Impasse: do apoio externo ao auto-apoio sob a ótica da Gestalt-Terapia

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O Psicólogo, lidando com o desconhecido, o desafio, a diferença no e pelo encontro com a alteridade dos outros, é constantemente convidado a estranhar-se, questionar suas teorias, e, por fim, modificar seus modos de ser. Assim, a cada encontro com outro realiza uma possibilidade existencial de ser-psicólogo (EVANGELISTA, 2016).

A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterápica consolidada por Perls, Goodman e Hefferline, considerada, destarte, parte da terceira força da Psicologia e recebe influência de diversos teóricos com visões de mundo diversa, têm, portanto, como fundamento filosófico: humanismo, existencialismo e a fenomenologia, utilizando em suas práticas, portanto, do método fenomenológico, este por sua vez objetiva voltar às coisas mesmas, aquilo que se mostra, a essência. Além disso, tem como fundamento teórico: Teoria de Campo, Teoria Holística, Teoria Organísmica, Psicologia da Gestalt, sofre influência, dessa forma, dos pressupostos da dialogicidade de Martin Buber. Contudo, o objetivo não é o aprofundamento nestas implicações, mas explicitar acerca de um dos conceitos que perpassam esta abordagem, o impasse, ou melhor, o impasse existencial (RIBEIRO, 2007).

Impasse no dicionário tradicional traz uma concepção não muito distinta da visão gestáltica, sendo definido, desse modo, como uma situação no qual não há uma resolução aparente, o chamado “o beco sem saída”, tudo que impede algo, empecilho, resolução impossível.

Fonte: encurtador.com.br/inuRU

Nesse ínterim, segundo Rodrigues (2011) impasse é um conceito importante no cenário da Gestalt-terapia, considerado, portanto, o centro da neurose e, dessa maneira, o ponto adoecido (a neurose pode ser definida como o acúmulo de experiências e situações que não se findaram, ou melhor, necessidades não-satisfeitas, ficaram abertas para o sujeito, portanto, inacabadas e que podem propiciar uma constante compulsão à repetição) em que o cliente mostra-se dividido entre duas polaridades, duas forças conflitantes, duas escolhas que para o sujeito não podem ser vistas como satisfatórias no momento, por isso homem permanece estagnado. Por isso, podem, portanto, propiciar o surgimento em alguns casos de outras maneiras de psicopatologias.

Conforme Stevens (1966) quando o cliente encontra-se nesta situação, surgem, em consequência, inúmeras alterações emocionais e sentimentais, em que Stevens define parafraseando Kierkegaard como sendo, portanto, “a náusea de viver”, há, dessa forma, um sofrimento profundo, a saber, medo, angústia, desespero e, acima disso, incertezas e dúvidas.

Destarte, junto a isso originam-se as chamadas “expectativas catastróficas”, que em muitas situações são não-racionais, fruto da imaginação do cliente (e que não devem ser menosprezadas) em que ele acredita firmemente que todas as situações novas que vivenciar terá consequências negativas para sua vida, influenciando para que mantenha o seu “status quo”. Mais conhecida como a zona de conforto, o sujeito permanece estático pelo medo de correr riscos, impedindo o homem de ser, lidar com o desconhecido, ultrapassar barreiras e vencer obstáculos e, por isso, continua no mesmo lugar, pois não consegue lidar com a vida sozinho, o que propicia o surgimento de ansiedades e a frequente fobia a dor (PERLS, 1977). Segundo Stevens (1966, p. 36) “No contexto seguro da situação terapêutica o neurótico descobre que o mundo não cai em se ele ficar com fome, com raiva, doente”.

Fonte: encurtador.com.br/fquNR

Retornando ao objetivo do vigente trabalho. Na verdade, o próprio Fritz Perls (1977) afirma que o conceito de impasse é imprescindível, já que ele considera o ponto central no qual o crescimento humano ocorre. Contraditoriamente, é também quando o indivíduo perde o apoio originado do meio externo e ainda não desenvolveu o seu próprio apoio interno, o self support. Seguindo esta ótica, é, então, o período no qual o cliente começa a manipular o meio, inclusive o terapeuta, representando falsos papéis, buscando sempre alguém que diga o que é necessário que ele faça. Na psicoterapia, por conseguinte, o terapeuta precisa ser habilidosamente acolhedor e ao mesmo tempo frustrar o cliente todas as vezes em que este não conseguir reconhecer suas capacidades, jogando a responsabilidade de valorização a um outro, inclusive o amor.

Muito importante também é desempenhar o papel de desamparado: ” Não posso fazer nada por mim. Pobre de mim. Você tem que me ajudar. Você sabe tanta coisa, tem tantos recursos, tenho certeza que pode me ajudar”. Toda vez que você desempenha o papel de desamparado, você cria uma dependência. Em outras palavras, nos tornamos a nós mesmos escravos. Principalmente se esta dependência for uma dependência da nossa autoestima. Se você necessita que todos lhe deem elogios encorajadores, tapinhas nas costas, então está fazendo de todo mundo o seu juiz (PERLS, F. 1977, p. 56).

Nesse ínterim, citando caso análogo, uma criança, por exemplo, depende dos seus cuidadores para satisfazer suas necessidades quando ainda é recém-nascida. No entanto, com o tempo e de maneira progressiva esta aprende a caminhar sozinho, entra em contato com os objetos e consegue segurar-se com as próprias pernas, este é o ponto em que a criança está amadurecendo, mesmo que necessite do meio para o fechamento de gestalts, e, então auto regular-se, já que o indivíduo não é ser isolado e está em constante interação com o meio, concebido como um ser holístico. Lembra das religiões e filosofias orientais taoístas? Pois é, para o gestalt terapeuta, assim como estas, às partes mais significativas são aquelas vistas e percebidas a partir do próprio contexto do cliente, em relação ao meio social e cultural, não como eventos isolados (PERLS, GOODMAN E HEFFERLINE, 1997).

Fonte: encurtador.com.br/DFMT2

Dessa forma, o objetivo da terapia é buscar propiciar ao consulente experiências no campo vivencial para que ele se perceba enquanto um sujeito autônomo e capaz de realizar infinitas coisas em um campo repleto de possibilidades para criar, se reinventar, crescer e se constituir. Além disso, visando com que esse cliente utilize seus próprios recursos internos para lidar com as mais variadas situações que perpassam sua vida, sem tornar-se dependente de um outro (PERLS, 1977).

Perls (1997, p. 49) afirma que: “[…] amadurecer é transcender ao apoio ambiental para o auto-apoio”. Mas para que este amadurecimento aconteça é necessário, por conseguinte, que o cliente passe por frustrações, e, por isso, na prática clínica esta incumbência é atribuída ao psicoterapeuta, mas esta precisa saber como, em que momento fazê-lo, percebendo o outro em sua total alteridade. Sendo assim, o terapeuta deve influenciar, então, para que o cliente entre em contato consigo mesmo e reconheça, por si, o seu projeto de vir-a-ser. Além disso, propicia a tomada de consciência do cliente, no aqui e agora.

Os terapeutas, em geral, têm experiências em que ficam envolvidos demais com as técnicas manipulatórias de seus pacientes; não compreendem a natureza tremendamente sutil das técnicas manipulatórias do paciente. Nestes casos, a terapia pode ser malsucedida. Pois para conseguir a mudança de apoio externo para auto-apoio o terapeuta deve frustrar as tentativas do paciente de conseguir apoio ambiental” (PERLS, 1988, p. 117 apud VAVASSORI, 2018 p.197).

A psicoterapia deve, portanto, propiciar transformação, percebendo e concebendo o cliente como possuidor de instrumentos e recursos para se auto ajudar. Assim sendo, escolher o que é melhor para si mesmo. O terapeuta não pode decidir nada pelo cliente, mas pode ir ao encontro deste de maneira empática, com uma postura dialógica e segura, auxiliando-o a reconhecer-se no mundo como o sujeito livre, responsável e humano (RIBEIRO, 2009).

Referências:

EVANGELISTA, P, E, R, A. Psicologia fenomenológica existencial, a prática psicológica à luz de Heidegger. Curitiba, 2016.

PERLS, F. Gestalt-Terapia explicada. 1977.

PERLS, F, S., HEFFERLINE, R., GOODMAN, P. Gestalt-terapia. 1997.

RODRIGUES, H.L Introdução à Gestalt-terapia: conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. Editora Vozes, 2011.

RIBEIRO, W, F, R, P. Gestalt-Terapia no Brasil: recontando a nossa história. 2007 Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-686720070#1sqq00200010

RIBEIRO, J.P. Gestalt terapia de curta duração. 2009.

STEVENS. J,O. Isto é Gestalt. 1966.

JÚNIOR, F,A, B, M. Da teoria à terapia: o jeito de ser da Gestalt. Disponível em:
https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/revistainterdisciplinar/v3n1/reflex/refl3-v3n1.pdf

VAVASSORI, M, B. Postura Dialógica e Frustração Habilidosa: tramas da Terapia Gestáltica. Florianópolis, 2018. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/igt/v14n27/v14n27a04.pdf

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O que é o Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD)?

