“Por que a análise feminista sobre gênero é silenciada” é tema de encontro do Grupo de Estudos Feministas

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O debate é aberto ao público e ocorre no dia 12 de novembro, às 17h, na sala 203, no Ceulp

Acontece na segunda-feira, dia 12 de novembro de 2018, o encontro do Grupo de Estudos Feministas com o tema “Por que a análise feminista sobre gênero é silenciada”, das 17h às 18h, na sala 203, no Ceulp/Ulbra. O debate é aberto ao público e será conduzido pelas acadêmicas Monique Carvalho (Psicologia/Ceulp) e Thainá Ferreira (Filosofia/UFT).

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O Grupo de Estudos Feministas, iniciativa do curso de Psicologia do Ceulp, com orientação da Profa. Me. Cristina Filipakis, procura situar a luta feminista e sua história nos mais diversos contextos objetivando discutir temas que perpassam de maneira transversal as perspectivas e vivências das histórias de diferentes mulheres.

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“Mulheres no Cinema” é tema do Grupo de Estudos Feministas

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O debate é aberto ao público e ocorre no dia 05 de novembro, às 17h, na sala 203, no Ceulp.

Na segunda-feira, dia 05 de novembro de 2018, acontece o encontro do Grupo de Estudos Feministas com o tema “Mulheres no Cinema”, das 17h às 18h, na sala 203, no Ceulp/Ulbra. O debate é aberto ao público e será conduzido pela acadêmica de Psicologia Isaura Rossatto.

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O Grupo Acadêmico de Estudos Feministas, iniciativa do curso de Psicologia do Ceulp, com orientação da Profa. Me. Cristina Filipakis, procura situar a luta feminista e sua história nos mais diversos contextos objetivando discutir temas que perpassam de maneira transversal as perspectivas e vivências das histórias de diferentes mulheres.

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Por que há mulheres que votam em Bolsonaro?

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Um dos grandes feitos de Freud foi entender que aquilo que se manifesta na singularidade de cada sujeito, também pode ser lido no campo da cultura. É nesse sentido que o inconsciente para a psicanálise, não é algo que está nas profundezas da nossa intimidade, o inconsciente está na superfície, pairando sobre nós.

Assim sendo, para compreender nosso caldo social às vésperas da eleição, decidi procurar entender como os possíveis eleitores do Bolsonaro pensam e como justificam o próprio voto. Que propostas ou características do candidato os seduziram? O que esperam do mesmo, caso eleito? Essas foram minhas perguntas básicas e, para respondê-las, me dispus a conversar com alguns de seus potenciais eleitores e os “stalkeei” no Facebook tentando apreender suas ideias. Na verdade, eleitoras; escolhi apenas mulheres.

Fonte: https://bit.ly/2xYXaT4

Desse modo, analisados por minha lupa, as possíveis eleitoras de Bolsonaro que “escutei” são movidas, principalmente, por duas vertentes do discurso do candidato: aquela relacionada à segurança pública: facilitação do porte de arma, redução da maioridade penal e maior rigidez com criminosos. E a que possui apelo moral: dizer não a “ideologia de gênero” (elas realmente acreditam no tal “kit gay”), ou a quaisquer outros modos de exposição da sociedade a temas relacionados à sexualidade.

Ora, podemos extrair desses temas, nada mais do que as duas questões que mais tememos, exatamente pela dificuldade de simbolizá-las, de explicá-las: a morte e o sexo. Morte e sexo são nossos maiores medos, diante deles somos todos desamparados; a psicanálise assim nos ensina. Desse modo, a motivação que leva essas eleitoras em direção à Bolsonaro é, basicamente, medo. Elas se sentem inseguras, desorientadas, fragilizadas e buscam alguém que vá socorrê-las.  E, psicologicamente falando, numa sociedade patriarcal como a nossa, qual é primeiro recurso usado para lidar com o medo e a insegurança? O pai.

Fonte: https://abr.ai/2QgWuQw

Freud dizia que a nostalgia do pai é como uma espécie de cicatriz resultante da fundação da cultura. Em algum momento mítico, foi necessário “matar o pai” para fundar uma sociedade de irmãos.  No entanto, a cicatriz que ficou deste assassinato, sempre nos faz, inconscientemente, mergulhar na nostalgia de um pai que cuide de nós e nos proteja. E em última instância, que nos proteja do sexo e da morte. E vale destacar que, quanto mais adoecida e fragilizada uma sociedade está, mais esta busca por um pai se torna iminente. Diante do desamparo: o pai – nosso recurso mais simples e mais infantil.

