Os desafios encontrados pelos atendentes terapêuticos no âmbito escolar

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Entrevista com a Coordenadora Escolar ABA e as dificuldades encontradas por Atendentes Terapêuticos no contexto escolar.

(En)Cena entrevista a pedagoga Janaina Alves de Oliveira. Formada em Licenciatura Plena em Pedagogia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), interessou-se por disciplinas como “Educação Especial e Inclusão” e “Psicologia da Educação – Desenvolvimento e Aprendizagem”, que nortearam sua especialização.

É pós-graduada em Neuropsicopedagogia pela Faculdade de Tecnologia e Educação Superior Profissional – FATESP e pós-graduanda em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual pela CBI of MIAMI.

Faz parte da equipe ABA do Instituto Psiquê – Neurociência e Saúde desde o ano de 2021, tendo iniciado como Assistente Terapêutica Escolar e Clínica, em seguida tornando-se Assistente de Coordenação Técnica e, hoje, atuando como Coordenadora ABA Escolar.

(En)Cena: Os Atendentes Terapêuticos desempenham um papel vital nas escolas, apoiando alunos com necessidades emocionais e comportamentais. Quais são as principais responsabilidades dos Atendentes Terapêuticos escolares?

Janaina: Os Assistentes Terapêuticos estão presentes nas escolas para facilitar a inclusão e desenvolvimentos dos aprendizes, com foco comportamental.  Os atendentes manejam comportamentos de crise, auxiliam na estimulação de habilidades sociais e estão atentos às dificuldades pedagógicas dos aprendizes, assim sinalizando as habilidades que precisam ser trabalhadas com mais ênfase.

(En)Cena: Como coordenadora, qual é o seu papel na capacitação e no apoio contínuo aos Atendentes Terapêuticos em sua equipe?

Janaina: Como coordenadora ABA, sou responsável por supervisionar os atendimentos escolares e por auxiliar os Assistentes Terapêuticos, tirando dúvidas, ajudando a manejar os comportamentos e aplicar programas. Também organizo os planos de ensino, visando os alvos necessários para cada aprendiz.

(En)Cena: Trabalhar em conjunto com professores e outros profissionais da escola é essencial. Como vocês promovem uma colaboração eficaz entre os Atendentes Terapêuticos e a equipe escolar?

Janaina: O objetivo é estarmos alinhados com as escolas para melhorar a qualidade da Intervenção ABA, estimulando, assim, o desenvolvimento dos aprendizes. Reuniões são realizadas com frequência para troca de informações e alinhamento de condutas e objetivos. O ABA está dentro das escolas para somar com o trabalho dos professores e corpo docente, respeitando o espaço dos profissionais e dando autonomia para os professores e oferecendo suporte quando necessário.

(En)Cena: Como vocês promovem a autonomia e a capacitação dos alunos, ajudando-os a desenvolver habilidades emocionais e comportamentais que possam usar independentemente?

Janaina: Cada aprendiz tem o seu plano de ensino individualizado, onde traçamos habilidades que estão em déficit e devem ser estimuladas. Utilizamos um aplicativo onde o assistente alimenta diariamente com informações como: se houve a aplicação do programa de ensino da habilidade em déficit e porcentagem de independência do aprendiz naquela habilidade. Existem níveis de ajudas necessárias para ajudar que o aprendiz adquira a habilidade e a realize de forma independente.

(En)Cena: É provável que os Atendentes Terapêuticos enfrentem desafios diversos ao trabalhar no ambiente escolar. Poderia compartilhar quais são os desafios mais comuns que eles enfrentam e como lidam com essas situações?

Janaina: Pouco se é dito sobre a importante e a função do assistente terapêutico escolar, enfrentamos dificuldades como: falta de espaço para manejo de comportamentos e terceirização do ensino, onde o assistente fica responsável pela vida acadêmica do aprendiz. Ainda há falta dos planos de ensino individualizado elaborados pelas escolas e adaptação curricular.

(En)Cena: Hoje, sabemos que nem todas as crianças conseguem acesso a um acompanhamento escolar quando necessitam. Como isso pode afetar o desenvolvimento do estudante?

Janaina: A falta de profissionais capacitados impacta na evolução do aprendiz, sem o suporte necessário, novas habilidades não serão adquiridas devido à falta de estimulação.

(En)Cena: Como é o preparo da equipe escolar para receber e lidar com crianças neurodivergentes? Quais são as maiores dificuldades relacionadas à docência?