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Uma criança que tem Transtorno Opositivo-Desafiador é extremamente opositiva, desafiadora, que discute por qualquer coisa, que não assume seus erros ou responsabilidades por falhas e que costuma sempre se indispor com os demais de seu grupo ou de sua família de maneira a demonstrar que a cada situação será sempre difícil convencê-lo.

Os sintomas do TOD podem aparecer em qualquer momento da vida, mas é mais comum entre os 6 e 12 anos. Essas crianças têm intolerância às frustrações, reações agressivas, intempestivas, sem qualquer diplomacia ou controle emocional. Elas costumam ser discriminadas, perdem oportunidades e desfazem círculos de amizades.

Não raro, sofrem bullying e são retiradas de eventos sociais e de programações da escola por causa de seu comportamento difícil. Os pais evitam sair ou passear com elas e muitas vezes as deixam com parentes ou em casa. Entre os irmãos, são preteridos, mal falados e considerados como “ovelhas negras”. São tratados como diferentes e mais criticados pelos pais.

Fonte: encurtador.com.br/ADM58

O Transtorno Opositivo-Desafiador necessita de acompanhamento profissional para que suas características sejam diminuídas e desapareçam. No entanto, é preciso dizer que quanto antes for descoberto, mais fácil será o controle da situação.

Caso a criança chegue à adolescência, o TOD pode evoluir para distúrbios que tornarão a situação ainda mais séria, como o surgimento do Transtorno de Conduta, por exemplo. Além disso, o abuso de álcool e outras drogas podem se intensificar.

As intervenções se pautam em psicoterapia infantil. O especialista vai analisar também o ambiente familiar em que a criança vive e qual a relação social que ela demonstra em situações que requerem sua participação em determinados meios.  A terapia para a família também não está descartada.

Fonte: encurtador.com.br/ckwEW

Vale dizer que a psicoterapia visa trabalhar aquelas situações em que a criança precisa lidar com alguma frustração (onde surgem os momentos de raiva e outros traços já mencionados anteriormente). A orientação dada aos pais tem o objetivo de ajudá-los no comportamento e nos métodos a serem aplicados dentro de casa.

* Luciana Brites é psicopedagoga, uma das fundadoras do Instituto NeuroSaber e co-autoria, com Clay Brites, do livro MENTES ÚNICAS.

Luciana Brites é especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação Ispe – Cae São Paulo. Além disso, é coordenadora do Núcleo Abenepi em Londrina.

Fonte: Divulgação

Clay e Luciana Brites são fundadores do Instituto NeuroSaber . A inciativa tem como objetivo compartilhar conhecimentos sobre aprendizagem, desenvolvimento e comportamento da infância e adolescência.

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CAOS 2019: Violência de gênero nas relações é pauta em sessões técnicas

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No dia 23 de maio, ocorreram na sala 217 do CEULP as sessões técnicas, como parte da programação da quarta edição do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS), mediadas pela Profª Me. Cristina D’Ornellas Filipakis. Dentre os temas discutidos, houve “Impactos da situação de violência de gênero sobre o relacionar-se”, artigo produzido pelas egressas do curso Psicologia do CEULP, Amanda Évem Sena Cristo e Gleycielle Silva Magalhães, supervisionadas por Cristina

A apresentação foi realizada por Gleycielle, que falou sobre a violência como processo de uso da força ou do poder sobre outra pessoa, causando algum tipo de dano e que o meio intrafamiliar pode ser um dos cenários para que ocorra essa violência, assim como esta pode influenciar na forma como a pessoa se relaciona. Gleycielle também apresentou as diferenças entre violência contra a mulher, violência doméstica e violência de gênero.

Fonte: encurtador.com.br/npyOV

Como aporte teórico, Gleycielle apresentou sobre a teoria geral dos sistemas,  sobre a teoria cibernética e sobre a teoria da comunicação. Utilizou – se de vinhetas clínicas  (falas pontuais dos clientes) para exemplificar os fenômenos de triangulação e diferenciação do self.

Por fim, Gleycielle apresentou sobre a abordagem utilizada nos atendimentos, sendo a Psicoterapia Sistêmica Novo Paradigmática, baseada nos preceitos de complexidade, instabilidade e intersubjetividade, que consistem em ampliar o foco sobre os sistemas, os considerando como não estáveis e considerando a participação do psicoterapeuta no sistema, que o afeta e é afetado por ele.

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Psicoterapia de casais com enfoque na sexualidade é debatida no Caos

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O minicurso é parte da programação do CAOS 2019 que acontece no Ceulp até o dia 24 de maio.

Ocorreu na tarde dessa terça-feira (21) nas dependências do CEULP/ULBRA, o minicurso “Psicoterapia de casais com enfoque na sexualidade” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2019. As atividades foram conduzidas pela psicóloga Gisélia Noleto.

No início do minicurso foram promovidas discussões em grupos sobre a atuação do psicólogo frente às novas configurações familiares. Os grupos puderam expor suas idéias no quadro e compará-las. Em um segundo momento, a psicóloga explorou, com enfoque na abordagem sistêmica, o subsistema conjugal e o impacto dos conflitos conjugais no sistema familiar. Gisélia abordou, através de casos clínicos no atendimento de casais, técnicas de terapia sexual e métodos de comunicação, ressaltou também a importância da rede de apoio profissional para o psicólogo.

Para Gisélia, o estudo da sexualidade e da família é importante: “O estudo dessa área é extremamente importante pois as pessoas têm vergonha de expôr. Eu me sinto privilegiada de ter esses casos, por que é difícil você ver na clínica. […] O estudo da família também é importante, especialmente, nessa sociedade que está adoecida. Então essa parte me cabe, nos cabe, enquanto psicoterapeutas: ajudar a fortalecer a célula social”.

Gisélia Noleto é psicóloga egressa do Ceulp/Ulbra e tem experiência clínica no atendimento de casais, adolescentes e famílias, com enfoque na abordagem sistêmica. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Manejo psicoterapêutico de disfunções sexuais e parafilias é tema de mesa redonda

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A mesa redonda é parte da programação do CAOS 2019 que acontece no Ceulp até o dia 24 de maio.

Ocorre na manhã desta sexta-feira (24) nas dependências do CEULP/ULBRA, a mesa redonda “Disfunções Sexuais e Parafilias: manejo psicoterapêutico” como parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2019. As atividades foram conduzidas pela psicóloga Flávia Nascimento e pelo médico psiquiatra Sávio Luiz Severo, mediados pela Psicóloga Ruth do Prado Cabral.

Durante sua fala, Flávia explanou sobre as causas e o manejo clínico das principais disfunções sexuais. De acordo com a psicóloga, a maneira como a educação para os estímulos sexuais acontecem para cada gênero influencia diretamente na sexualidade e nas disfunções sexuais. Em sua fala, o médico psiquiatra Sávio Luiz, abordou a natureza e as causas dos principais transtornos parafílicos e parafilias e suas principais implicações na sociedade, visto que esses comportamentos sexuais também podem causar sofrimento não apenas para o paciente, mas também para terceiros.

Fonte: Arquivo Pessoal

Disfunções sexuais são dificuldades no funcionamento de algum dos elos da resposta sexual que provocam, necessariamente, sofrimento ou desconforto. Entre as categorias estão a falta de desejo sexual, falta de excitação, transtornos da ejaculação e do orgasmo, dispareunia e vaginismo. Transtornos Parafílicos e Parafilias são interesses sexuais intensos e persistentes que diferem de estimulações genitais ou carícias com pessoas que consentem e que tenham maturidade física, causando sofrimento para si ou para outros.

Flávia Christine Nascimento é psicóloga, especialista em Sexologia Clínica, Terapia Sexual e Transpessoal Centrada no Corpo. Sávio Luiz Severo é médico psiquiatra, especialista em dependência química, especialista em transtornos de humor.

Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Do Desabrigo à Confiança: Daseinsanalyse e Terapia

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O livro de Bilê Tatit Sapienza, denominado – Do desabrigo à confiança: daseinsanalyse e terapia. São Paulo: Escuta, 2007, presta uma contribuição à fundamentação terapêutica do Daseinsanalyse, prática clínica fundada por Medard Boss (1903-1990), médico psiquiatra, por alguns anos aluno de Martin Heidegger e, analisando de Sigmund Freud (FREITAS, 2014).

Boss foi admirador do interesse clínico persistente de Freud pelos casos de seus pacientes; também foi influenciado pelos pensamentos existenciais de Heidegger, lançados em questionamentos filosóficos como: “poder-ser futuro que ainda não é, marcados por um passado que não é mais, limitados pela transitoriedade do presente que se doa”. Compreendeu que a partir das reflexões filosófica existencial o método de investigação da ciência natural não dava a dimensão de investigação necessária que o humano necessitava, conforme Freitas (2014).

Sapienza (2007, p. 11) contextualiza que “a palavra Dasein, ser-aí, designa aquele ente para o qual ‘ser’ é sempre questão; aquele ente que é o ‘ai’ onde se ‘da’ ‘ser’, aquele cujo modo de ser é ser sempre ‘ai’ (grifos autor)”. O autor pergunta – “Aí onde? Respondendo: no mundo”. Então a palavra Dasein trata-se da existência humana no mundo.

O autor avisa aos psicólogos iniciantes que a fenomenologia e a Daseinsanalyse, pode parecer um pensamento livre e envolvente com questões envolventes, como: “que demais é tudo isso! A gente vai longe pensando o que é pensar! No que é ser! No que é existir! No ser lançado” (p. 12). A finitude da existência humana potencializa o valor da vida.

