Governo Federal não determinou instalação de banheiros unissex

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Resolução do Ministério dos Direitos Humanos não possui poder de lei

O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) publicou no Diário Oficial da última sexta (22/9) uma resolução que estabelece parâmetros para a garantia das condições de acesso e permanência de pessoas travestis, mulheres e homens transexuais, e pessoas transmasculinas e não binárias – e todas aquelas que tenham sua identidade de gênero não reconhecida em diferentes espaços sociais – nos sistemas e instituições de ensino.

Diferente do que está sendo propagado por peças de desinformação, o documento não possui caráter legal ou de obrigatoriedade e nem cita banheiros unissex. Também não há decreto, ordem emanada de autoridade superior que determine o cumprimento de resolução sobre o tema. A resolução apenas formula orientações quanto ao reconhecimento institucional da identidade de gênero e sua operacionalização.

O que a resolução aponta é a garantia de uso de banheiros, vestiários e demais espaços onde haja uso de acordo com gênero de acordo com a identidade e/ou expressão de gênero de cada estudante. O documento também se ocupa de medidas que minimizem o risco de violência e discriminações, dentre elas a adoção de banheiros de uso individual, independente de gênero, para além dos já existentes masculinos e femininos nos espaços públicos.

A resolução do MDHC estende as orientações aos casos de alunos menores de idade. De acordo com o documento, as instituições devem explicações registradas por escrito aos pais e responsáveis legais nos casos de negativa da garantia do uso do nome social e/ou da liberdade de identidade e expressão de gênero junto à instituição de ensino. A resolução também orienta pais e responsáveis legais pela efetivação de denúncia junto aos órgãos de proteção de crianças e adolescentes nessas eventualidades.

A orientação também se aplica aos processos de acesso às Instituições de Ensino, tais como concursos, inscrições, entre outros, tanto para as atividades de ensino regular ofertadas continuamente quanto para atividades eventuais.

Diante da constante rede de desinformação que falam em determinação governamental sobre o tema, o ministro do MDHC, Silvio Almeida, acionou a Advocacia-Geral da União pedindo apuração. “Quem usa a mentira como meio de fazer política, incentiva o ódio contra minorias e não se comporta de modo republicano tem que ser tratado com os rigores da lei. É assim que vai ser”, declarou o ministro neste sábado (23) em uma rede social.

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Saúde discute com parceiros o processo transexualizador no Tocantins  

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 Reunião aconteceu na sede da SES-TO nesta segunda-feira, 11. O encontro promoveu alinhamento das ações para efetivação dos serviços a serem disponibilizados no SUS tocantinense

Karoliny Santiago/Governo do Tocantins

Em busca de ofertar um atendimento integral e de qualidade a população de travestis e transexuais viventes no Tocantins, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) promoveu na segunda-feira, 11, uma reunião para alinhar ações e serviços a serem disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tocantinense. O evento foi realizado na sede da Pasta e contou com a participação de representantes de áreas técnicas da SES-TO, do Ministério Público do Tocantins, Defensoria Pública do Tocantins, Associação de Travestis e Transexuais do Estado do Tocantins (ATRATO) e Secretarias Municipais de Saúde de Palmas e Araguaína.

Durante a reunião, foi acordada a criação de um grupo especializado para o atendimento a esses pacientes. “Essa reunião foi muito produtiva para os presentes, pois saímos daqui com os encaminhamentos necessários para a definição desse grupo de trabalho que irá construir essa linha de cuidado a esses pacientes, tanto na rede pública municipal, quanto estadual, colocando cada responsabilidade na instituição desta portaria”, disse a diretora de atenção primária da SES-TO, Thalyta Fernandes.

A presidente da ATRATO, Byanca Marchioli, relatou a necessidade que a população trans no Tocantins possui, principalmente nesse apoio na saúde. “Foi muito importante participar de mais essa reunião promovida pela Secretaria de Estado da Saúde, pois demos mais um passo para a implantação do ambulatório transexualizador  existir e ofertar o atendimento necessário”.