Janaina: As escolas deveriam ter uma equipe especializada com formações continuadas voltadas ao público neurodivergente, porém não é a realidade que encontramos na maioria das escolas. No instituto temos a política de envio de documentações com as atribuições do assistente terapêutico e documentos pessoais. Nossos profissionais realizam formações continuadas, solicitamos reuniões com toda equipe (clínica e escola) para sanar dúvidas e repassar orientações, além de nos disponibilizarmos para ministrar palestras e rodas de conversa.

(En)Cena: De que forma a família pode ajudar no processo de aprendizagem das crianças neurodivergentes?

Janaina: A família é o principal responsável nesse processo, e é quem mais tem a contribuir com o desenvolvimento. Estar alinhado com os métodos e estratégias fazem toda diferença no processo terapêutico. É com a família que o aprendiz passar maior parte do tempo e tem mais oportunidade de generalizar os comportamentos aprendidos em ambiente clínico e escolar.

(En)Cena: Como tem sido sua experiência ao trabalhar com essa profissão tão essencial para o desempenho e crescimento das crianças?

Janaina: É enriquecedor trabalhar na área. Perceber as particularidades de cada aprendiz, contribuir com os ganhos de habilidade e ver os progressos não tem preço. É uma área essencial e de grande contribuição social.

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Desafios adicionais na gravidez de mulheres autistas e implicações relacionadas à saúde mental

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A gravidez é para todas as mulheres um período de grandes mudanças emocionais e físicas. No entanto, para algumas mulheres este período pode ser bem mais desafiador devido a algum transtorno mental ou do desenvolvimento.

O TEA – Transtorno do Espectro Autista, é um transtorno do neurodesenvolvimento complexo e multifatorial, e suas causas ainda não são completamente compreendidas. Conforme a CID-11, o Transtorno é caracterizado por prejuízo na interação social, comunicação e comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados.

Estudos apontam que no mundo, 1 a cada 100 crianças tem autismo. Também mencionam que há uma proporção maior de casos entre meninos: 1 menina a cada 4 meninos. Nas mulheres, o transtorno tende a ser subdiagnosticados visto que os sintomas nelas são diferentes e, passam despercebidos pois na puberdade elas passam a praticar o “Masking”, que se trata de um comportamento de camuflagem dos sintomas, visando esconder suas dificuldades. Assim, a maior parte das mulheres costuma receber o diagnóstico de TEA quando adulta e durante ou após a maternidade.

                                                                                                                                             Fonte: Pixabay

A maior parte das mulheres costuma receber o diagnóstico de TEA quando adulta e durante ou após a maternidade

Mulheres que estão no espectro do transtorno podem apresentar muitos complicadores no período da gravidez devido a apresentarem características como:

  • Maior sensibilidade sensorial – São muito mais sensíveis a estímulos como som, cheiros, texturas, luz. As idas ao laboratório e ao médico tornam-se um grande problema, pois muitas são extremamente sensíveis ao toque e desta forma coisas como o tão sonhado momento de ultrassom para acompanhar o desenvolvimento do bebê ou as desejadas mexidas do bebê na barriga podem se tornar um pesadelo.
  • Problemas em relação a mudança de rotina – Normalmente os autistas necessitam de previsibilidade no seu dia a dia e as idas constantes ao médico e laboratório, bem como os ajustes nas atividades diárias podem se tornar um incômodo;
  • Incômodo com a interação social e a comunicação excessiva – Grávidas autistas podem ter dificuldades com a interação com profissionais de saúde o que gera por vezes ansiedade e pode necessitar de informações concisas e de um profissional mais atento e sensível às suas necessidades;
  • Níveis altos de ansiedade e estresse – Devido ao excesso de preocupações sobre o parto, os cuidados consigo e com a criança, as mudanças na rotina ou a falta dela nos primeiros meses;
  • Mudanças corporais – Podem apresentar dificuldade em aceitar e entender as mudanças que ocorrem no corpo e ter sua autoestima e autoimagem afetadas.

Além destas questões citadas acima, ainda há a presença de outros fatores de risco como: anormalidades estruturais cerebrais com diferentes causas e disfunção fisiológica e bioquímica; Epilepsia e TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Depressão, Transtornos Afetivos Bipolar, Ansiedade e transtornos somáticos.    