Sapienza (2007) consegue abordar assuntos difíceis, cuja compreensão filosófica costuma ser árdua e distanciada duma prática aplicável, levando o leitor a contextos significativos onde os termos específicos da filosofia de Heidegger aparecem com muita propriedade, inseridos, permitindo a compreensão do seu sentido sem exigir o conhecimento de definições prévias, articulando tanto no âmbito da ontologia fundamental quanto no da experiência existencial do paciente e do terapeuta.

Sapienza (2007 apud FREITAS, 2014) faz uma costura entre o pensamento heideggeriano com a prática da Daseinsanalyse, explicitando a necessidade e dificuldade de trabalhar sem o amparo de teorias explicativas. Abarcando somente os fenômenos que se dão na vida dos pacientes, tendo, portanto, como referência a condição ontológica da existência em Dasein, somente neste sentido aportada na incerteza.

Essa maneira de estar com o paciente é algo que conquistamos aos poucos, pois a tendência mais comum do psicólogo é querer fazer o Diagnóstico. […] O terapeuta não está ali lidando com um psiquismo, querendo explicar como e por que ele funciona de uma tal forma. Ali ele se encontra com a existência de um ser humano que quer ser compreendido por alguém e quer se compreender melhor. Esse modo do terapeuta estar na sessão faz muita diferença. Isso não deve, entretanto, ser confundido com a mera expressão de um comportamento afável, de um jeito simpático de ser com o paciente (SAPIENZA, 2007, p. 14).

Sessão de psicoterapia
Fonte: http://bit.ly/2W21TNV

O trabalho da Daseinsanalyse na clínica se compromete não com as ideias filosóficas em si, mas com o cuidado com a vida efetiva, com a existência única daquela pessoa que nos procura. Ainda que tentássemos nos amparar no saber heideggeriano como instrumento seguro para o exercício do nosso trabalho clínico, fracassaríamos, visto que a própria compreensão fenomenológica da existência como essencialmente livre, esvazia a nossa possibilidade de prever, controlar ou justificar o modo como cada um vive e age. Portanto o existir humano não se submete às leis da causalidade, tampouco permite os meios teóricos como compreensão e/ou parâmetros interpretativos, conforme Freitas (2014).

Outro ponto abordado no texto que chama a atenção para aplicação clínica, enfatiza que embora a Daseisanalyse não diga respeito diretamente a fenomenologia de Hussel, essencialmente, ela fundamenta características primordiais do método fenomenológico, como: a suspensão fenomenológica “volta às coisas mesmas”. Hussel então apresenta o método que comporta dois momentos, sendo eles: a redução eidética e, a redução fenomenológica (SAPIENZA, 2007, p. 23).

O autor explica: redução eidética vem de eidos, igual à essência; quando se chega ao fenômeno imaginariamente, é retirado tudo dele, sem que com isso ele (fenômeno) deixe de ser o que é, isso é sua essência. A redução fenomenológica é “a suspensão de concepções e julgamentos prévios a respeito daquilo que se deseja investigar e procura se prender à evidência do que se apresenta para a consciência é suspenso”, o que restou foi o resíduo da redução fenomenológica, conceituado como fenômeno na consciência, conforme Sapienza (2007, p. 23-24).

Pode-se entender que o encontro terapêutico descrito por Sapienza (2007 apud FREITAS, 2014) propicia sessões ricas em possibilidades, questionamentos, reflexões e sentimentos, dentro da relação terapêutica. Daseinsanalyse, em certa medida faz surgir cumplicidade, permite o acesso a uma história possível, com fundamentos ontológicos do existir humano, que, tocado pela dor do paciente, o profissional se dispõe ao acolhimento em terapia.

Terapeuta e paciente se permitem corajosa e cuidadosamente à beira do foço da imprevisibilidade na narrativa vindoura e do desenrolar-se da história do paciente, à procura de ampliar e iluminar o acesso à sua própria existência, esperando o surgimento, ou não, de novas rearticulações de sentido capazes de permear seu mundo com uma disposição afetiva de predominante confiança (SAPIENZA, 2007 apud FREITAS, 2014).

Para encerrar esta resenha, informo que a literatura – Do desabrigo à confiança: Daseinsanalyse e terapia, foi que ampliou muito o conceito de Daseinsanalyse. As possibilidades de elaboração do texto são inúmeras, más, a ideia foi não incluir o caso clínico, fixando-se nos conceitos principais da fenomenologia, no viés Daseinanalyse. Compreendi que a terapia daseinsanalítica tem um lugar importante dentro da fenomenologia, necessitando que o profissional que a abraçar, precisará ter um aprofundamento filosófico na ontologia fundamental de Martin Heidegger; entretanto como foi explicitado no início deste texto, é conveniente ficar atento para não deixar que o encanto com as ideias acerca da existência humana ofusquem a compreensão dos fenômenos ônticos da existência única de cada paciente em terapia.

 

FICHA TÉCNICA

Nome do livro: Do Desabrigo à Confiança: Daseinsanalyse e Terapia
Editora: Escuta
Autor: Bilê Tatit Sapienza
Idioma: Português
Ano: 2007
Páginas: 132

 

REFERÊNCIAS

FREITAS, D. P. Fenomenologia em Heidegger e o desafio da clínica daseinsanalítica. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. vol.17 no.1 São Paulo Mar. 2014.Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000100010, Acesso: 20.06.2018.

SAPIENZA, Bilê Tatit. Do Desabrigo à Confiança: daseinsanalyse e terapia. São Paulo: Escuta, 2007.

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O Pequeno Hans e os conceitos centrais da Psicanálise

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O presente texto tem por finalidade apresentar o caso analisado e discutido por Sigmund Freud em 1909, “O Pequeno Hans”, como também, os conceitos da abordagem psicanalítica, que tem relação com este caso. Neste período, Freud retoma seus estudos clínicos da histeria de angústia, analisando a história do pequeno Hans para exemplificar o funcionamento fóbico considerando as vivências sexuais na infância (SILVA, 2016).

A seguir, é apresentado a descrição do caso conforme os relatos de Freud (1909), considerando a sua teoria para análise teórica.

Em seu trabalho, Freud (1909) discute o percurso do adoecimento assim como o restabelecimento do paciente, que apresenta uma história de ansiedade fóbica na infância relacionada à sexualidade.

O pequeno Hans era uma criança de cinco anos de idade quando o seu pai procurou Freud para analisar e intervir no caso, relatando acontecimentos desde os três anos de idade do seu filho. Freud (1909, n.p.), diz que as interpretações foram possíveis devido às observações do pai: “É verdade que assentei as linhas gerais do tratamento e que numa única ocasião, na qual tive uma conversa com o menino, participei diretamente dele; no entanto, o próprio tratamento foi efetuado pelo pai da criança”.

Fonte: encurtador.com.br/dBHO9

Ainda muito novo, Hans demonstrava curiosidade a respeito da sexualidade. Certo dia sua mãe o encontrou em atividade masturbatória que foi duramente repreendida com a ameaça de chamar o Dr. A. para cortar fora seu “pipi” se continuasse a tocá-lo. Em seguida sua mãe perguntou como ele faria para fazer pipi, e a solução para Hans seria fazê-lo, “com o meu traseiro”. Neste instante, percebe-se que Hans parecia livre do conflito que levaria à formação de sua fobia e a ameaça de castração, a qual segundo Freud (1909), teria tido seu efeito adiado, articulando-se a neurose da criança tempos depois.

A história começou quando Hans desenvolveu um temor por sair de casa, e isso aconteceu depois do nascimento da irmã Hanna. O menino começou a ficar amuado e só então descobriram que ele tinha medo de sair e ser mordido por um cavalo. Tal fato intrigou seu pai, por que Hans nunca havia apresentado esse comportamento, ao contrário, o menino gostava de cavalos quando era mais novo e não tinha receios quanto a eles. Então Freud procurou investigar o que o menino associava aos cavalos que lhes fazia sentir tanto medo e descobriu que é por que os cavalos mordem. Hans lhe contou que uma vez o cuidador de cavalos falou para ele não colocar a mão muito perto da boca deles pois era perigoso. Assim, Freud associou essa fala como se fosse um protótipo de ameaça corporal que estaria ligado à fantasia de castração, ou seja, o medo de perder o falo.

Além disso, Hans começou a trazer cada vez mais, elementos de sua investigação sobre sexualidade, tentando descobrir por que a mãe e a irmã não possuíam falo, e imaginando se havia a possibilidade do pai perder o seu. Foi nesse ponto que Freud tentou descobrir o porquê do cavalo.

Fonte: encurtador.com.br/cmxP4

Em um dos encontros com o menino, Freud pediu para que Hans desenhasse o cavalo. O desenho refletia o animal com traços destacados na região da boca e ao olhar para o pai, Freud reparou que o mesmo ostentava um bigode e disse em tom de brincadeira que as marcas do cavalo parecia um bigode. O menino confirmou dizendo, inclusive, que era semelhante ao do seu pai. Diante disso, percebeu-se que Hans começou a dar sinais de uma transferência em relação a Freud, considerando-o como uma figura importante que ajudava o seu pai.