                                                                                 Fonte: https://saude.to.gov.br/          

 Encontro promoveu alinhamento sobre as ações e serviços que serão disponibilizados no SUS municipal e estadual

O coordenador do Núcleo de Defesa da Saúde (Nusa), defensor público Freddy Alejandro Solórzano Antunes, comentou sobre o reconhecimento da SES-TO para o atendimento deste procedimento à população de travestis e transexuais viventes no Tocantins. “A Defensoria Pública do Tocantins possui um procedimento preparatório para uma ação civil pública desde 2016 para tentar solucionar essa questão e o Estado tem progredido no sentido de tentar organizar o serviço e formar a linha de cuidado. E nisto, a Defensoria tem acompanhado e espera que se dê um andamento célebre”.

“A reunião foi bastante produtiva, pois demos algumas deliberações em relação a essa demanda da criação da linha de cuidado da população LGBTQIA+, que é uma demanda importante e que vem sendo tensionada há algum tempo, tanto para o Estado quanto para o município. E acredito que agora temos um avanço importante para que seja garantido realmente o direito dos pacientes como todos”, comentou a diretora de alta e média complexidade da Semus de Palmas, Jelda Pinto.

As reuniões sobre o 1° Ambulatório Transexualizador no Tocantins estão sendo coordenadas pela Superintendência de Políticas de Atenção à Saúde (SPAS), com apoio da Superintendência de Unidades Hospitalares Próprias (SUHP) e do Programa de Diversidade na Saúde e municípios. No Tocantins, estima-se, entre homens e mulheres trans, aproximadamente 400 pessoas.

LEGENDAS: ANDRÉ ARAÚJO – GOVERNO DO TOCANTINS

1.            Reunião aconteceu na sede da SES-TO nesta segunda-feira, 11
2.            Encontro promoveu alinhamento sobre as ações e serviços que serão disponibilizados no SUS municipal e estadual

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Em encontro de travestis e transexuais, defensora pública fala sobre acesso ao direito e preconceitos

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“Após se perceberem de um gênero diferente que lhes foi atribuído no nascimento, essas pessoas passam a enfrentar uma verdadeira luta para viverem em sua identidade. Além de um risco constante de serem vítimas de violência, não contam com uma legislação que as protejam, são excluídas do mercado de trabalho, têm enorme dificuldade para acessar o serviço de saúde, são hostilizadas, violentadas e sofrem, frequentemente, com a incompreensão e rejeição familiar.” Este foi um dos pontos abordados pela defensora pública Letícia Amorim em palestra no 1° Encontro de Travestis e Transexuais do Tocantins, na última sexta-feira, 7.

Coordenadora do Núcleo Aplicado de Defesa das Minorias e Ações Coletivas (Nuamac) Palmas, Letícia Amorim abordou a dificuldade no acesso ao direito e o preconceito da sociedade aos transexuais e travestis, bem como à toda comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersexuais (LGBTI). “Em 2018, comemora-se 40 anos do movimento LGBTI no Brasil, mas o marco não é o suficiente para que as propostas que asseguram direitos a gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans sejam aprovadas no Congresso”, disse a Defensora Pública.

Fonte: encurtador.com.br/GJRU4

Letícia Amorim falou também sobre o atendimento dos Nuamacs, que têm entre suas atribuições fomen­tar as políticas públicas em defesa dos direitos das minorias, como na defesa da população LGBTI, ques­tões de sexualidade e gênero, bem como fomentar políticas públicas de desenvolvimento e defesa dos direitos humanos.

Diversas pautas voltadas para o público LGBTI integram a atuação dos Nuamacs, dentre elas: nome social, plano municipal de direitos humanos, tratamento hormonal, atendimentos individualizados em casos de homofobia e transfobia, adoção e união estável para casais homoafetivos, dentre outros.

Encontro

O 1° Encontro de Travestis e Transexuais do Tocantins foi realizado pela Associação das Transexuais e Travestis do Tocantins (Atrato) nos dias 6 e 7 de dezembro, e contou com apoio da Defensoria Pública do Estado do Tocantins (DPE-TO), entre outros parceiros: Instituto Equidade Tocantins, Secretaria Estadual de Cidadania e Justiça (Gerência de Políticas LGBTI), Secretaria Estadual de Saúde (Gerência de IST/HIC-AIDS/HV), Secretaria Municipal de Saúde, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Tocantins (OAB-TO), Universidade Federal do Tocantins (curso de Enfermagem), Universidade Luterana do Brasil (curso de Psicologia) e Conselho Regional de Psicologia

A programação foi realizada no auditório da DPE-TO, em Palmas, e contou com palestras e debates sobre temas diversos, em especial os relacionados à saúde.