                                                                                                                          

                                                                                                                    Fonte: Pixabay

O uso de drogas psicotrópicas e antiepilépticas durante a gravidez está associado a desfechos adversos

Um agravante em relação às grávidas que estão no espectro é que frequentemente são tratadas com drogas psicotrópicas e antiepilépticas e o uso destes medicamentos durante a gravidez está associado a desfechos adversos, como parto prematuro e cesáreo, aumento do risco de pré-eclâmpsia, peso anormal do bebê no nascimento e má adaptação neonatal.

Precisamos lembrar que cada mulher autista é única e que o TEA se manifesta de maneiras diferentes em cada uma delas.  Sendo assim, o desenvolvimento e experiências que envolvem a gravidez sofrerão influências individuais. O importante é que em sua individualidade, cada gestante obtenha atenção e apoio, bem como acesso a tratamento da saúde física e emocional garantindo o seu bem-estar e do bebê. Vale ressaltar que é de suma importância que sejam acompanhadas por profissionais de saúde que estejam atentos às necessidades específicas e que possam ajudar a promover uma gravidez mais positiva e tranquila, bem como avaliar o custo-benefício e adequação do uso de medicações psiquiátricas durante a gestação.

                                                                                                                                               Fonte: Pixabay

O Pré-natal psicológico é uma ferramenta extremamente necessária, pois auxilia a grávida a lidar com as mudanças e desafios da gestação

O Pré-natal psicológico torna-se uma ferramenta extremamente necessária, pois auxilia a grávida a lidar com as mudanças e desafios da gestação e a entender suas particularidades como alguém que está no espectro. Ele atua de forma preventiva e visa a promoção da saúde mental materna durante toda a gestação, no pós-parto ou puerpério. Pode ser realizado de forma individual ou em encontros grupais conduzidos por um psicólogo, podendo contar com uma equipe interdisciplinar. Tem caráter psicoeducativo e psicoterapêutico e visa desenvolver juntamente a gestante recursos e estratégias para lidar com suas emoções, comportamentos e dificuldades em relação ao medo, a ansiedade, as questões sensoriais e sua comunicação, dentre outras demandas.

No Brasil, temos o projeto de lei nº 2603/2022 que institui o programa de acompanhamento pré-natal e pós-parto no caso de gestante com transtorno do espectro autista – TEA em âmbito Federal. No projeto de lei, em seu artigo 2º diz que toda gestante no transtorno do espectro autista será considerada de alto risco e será atendida pela Atenção Secundária, com vistas a reduzir a taxa de mortalidade materna e infantil facilitando o diagnóstico e acompanhamento.

Sabemos que durante o período gestacional a mulher necessita de apoio e compreensão. No caso das autistas e devido as particularidades de seu transtorno vemos que este apoio e compreensão são redobrados.

 Pesquisadores tem contribuído através de seus estudos para que haja cada vez mais a adoção de políticas e práticas de saúde e assistência social, visando um maior acesso à informação e recursos que possam ajudar as mulheres grávidas que estão no espectro a vencer suas dificuldades nesta fase de suas vidas.

 

Referências:

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Camara.leg, 2022. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2335612. Acesso em 23 de outubro de 2023.

MULHERES AUTISTAS: GRAVIDEZ E PARTO. Instituto Inclusão Brasil, 2022. Disponível em: https://institutoinclusaobrasil.com.br/mulheres-autistas-gravidez-e-parto/#:~:text=As%20dificuldades%20com%20sensibilidade%20aumentada,indu%C3%A7%C3%A3o%20do%20trabalho%20de%20parto. Acesso em 23 de outubro de 2023.

MULHERES AUTISTAS: ELAS EXISTEM E PRECISAM DE ATENÇÃO. Instituto Singular. Org, 2023. Disponível em: https://institutosingular.org/mulheres-autistas/. Acesso em 23 de outubro de 2023.

MULHERES COM AUTISMO ESTÃO MAIS SUJEITAS A DESENVOLVER ANSIEDADE E DEPRESSÃO NA GRAVIDEZ, Academia médica.com, 2022. Disponível em: https://academiamedica.com.br/blog/mulheres-com-autismo-estao-mais-sujeitas-a-desenvolver-ansiedade-e-depressao-na-gravidez. Acesso em 23 de outubro de 2023.

GRÁVIDA E COM TEA: ATERRORIZADA COM A SENSAÇÃO DE TER ALGUÉM DENTRO DE MIM. Uol. Com, 2023. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2023/02/24/gravida-e-com-tea-aterrorizada-com-sensacao-de-ter-alguem-dentro-de-mim.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 23 de outubro de 2023.