A gênese da fobia estava ligada ao momento em que Hans, o pai e a mãe foram passar a temporada de férias em uma cidade. O pai do pequeno voltou para trabalhar, mas periodicamente ia visitá-los. A partir desse fato, Hans desenvolveu uma ambiguidade por que ele dizia que gostava de ficar sozinho com a sua mãe, dormir com ela, quando ela o lavava e o tocava. Logo, percebeu-se várias declarações das passagens de cuidados que as mães e os pais possuem, em geral. Mas um cuidado que vai se infiltrando e num determinado momento gera uma relação sensual com a descoberta de prazeres. Dessa forma, Hans começou a perceber que existia uma figura que o atrapalhava. Por exemplo: quando o pai chegava, não era mais o menino que dormia com a mãe.

Nesse instante, então, começaram os primeiros sentimentos de angústia. O pequeno Hans passou a acordar a noite com medo do cavalo e sonhando, ou seja, cada vez mais a fobia ganhava espaço. Para Freud, a fobia era uma espécie de solução de sintoma primário que ele estava construindo para entender qual era o lugar dele entre o pai, a mãe e Hanna.

Fonte: encurtador.com.br/dAG28

Percebeu-se que o pequeno estava tendo a fantasia de que o pai, a quem ele gostava, admirava, companheiro de jogos, grande protetor era também aquela figura com quem ele tinha sentimentos hostis e queria que fosse embora de vez.

O nascimento da irmã expôs a diferença no corpo que remetia à sexualidade. Ele viu Hanna numa bacia com sangue (no seu nascimento), e associou aquilo à uma situação agressiva, que ofende o corpo e isso lhe apresentou como elemento para a sua fobia.

Na medida em que eles falavam sobre esse medo fóbico, a fobia também ia se transformando. Hans passou não apenas a ter medo do cavalo, mas ter medo quando o animal estava com uma carroça, medo que ela se desacoplasse e virasse numa curva, por exemplo. Freud (1909), compreendeu que essa relação entre o cavalo e a carroça refletia um progresso na simbolização, na qual a carroça representava a mãe, a qual se encaixava no pai. Assim, passou a ser protótipo da sua angústia. Hans acreditava que isso não deveria acontecer e por isso sentia medo.

Começou a ficar claro, para Freud, como o Pequeno Hans podia progredir na sua descoberta sobre o desejo e ao mesmo tempo tratar a sua fobia, a qual tinha relação com fantasias. Foi nesse ponto que o menino chegou na fantasia do encanador, imaginando que podemos estar numa banheira (lembra da banheira da irmã), vem o encanador aperta e afrouxa um cano, ou seja, uma alusão à retirada e reposição do pênis de um corpo. Essa simbolização, caracterizava-se por uma fantasia expressa, com uma função de solucionar a fobia. Por fim, Hans voltou a ir para a rua e reconciliou-se com os cavalos, confirmando a eficácia das conversas que ele estava tendo com o pai apoiado por Freud.

 

Fonte: encurtador.com.br/lmBD9

 

CONCEITOS PSICANALÍTICOS

  • Histeria de Angústia

Freud (1894) propôs que a causa da fobia seria uma “acumulação de tensão sexual produzida pela abstinência ou pela excitação sexual não consumada” (FREUD, 1894, p.83). O contato de Hans com sua mãe era diminuído quando seu pai estava em casa, o que provavelmente causou uma falta dos cuidados para com ele, acumulando assim a tensão sexual, gerando posteriormente a fobia por cavalos em que o cavalo representava seu pai. Freud (1894), ainda expôs que o estado emocional da fobia será sempre o de “angústia”.

A angústia de castração está relacionada à perda ou separação, em que Hans apresentava uma angústia neurótica já que os impulsos primitivos do Id faziam-o pensar que seu falo seria retirado (JORGE, 2007).

O significado de medo da separação, da perda do objeto, se estende além do ponto da separação da mãe, pois a transformação seguinte do conteúdo da situação perigosa e da angústia, que pertence à fase fálica, também constitui o medo da separação e está ligado ao mesmo determinante – nesse caso, o perigo de se separar de seus órgãos genitais (FREUD, 1923 apud, JORGE, 2016).

  • Fase fálica – complexo de Édipo

Freud (1996) ressalta que todas as fases do desenvolvimento psicossexual produzem conflitos internos, sendo considerado também como uma defesa. Na fase fálica o conflito se dá com o desejo pela mãe, que antecede o Complexo de Édipo. A fase fálica envolve somente a parte genital masculina, na qual o menino acredita que todos tenham pênis.

O pequeno Hans manifestava interesse e curiosidade por órgãos genitais, tanto o seu quanto o da sua família. Apresentando características da fase denominada por Freud como Complexo de Édipo, que segundo ele toda criança nessa idade passa por essa fase e desenvolve grande desejo pela mãe e conflito com o pai, pois entende que a mãe pertence ao pai e para conquistá-la precisa eliminar o pai. A criança passa por um momento de ambivalência, pois apesar de amar e admirar a figura paterna enxerga-o como um obstáculo em sua relação com a mãe (SILVA; LIMA, 2018).

  • Identificação

Passos e Polak (2004) discutem que o menino se identifica com o pai desde o princípio, tendo-o como modelo ideal, em que tal identificação é ambivalente, pois a criança expressa ternura e hostilidade para com o pai.

Sendo que, a identificação é um mecanismo de defesa desenvolvido pela criança para enfrentar a fantasia de castração que é reforçada pelos adultos. Se identificando como pai para conquistar a mãe (SILVA, 2016).

Fonte: encurtador.com.br/krtwR
  • Recalque (desejo recalcado)

O desejo do pequeno Hans era de ficar com a mãe, porém, pelo medo da castração, e sendo a relação incestuosa proibida, ele recalca as suas fantasias, bem como os impulsos hostis contra o pai, o que deu início à formação do sintoma (SILVA, 2016).

  • Repressão

Laplanche & Pontalis (1988), dizem que para Freud a repressão está localizada entre o consciente e o pré-consciente e caracteriza-se pela exclusão de algum material do campo da consciência. Vale ressaltar que as motivações morais desempenham um papel predominante na repressão. No caso do pequeno Hans, ocorreu que os seus desejos em relação à mãe, bem como a sua hostilidade para com o pai, eram sentimentos moralmente inaceitáveis e por isso foram reprimidos.

  • Deslocamento

No caso de Hans, primeiro houve uma repressão de sua afeição erótica pela mãe, o que posteriormente converteu-se em ansiedade. Desse modo, gerou-se um deslocamento para o medo de cavalos, bem como para sentimentos hostis em relação ao pai, a qual resultou no medo do cavalo mordê-lo.

Dessa forma, o menino “restringe a situação de angústia ao encontro com o cavalo que pode ser evitado ao contrário do contato com o pai” (SILVA,2016, p.5). Assim, afirma Silva, 2016, por meio da fobia é possível que a castração seja contornada pelo sujeito e o confronto com ela seja evitado, o que também se configura como defesa já que o fim da angústia ganha significação através da escolha de um objeto, o cavalo.

  • Sublimação

A sublimação consiste, no investimento da pulsão sexual em outros alvos socialmente valorizados. No caso do Pequeno Hans, a criança ativa outro mecanismo de defesa, a sublimação, transferindo a energia de atração sexual pela mãe para a construção social e intelectual, sendo este, um escape para repressão do amor sexual pela mãe (SILVA, 2016).

  • Transferência

Santos (1994) salienta que a transferência positiva é um fenômeno que facilita o processo analítico, no qual o paciente passa a ser mais facilmente influenciado pelo analista, além de nutrir por ele sentimentos de empatia, respeito, admiração etc., ou seja, ele terá menos resistência e fará menos esforço para associar livremente.

Além da confiança entre Hans e Freud, importante para a investigação da origem fóbica do menino, deve-se considerar que de fato houve transferência do pai de Hans com Freud, a qual segundo Rosenberg (2002, p.34) “foi a própria transferência do pai de Hans com o “professor” que inaugurou esse campo analítico”, em outras palavras, o tratamento de Hans só foi possível devido a confiança que Freud despertou nos pais em relação ao seu lugar de saber.

 

REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Duas histórias clínicas (O “Pequeno Hans” e o “Homem dos ratos”): VOLUME X. 1909. Disponível em: <http://www.valas.fr/IMG/pdf/Freud_portigaisB_10-19_pdf.pdf>. Acesso em: 22 out. 2018.

Freud, S. (1996). A ORGANIZAÇÃO GENITAL INFANTIL: uma interpolação na teoria da sexualidade. In J. Strachey (Ed. e Trad.). Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 19, pp. 325-342). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1923).

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. Vocabulário de psicanálise. São Paulo: Martins Fontes. 1998.

ROSENBERG, A. O lugar dos pais na psicanálise de crianças. Porto Alegre: Escuta, 2002.

SANTOS, M.A. A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana. Temas psicol. vol.2 no.2 Ribeirão Preto ago. 1994.

SILVA, Mariana Luíza Becker da. O CASO DO “PEQUENO HANS”: relação entre fobia e sexualidade infantil. Copyright, [s.l.], p.1-8, nov. 2016. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1034.pdf>. Acesso em: 22 out. 2018.