De acordo com a presidente da Atrato, Byanca Marchyori, o Encontro objetivou promover não só o empoderamento das pessoas trans e travestis, mas, principalmente, o mapeamento da atuação destas classes, o que pode facilitar o estabelecimento de políticas sociais, de segurança, educativas e da saúde para este público.

NUAmac

Desde o ano de 2017, O Nuamac Palmas leva atendimento jurídico ao público LGBTI em razão da Semana da Diversidade Sexual do Tocantins – Parada LGBTI. Dentre as atividades realizadas pelo Nuamac, destaca-se a visita aos pontos de prostituição da Capital a fim de identificar as principais necessidades de atendimentos jurídicos das pessoas atendidas.

Para Letícia Amorim, no mercado de trabalho a sociedade e as políticas públicas ainda estão longe de promover a inclusão à população trans. Segundo a Defensora, a falta de oportunidade no mercado de trabalho deságua em outros graves problemas, tais como o suicídio. “É necessário ampliar o acesso desta população à prevenção, proteção e assistência à saúde, além de ofertar atenção integral às suas necessidades”, disse.

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CFP atualiza normas para atendimento às pessoas transexuais e travestis

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A Resolução foi publicada em 29 de janeiro de 2018

Com uma ampla fundamentação jurídico/legal e em referência a uma série de acordos nacionais e internacionais e à própria Constituição Federal, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou as novas normas referentes ao atendimento psicológico de pessoas transexuais e travestis. Na Resolução no. 1, de 29 de janeiro de 2018, o Conselho determina que as psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, atuarão segundo os princípios éticos da profissão, contribuindo com o seu conhecimento para uma reflexão voltada à eliminação da transfobia e do preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. A ação reforça o caráter humanista, político e social do profissional de Psicologia.

O CFP ainda destaca, na mesma resolutiva, que as psicólogas e os psicólogos não podem exercer qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis bem como, no exercício profissional, ser coniventes ou omissos perante a discriminação de pessoas transexuais e travestis. Com esta ação o Conselho dá uma resposta direta a um grupo de psicólogos que, em 2017, entrou na justiça para ter o direito de trabalhar com reversão sexual, o que popularmente ficou conhecido como cura gay. Neste sentido, fica vedado aos psicólogos exercerem qualquer ação que favoreça a discriminação ou preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis. O CFP vai mais adiante e, no artigo 4º. determina que “as psicólogas e os psicólogos, em sua prática profissional, não se utilizarão de instrumentos ou técnicas psicológicas para criar, manter ou reforçar preconceitos, estigmas, estereótipos ou discriminações em relação às pessoas transexuais e travestis”.

A partir da resolução os profissionais de Psicologia estão impedidos de colaborar ou participar de eventos ou serviços que contribuam para o desenvolvimento de culturas institucionais discriminatórias em relação às transexualidades e travestilidades, bem como não poderão participar de pronunciamentos, inclusive nos meios de comunicação e internet, que legitimem ou reforcem o preconceito em relação às pessoas transexuais e travestis.

Para a coordenadora do curso de Psicologia, profa. Dra. Irenides Teixeira, a Resolução 01/18 é um avanço para a profissão. “Com esta ação, o CFP protege a prática profissional de distorções e assegura que a liberdade e a dignidade da pessoa humana sejam invioláveis, o que contribui para a diversidade identitária, algo que as psicólogas e psicólogos devem não apenas respeitar, mas lutar pela manutenção”, destaca Irenides.

Por fim, no artigo 8º. da Resolução, o CFP determina que fica vedado às psicólogas e aos psicólogos, na sua prática profissional, propor, realizar ou colaborar, sob uma perspectiva patologizante, com eventos ou serviços privados, públicos, institucionais, comunitários ou promocionais que visem a terapias de conversão, reversão, readequação ou reorientação de identidade de gênero das pessoas transexuais e travestis. (Com informações do CFP)

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Respeito às diferenças

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Resolução que autoriza uso de nome social é homologada pelo MEC

A resolução que autoriza o uso do nome social de travestis e transexuais nos registros escolares da educação básica foi homologada nesta quarta-feira, 17, pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. Com o documento, maiores de 18 anos podem solicitar que a matrícula nas instituições de ensino seja feita usando o nome social. No caso de estudantes menores de idade, a solicitação deve ser apresentada pelos pais ou seus representantes legais.

