilizando da arte para os gregos mostrando apenas o lado belo da existência, e o espirito apolíneo foi reforçado pelo cristianismo, pois mantém a ideia de submissão do homem. O espírito apolíneo representa as artes plásticas e o espírito dionisíaco representa a música e Nietzsche (2008), em sua obra busca o equilíbrio das duas forças, visto que os gregos moldavam o mundo com formas e arte: apolíneae dionisíaca, duplo caráter, teatro e música.
E Nietzsche (2008) também retrata sua enorme influência proveniente de Schopenhauer, onde aborda a vida como sendo essencialmente sofrimento e acontecimentos negativos de forma nua e crua, de maneira transparente e fiel a estes relatos de sofrimento e desprazer, rasgando o véu ilusório criado por Sócrates e por Apolo. E Nietzsche (2008) retrata Hegel como o processo de conhecimento do mundo é dialético, tese e antítese, na obra Nietzsche traz uma tese apolínea e um antítese dionisíaca, resultado disso é a tragédia atica.
Fonte: http://zip.net/bqtMct
A função da tragédia era cultural para todo o povo grego e buscava conectar o povo aos deuses e seres legendários por meio de Apolo e Dionísio, sendo segundo Nietzsche (2008), Apolo como deus sol, sonho humano de dar respostas através da razão, frio e distanciado, artes plásticas como tentativa de controle, harmonia controlada e ordem, já em contrapartida temos Dionísio deus do vinho, deus da festa e da embriaguez, intoxicação, selvageria, desordem, descontrole, mistérios e o espírito dionisíaco se desperta na música e como união dos dois estímulos, no final de toda boa tragédia atica há a manifestação do dionisíaco onde traz a ideia de que tentamos vencer a morte por meio da razão, mas no final a morte se manifesta por meio do dionisíaco representado, assim como reforça Castro (2008, s/p):
Em O nascimento da tragédia, se a beleza é Apolo, a verdade é Dionísio. E é precisamente o terror que Schopenhauer diz tomar conta do ser humano quando se rasga o véu da representação que nos aproxima do dionisíaco: a verdade do desejo, ao mesmo tempo aterrorizante e extasiante, que experimentamos na embriaguez. Nietzsche fala das beberagens narcóticas que os povos primitivos cantavam em seus hinos, da Babilônia e suas sáceasorgiásticas que celebravam a união dos homens entre si e com a natureza, da primavera que chega impregnando a atmosfera de alegria.
Todos os exemplos do que é capaz de despertar o “transporte dionisíaco” onde o “subjetivo se esvanece em completo auto-esquecimento”. No estado dionisíaco “o homem não é mais artista, tornou-se obra de arte: a força artística de toda a natureza, para a deliciosa satisfação do Uno-primordial (Ur-Einen), revela-se aqui sob o frêmito da embriaguez” (CASTRO, 2008).
Nietzsche (2008) traz a ideia de Schopenhauer acerca do véu da ilusão que é criado em nossas vidas, e por meio da razão o homem se afasta da natureza, o dionisíaco traz de volta essa essência porque o homem é natureza e de acordo com o sábio Sileno trazido por Nietzsche na obra, viver é sofrer, viver é morrer. Para Nietzsche o socratismo, buscar a felicidade por meio do conhecimento é a instauração de um mundo que nos afasta inclusive da nossa identidade naquilo que ela tem de primordial que é a relação com a natureza.
Fonte: http://zip.net/bytLJC
Segundo Nietzsche (2008), Eurípedes era compositor e por meio da razão dava sentido ao que não tem sentido, tentava criar uma tragédia didática onde você aprende e por meio da aprendizagem e você sai do barco, Eurípedes se apropria da proposta socrática de utilizar-se da razão para um etos e desvendar o mundo e tenta fazer isso por meio de suas peças, ele se torna um dragão na medida em que afasta o que é de primordial em suas peças que é a síntese, a dialética, onde se confirma:
Da mesma forma que em meio ao mar enfurecido e ilimitado o barqueiro de um pequenino bote permanece sereno e confiante em sua frágil embarcação – a bela imagem schopenhaueriana de O mundo como vontade e representação, que descreve o homem colhido sob o véu de Maya como aquele que, mergulhado em uma vida de tormentos, encontra calma e apoio no principiumindividuationis e confia na ilusão da representação para poder viver –, Nietzsche nos mostra o artista apolíneo suportando e dignificando a vida em seu mundo fictício de beleza (NIETZSCHE, 2008).
De acordo com o que é trazido e apresentado na obra de Nietzsche, o principiumindividuationis é o processo onde o indivíduo se constrói quanto individuo, uma armadilha da natureza para nos fazer acreditar que somos únicos e podemos vencer a morte e escapar do destino trágico.
Fonte: http://zip.net/bvtLGN
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como foi mencionado nas laudas anteriores, vimos como Nietzsche aborda a dialética entre as duas forças e espíritos opostos sendo apolíneo e dionisíaco, e como ele afronta os pensamentos socráticos acerca da vida, batendo de frente com as ideias socráticas e se chocando com o helenismo que era alimentado e vivido pelo povo grego na época referida. Nietzsche discorre sobre o tema da tragédia grega de forma sublime ao perpassar pela arte e filosofia, e sendo a sua primeira obra ele já causa uma quebra nas ideias filosóficas que eram impostas e discutidas, criando um novo período filosófico e se solidificando neste universo literário como um dos maiores autores e filósofos.
É notável a maneira como Nietzsche retrata o equilíbrio entre as forças de Apolo de Dionísio sendo essenciais para a vida humana aprender a conviver e a lidar com o pessimismo e com a negatividade e aversão, quebrando a ideia e rasgando o véu ilusório de que tudo se trata apenas do belo e da perfeição, mas fazendo valer o peso do que não é belo e é doloroso também.
REFERÊNCIAS:
CASTRO, M.C. , A inversão da verdade. Notas sobre o nascimento da tragédia 2008: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 mai. 2017.
NIETZSCHE, F. A ORIGEM DA TRAGÉDIA. Rio de Janeiro: Cupolo Ed, 2008.
SILVA, L. A. Tragédia2012. Disponível em: <http://www.infoescola.com/artes/tragedia/> Acesso em: 17 mai. 2017.
VIEIRA, M.V. Para ler O nascimento da tragédia de Nietzsche. São Paulo: Loyola, 2012.