SILVA, Jônata Alves da; LIMA, Gleici Mar Machado de. CASO HANS: um marco na psicanálise com crianças. Revista Científica da Fasete. Bahia, p. 147 – 154, 2018. Disponível em: <https://www.fasete.edu.br/revistarios/media/revistas/2018/18/caso_hans.pdf>. Acesso em: 27 out. 2018.

PASSOS, Maria Consuêlo; POLAK, Pia Maria. A instituição como dispositivo da constituição do sujeito na família. Mental Barbacena, v.2, n.3, nov.2004. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272004000200004>. Acesso em: 26 out. 2018.

 

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Co-relação da epilepsia, depressão e a tentativa de suicídio, à luz da Fenomelogia Existencial

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O Ministério da saúde, junto à Secretaria de Atenção à Saúde, define a epilepsia como “a uma doença cerebral crônica causada por diversas etiologias e caracterizada pela recorrência de crises epilépticas não provocadas”, sendo uma alteração do Sistema Nervoso Central (SNC), e sua expressão clínica se inclui sintomas cognitivos psiquiátricos em concomitância com crises epilépticas. (MS, 2013 p.1). Essa condição traz implicações diretas à qualidade de vida do sujeito afetado, pois tem consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. Diversas pesquisas apontam que a predominância de transtornos depressivos em pacientes com epilepsia é expressivo (MARTINS; GONÇALVES, 2017).

No que diz respeito aos aspectos psicossociais envolvidos como causa de depressão, a estigmatização e discriminação que perpetuam no contexto atual, o controle ineficaz das crises e as significativas mudanças nos hábitos, vêm se tornando fatores constantemente relacionados com a depressão. Deste modo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é que mais de 350 milhões de pessoas vivem com depressão, e na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio (OMS, 2016).

Fonte: encurtador.com.br/ivIMQ

O objetivo deste trabalho é identificar e reconhecer algumas contribuições da fenomenologia-existencial para trabalhar o contexto da depressão, a partir de publicações científicas sobre a relação com a epilepsia x depressão. Justifica-se o presente estudo diante da necessidade de se conhecer e acolher melhor tal patologia e transtorno depressivo, para que possamos tratá-la de modo mais eficaz. Depressão e epilepsia podem compartilhar mecanismos patogenético que facilitariam a ocorrência de um na presença do outro, sendo mais provável encontrar a depressão em pacientes com epilepsia quando comparado com sujeitos sem estarem.

Para a finalidade metodológica deste artigo foi utilizado à pesquisa bibliográfica. Utilizou-se da abordagem qualitativa com objetivo metodológico exploratório. A pesquisa se desenvolveu no levantamento bibliográfico, fundamentado em artigos científicos, dissertações e teses de mestrado em conformidade ao tema. Foram analisados artigos em periódicos e teses encontrados nas plataformas Scielo, BVS-PSI e PEPSIC. Tal escolha para o percurso metodológico se dá pela urgência de se abrir debates sobre este tema à luz da fenomenologia-existencial.

Um transtorno que requer atenção

O referido trabalho consiste em um estudo bibliográfico sobre a co-relação da epilepsia como fonte desencadeadora para a depressão, sendo estimulo para a ideação ou tentativa de suicídio, sob o enfoque da fenomenologia existencial. Diante disso, a prevalência mundial de epilepsia ativa foi estimada em torno de 0,5%-1,0% da população, dos quais, aproximadamente 30% continuam sofrendo crises, apesar do tratamento adequado com medicamentos anticonvulsivantes, ou seja, são pacientes refratários (MS, 2013). Sendo considerado o transtorno neuropsicológico de maior hegemonia, que pode trazer como consequência a morte súbita, lesões, transtornos mentais e disfunções psicológicas (MARCHETTI; DAMASCENO, 2000). Para ser diagnosticado com epilepsia, o indivíduo precisa apresentar um conjunto de convulsões que não podem ser provocadas por algum estímulo que seja facilmente tratável, ou seja, que não sejam por alterações da glicemia, por abstinência ou abuso de álcool e drogas, e não apresenta nenhuma alteração hidroeletrolítica tratável. É de suma importância compreender a diferença entre convulsão e epilepsia. A convulsão é um sintoma, e ocorre pela despolarização de uma área do cérebro.

O cérebro funciona a partir de estímulos elétricos, por isso quando pensamos, raciocinamos, movimentamos algum membro do corpo, etc, ocorre à despolarização, uma atividade elétrica em determinada região do cérebro, denominado hiperexcitabilidade, e um excesso de atividade elétrica da área ocorre à convulsão (MARTINS; GONÇALVES, 2017). Isso se dá pelo fato da diminuição da função serotoninérgica, noradrenérgica e GABAérgica que são identificados como neurotransmissores fundamentais no mecanismo patogenético da depressão, e formam a base do tratamento (OLIVEIRA; PARREIRAS; DORETTO, 2007).

Fonte: encurtador.com.br/jPU45

Os autores Kandratavicius, Hallak e Leite (2007), afirmam que há um encadeamento de acontecimentos comuns entre depressão e epilepsia, entre eles estão à redução da laboração serotoninérgica e noradrenérgica, além de anormalidades nas estruturas e funcionalidade no sistema límbico.  Exames de neuroimagem funcional mostram que uma diminuição da atividade no lobo frontal é condição essencial para o desenvolvimento da depressão. Essa disfunção levaria a um hipometabolismo nas regiões do cérebro, aumentando a vulnerabilidade à depressão. Contudo, se considerarmos os sintomas devastadores que a depressão apresenta na qualidade de vida, de pacientes nesta patogenética, embora ainda seja difícil fazer uma correlação entre depressão e ansiedade, nestes casos clínicos, torna-se evidente e de suma importância o tratamento adequado de depressão a estes pacientes (OLIVEIRA; PARREIRAS; DORETTO, 2007).

Em pacientes com epilepsia ficam evidentes os principais sintomas como, modificações na capacidade de sentir prazer ou vivenciá-los, perda e/ou diminuição de interesse e concentração, cansaço físico ou mental acentuado. Todos estes sintomas são presentes em pacientes depressivos, como também vistos em epiléticos, juntando-se ainda a baixa autoestima, autoconfiança e sentimentos de indignidade e culpabilidade. Os autores Santiago e Holanda (2013) apontam que existem alguns principais fatores que se elucidam como fatores de risco para a depressão, acontecimentos que se elevam o estresse, uso abusivo ou perdas de drogas ou medicamentos, histórico familiar de depressão, episódios de depressão anteriores e doença física. OMS (2011) relata que se torna uma questão mais difícil tanto em países desenvolvidos mesmo que estes tenham uma atenção maior à saúde mental, como os em desenvolvimento, o fato de muitas pessoas não conseguirem se beneficiar dos serviços psiquiátricos ofertados. Pelo fato da relação preconceituosa existente aos sujeitos que são portadores de transtornos comportamentais e mentais.

Fonte: encurtador.com.br/fgjW4

Pesquisas apontam que esses estigmas são fatores que podem potencializar o sofrimento do sujeito acometido pela depressão, dificultando assim, o diagnóstico e adesão ao tratamento de maneira correta e eficaz. A complexidade em se elaborar e fechar um diagnóstico a partir das diversas manifestações da depressão acaba em confundir as expressões de depressão que não são clínicas, ou se assemelham com estados de tristeza. Aqui se julga necessário e pertinente não confundir o diagnóstico depressivo com sentimentos melancólicos e/ou de tristeza, haja vista que estes, acompanham o indivíduo por diversos momentos da vida, pois, são acontecimentos estressantes do dia a dia.

A depressão é um transtorno psicopatológico ao qual seu diagnóstico precisa ser coeso para que assim, se possa ofertar um tratamento adequado em conformidade com sua necessidade e gravidade. Como seus encaminhamentos para um completo tratamento. Os autores ainda teorizam que a nomenclatura correta a ser usada é “transtorno depressivo”, pois assim é possível diferenciar o sentimento normal de tristeza temporário da depressão clínica (PARKER; BROTCHIE, 2009). Desta forma, pacientes epiléticos, encontram-se em profunda tristeza, sem ânimo para seguir por vergonha da sua condição, enxergando somente como solução o suicídio, já que o suicídio é uma forma de agressão que o próprio sujeito faz a si, procurando por fim a dor e vergonha que sente, dando fim aos seus problemas, ou seja, fim à própria vida.

Fonte: encurtador.com.br/yMV57

Não podemos esquecer que existem vários outros meios de autoagressão, aos quais não podemos classificar como ato suicida, porém, nos revelam particularidades no tocante as tentativas de suicídio, ao passo que nos demonstra completo desinteresse pela vida. Pois quando não se tem um sentido pela própria vida, ou seja, falta deste sentido, isso se torna um aliado importante para a tomada de decisão ao ato violento de se matar (ROCH; BORIS; MOREIRA, 2012). Logo, Santiago e Holanda (2013) teorizam que pesquisas mostram a eficácia na utilização de psicoterapia no tratamento de pacientes/clientes com depressão, seja ela em grau leve, moderado ou mais grave. Neste contexto, a psicologia fenomenológico-existencial compreende e diferencia os fenômenos psicopatológicos, se comparados aos outros modelos focados ao biológico e fisiológico. Torna-se necessário para o psicoterapeuta existencial, saber reconhecer que cada ciclo da vida acarreta suas dificuldades, para que assim a psicoterapia possa atender com total competência não apenas as queixas explícitas do seu cliente, mas sim acolhê-lo em sua completude existencial. Ou seja, o foco da psicoterapia existencial seja que o cliente experimente sua existência como real, tornando-se apto para suas potencialidades e assim saber agir sobre elas (GOMES; CASTRO, 2010).