Mas, obviamente, que no caso da sociedade brasileira atual, este pai poderia ser evocado de muitos modos. Lula, não por acaso, chamado de “pai dos pobres”, também encarna ou encarnou este pai, tal como Bolsonaro hoje o encarna, para uma determinada parte da população. No entanto, existe uma diferença abissal entre o pai que Lula encarna e o pai que Bolsonaro encarna, vejamos:

Fonte: https://bit.ly/2NQwjTJ

Lula é um pai castrado (tem um dedo amputado, nordestino, de origem humilde), desconstruído, emotivo, um pai que faz a política do diálogo e da negociação. Lula apesar de ser um pai popular, é de longe um pai totalitário ou autoritário, ao contrário. Maquiavel dizia que um líder precisa ser amado ou temido. E se não conseguir ser amado, que seja temido. Lula soube ser amado e isso faz dele, obviamente, um pai mais saudável. Lula é um pai menos macho, mais feminino. Lula é devir-mulher, para usar o termo Deleuzeano.

Bolsonaro, por sua vez, é um pai macho, autoritário, tradicional, que fala o que quer sem medo de ser odiado. Tem fetiche por armas e abomina qualquer atitude ou comportamento feminino. Não por acaso considera a mulher “uma fraquejada” e os homossexuais um erro ser corrigido. Ao contrário de Lula, Bolsonaro precisa exercer sua autoridade pelo medo, para isso, é capaz de ser agressivo com as mulheres e com seus filhos. Reprimir a sexualidade deles, obviamente, também é uma estratégia de poder. Para exercer poder sem amor é preciso incitar medo e controlar o corpo.

Fonte: https://bit.ly/2P2QCKw

Faz algum tempo que nós perdemos o pai que amamos… Perdemos, num primeiro momento, com o fim do seu mandato, e perdemos, num segundo momento, com sua desconstrução simbólica até a prisão, que não conseguiu ser resgatada para disputar as eleições. Além disso, o fracasso político do segundo governo Dilma – contestado logo no dia seguinte do resultado das urnas – seguido do golpe parlamentar, jogou o Brasil num descrédito total em suas instituições, e a uma insegurança política que a sociedade sentiu, obviamente. “Bagunça”, “caos”, “libertinagem”, “confusão”, foram os substantivos mais usados pelas mulheres que justificaram comigo, o voto em Bolsonaro.

E foi assim que nossa política, sustentada nessa versão infantil da necessidade de um pai, e mergulhada no caos político, migrou de um pai amado, para um pai temido, de um pai castrado para um pai castrador. E no consultório de psicanálise, testemunhamos isso a todo tempo com nossos pacientes e suas queixas infantis: melhor um pai a quem eu preciso temer, do que pai nenhum.

Fonte: https://bit.ly/2NTujKH

Todavia, é obvio que sair da infância e da neurose coletiva é aprender a prescindir do pai para seguir adiante. Talvez Bolsonaro seja o último suspiro, a última tentativa de resgatar o pai forte e castrador da sociedade patriarcal. Na iminência da decadência do patriarcado, Bolsonaro é um último espasmo desesperado para resgatar o homem/chefe/ castrador, que mesmo que à custa da saúde mental e da integridade física de mulheres e filhos, promete botar “a casa em ordem”.  Bolsonaro é quase uma caricatura de homem, parece ter chegado do passado em uma máquina do tempo.

Pensando assim, não é por acaso que a força das mulheres tem sido e será fundamental no enfrentamento a Bolsonaro, sobretudo, a todo retrocesso que ele representa.  São as mulheres e os gays com sua castração à mostra que Bolsonaro teme, e com razão. Nós mostramos aquilo que ele não suporta deixar aparecer, daí sua postura sempre arrogante e agressiva, ou usando a autoridade de Deus como se o tivesse a tiracolo. É por isso que, mesmo rasgado e cortado no real do seu corpo, ainda no hospital, ele mostra os dedos em riste, a dizer que a castração não se deu, que ele continua fálico, poderoso e forte.

Fonte: https://bit.ly/2Iq9ctb

Talvez o feminismo nunca tenha sido tão urgente por aqui. Não o feminismo de regras e protocolos de comportamento, mas o feminismo de verdade, que é aquele que diz: “somos todos castrados” – homens e mulheres – portanto, ninguém será adorado ou respeitado simplesmente por erigir um falo, ainda que ele venha travestido de prepotência, promessa de leis mais rígidas ou porte de arma. Afinal, ninguém mais do que as mulheres e os gays sabem o que homems como Bolsonaro podem fazer tendo o poder nas mãos. Não pode haver medo suficiente que nos leve a sustentar um sujeito desses liderando nosso país. E quem sabe nosso voto, dessa vez, amadureça e avance para a escolha de alguém que nos represente, e não de alguém que cuide de nós?

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Cultura do Estupro é tema de encontro do Grupo de Estudos Feministas

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O debate é aberto ao público e ocorre no dia 24 de setembro, às 17h, na sala 203, no Ceulp.

Acontece na segunda-feira, dia 01 de outubro de 2018, o encontro do Grupo de Estudos Feministas com o tema “Cultura do Estupro: Não é Não!”, das 17h às 18h, na sala 203, no Ceulp/Ulbra. O debate é aberto ao público e será conduzido pela acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo, Daniella Gomes.

Sobre o tema, Daniella Gomes ressalta que “estupro é toda e qualquer relação sem consentimento, seja o estranho que te assedia na rua, a pessoa que te incomoda na balada depois de algumas doses ou o parceiro não aceitando a sua indisposição. Já passou da hora de entender: NÃO É NÃO!”.