SAÚDE DA MULHER AUTISTA. Canal autismo, 2022. Disponível em: https://www.canalautismo.com.br/artigos/saude-da-mulher-autista/. Acesso em 23 de outubro de 2023.

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A infância atravessada pela tecnologia e por redes sociais

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Reflexões sobre a influência das tecnologias no desenvolvimento infantil

(EN)Cena entrevista Adriane Carvalho, psicóloga clínica especialista em TCC (Terapia Cognitiva Comportamental) que tem o trabalho focado na ansiedade e no atendimento a jovens adolescentes, assim como a mulheres. Nessa entrevista conversamos com Adriane sobre as relações entre as mídias sociais e o uso delas por jovens e crianças.

(En) Cena- Adriane, as mídias sociais têm se tornado cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, inclusive das crianças. Na sua perspectiva, como o uso das mídias sociais influenciam crianças e jovens? 

-As mídias têm tomado uma proporção grande na vida das crianças e jovens, porque eles nasceram nessa geração tecnológica, e geralmente já fazem o uso, seja monitorado ou não pelos pais, eles já possuem acesso a whatsapp, instagram, youtube entre outros. As redes acabam sendo motivo de distração e entretenimento como na época em que a TV fazia esse papel, e a influência dependerá muito de quais os conteúdos essa criança e jovem tem acessado.

 

(En) Cena- O uso indiscriminado e sem acompanhamento das redes sociais pode ser um ambiente perigoso para crianças e jovens, uma vez que nem sempre sabemos quem são as pessoas do outro lado da tela. Assim, temos visto cada vez mais as mídias sociais sendo utilizadas para pedofilia. Como você vê essa questão?

-Acredito que assim como a rede social pode promover diversão, brincadeira e entretenimento, ela pode ser muito perigosa. No que se refere a pedofilia é de suma importância que os pais tenham acesso às contas que os filhos acessam e com quem conversam. Na vida presencial os pais não vão deixar o filho ir para a casa de um coleguinha que não conhecem ou não sabem das procedências familiares, é necessário que a mesma postura seja tomada no que se refere aos cuidados de com quem esse filho está conversando no ambiente virtual, afinal esse ambiente também é real e no caso de crianças que sofrem pedofilia, os traumas psicológicos são causados da mesma forma.

(En) Cena- Qual o papel dos pais e/ou responsáveis pelas crianças e jovens na prevenção desse tipo de violência no contexto virtual?

-Orientar as crianças e os jovens sobre os perigos, e essa orientação talvez será repetitiva, mas ela tem que acontecer.Entender que dependendo da idade do seu filho, você precisa sim monitorar o que ele acessa e com quem conversa, as crianças e adolescentes não possuem uma psique desenvolvida o suficiente para perceberem quando estão em risco, por isso os pais precisam sim, estar tendo acesso aos conteúdos acessados.

(En) Cena- De que forma a psicologia poderia prevenir ou intervir sobre esses casos?

-Conscientizando tanto crianças e adolescentes sobre os riscos reais que esse ambiente pode promover, com palestras, oficinas, grupos e até mesmo nos atendimentos individuais. Para os pais também promover rodas de discussão para que os mesmos percebam e ajam em favor da proteção das crianças/adolescentes, entendendo que nem sempre as redes sociais são apenas distração, mas também podem oferecer riscos.Em casos onde a criança já passou pela violação de um pedófilo, a terapia irá trabalhar em cima das queixas da criança para superação do trauma e diminuição dos prejuízos acarretados nos pensamentos, emoções e comportamentos.

(En) Cena- Em um caso recente um homem foi preso por estupro pela internet depois de conversar e influenciar um menino de 10 anos. Esse contato entre eles foi feito por 3 anos antes de o homem ser preso, quais os alertas que os pais/responsáveis, ou mesmo a sociedade como um todo, podem estar sensíveis para perceber indícios disso?

-A conscientização dos adultos e responsáveis, sobre o quanto crianças e adolescentes não terão maturidade para interagirem em rede social sozinhos e sem monitoramento. Não aceitarem que a criança tenha contato com pessoas desconhecidas do rol de amigos dos pais ou que são apenas “amigos virtuais” , pois essa criança pode estar sendo enganada. Algo que também devemos nos atentar são as idades que cada aplicativo ou meio midiático indica para se fazer o uso, creio que uma ótima medida, seria os pais ou responsáveis monitorar para que seu filho não tenha uma rede social até a idade permitida pelo próprio

app.