Assim, fundamenta-se a tomada de consciência, o insight na psicoterapia. Conclui-se que ajustamentos depressivos por dado paciente, são ajustamentos criativos, onde se configura um padrão depressivo de contato, ou seja, barreiras de contato conflituosas, onde não se percebe as disfunções, mas que se torna importante para um ajustamento em várias situações da vida.

Fonte: encurtador.com.br/bnsGH

Define-se que o ajustamento depressivo, nada mais é que uma maneira encontrada para economizar a regulação, para se evitar tomadas drásticas pelo indivíduo acometido pela depressão (YANO, 2016). Logo indivíduo se torna capaz para lidar com as frustrações da vida que surgem, presentificar e tomar compreensão de maneira a usufruir destas para fazer um ajustamento criativo e a partir dessas frustrações adquirindo conhecimento, e crescer com tais demandas (ROCH; BORIS; MOREIRA, 2012). Rogers (1961/1997, p. 196), “é apenas quando vivencia um aspecto de si mesmo negado até então, num clima de aceitação, que a pessoa pode tentar assumi-lo como parte de si mesmo”. Tal experiência é dolorosa, mas somente desta maneira se possibilita aceitação genuína de maneiras a lidar com a nova percepção antes não cogitada, ou até mesmo enxergada.

Ainda para Rogers (1961/1997), é a partir da experiência humana na autenticidade de se tornar quem se é que ao mergulhar por inteiro neste processo de autoconhecimento, provocando mudanças, somente aí se encontra de forma fácil quem verdadeiramente se é. Só a mudança diante deste processo, diante de novas escolhas, de forma criativa e autentica, permite-se uma avaliação organísmica de tal experiência. Ao se tornar pessoa, consideramos nossas experiências em possibilidades existenciais, passamos a ser responsáveis por nossas atitudes e escolhas, e isso tem significado potencializador.

Partindo das considerações expostas sobre a epilepsia, a depressão e a tentativa de suicídio, é notório o efeito negativo na qualidade de vida dos indivíduos acometidos de tal sintomatologia. Para tanto, percebe-se a importância de um tratamento adequado a estes pacientes, buscando um vínculo de empatia e autenticidade para com estes. Nesta relação terapêutica se torna essencial entender à subjetividade de cada indivíduo quanto ao processo de saúde/doença na fenomenologia, pois nesta abordagem evidencia-se o próprio fenômeno e o indivíduo quanto sua consciência, como seus sentimentos, fantasias e memórias. Desta forma, torna-se necessário a aceitação do indivíduo como ele se mostra no aqui – agora, acolhendo o seu modo de se expressar.

REFERÊNCIAS:

OLIVEIRA, Bruno Lucio Marques Barbosa de; PARREIRAS, Mariane Santos; DORETTO, Maria Carolina. Epilepsia e depressão: falta diálogo entre a neurologia e a psiquiatria? Journal Of Epilepsy And Clinical Neurophysiology, Porto Alegre, v. 13, n. 3, p.109-113, set. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-26492007000300004>. Acesso em: 05 set. 2018.

SANTIAGO, Anielli; HOLANDA, Adriano Furtado. Fenomenologia da Depressão: uma Análise da Produção Acadêmica Brasileira. Revista da Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies, Paraná, v. 1, n., p.38-50, jul. 2013. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v19n1/v19n1a06.pdf>. Acesso em: 05 set. 2018.

 ROCH, Marcio Arthoni Souto da; BORIS, Georges Daniel Janja Bloc; MOREIRA, Virginia. A Experiência Suicida numa Perspectiva Humanista-Fenomenológica. Revista da Abordagem Gestáltica, Fortaleza, v. 1, p.69-78, jun. 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v18n1/v18n1a10.pdf>. Acesso em: 06 set. 2018.

Organização Mundial de Saúde. (2011). Relatório sobre a saúde no mundo. Genebra: Organização Mundial de Saúde. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rag/v19n1/v19n1a06.pdf. Acesso em: 06 set. 2018.

PARKER, Gordon; BROTCHIE, Heather. Depressão maior suscita questionamento maior. Revista Brasileira de Psiquiatria, Austrália, v. 31, p.53-56, jan. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v31s1/a02v31s1.pdf>. Acesso em: 06 set. 2018.

YANO, Luciane Patrícia. A CLÍNICA EM GESTALT-TERAPIA: A GESTALT DOS ATENDIMENTOS NOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS. p.67-85, abr. 2016. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rnufen/v7n1/a05.pdf>. Acesso em: 07 set. 2018.

ROGERS, C. R. (1997). Tornar-se pessoa (5ª ed.). São Paulo: Martins Fontes (Original publicado em 1961)

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A psicoterapia Fenomenológica existencial: Relato de caso

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O presente relato de caso refere-se a um estágio desenvolvido no Serviço Escola de Psicologia- SEPSI, tendo início em setembro de 2017. De dezembro a janeiro de 2018 a clínica escola entrou em recesso acadêmico e os atendimentos foram suspensos. O atendimento retornou e finalizou em fevereiro de 2018. Foram realizadas 10 sessões de psicoterapia individual com durabilidade de 50 minutos cada uma, tendo por base a abordagem fenomenológica existencial; os atendimentos feitos pela estagiária foram supervisionados toda semana por uma profissional (psicóloga) da área responsável.

Num mundo carente de relações humanizantes, o trabalho do psicoterapêuta é fundamental (CARDELLA, 2006); cria-se através da relação terapêutica, a possibilidade da pessoa resgatar a conexão primordial religando a si mesma e aos demais, constituindo ou restaurando sua própria humanidade. Cardella (2006) coloca algumas atitudes fundamentais para que a relação psicoterapêutica (cliente/psicoterapeuta) seja verdadeira, são elas: abertura a alteridade, empatia, aceitação da vulnerabilidade humana e a amorosidade, esses atributos foram base para o atendimento do caso que será descrito a seguir.

Apresentação do caso

Um jovem, R.M (nome fictício), 23 anos de idade, acadêmico do último período de engenharia civil, mora com a mãe e com o pai. O cliente procurou o serviço de psicologia juntamente com o pai trazendo um encaminhamento do médico que declarou que o cliente necessitava de acompanhamento por estar apresentando anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) após o término de um relacionamento.

Acolhimento

Primeiro contato com o cliente, nesse encontro a estagiária procurou escutar e acolher as angústias do cliente para assim, entender e compreender qual o melhor encaminhamento a fazer de acordo com a demanda. No acolhimento foi onde o cliente apresentou-se bem comunicativo, relatou que tem uma relação bem harmoniosa com os pais e estes o apoiam em todos os aspectos. Naquele momento não trabalhava, sendo dependente financeiramente dos pais. R.M relatou que, o que lhe trouxe até a psicologia foi o sofrimento emocional por causa do término de um relacionamento que durou cinco anos. Depois de seis meses do término R.M se vê ainda sem aceitar a forma como tudo ocorreu, relatou que tudo andava bem, quando de repente “levei uma facada” (sic); para ele, foi uma traição da namorada com um amigo que era bem próximo, e que acompanhou o seu relacionamento desde o início.

Depois desse ocorrido ele se fechou completamente para novos relacionamentos, não quis mais sair com os amigos, abandonou as redes sociais e não conseguiu confiar nas pessoas, se isolou. O cliente percebeu então que isso o afetou e que não estava conseguindo focar nos estudos, seu rendimento abaixou, reprovou em algumas disciplinas por falta de prazer em se empenhar. R.M relatou que fazia de tudo para a satisfação da namorada e sempre deixava os seus desejos em último lugar, “tudo por ela” (sic).

O seu objetivo e expectativa é saber lidar com esses sentimentos, se desprender da raiva, da ansiedade e da tristeza que sente e principalmente voltar a ter prazer pelas coisas. O cliente foi encaminhado para psicoterapia individual para trabalhar questões relacionadas ao luto pelo fim do relacionamento, doação e dependência. Por já ter feito o acolhimento, deu-se continuidade com o mesmo na psicoterapia individual.

De acordo com Santos (2013) o indivíduo vai passar por experiências neste mundo real que necessitam serem “assumidas” por ele. Sobre isso, Rogers (2001) ressalta que para que haja um crescimento genuíno na pessoa é necessário inicialmente “assumir” o que deve ser “assumido”. “Muitas vezes, quando o cliente se apercebe de uma nova faceta sua, inicialmente a rejeita e apenas quando vivência um aspecto de si mesmo, negado até então, num clima de aceitação que pode tentar assumi-lo como parte de si mesmo” (ROGERS, 2001, p.196), para o autor esta posição de assumir seja qual for à ocasião, é de caráter prático e benéfico, pois, induzirá a pessoa a enfrentar realidades difíceis mediante aceitação, seria uma forma de atitude inicial em vista do desenvolvimento da personalidade.