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O Grupo de Estudos Feministas, iniciativa do curso de Psicologia do Ceulp, com orientação da Profa. Me. Cristina Filipakis, procura situar a luta feminista e sua história nos mais diversos contextos objetivando discutir temas que perpassam de maneira transversal as perspectivas e vivências das histórias de diferentes mulheres.

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Maria Madalena: a controversa história da “Apóstola dos Apóstolos”

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“Como irá ser? O Reino? E Ele disse: é como uma semente, um único grão de mostarda que uma mulher pegou e semeou em seu jardim. E ele cresceu, e cresceu.
E as aves do céu fizeram ninhos em seus galhos.”

Quem foi Maria Madalena? Pecadora, santa, apóstola, testemunha, esposa? Há mais de 2000 anos muitas teorias são criadas em torno dessa mulher, uma das mais simbólicas personagens do Novo Testamento. Sua importância é inegável na história de Jesus e para o cristianismo. Ela esteve presente em alguns dos momentos mais especiais descritos nos Evangelhos [1], na morte, sepultamento e, especialmente, foi a primeira testemunha da ressurreição de Cristo.

No início, a Igreja reconhecia sua santidade. Maria Madalena era chamada de “Apóstola dos Apóstolos”, em virtude, principalmente, de ter sido a primeira a atestar a ressurreição de Cristo – o primeiro registro desta definição é atribuído ao teólogo Hipólito de Roma (170-236) [2]. Mas quando a Igreja Católica se tornou a igreja oficial do Império Romano (por volta do ano 380), Madalena foi relegada a uma personagem bíblica secundária (pouco comentada) [3]. Seu nome só voltou à tona de forma mais preeminente no século VI e associada ao rótulo de “prostituta”, uma interpretação que perdurou por séculos (e ainda é a única versão conhecida por muitos). Isso aconteceu porque o Papa Gregório Magno oficializou essa suposição em um de seus sermões ao afirmar que Maria, a pecadora que lavou os pés de Jesus, presente no Evangelho de Lucas 7: 36-50 e Maria Madalena apresentada em Lucas 8 eram a mesma pessoa [4].  

Enquanto isso romances populares (e questionáveis) como “O Código Da Vinci” trazem à tona novamente a teoria antiga presente nos evangelhos apócrifos, mais especificamente no Evangelho de Filipe, de que Maria poderia ser a esposa de Jesus, já que é descrita em alguns textos antigos como sua “companheira”.

Desde 2016, Maria Madalena é santa no calendário romano e o Papa Francisco transformou o dia 22 de julho, a data de Maria Madalena, em festa litúrgica e voltou a celebrar seu nome como “Apóstola dos Apóstolos”. Segundo artigo de Arthur Roche[5]:

O Padre Francisco tomou esta decisão exatamente no contexto do Jubileu da Misericórdia para significar a importância desta mulher, que mostrou um grande amor a Cristo e Cristo por ela, como afirmou Rabano Mauro e Santo Anselmo de Canterbury em seus escritos.

Se por um lado a ausência de fatos sobre a história de Maria Madalena trazem mais confusão do que clareza aos caminhos trilhados por quem a pesquisa, por outro a igreja lança mão das mais diversas interpretações. Ora ela é a pecadora que ao encontrar-se com Jesus foi acolhida e perdoada por Ele (dando esperança a todo pecador), ora ela é a mulher amada por Cristo, cujo reconhecimento eleva também a importância do papel feminino na história da propagação do cristianismo.

Fonte: encurtador.com.br/cPQU4

Mas quem é a Maria Madalena retratada no recente filme dirigido por Garth Davis? Segundo a jornalista Flora Carr, e de acordo com a professora Joan Taylor, do King’s College, em Londres, que trabalhou como conselheira histórica para a equipe [3]:

O filme se baseia parcialmente no Evangelho de Maria, um “documento muito misterioso” descoberto no século 19. Não tem autor conhecido, e embora seja popularmente divulgado como “evangelho”, não é tecnicamente classificado como um, já que os evangelhos geralmente relatam os eventos durante a vida de Jesus, em vez de começar depois de sua morte. Acredita-se que o texto tenha sido escrito em algum momento no século II, mas alguns estudiosos afirmam que ele se sobrepõe à vida de Jesus. [3]

Maria Madalena, vivida com extrema sensibilidade por Rooney Mara, é uma jovem de um lugar chamado Magdala, a 120 milhas ao norte de Jerusalém, às margens do Mar da Galileia, logo tem pais e irmãos pescadores. Desde o início do filme, já é possível entender o quanto a jovem está deslocada naquele universo em que o único destino de uma mulher era ser esposa e mãe. A passagem bíblica apresentada no Evangelho de Lucas 8:2, em que Jesus encontra Maria Madalena e expulsa dela sete demônios é retratado no filme a partir de um ponto de vista diferente.