(En) Cena- Com as mudanças e possibilidades das redes sociais, os pais ou responsáveis de crianças muito novas também tem um espaço e um meio de expor crianças, essa exposição de imagem muito cedo e feita de forma constante pode ter consequências psicológicas para elas?

-Não podemos afirmar que tenha consequências, pode ser que sim e pode ser que não. Por que vai depender de outros fatores, como: essa exposição atinge essa criança de que forma? Esses pais sabem lidar com essa exposição? Já vimos varias crianças que cresceram sendo alvos da mídia, e de holofotes e que não tiveram prejuízos significativos em sua saúde mental, mas também vemos o extremos de crianças que cresceram nesse meio e se tornaram adultos problemáticos, logo precisamos entender que são vários fatores envolvidos que determinam se a pessoa terá ou não prejuízos psicológicos no futuro. Talvez a criança fique mais exposta a consequências, no entanto não podemos afirmar

que terá.

(En) Cena- Até que ponto os pais podem verificar as redes sociais dos filhos, sem que isso seja uma invasão da privacidade ou individualidade?

-Em algumas idade, como dito anteriormente o cuidado deve ser lidado como aquelas perguntas básicas que os pais fazem aos filhos quando estão indo para a casa de um colega que eles não conhecem, ou seja sempre, explicando o motivo de estar monitorando o celular.Em caso de adolescentes, o indicado é o diálogo antes de monitorar, mostrar para esse filho que não é uma questão de invasão, mas de cuidado e amor.

 

(En) Cena- Como os pais podem abordar temas como esses com os filhos, para que eles também fiquem cientes?

-Sempre que possível. Podem usar das manchetes ou de casos que aconteçam com pessoas próximas, para alertar a criança/adolescente sobre os perigos. O assunto pode até parecer chato para o filho, no entanto através da repetição, eles vão aprendendo a ficar em alerta com a situação.

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CORRERIA: a sobrecarga de atividades e a luta contra o tempo.

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Não imaginava que escrever sobre si mesmo fosse tão difícil. Durante toda a minha vida, a palavra “correria” sempre esteve no meu vocabulário, e eu vou explicar o porquê no decorrer deste relato. Falando um pouco sobre mim, eu sou filho caçula de uma relação com três filhos, nascido e criado em regiões periféricas, em Porto Nacional, uma cidade vizinha da capital do Tocantins. Desde moleque, minha rotina sempre foi comprometida, e eu irei apontar aqui algumas experiências vivenciadas nas minhas fases de desenvolvimento.

Aos 4 meses de vida, meu pai faleceu e então, minha mãe se tornou mãe solo, e decidiu assumir esse posto até hoje, pois tinha muito medo de ter um novo homem dentro de casa que não tratasse bem seus três filhos. Desde que me entendo por gente, minha mãe trabalhou na educação, e foi naquela educação onde o profissional tinha que fazer de tudo, já foi professora do berçário até o EJA- Educação para Jovens e Adultos, e eu acho que a correria vem de berço, porque sempre vi a minha mãe muito atarefada, e vejo  essa mesma correria nos meus irmãos. 

Desde muito novo, eu sempre fui vizinho de locais marginalizados, onde a presença de crimes era bastante comum. No meu ensino médio, tinha vários colegas que apresentavam condutas condutas criminosas. Assim, minha mãe viu a necessidade de preencher esse período que eu não estava na escola com compromissos que ocupavam o meu tempo livre, de forma que me deixasse mais distante da rua. 

Quando criança, fui colocado em um instituto rodeado de policiais (risos) o Pioneiros Mirins, um local onde recebíamos auxílio escolar, acesso ao esporte, e tinha uma doutrina militar onde os alunos deveriam seguir um padrão de comportamento, educação e por aí vai. Então minha rotina nessa época se resumia em ir de bicicleta para a escola (junto com a minha mãe que trabalhava lá), retornar para casa e no período vespertino ir para esse tal Instituto também de bicicleta, não era tão perto e isso me deixava exausto. 

Aos 12 Anos, esse Instituto que citei anteriormente já não existia, e então, minha mãe decidiu que deveria procurar outra coisa para evitar esse meu contato com má influência na rua, e dessa vez foi auxiliando em um mercadinho do bairro, da amiga dela, e então, eu ficava pela manhã na escola e ao retornar eu ficava nesse mercadinho até a hora que minha mãe chegasse em casa. É importante dizer que nunca foi para completar renda em casa, não só a minha mãe, mas tias e primos mais velhos, sempre deixaram claro os perigos da rua, e a visão que as pessoas/autoridades tinham de jovens negros que moram em região periférica. 