Fonte: https://goo.gl/BkkTv1

Primeiro encontro

Foi feito o contrato psicoterapêutico, explicado que a psicoterapia é um processo de autoconhecimento e desenvolvimento, os resultados dependeriam do seu engajamento e comprometimento no processo, e como psicoterapeuta seria a facilitadora deste caminho.

Para que o processo seja efetivo, a postura facilitadora do psicoterapêuta deve ter base em alguns elementos colocados por Rogers (1983), primeiro: sendo congruente ou autêntico- respondendo de acordo com a pessoa real que é, sendo ele mesmo na relação; Aceitação incondicional- tratar o cliente sem julgamentos e preconceito seja qual for seus sentimentos e comportamentos, com atitude positiva e aceitadora e, ter empatia- se colocando no lugar do outro, percebendo o sentimento e significado das vivências individuais e comunicando isso ao cliente.

O cliente relata que a iniciativa pelo término do namoro foi da sua ex-namorada, que se fosse por ele continuariam juntos, R.M diz que não tem amor próprio e que fazia de tudo pela namorada esquecendo-se dele mesmo. Percebe-se neste primeiro encontro que o cliente esperava que a estagiária respondesse as perguntas sobre ele mesmo e quando as perguntas se voltavam para ele, ficava em silêncio.

Diante das falas do cliente foi possível perceber que se esvaziou de si mesmo e que nada importava nele, não procurou meios de fazer coisas que lhe agradassem, preza por agradar aos outros. Não consegue tomar decisões da sua vida sem consultar o pai o que demonstra certa dependência e falta de iniciativa, além de uma dependência amorosa. Diante do não posicionamento do cliente é possível perceber que tem atitude inautêntica, uma vez que vive em grande parte em função dos outros, deixando de existir e se omitindo.

A clínica revela que sofremos uma crise de valores e que muitas pessoas experimentam um enorme vazio afetivo e carecem de referências e sentidos para sua existência. Tempos de crise de acordo com Cardella (2006) oferecem oportunidades e desafios para o crescimento, a transformação, a ampliação da consciência humana, na direção da plenitude e da auto realização. Se soubermos utilizar a tensão criativa da crise poderemos dar um salto qualitativo na ampliação da consciência individual e coletiva e transformar o estado atual no mundo em que se vive.

Segundo encontro

Nesse R.M relata que passou a semana muito mal pelo fato de estar pensando em chamar ou não a ex-namorada para sua formatura. Relatou que tem medo de estragar o momento dele e da família, pois se a chamasse concerteza ela levaria o atual namorado e ele não saberia como reagir e acabaria desabafando o que estava sentindo (raiva) causando constrangimento. Neste momento foi aberta a possibilidade do cliente dizer como estava se sentindo em relação a isso, ele diz que “com muita raiva” (sic).

Com intuito de o cliente expressar seus sentimentos de raiva verbalizou com os olhos fechados tudo o que sentia em relação à ex-namorada e ao “amigo”, depois foi pedido que se colocasse no lugar de cada um dando a resposta as suas angústias e, toda vez que trocasse de papel também teria de trocar de posição para que a experiência ficasse mais clara. O cliente sentiu se a vontade para falar, se expressou de maneira intensa e com voz exaltada.

Fonte: https://goo.gl/UEkSj2

 Foi possível perceber a raiva que o cliente sente em relação a tudo que aconteceu, a raiva é uma fase do luto, Kubber Ross (1996) estudou o fenômeno da perda e ela pontua as cinco fases do luto que se encaixa para qualquer forma de perda pessoal. A raiva de acordo com a autora é a segunda fase que “surge da necessidade da pessoa sair da fase de isolamento e negação”, junto com a raiva surgem sentimentos de hostilidade e inveja quanto aos ambientes e as pessoas, revolta e ressentimento percebido em R.M.

A forma de o cliente colocar a situação foi uma técnica expressiva utilizada para alcançar awareness (conscientização tornar-se presente). A técnica expressiva estimula o cliente a ser aquilo que ele é promovendo a integração de partes alienadas do psiquismo e favorecendo a diretividade da expressão removendo seus obstáculos. Quando é pedido para que o cliente feche os olhos e verbalize a raiva que sente, isso possibilita que ele expresse naquele momento o que queria falar para a ex, ou seja, um diálogo imaginário entre ele e a ex-namorada, mas com muito sentido.

 O monodrama é uma técnica da Gestalt em que o cliente realiza de maneira alternada os diferentes papéis da situação por ele vivenciada (ele mesmo, a namorada, o amigo). Essa técnica facilita a encenação do próprio sentimento, para Perls (1998, p. 190) “a riqueza dessa técnica consiste justamente nas representações do significado de cada evento ou pessoa, por parte da própria pessoa, “contracenar” com outra pessoa significaria ter que lidar com a subjetividade desta e não com a própria, o que não ajudaria a promover a awareness”.

Terceiro encontro

 O cliente relatou que devido à correria da faculdade em semana de provas, TCC e trabalhos acumulados se sente bem pressionado, mas, por um lado é bom, pois não a tempo de pensar em coisas ruins relacionados à ex-namorada. Foi pedido que desenhasse algo que faz bem para ele, o mesmo o desenhou em várias atividades diárias como dormir, comer, e em uma parte do desenho ele rodeado de pessoas. Sobre o desenho ele comenta que não está à procura de novas relações, mas que se vier até ele irá tentar uma interação, mas sente se inseguro para isso. A estagiária questiona ao cliente o que seria melhor para ele: se concentrar nas atividades e nas relações que o valorizam, ou nas relações que o fazem mal? O cliente responde como se as pessoas estivessem se fechando para ele, com isso voltamos na sua fala de sentir insegurança quanto a novas relações.

Quarto encontro

O cliente relatou sobre sua viajem na casa da vó, diz que viagem o faz muito bem e que nessa aproveitou bastante para tirar um tempo para si. O cliente retornou bem animado, relatou que está tentando esquecer a ex-namorada, “não é fácil” (sic).  Neste encontro percebe-se que o cliente veio com um discurso mais diferente dos anteriores, se mostrou mais interessado e começou a perceber sua situação dizendo que precisa se valorizar e para isso precisa estar mais aberto às novas experiências.

O Acordo interno é colocado por Rogers e Kinet (1977), a pessoa evidencia um interesse e começa a buscar no processo de revisão, a modificação da sua autoimagem tentando a conexão entre a imagem de si e sua vivência. No decorrer do processo foi possível identificar que o cliente passou a assumir posturas e ideias cada vez mais compatíveis com sua forma de ser, “com o processo terapêutico, estas imagens passam a ser integradas no seu modo de sentir, agir e pensar” (GOBBI et al , 2005, p.18).

Quinto encontro

A sessão iniciou com algumas perguntas voltadas ao cliente, como se via no processo psicoterapêutico, como dar-se conta do seu momento presente? O cliente relatou que esta conseguindo focar nos estudos e levar a vida sem os sofrimentos que antes trouxera, disse ser difícil, mas voltou a usar as redes sociais depois de muito tempo parado por medo de ver registros da ex com o atual e sentir- se impotente. Na sessão o cliente parou de falar muito sobre a ex-namorada. Foi Voltado ao cliente se ele percebe um progresso, pois estava conseguindo se ajustar e manter o foco nas coisas importantes da sua vida, estava priorizando cada momento de uma vez e assim os resultados seriam notórios. O cliente relata que a única coisa que o mantem focado é a faculdade, e que, não pensa no que fazer depois de formar, não tem projetos de vida.

Foi possível ter um diálogo através dessa fala, mostrando a importância dele traçar esse projeto de vida, o cliente refletiu sobre o assunto. Houve um diálogo que suscitou em reflexões no cliente, Rogers (1983) e Miller (1997) enfatizam que a primeira condição para um diálogo genuíno é a autenticidade dos participantes, ou seja, a possibilidade da pessoa se guiar pelo que é sem querer parecer algo ou fingir algo que não é. A atitude do cliente em focar nos estudos pode ser vista como busca de equilíbrio ou simplesmente auto-regulação (homeostase), para Rogers o termo homeostase esta ligada a ideia de tendência atualizante, ou seja, crescimento, necessidade de realização.

A dinâmica das transações organismo-meio é descrita como um processo contínuo de surgimento de “figuras” motivacionais que mobilizam o organismo como um todo na sua percepção, orientação e ação. O que surge como figura é aquilo que o organismo necessita em do momento para satisfazer a necessidade mais premente e, assim, restabelecer seu estado de equilíbrio (TELLEGEN, 1984, p.48, apud GOBBY et al, 2005, p.46).

Sexto encontro

Foi utilizado o baralho das emoções com intuito de propiciar a tomada de consciência. O cliente separou as emoções que ele mais tem vivenciado nos últimos dias, foram: decepção, desespero, orgulho, raiva, cansaço, ansiedade, saudades, confusão, preocupação e desconfiança. Ambos os sentimentos estão relacionados ao término do relacionamento e a reta final da faculdade. O cliente achou difícil falar das emoções dele, a estagiária procurou um diálogo sobre as emoções que havia separado e as emoções ignoradas como: amor, alegria e esperança. O cliente começou a fazer uma carta sobre como ele se vê neste processo e não terminou, mas daria continuidade no próximo encontro.