“Essa era uma antiga reivindicação do movimento LGBTI e que, na verdade, representa um princípio elementar do respeito as diferenças, do respeito à pessoa humana e ao mesmo tempo de um combate permanente do Ministério da Educação contra o preconceito, o bullying, que muitas vezes ocorrem nas escolas de todo o país. É um passo relevante para o princípio do respeito às diferenças e o combate aos preconceitos”, enfatizou Mendonça Filho. “É a construção do bem como a lógica do caminho a ser percorrido.”

Homologação de Resolução/CNE que trata da Normatização nacional sobre o uso do nome social nos registros escolares da educação básica. Foto: André Nery/MEC. Fonte: https://goo.gl/U1whV8

A professora Luma Nogueira de Andrade, de direitos humanos, gênero e diversidade sexual e gestão escolar da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção (CE), conta que toda a sua vida escolar foi marcada por “negação do espaço”, por não ter podido utilizar o nome social no ambiente escolar. “O nome ser negado significa o não acesso aos espaços educacionais. Portanto, se trata de um direito fundamental que é a educação. Tenho que ter o mesmo acesso à escola como todas as pessoas neste país, considerando as minhas singularidades”, defende.

“O lema fundamental da educação é a inclusão. Não é incluir despindo as diferenças. Pelo contrário. É incluir aceitando e respeitando as diferenças. Para respeitar e tratar bem as pessoas trans é necessário, primeiro, o respeito à sua identificação, que é o nome. O nome pelo qual eu me identifico é o nome pelo qual eu existo”, completa a professora.

O diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis, enfatiza que a resolução homologada nesta quarta-feira “significa respeito”. “O que nós queremos é o respeito à comunidade transexual e travesti. É importante que eles possam estudar. Que escolas e universidade sejam lugares acolhedores para todos e todas”, defende. “O Brasil dá um passo importante para o respeito e a diminuição da evasão escolar e contra o bullying e preconceito contra a comunidade que é mais desrespeitada dentro da comunidade LGBTI.”

Homologação de Resolução/CNE que trata da Normatização nacional sobre o uso do nome social nos registros escolares da educação básica. Foto: André Nery/MEC. Fonte: https://goo.gl/U1whV8

CNE – A resolução que garante esse direito foi aprovada de forma unânime pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em setembro de 2017. O uso do nome social por travestis e transexuais é uma reivindicação constante de representantes deste grupo social, e já era possível nas inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC, Ivana de Siqueira, disse que das 27 unidades da federação, 24 já têm sua normatização com relação ao uso do nome social e agora o chegou a vez de o MEC se posicionar. “É uma importante medida que o MEC adota. É um passo importante, embora ainda precisemos trabalhar diversas medidas para acabar com o bullying e a violência”, ressaltou a secretária.

Somente no ano passado, 303 candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) fizeram uso desse direito, conforme dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que indicou São Paulo como o estado onde mais foi feito o pedido, com 72 solicitações.

Homologação de Resolução/CNE que trata da Normatização nacional sobre o uso do nome social nos registros escolares da educação básica. Foto: André Nery/MEC. Fonte: https://goo.gl/U1whV8

Essa garantia do Enem foi justamente o que motivou Bernardo Mota, 20 anos, estudante de serviço social da Universidade de Brasília (UnB) a voltar a estudar. Ele fez o exame em 2016 e conta que o uso do nome social foi um fator crucial para seu engajamento nos estudos. Ele conta que ser obrigado a usar um nome que ele sentia não ser dele causava “muito estresse e vergonha”. E que teve uma boa surpresa ao chegar para fazer a prova do Enem.

“Eu já fui preparado para lutar, achando que eu teria de enfrentar várias coisas, mas quando eu cheguei, pelo contrário, eu fui super bem atendido. Meu nome foi respeitado e isso me deu, inclusive, tranquilidade para fazer a prova e para passar no vestibular. Então, foi fundamental o nome social para eu conseguir voltar aos estudos”, conta.

A resolução, homologada nesta quarta, busca propagar o respeito à identidade de gênero e minimizar estatísticas de violência e abandono da escola em função de bullying, assédio, constrangimento e preconceitos. O texto determina ainda que as escolas de educação básica brasileiras, na elaboração e implementação de suas propostas curriculares e projetos pedagógicos, assegurem diretrizes e práticas com o objetivo de combate a quaisquer formas de discriminação em função de orientação sexual e identidade de gênero de estudantes, professores, gestores, funcionários e respectivos familiares.