Com 14 anos de idade eu fiz um processo seletivo para entrar no Instituto Federal aqui da minha cidade, e cursar o Ensino Médio Integrado a um curso técnico em Meio Ambiente, felizmente eu passei, mas a correria REAL começou aí, o ensino era integral dois dos três anos de curso/ensino médio eu percorria de bicicleta acompanhado de um amigo de infância, a rotina consistia em realizar esse percurso quatro vezes por dia, era em média 10 min de percurso, que quando considerado o sol Tocantins de meio dia e das 14 horas, pareciam horas (risos). Aqui o ensino era diferente, e o nível de exigência também, nesse período eu conheci pessoas muito importantes.

Após finalizar o Ensino Médio/ Técnico eu ingressei na faculdade a cerca de 60 km de distância da minha casa, em Palmas, no curso de Sistemas de Informação, em paralelo a isso eu também comecei a trabalhar como aprendiz aos 17 anos. No começo a minha rotina se baseia  em trabalhar como aprendiz em meio período, ter a tarde para estudar e descansar,  e pegar um transporte universitário no fim da tarde  para a cidade vizinha diariamente para fazer faculdade. Então eu tinha a minha manhã, noite e algumas madrugadas comprometidas. 

A quase cinco anos atrás, eu deixei de ser aprendiz e deixei de cursar Sistemas de Informação, eu consegui uma bolsa para cursar Psicologia, um curso em que eu realmente me sentia motivado em cursar e passei a trabalhar efetivamente na empresa onde eu era aprendiz, atuando como Analista de controle de qualidade em um laboratório físico químico, em uma indústria de alimentos , esse período por mais tenha sido muito bom, foi de muito sacrifício, pois minha rotina passou a começar muito cedo, às 4:50 da manhã para ir trabalhar, retornar e me direcionar diariamente para Palmas estudar.

Afogado em livros
Fonte: Pixabay

Esse período foi marcado por muito esforço, em busca de me tornar um profissional acima da média, de me sentir útil/ relevante e poder dar orgulho para a parte da minha família que sempre torceu por mim, mas também, mostrar que sou capaz para outra parte da família e sociedade que sempre duvidou, então eu confesso que esse período foi de uma constante busca por espaço, com excessiva cobrança comigo mesmo, e alto nível de exigência. 

Atualmente eu sigo no curso de Psicologia, mas agora, na reta final do curso,  a correria é ainda maior, conciliar aulas, estágios, supervisões, e atendimentos, não é nada fácil e já não é mais somente em um período, os compromissos por vezes contemplam o dia todo, e o fato de morar em outra cidade potencializa ainda mais a dificuldade em concluir todos esses compromissos. Sigo na mesma indústria, mas agora trabalhando como  monitor de processo e auxiliando na gestão de uma equipe operacional, na linha de produção. Uma função que exige mais de mim, do meu tempo, do meu preparo físico e controle emocional. 

É importante lembrar que além de toda essa correria, ainda existem as responsabilidades sociais, com a família, os problemas pessoais, as relações no geral, hobbies e as outras coisas que permeiam uma vida normal. A luta contra o tempo sempre foi um desafio para mim, e por diversas vezes achei 24 horas tão pouco. No entanto, entendo que isso tudo foi e é importante para quem eu sou, e confesso que quando vivo fora dessa realidade de ter sempre muito o que fazer, me gera muita estranheza e inquietação.

Mesmo que eu tenha me adaptado a esse estilo de vida, com muitos compromissos, assumindo responsabilidades, e me enfiando em novas atividades, é inegável que isso resulta em algumas complicações, pois me vejo cansado por diversas vezes, com o nível de estresse elevado, dedicando poucas horas para o sono e boa alimentação, e até mesmo exagerando diversas vezes no uso de cafeína para auxiliar se manter ativo, e tudo isso tem um preço.

Andrews (2003) Trás o estresse como um dos fatores que podem trazer prejuízos para o equilíbrio do indivíduo, podendo então afetar a qualidade de vida. Selye (1936) completa dizendo que esse estresse se dá por uma reação do organismo frente a esse acúmulo de esforço, e que por mais que consigamos lidar com essas tarefas, ainda assim podemos ter dificuldade em ter uma sensação de bem-estar. E isso eu vejo em mim, eu sempre costumo cumprir metas, datas e horários, e por mais que eu consiga contemplar tudo isso, a sensação de estar estressado e agitado, é inevitável. 