Fonte: encurtador.com.br/biHU8

J: Sua família diz que você luta com o demônio.
MM: Se há um demônio em mim, sempre esteve aqui. Queria que houvesse um demônio.
J: Por quê? O que você teme em você mesma?
MM: Os meus pensamentos. Meus desejos, minha infelicidade… Não sou como deveria ser.
J: O que você deseja?
MM: Não tenho certeza…Conhecer Deus.

Os demônios, nesse contexto, são a representação daquilo que é fora do padrão da época. Maria sente que há algo no mundo além do pedaço de chão onde mora em Magdala e do destino que uma sociedade patriarcal impõe para a mulher. Vê em Jesus uma esperança de conhecer mais o Deus que ela sente, mas pouco compreende. As palavras dEle iluminam sua fé e indicam um novo caminho, diferente daquele já determinado pela sua família, que provocava-lhe angústias e desesperança.

Fonte: encurtador.com.br/biHU8

“No silêncio existe alguma coisa chamando? Vocês têm coragem de seguir o que ouvem? Vão se alinhar com a vontade de Deus até cada gesto de amor, cada vontade de ajudar e cada respiração estarem unidas? Isso é fé.  E essa fé os fará alimentar os que sofrem para aliviar a dor deles. E é essa fé a sua fé, que os conduzirá ao Reino de Deus.”

A ligação entre Maria Madalena e Jesus no filme é representada de forma espiritual, ainda que, como descreveram tantos historiadores, parecia existir um amor maior. Esse amor é refletido na capacidade de compreensão mútua que os tirava da solidão profunda ao entender o papel de cada um na concretização do Reino de Deus. O Jesus do filme tinha fraquezas humanas, pois ficava angustiado ao sentir a dor que estava por vir, mesmo sem entender claramente o final da sua jornada. Uma de suas perguntas a Maria mostra o quanto o sentido das coisas e da vida podem ser fugazes e intangíveis às vezes, mesmo para Ele.

Fonte: encurtador.com.br/hJLT5

J: Eu via com tanta clareza. E agora está desaparecendo.
MM: O quê?
J: Esta vida.

Em sua caminhada rumo a Jerusalém, Jesus e seus apóstolos foram seguidos por outras pessoas, inclusive por mulheres [1]. O que é apresentado no filme é que Maria Madalena não era apenas mais uma mulher na comitiva de Jesus, era também um dos seus apóstolos e, especialmente, era a que tinha mais sensibilidade para entender as suas palavras. Em um dos momentos mais significativos do filme, em uma conversa entre Judas, Madalena e Jesus é apresentado o quão os pescadores, que amavam Jesus, não tinham clareza de como era o Reino de que Ele falava.

Fonte: encurtador.com.br/zCGNS

Judas: Eu O vi curar os doentes, ressuscitar os mortos. Sei que basta uma palavra Sua e Deus viraria o mundo de cabeça para baixo. Como os profetas disseram que Ele faria. Os pobres, os sofredores, os mortos, os mortos que amamos irão se levantar e Você será coroado Rei. Diga a palavra. Nós lhe demos tudo. Nossas vidas. Nossa esperança.
MM: Talvez tenhamos entendido errado. Talvez o Reino não seja…
Judas: Não! […] (Olhando para Jesus) Diga-lhe. Diga-lhe que ela está errada.

Mas Ele não diz. E Judas, retratado como uma espécie de “fã número 1” de Jesus, fica desolado. Na sua imaginação, os céus se abririam e os mortos voltariam no momento em que o Messias estalasse o dedo, com isso o mal seria vencido e os justos reinariam a terra. Ainda hoje muitos vendem a esperança de que esse Reino será erguido com doações materiais e/ou com sacrifícios extremos. A interpretação da traição de Judas, nesse filme, finalmente ganhou uma roupagem diferente, porque dessa vez, o Judas retratado era aquele que tinha a percepção mais ingênua do Reino de Deus. Os céus não se abriram como ele imaginou, nem Deus-Pai tirou seu filho do sofrimento da cruz e puniu os seus algozes.

Na versão do filme da última ceia, Jesus sentou-se ao lado de Maria Madalena, recriando uma cena semelhante ao mural de Leonardo Da Vinci. Segundo Flora Carr [3], enquanto na versão de 2006 do filme “O Código Da Vinci”, os personagens examinam o mural e debatem se a figura afeminada à direita de Jesus era de fato a Maria Madalena, como uma forma de provar que ela era a sua esposa, a importância, nesse filme, dela ocupar tal posição era pela ligação espiritual profunda que ela tinha com Jesus, e da sua capacidade em interpretar sua palavra e seus sentimentos. Isso a coloca em uma posição privilegiada, ou seja, uma mulher era apresentada como a figura mais proeminente entre os apóstolos, o que seria um absurdo para época (e, para muitos, ainda hoje).