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Transexual: construção enquanto Mulher

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Insegurança, deslocamento, desconforto, curiosidade, medo e conflito são o que muitas mulheres em corpo de um homem passam. E isto existe há anos luz, no entanto nunca foi tão discutido quanto no momento em que vivemos. Milhares de mulheres lutam todos os dias para serem vistas como mulheres, mas o  “estranho” ainda causa desconforto em muitos. Tais desconfortos são muitas vezes introjetados, o que é um grande problema, pois é um desconforto disfarçado de conforto, resultando em atos violentos contra o “estranho” e recebendo apoio e encobrimentos de milhares de outros disfarçados.

Fonte: http://migre.me/wcRm1
Fonte: http://migre.me/wcRm1

Bauman (1998) diz que cada sociedade tem seu padrão de pureza, e esses padrões mudam de época em época, varia de cultura para cultura. Os padrões de pureza são normas criada pela sociedade em relação ao que é normal ou não. E as pessoas que não estão dentro destas normas tornam-se entraves em relação a organização do meio, são visto como esquálidos e tratadas como tais, são os estranhos: “O oposto da ‘pureza’ – o sujo, o imundo, ‘os agentes poluidores’ – são coisas ‘fora do lugar’'”BAUMAN, 1998, p.14).

Um exemplo de estranhos são os trans. Isto porque fogem da normatividade e da limitação da ordem social em questão. O mais lastimoso desta não aceitação são os atos de violência física, que é usada como forma de repressão e indignação. De acordo com a Organização das Nações Unidas, o Brasil é o pais que mais mata travestis e transexuais. Uma pesquisa realizada entre Janeiro de 2008 a março de 2014 foi registrada 604 mortes no país. O site Correio 24 horas mostra que só em 2014 houve 134 mortos e em 2016, 144 mortes. Isto mostra que hoje o assunto é mais debatido, no entanto há poucas melhorias, já que a repressão e o ódio pelo diferente é camuflado.

Esta camuflagem faz reinar a incerteza e acaba limitando o futuro destas mulheres e da própria sociedade. Resulta em uma sociedade conflituosa, devido a não flexibilidade e a poucas adaptações a mudanças. Logo, muitas destas mulheres vivem sob o medo e sem esperanças, já que não há garantias de um futuro seguro.

Talita Costa. Fonte: http://migre.me/wcRnB
Talita Costa. Fonte: http://migre.me/wcRnB

Talita Costa, 36 anos, estudante de Serviço Social e que reside na cidade de Palmas há quase 20 anos vive na pele este medo e incerteza. Talita diz que descobriu-se mulher ainda quando criança: “… ao invés de escolher as coisa que meu pai fazia, preferia me inspirar nas coisas que minha mãe fazia… em outro momento quando eu tinha 8 anos de idade, eu lembro que estava  beira do rio com minha família, e eu estava cm minha irmã, que é mais nova que eu 3 anos e eu escutei eles comentando que as minhas pernas eram mais bonitas e femininas do que as da minha irmã e isto me marcou muito, e eu nunca mais esqueci, pois eu também olhava pro meu corpo e não era igual o dos meus amiguinhos… eu não me identificava como um menino desde criança. Na puberdade foi a certeza, pois eu não me atraia por mulher e me via em trans como a Roberta Close. Eu via as mulheres bonitas passando e os homens desejando  e mexendo, era aquilo que eu queria ser. Eu não queria ser a engraçada, a bicha amiga etc., eu queria ser mulher.”

Modelo brasileira transsexual Lea T. Fonte: http://migre.me/wcRy9
Modelo brasileira transexual Lea T. Fonte: http://migre.me/wcRy9

O relato de Talita reafirma a famosa frase de Simone de Beauvoir:

Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam de feminino. Somente a mediação de outrem pode constituir um indivíduo como um Outro. Enquanto existe para si, a criança não pode apreender-se como sexualmente diferenciada. Entre meninas e meninos, o corpo é, primeiramente, a irradiação de uma subjetividade, o instrumento que efetua a compreensão do mundo: é através dos olhos, das mãos e não das partes sexuais que apreendem o universo.  — O Segundo Sexo, volume 2. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967, 2ª edição, pp. 9.