Referências

ANDREWS, Susan. Stress a seu favor: como gerenciar sua vida em tempos de crise. São Paulo: Agora, 2003

SELYE, H.A. Syndrome produced by diverce nervous agents. Nature; 1936.

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A maternidade como ideal construído culturalmente

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A ideia da maternidade costuma ser vista como um tabu para as mulheres que não querem ser mães. Muitas pessoas encaram a falta de desejo pela maternidade como algo antinatural, errado ou até mesmo imoral. Isso pode ter um efeito prejudicial sobre as mulheres que não conseguem ou não querem exercer a maternidade e se sentem julgadas pelas expectativas da sociedade.

As mulheres nunca devem se sentir envergonhadas ou culpadas se optarem por não ser mães; é seu direito. É importante que a sociedade reconheça isso e apoie essas decisões, em vez de marginalizá-las. As mulheres não são de forma alguma obrigadas a cumprir qualquer papel de gênero específico – maternidade incluída – e, em vez disso, devem ser encorajadas a fazer escolhas que, em última análise, lhes tragam alegria e realização.

No século 21, a decisão de não ter filhos pode ser influenciada por uma série de fatores e desafios que são exclusivos dessa época. Aqui está um resumo desses elementos possíveis:

Avanço da tecnologia: O século 22 pode testemunhar um avanço exponencial da tecnologia, incluindo automação, inteligência artificial e robótica. Isso pode levar a mudanças drásticas no mercado de trabalho, com muitos empregos sendo substituídos por máquinas, o que pode influenciar a decisão de algumas pessoas de não terem filhos, pois a perspectiva de sustentar uma família pode se tornar incerta.

Mudanças climáticas e crises ambientais: As mudanças climáticas podem atingir seu pico, com efeitos influenciados na qualidade de vida e na disponibilidade de recursos naturais. A preocupação crescente com o meio ambiente pode levar algumas pessoas a não quererem ter filhos, com preocupações sobre o futuro do planeta e a capacidade de garantir um ambiente saudável e sustentável para as próximas gerações.

Pressões socioeconômicas: A pressão econômica e social pode aumentar, com a crescente desigualdade de renda e disparidades. A sobrecarga financeira e as dificuldades em garantir uma boa qualidade de vida podem influenciar a decisão de algumas pessoas de não terem filhos, em razão da preocupação com os custos envolvidos em criar e educar uma criança.

Mudanças culturais e sociais: A cultura e a sociedade do século 22 podem passar por mudanças revolucionárias, com novos valores e normas emergindo. A pressão social para ter filhos pode diminuir, e as expectativas em relação ao papel tradicional da maternidade e paternidade podem mudar. Isso pode levar algumas pessoas a optarem por não terem filhos, em busca de uma vida mais autônoma e centrada em si mesmas.

Escolhas individuais e liberdade de escolha: A ênfase na liberdade individual e na autonomia pessoal pode ser ainda mais valorizada. A ideia de que cada indivíduo tem o direito de tomar suas próprias decisões, incluindo a escolha de ter ou não ter filhos, pode ser amplamente aceita. Isso pode levar mais pessoas a praticarem sua liberdade de escolha de forma consciente e intencional em relação à parentalidade.

É importante ressaltar que esses são apenas cenários hipotéticos e que o futuro real da decisão de não ter filhos pode ser moldado por uma série de outros fatores complexos e variáveis, que não podem ser previstos com certeza. 

A decisão de ter ou não ter filhos é altamente pessoal e é influenciada por uma série de fatores individuais, culturais, sociais e psicológicos, que podem variar de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade. 

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Desafios da formação em especialização lato senso na rede de ensino privada

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O ato de aprender carrega singularidades e desafios que devem ser considerados no processo de formação, aspectos econômicos, sociais, culturais e geográficos são alguns dos elementos que podem estar diretamente associados ao nível de escolaridade alçado e à valorização da formação acadêmica como estratégia de superação da realidade. Fica a pergunta: como se formar em meio a tantos desafios?