Fonte: Mural da Última Ceia – Leonardo Da Vinci, Milão, 1495 – Arquivo da História Universal/ Getty Images

Nenhum apóstolo ficou ao lado de Jesus nos momentos finais de sua vida, pois estes estavam sendo perseguidos. Mas Maria Madalena, com o melhor disfarce de todos (era mulher), esteve na sua morte e no seu enterro, já que era costume na época as mulheres prepararem o corpo dos mortos para ser levado ao sepulcro. Li uma vez uma reflexão de um historiador cujo nome não consigo lembrar (logo, não há credibilidade nessa informação), que possivelmente os eventos mais prováveis descritos na bíblia, mesmo para os céticos, eram aqueles mais improváveis para a época, por exemplo, uma mulher sendo testemunha da ressurreição (ou da ideia da ressurreição).

Fonte: encurtador.com.br/iJKU1

MM: Ele não se foi. Nem a morte pode detê-lo. Ficamos buscando uma mudança no mundo, mas não é o que       pensávamos. O Reino é aqui e agora.
Um dos apóstolos: Nós falhamos. Não há nenhum Reino.
MM: O povo se levantaria, ele seria coroado rei? Ele disse isso a vocês? Porque o Reino não é algo que possamos ver com nossos olhos. Está dentro de nós.

Segundo o escritor e historiador Michael Haag, autor do livro “The Quest for Mary Magdalene” em entrevista para Time [3],

a Igreja historicamente tem marginalizado Maria não apenas por causa de seu gênero, mas também por causa de sua mensagem. Ele argumenta que a Igreja especificamente promulgou a ideia de que ela era uma prostituta a fim de “desvalorizar” sua mensagem. Haag acredita que as ideias alternativas de Maria Madalena se mostraram muito perigosas para a Igreja permitir que elas se espalhassem. O Evangelho de Maria Madalena, em sua opinião, mina a “burocracia da Igreja e favorece a compreensão pessoal” [3].

Diferente de filmes como “Os Dez Mandamentos” (1956), o épico dirigido por Cecil B. DeMille, “A Paixão de Cristo” (2004), a odisseia de crueldade e sofrimento de Mel Gibson, ou o ousado “A última tentação de Cristo” (1988), de Martin Scorsese, Maria Madalena (2018) de Garth Davis tem um ritmo mais lento, não tem a intenção (ao menos não deliberada) de provocar rompantes de aceitação ou repulsa. É a construção, passo a passo, da metáfora que iniciou o filme, sobre o Reino de Deus ser uma semente, um grão de mostarda, que foi semeado por uma mulher (Maria Madalena em sua Testemunha da Ressurreição) e espalhado por muitos em uma saga que perdura por mais de dois mil anos.

REFERÊNCIAS:

[1] https://www.bibliaonline.com.br/

[2] https://www.bbc.com/portuguese/geral-43381775

[3] http://time.com/5210705/mary-magdalene-controversial/

[4] http://www.bbc.co.uk/religion/religions/christianity/history/marymagdalene.shtml

[5] http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/articolo-roche-maddalena_po.pdf

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=L8u8QkIy7es

FICHA TÉCNICA DO FILME

Fonte: encurtador.com.br/bgDN4

MARIA MADALENA
Diretor: Garth Davis
Elenco: Rooney Mara, Joaquin Phoenix, Chiwetel Ejiofor, Tahar Rahim
Ano: 2018

 

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Sejamos todos feministas

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“Eu não serei livre enquanto houver mulheres que não são, mesmo que suas algemas sejam muito diferentes das minhas” Audre Lorde

O livro “Sejamos Todos Feministas” de Chimamanda Ngozi Adichie (2014), é a transcrição de um discurso proferido no TEDxEuston, em 2012. Com uma linguagem acessível, a escritora nigeriana fala sobre os motivos que a tornaram uma feminista. Diferindo de alguns livros teóricos mais conhecidos sobre o feminismo, a leitura é fácil e espontânea. Chimamanda sabe contar uma história e talvez por esse motivo, seja uma das escritoras atuais mais conhecidas e influentes.

Fonte: encurtador.com.br/gipDN

A princípio, ela expõe situações comuns na Nigéria (e nesse ponto, notam-se grandes semelhanças com o Brasil e países da América Latina), em que o machismo é imposto de forma velada. Situações que ela presenciou e vivenciou e que a tocaram profundamente. Na primeira vez em que foi chamada de “feminista” (e não foi como elogio), ela fingiu saber o que era e continuou a conversar normalmente. Mas ela não sabia. Entretanto, a definição que encontrou mais tarde no dicionário, que consiste em uma pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos, se aproximava do que ela acreditava e defendia.

Foi a partir de então, que Chimamanda começou a se posicionar como uma feminista. Desde a dificuldade inicial em estar sempre reafirmando que apesar de feminista não era uma pessoa que odiava homens, que sim, adorava usar maquiagem, que não era uma pessoa infeliz, até o ponto de receber conselhos para não ser tão feminista, já que poderia sofrer sanções por isso. Ela nos conta as situações que foram moldando sua cada vez mais resoluta convicção em lutar contra as opressões de gênero.

Fonte: encurtador.com.br/sHS78

“Feminista: uma palavra que mais de nós deveria reivindicar”

O diferencial de “Sejamos Todos Feministas” é a capacidade de abordar temas delicados com uma simplicidade tocante. Também há humor, por vezes ácido, mas sem perder, jamais, a gentileza e capacidade de comunicação não-violenta. O livro introduz temas largamente discutidos no feminismo, exemplificando com questões do dia-a-dia, as quais todos nós já passamos e presenciamos.