Assim como Talita, milhares de mulheres lutam todos os dias para serem reconhecidas como tais. Um exemplo de superação e esmagadora dos limites impostos pela sociedade é Luma Andrade, que tem doutorado em Educação pela UFC – Universidade Federal do Ceará, é considerada a primeira travesti a ingressar em um curso de doutorado no Brasil, e hoje atua como professora. Luma que recebeu o nome de João Filho Nogueira de Andrade ao nascer, conquistou em 08 de março de 2010, sem ter passado pela operação de mudança de sexo, o direito de mudança de nome em seus documentos. Luma Oliveira é mulher, é travesti, é militante, é professora e uma fonte de inspiração.

Luma Andrade. Fonte: http://migre.me/wcRpk
Luma Andrade. Fonte: http://migre.me/wcRpk

Ser estranho tem para muitos hoje um significado muito genérico, é visto como algo inferior. Logo muitos passam a vida seguindo ordens de autoritários. Isto por que desde que se nasce, o indivíduo já recebe uma carga enorme de informação do que é certo e do que é errado. A subjetividade tende a ser anulada para a então aceitação do meio, seja da família, dos amigos, da igreja ou da sociedade. Ser “estranho” é preciso ser visto como autenticidade.

Na ciência há exemplos de vários estranhos, tais como: Charles Darwin, Thomas Edison e Albert Einsten. Estes foram contra a normatividade de suas épocas, por isto foram rejeitados e vistos como esquálidos, mas hoje são vistos como gênios. É natural que o Homem duvide e questione para tornar então autoridade de si, as mulheres trans são autoridades de si e isto preciso ser respeitado e por que não, admirado?!

Atriz Laverne Cox, que interpreta a personagem Sophia Burset na série Orange Is The New Black. Fonte: http://migre.me/wcRsP
Atriz Laverne Cox, que interpreta a personagem Sophia Burset na série televisiva Orange Is The New Black. Fonte: http://migre.me/wcRsP

O homem é um ser subjetivo, isto por que ninguém é igual a ninguém. E esta diversidade é uma das maiores riquezas do homem. O Homem nasce com competências, identidade e personalidade desconhecidas. Com o tempo ele vai se identificando, se moldando e se descobrindo. Esta é a diferença entre o Homem e um objeto. O objeto inicia objeto e termina objeto, já o Homem nasce Homem, se modifica e morre da forma como ele quiser.

Referências:

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Mauro Gama e Cláudio Matinelli Gama. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 1998.

https://nacoesunidas.org/violencia-contra-pessoas-trans-e-extremamente-alta-nas-americas-apontam-onu-e-parceiros/

http://www.correio24horas.com.br/blogs/mesalte/assassinatos-de-transexuais-e-travestis-cresce-22-em-um-ano-no-brasil-bahia-teve-9-mortes/

O Segundo Sexo, volume 2. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967, 2ª edição

11 gênios e inventores que foram subestimados e rejeitados antes de alcançar o sucesso

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Festa beneficente Red Ribbon tem recorde de arrecadação para causa social

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a festa beneficente Red Ribbon arrecadou 4.160,00 reais que serão destinados ao projeto social, Casa 8 de Março.


Em comemoração ao Dia Mundial de Combate a AIDS, festa beneficente doará todo o valor arrecadado a entidade que assiste a prostitutas e travestis na prevenção e informação de DST’s

Com a casa cheia e sucesso de bilheteria, a festa beneficente Red Ribbon realizada pelo Lanterna Lounge Bar de Palmas, na noite do último sábado (29) arrecadou 4.160,00 reais que serão destinados ao projeto social, Casa 8 de Março, que assiste prostitutas, travestis e mulheres em situação de vulnerabilidade.

A festa contou com o publico de mais de 200 pessoas que ao som de quatro DJs avançaram a madrugada. Com a decoração temática, um grande laço vermelho foi colocado no espaço para reforçar o apoio a campanha de combate a AIDS.

Para Douglas Correia, proprietário do bar, a festa foi resultado de uma inquietação. Por isso, ele decidiu organizar a Red Ribbon, em parceria com a Secretaria de Saúde do Tocantins, por meio do Núcleo de Prevenção às DST’s. “Ficamos extremamente gratos ao prestigio de todos os clientes e amigos que compareceram na nossa festa, foi uma festa linda e realizada com muito carinho. Todo o valor que foi arrecadado será entregue a Casa 8 de Março”, destacou.

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