Fonte? https://goo.gl/RxMQhz

Percebi que o cliente separou cartas mais negativas o que mostrou que estava em um momento difícil, de altos e baixos. Foi um momento em que me utilizei para ser autêntica com o cliente, então, voltei a ele se de fato ele não vivenciava o amor, alegria e se não tinha esperança com a sua família, com os amigos ao seu redor e consigo mesmo. Nesse momento houve um silêncio que foi respeitado pela psicoterapêuta.

Quanto ao silêncio “todos sabem, contudo, que o silêncio, a reticencia, é tão expressivo quanto às palavras” (AUGRAS, 2002.p.83), o silencio é útil, pois irá proporcionar que o cliente se perceba e olhe para si. Esse encontro proporcionou reflexões ao cliente, o mesmo disse ter sido difícil aquele momento de falar de suas emoções existentes. Erthal (1995) coloca que qualquer compreensão do homem surge, tendo por base, a compreensão de si mesmo, em face de conflitos existenciais.

De acordo com Rogers (1983) a autenticidade é muitas vezes definida como “transparência” do psicoterapeuta em relação ao cliente no instante da relação na direção de que não haja ocultamento de sentimentos ou vivências que digam respeito ao momento da relação, este ponto é importante de ser frisado, visto que, não se trata de total abertura à sua vivência imediata com o seu cliente.

Sétimo encontro

 Nesse encontro o cliente leu a carta que escreveu na sexta sessão e foi falando sobre tudo que significava pra ele, não quis dar continuidade na carta, pois se fosse acrescentar algo a mais seria seus planos para o futuro e isso ele diz não ter. Esse foi o aqui agora do cliente. Neste encontro era perceptível sua dificuldade em traçar planos para a vida, foi onde o instiguei a pensar mais sobre isso, R.M começou a pensar sobre seus projetos e foi resgatando os planos que já tinha, mas que estavam enterrados relatou que sempre quis ir para fora do Brasil e que um dia iria colocar em prática seu projeto.

Oitavo encontro

O cliente se mostrou bem entusiasmado, relatou que se sentia mais leve e aliviado, pois havia naquela semana apresentado o TCC II e sido aprovado. Mostrou se bem alegre, quis explicar como aqueles momentos foram árduos tendo que passar ao mesmo tempo por uma decepção amorosa e as dificuldades acadêmicas, relata que reprovou em algumas disciplinas, mas que conseguiu recuperar e depois de tudo esta vendo que as coisas têm o seu lado bom, teve esperança nele mesmo.

Aqui se percebe o cliente tentando se ajustar criativamente, Yountef (1987, p.14, apud Cardella, 2006) define ajustamento criativo como “o relacionamento entre o indivíduo e seu meio no qual há responsabilidade da pessoa em reconhecer e conduzir de modo bem sucedido sua própria vida, além disso, é capaz de criar condições vantajosas para o seu bem estar”.

Percebi neste encontro a necessidade de escuta do cliente, de acolher as suas conquistas, de mostrar que estava interessada no seu crescimento pessoal. O cliente relata que está vivendo a melhor fase no âmbito acadêmico e percebe que isso o influencia nas outras áreas.

Os organismos estão sempre em busca de algo, sempre iniciando algo, sempre “prontos para alguma coisa”. Há uma fonte central de energia no organismo humano, essa fonte é uma função do sistema como um todo, e não de uma parte dele. A maneira mais simples de conceitua-la é como uma tendência a plenitude, à auto realização, que abrange não só a manutenção, mas também o crescimento do organismo. (ROGERS, 1983, p.44).

R.M é um cliente que expressa bastante os seus sentimentos, Rogers (2001) assinala que, “numa situação de terapia o cliente sente se cada vez mais capaz de expressar seus sentimentos (verbal ou não verbalmente)”. Essa expressão de sentimentos esta diretamente relacionada às suas percepções, é a verbalização ou expressão corporal da vivência de um sentimento o que permite transformações organísmicas e a potencialização das capacidades inerentes da pessoa (ROGERS, 2001).

Fonte: https://goo.gl/SUzNZX

Conforme Wood et al (1994) quando o psicoterapêuta favorece o desenvolvimento da personalidade e serve de catalisador para a tendência atualizante a alguns atributos e características que como facilitador o psicoterapeuta deve utilizar-se que são base, como: valorizar a capacidade e a potencialidade de cada indivíduo; estabelecer uma atmosfera favorável composta pela compreensão, empatia e tolerância; criar um clima no qual se evita julgamentos ou críticas ao cliente procurando aceita-lo incondicionalmente a partir de seu referencial; perceber o indivíduo na sua unicidade e particularidade respeitando sua individualidade e seu movimento interno (seu ritmo); confiar na capacidade do cliente para solucionar problemas; ser autêntico e estar presente na relação.

Nono encontro

 Retorno dos atendimentos após recesso acadêmico, o cliente voltou formado em engenharia civil e queria compartilhar a sua conquista e felicidade. Primeiro, disse que estava muito bem e que as férias o fizeram muito bem, “possibilitou pensar e respirar” (sic). Relata com todo entusiasmo que conseguiu passar pela pior fase da faculdade e que se formou. O cliente quis mostrar um vídeo do momento da colação de grau e se emocionou ao rever. R.M diz que acha não ter mais motivos para vir à psicoterapia, pois se sente resolvido consigo mesmo e decidiu viver de uma forma mais autêntica e determinada, quer ir atrás dos seus projetos, sonhar e realizar. Ressalta ainda que não é mais afetado pelo sentimento de antes e que, já consegue falar do acontecido sem que se desestruture.

Percebi e senti que R.M estava preparado para seguir sem a psicoterapia, o cliente teve um desenvolvimento pessoal e emocional muito grande, isso se percebe quando fala dos seus sentimentos abertamente, coisa que antes não acontecia. Este foi um momento de várias reflexões de ambas as partes psicoterapeuta e cliente. A alta proposta pelo cliente é vista como atitude de autonomia, ou seja, um funcionamento do indivíduo que ocorre de forma independente, auto governável e auto determinável de acordo com a capacidade de reger-se a partir dos valores por ele estabelecido, consiste em uma independência pessoal (ROGERS, 1983).

Décimo encontro

 O último encontro com o cliente foi feito uma retrospectiva de como ele havia chegado, do seu desenvolver e de como estava saindo naquele momento, o cliente concordou com os pontos colocados e agradeceu por ter o guiado a este caminho e ter ampliado a sua visão. Por fim coloquei o cliente frente a um espelho para verbalizar ao antigo R.M tudo o que passou e todo o significado para ele e depois, verbalizar ao R.M do aqui e agora como este se vê e como se tornou para que não se esqueça de que atravessou o sofrimento e dele cresceu, tornou-se algo para ele mesmo, uma pessoa que se importa consigo mesmo e sente prazer nas coisas mais simples como sair com os amigos, acessar e interagir nas redes sociais, seguir a vida com autonomia e tomada de decisão.

 A estagiária deixou alguns lembretes em forma de carta que diziam frases para tomada de consciência como: “Não diminua você mesmo”; “Você não tem controle de tudo”; “Saiba se perdoar errar faz parte”; “Ninguém te ama melhor que você”; “Não se desespere, perder-se também é caminho”. O cliente teve alta e esta decisão ocorreu em comum acordo entre cliente e psicoterapeuta, mas a iniciativa partiu do cliente R.M.

 

Referencias:

AUGRAS, Monique. O ser da compreensão: fenomenologia da situação de psicodiagnóstico. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

CARDELLA, Beatriz Helena Pacanhos. A construção do psicoterapeuta na atualidade. Revista da abordagem gestáltica. Vol. XII, num. 2. dez. 2006. P.109-117. Online.

CASTANHO, Elisabeth Rodrigues. Psicoterapia como um processo: imagem de si na abordagem centrada na pessoa. Monografia. 2007.

ERTHAL, Tereza Cristina Saldanha. Treinamento em psicoterapia vivencial. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

GOBBI, Sergio Leonardo et al. Vocabulário e noções básicas da abordagem centrada na pessoa. 2. ed. São Paulo: Vetor, 2005.

KUBLER ROSS, Elisabeth. (1996). A morte: um amanhecer. São Paulo: Pensamento.

MILLER, A. (1997). O drama da criança bem dotada. São Paulo: Summus.

PERLS, Frederick; HEFFERLINE, Ralph; GOODMAN, Paul. (1998). Gestalt terapia. São Paulo: Summus.

SANTOS, Elismar Alves dos. Psicopatologia a existência à luz da fenomenologia. 2013. Disponível em: https://anaiscongressofenomenologia.fe.ufg.br/up/306/o/ElismarAlves.pdf

ROGERS, C. R. Tornar-se Pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ROGERS, C. (1980). Duas tendências divergentes. Em: May, R. (Org.). Psicologia existencial. Porto Alegre: Ed. Globo.

ROGERS, C. R. (1983). Um jeito de ser. São Paulo: EPU.

ROGERS, C.R; KINGET, G.M. (1977). Psicoterapia e relações humanas. Belo horizonte: Interlivros.

WOOD, J.K et al. (1994). Abordagem centrada na pessoa. Vitória: Editora fundação Ceciliano Abel de Almeida/ universidade federal do Espirito Santo.

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