Sobre o preterimento da mulher em favor dos homens, ela ilustra, por exemplo, a situação em que, quando criança, mesmo tendo conseguido a melhor nota em uma disputa na escola, não conseguiu ser monitora da turma. O escolhido foi um menino, que tirou a segunda melhor nota, porque segundo a lógica da professora “era óbvio que quem seria monitor, teria obrigatoriamente de ser homem”.

Sobre a esperada posição submissa da mulher, principalmente dentro de relacionamentos, Chimamanda ilustra com a recorrente situação em que mulheres abrem mão de coisas importantes como os estudos, a carreira e outros sonhos pelo bem do relacionamento, enquanto homens não precisam se incomodar com isso.

Fonte: encurtador.com.br/chMQX

E dessa forma, temas como a farsa do pós-feminismo, que é a crença de que o feminismo já não é mais necessário e de que uma mulher não consegue, sozinha, se sustentar; a desproporcionalidade entre quantidade de mulheres na população mundial e quantidade de mulheres em cargos de poder; a invisibilidade e silenciamento de mulheres; a necessidade que as mulheres têm de serem “aceitas” e por esse motivo, se anulam e fingem ser o que não são… Todos esses temas que possuem imenso arcabouço teórico em outros livros, que são extensivamente explicados sociológica e filosoficamente, são abordados e exemplificados de acordo com as vivências da própria autora e de mulheres conhecidas.

Com poucas páginas (64), “Sejamos Todos Feministas” possui o mérito de abordar um tema tão complexo e abrangente, de forma clara e pontual. É um chamado para que todos – e isso inclui homens – revejam seus conceitos e atitudes relacionados à opressão de gênero. Com certeza deve ser lido como um texto introdutório para o estudo do feminismo.

FICHA TÉCNICA:

Fonte: encurtador.com.br/gipDN

Título: Sejamos todos feministas
Autor: Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2014

REFERÊNCIA:

ADICHIE, Chimamanda.N. Sejamos todos feministas. 1.ed. São Paulo:Companhia das Letras, 2014.

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Nova professora tem experiência em Direitos Humanos

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Ruth Cabral é Mestre em Direitos Humanos pela UFG

O curso de Psicologia do Ceulp conta com mais uma Psicóloga para fazer parte da equipe de docentes. Ruth do Prado Cabral é Psicóloga (PUC), Mestre em Direitos Humanos (UFG) e doutoranda em Psicologia. Atuou como psicóloga no sistema prisional no decorrer de quatro anos, desenvolvendo projetos de atendimento clínico e avaliação psicológica na extinta Secretaria de Segurança Pública (GO). Desde 2007 atua como psicóloga, tendo como orientação a Terapia Analítico Comportamental, e ainda, atuava na área de avaliação psicológica e avaliação psicossocial. Suas áreas de interesse englobam suas áreas de formação: clínica (também na perspectiva social), feminismo e diversidade sexual.

Profa Me. Ruth do Prado Cabral – Foto: Arquivo pessoal

As disciplinas que estarão responsáveis pela professora são relacionadas com medidas psicológicas: Fundamentos das medidas psicológicas/ Métodos e Técnicas de Avaliação Psicológica I e II  e Estágio IV – Avalaiação Psicológica, bem como, na coordenação do LAMAP.

Ao ser questionada pelo o que espera da Ulbra, Ruth coloca: ´´Espero que a Ulbra seja um espaço de construção coletiva. Espero que possamos construir junt@s uma psicologia pautada na ética e no compromisso social”.

O curso de Psicologia lhe dá boas vindas pautada no desejo de que possamos juntos construir grandes e fortes laços de parceria e compartilhamento de conhecimento.

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O que você sabe sobre os feminismos?

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O feminismo, de modo geral, é um movimento não apenas social, mas também político de caráter intelectual e filosófico que prega a igualdade de direitos entre homens e mulheres.  Seu objetivo é uma sociedade sem hierarquia de gênero, isto é, o gênero não sendo utilizado para conceder privilégios ou legitimar opressões (RIBEIRO, 2014). Há um consenso geral de que o feminismo, na dita primeira onda, teve início formal no século XIX, quando mulheres lutaram pelo direito ao voto e à vida pública, benefício conhecido como sufrágio.

Fonte: encurtador.com.br/qNW09

A segunda onda do feminismo se consolida nos anos 1970, na busca pela valorização do trabalho, pelo direito ao prazer e contra a violência sexual. No Brasil, além desses aspectos, as mulheres também lutaram contra a ditadura militar. Em 1972, foi formado o primeiro grupo de feministas encabeçado por professoras universitárias. Ainda no mesmo ano foi lançado o jornal Brasil Mulher, que circulou até meados de 1980 (RIBEIRO, 2014).

A terceira onda do feminismo data dos anos 1990 e teve como premissa a análise histórica do que se tinha como definição do movimento até então. Foram discutidas novas formas de combate à opressão de gênero e, para além, colocadas em xeque ideias de comunhão de causas. Neste momento, são reconhecidas as lutas plurais dentro do movimento como um todo, que reivindicam as idiossincrasias de cada grupo de mulheres e procura tirar da invisibilidade os discursos de mulheres negras, indígenas, lésbicas, dentre outras.

Fonte: encurtador.com.br/HKPR1

Apesar de muitas mulheres lutarem por causas específicas desde muito antes, ainda não exerciam protagonismo, fato este que a terceira onda buscou minimizar, sendo influenciada por uma concepção pré-estruturalista, refletindo sobre abordagens micropolíticas preocupadas em responder o que é e o que não é bom para cada mulher (GASPARETTO JUNIOR, 2013). Protagonizam neste contexto e com maior impacto, as vertentes do feminismo, que são uma alternativa ao feminismo hegemônico, constituído por mulheres brancas, de classe média, cisgênero e que não abarca as especificidades de outros grupos.

As críticas trazidas por algumas feministas dessa terceira onda […] vêm no sentido de mostrar que o discurso universal é excludente porque as opressões atingem as mulheres de modos diferentes, seria necessário discutir gênero com recorte de classe e raça, levar em conta as especificidades das mulheres. Por exemplo, trabalhar fora sem a autorização do marido, jamais foi uma reivindicação das mulheres negras/pobres, assim como a universalização da categoria mulheres tendo em vista a representação política, foi feita tendo como base a mulher branca, de classe média. Além disso, propõe, como era feito até então, a desconstrução da teorias feministas e representações que pensam a categoria de gênero de modo binário, masculino/feminino (RIBEIRO, 2014).

Fonte: encurtador.com.br/AP078

Há quem diga que levantar bandeiras dentro do feminismo torna o movimento enfraquecido. Mas a verdade é que um movimento tão plural não pode ser contemplado por apenas uma perspectiva. A multiplicidade de mulheres e suas distintas necessidades devem ser observadas, reconhecidas e sanadas. Cabe dizer então, que não falamos de um feminismo singular. Falamos de feminismos, múltiplos e complexos, que convergem na necessidade de emancipação da mulher e podem divergir no que se refere aos meios para alcançá-la.

Atualmente, os movimentos mais populares são: feminismo liberal, radical, interseccional  e negro. Também abordaremos o feminismo indígena, que invisibilizado por questões culturais e sociais, requer ser conhecido e estudado.

FEMINISMO LIBERAL: é fortemente influenciado pelo neoliberalismo e por ideais empreendedores. Defende a autonomia e individualidade. Sendo uma das principais portas de entrada de mulheres no feminismo, afirma que a sociedade é feita de indivíduos e a mudança parte de cada um deles em particular. Desta maneira, se mudo meus ideais e luto por eles, posso fazer diferença na sociedade. É um dos principais responsáveis pelo uso recorrente da palavra empoderamento. O empoderamento é o processo de dar-se o poder, munir-se de poder para enfrentar o status quo. Este feminismo vê o machismo como opressão de gênero. Apoia as questões QUEER e LGBTQIA+ e pede pela igualdade de gênero. O feminismo liberal não é anticapitalista. Deseja assegurar a igualdade por meio de reformas legais e políticas e inclui homens na luta pela igualdade de gênero.

Fonte: encurtador.com.br/ivwKX

FEMINISMO RADICAL: é fortemente influenciado pelo materialismo dialético marxista. Dessa forma, fundamenta sua teoria e luta numa análise estrutural da sociedade. Portanto, para essa vertente, o empoderamento individual não vai alterar a sociedade que estava aqui, antes que cada uma de nós nascêssemos. Ao nascer numa sociedade patriarcal, os indivíduos já são moldados por ela antes que comecem a perguntar e se questionar o porquê de tantas diferenças entre os sexos. Nesta vertente, entende-se o pessoal como político, visto que cada atitude do ser humano é moldada pelo coletivo.

O feminismo radical entende que a opressão exercida pelo patriarcado é baseada no sexo e não na identidade de gênero. Luta não pela igualdade de gênero, mas pela abolição deste. Uma de suas maiores expoentes é Simone de Beauvoir, com o famoso livro “ O segundo sexo” (1949). O feminismo radical é famoso por entender a prostituição como violência e não como exercício de autonomia. De acordo com Sheila Jeffreys, em Unpacking Queer Politics:

Os gêneros continuam dois. A abordagem queer que celebra a “performance” de gênero e sua diversidade, necessariamente mantém os dois gêneros em circulação. Invés de eliminar comportamentos dominante e submissos, ela os reproduz (2003, p. 44, tradução nossa).

Fonte: encurtador.com.br/erzH1

Logo, o feminismo radical difere de outras vertentes, e com mais acentuada diferença, do feminismo liberal, ao descartar a noção de identidade de gênero como fundamental para a luta contra a opressão patriarcal.

FEMINISMO NEGRO: ganha força nas décadas de 1960 e 1980, com a fundação da organização National Black Feminist, nos Estados Unidos da América, em 1973. Neste momento, as mulheres negras começaram a escrever sobre o tema, criando uma literatura feminista negra. A premissa dessa vertente, é a luta contra o sexismo dentro do próprio movimento negro, onde homens negros oprimiam as mulheres negras, além da luta anti-racista e a busca por melhoria na qualidade de vida, equiparação salarial, direito à saúde, escolarização dos filhos e contra o genocídio da população negra, além da violência policial e também sexual. No Brasil, o feminismo negro toma forma  no fim da década de 1970 e início da década de 1980 e para além dos aspectos acima citados, luta contra a ditadura e na busca de afirmação da mulher negra como sujeito político (RIBEIRO, 2014).

Fonte: encurtador.com.br/flK18

O problema da mulher negra se encontrava na falta de representação pelos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limitava à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante a mulher branca. A partir dessa percepção, a conscientização a respeito das diferenças femininas foi ganhando cada vez mais corpo (GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA, 2016).

É importante afirmar que dentro dessa vertente, existe a luta contra  a intolerância religiosa, visto que a cultura negra tem em suas bases, religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, assunto este que não é abordado em outros feminismos e que causa grande impacto na vida de pessoas negras seguidoras. Debates mais profundos acerca das questões de gênero, raça e classe são primazia dentro do feminismo negro.

FEMINISMO INTERSECCIONAL: a principal característica desse movimento é a tentativa de conciliação das questões de gênero com as demandas de outras minorias, como por exemplo, classe social, raça, deficiência física, dentre outras. Existe grande receptividade no que se refere à participação masculina, aspecto que o feminismo radical condena veementemente por crer que o homem por si só, é naturalmente opressor. Dentro dessa vertente, fazem parte o Transfeminismo, que lida com as questões de sofridas pelas mulheres trans, o Feminismo Lésbico, o Feminismo Negro, dentre outros movimentos.

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FEMINISMO INDÍGENA: tem origem entre as décadas de 1970 e 1980 com a fundação da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN) e a Associação de Mulheres Indígenas do Distrito de Taracuá, Rio Uaupés e Tiguié (AMITRUT). Nesta vertente, é preconizado o direito à terra, a luta contra a violência policial dos latifundiários e o genocídio da população indígena em conflitos, além da luta contra a violência sexual e a busca pela emancipação feminina dentro das aldeias. Além dessas questões, também existem as violências externas que foram incorporadas nas aldeias, como o abuso do álcool e a violência doméstica que muitas vezes decorre disto (GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA, 2017).

Não bastassem as violações de direito que são frutos das intervenções da sociedade sobre o modo de vida dessas populações, também precisamos refletir sobre a violência sofrida pelas mulheres indígenas no seio de suas próprias comunidades. As indígenas reconhecem e  denunciam inúmeras práticas discriminatórias que sofrem: casamentos forçados, violência doméstica, estupros, limitações de acesso à terra, limitações para organização e participação política e outras formas de dificuldade enfrentadas em consequência do patriarcalismo presente em suas comunidades. Embora esse seja um campo delicado de tratar, devido ao enfoque específico e multicultural que precisa ser dado, é necessário ouvir o que as organizações de mulheres indígenas estão reivindicando (MELO, 2011).

Fonte: encurtador.com.br/elxBP

As mulheres indígenas são as que mais sofrem com as mudanças climáticas e pelo modelo de desenvolvimento econômico imposto no Brasil, visto que quando a comunidade perde o acesso à terra e recursos naturais, as mulheres arcam com as penalizações pela falta de alimento, pois geralmente ficam encarregadas dessa tarefa nas comunidades. Portanto, a luta da mulher indígena sempre existiu, o que não há é a visibilidade às suas causas e a afirmação dos seus direitos dentro e fora de suas aldeias.

 

REFERÊNCIAS:

GASPARETTO JUNIOR, Antonio. Terceira Onda Feminista. 2013. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/terceira-onda-feminista/>. Acesso em: 04 out. 2017.

GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA (Brasil). Conheça um pouco sobre feminismo indígena no Brasil e sua importância. 2017. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/conheca-um-pouco-sobre-feminismo-indigena-no-brasil-e-sua-importancia/>. Acesso em: 04 out. 2017.

GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA (Brasil). Feminismo Negro: sobre minorias dentro da minoria. 2016. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/feminismo-negro-sobre-minorias-dentro-da-minoria/>. Acesso em: 04 out. 2017.

JEFFREYS, Sheila. Unpacking Queer Politics: A lesbian feminist perspective. Malden: Polity Press, 2003.

MELO, Mayara. Mulheres Indígenas: violência, opressão e resistência. 2011. Disponível em: <https://mayroses.wordpress.com/2011/11/25/mulheres-indigenas-violencia-opressao-e-resistencia/>. Acesso em: 05 out. 2017.

RIBEIRO, Djamila. As diversas ondas do feminismo acadêmico. 2014. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/feminismo-academico-9622.html>. Acesso em: 05 out. 2017.

 

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