Em prol dessa escuta e da compreensão da realidade atual, o (En)Cena convidou diferentes estudantes, da rede pública e privada para falarem sobre os desafios da formação acadêmica no Brasil. Nesta série de entrevistas eles falam sobre trajetória acadêmica, os aprendizados e os desafios que ainda precisam ser superados. As narrativas nos mostram o cenário atual de precarização não só das estruturas de formação, mas também do baixo índice de criticidade e autonomia dos alunos sobre seu processo de formação. Precisamos (re)aprender a aprender.

Visando preservar a identidade de nossos convidados e pensando na potência do ato de aprender livre de pressões institucionais, optamos por manter em sigilo o nome de todos os entrevistados e das instituições de ensino. Entendemos que suas falas alcançam, contemplam e priorizam, ainda que de modo particular, estudantes da rede pública e privada de nosso país.

A entrevistada de hoje é uma estudante de Pós Graduação no Ensino Público,  veremos a seguir as motivações que a levaram a seguir nesse processo de formação, são falas   carregadas de  experiências pessoais e pontuações cheias de reflexões sobre o espaço acadêmico e o impacto que ele gera na formação do indivíduo. A estudante expõe sua visão sobre como o espaço acadêmico é também um ponto desafiador e por vezes desequilibrante no que tange a saúde mental dos estudantes. Vale a pena  conferir..

Segue a entrevista na íntegra abaixo:

(En)Cena: Qual a importância da graduação na sua vida?

Estudante: O diploma de graduação a nível de mercado, tem sua valorização, e isso em si já é muito importante, mas para além disso existem as experiências de amadurecimento pessoal que é vivenciada enquanto passamos pela graduação. Maturidade essa que expande a forma de nos enxergarmos e também como passamos a enxergar o outro.

(En)Cena: Como você acha que a universidade te auxilia para alcançar seus objetivos de vida?

Estudante: A universidade abre caminhos mais profundos para o saber, e eleva ainda mais a potencialidade existente em cada aluno para que esses possam ingressar no mercado de trabalho com uma formação e embasamentos teóricos necessários. Somos preparados também pelas múltiplas áreas de atuação apresentadas no período de formação, e especialmente pela forma que é exposto cada conteúdo, por professores realmente capacitados para tal, mas tudo isso só pode trazer resultados positivos se em contrapartida o aluno se engajar no processo, e isso tudo apesar das limitações individuais, pois é na universidade que somos instigados a nos preparar e somos direcionados para uma área de atuação ao final da graduação e podemos competir por espaço no mercado de trabalho.

(En)Cena: O que você acha do modelo de ensino vigente?

 Estudante: Na graduação, achei o modelo bem mais teórico e com pouca prática. Na Pós, pelo menos na minha experiência, tenho achado bem mais dinâmico e focado nas necessidades de atuação do mercado especialmente dentro da abordagem que escolhi para atuação. Tenho me surpreendido e gostado bastante de passar pelo processo da pós.

(En)Cena: Você enxerga o contexto acadêmico como inclusivo?

Estudante: A passos lentos sim, mas ainda falta muito para se igualar ao discurso que hoje é reverberado por aí de que já temos uma educação inclusiva, ainda não é real no meu ponto de vista. Acredito que a educação básica esteja bem mais preparada para inclusão do que o Ensino Superior, e fortalecendo isso na base fará muita diferença nos outros níveis.

(En)Cena: Você acha que a universidade pode afetar a saúde mental dos estudantes?

Estudante: Com certeza! Se fizéssemos uma pesquisa sobre trancamentos de matrículas e desistência ao longo do processo de formação, descobriremos que o número de alunos que o fazem sendo motivados pelo adoecimento da saúde mental é enorme. E a quantidade de alunos que chegam adoecidos ao fim da graduação também é um número considerável. E penso que isso se dá por diversos motivos, muitos desses alunos seguem na graduação precisando conciliar inúmeras responsabilidades pessoais e sem esse suporte profissional o desgaste é perceptível. Penso que é de extrema importância repensar alguns modelos de ensino e até a disposição por parte das universidades de oferecer algum tipo de suporte a esses alunos.

(En)Cena: Como foi seu trajeto até chegar na Pós Graduação?

Estudante: A pós-graduação foi uma necessidade de ampliar a compreensão da abordagem escolhida dentro do curso que me formei, Psicologia, e essas abordagens são apresentadas de forma limitado na Graduação até porque o universo da Psicologia é bem abrangente, e por conta disso percebi a necessidade de aprofundar o conhecimento e ser mais intencional para a minha atuação. Me graduei esse ano, e em seguida já engatei a pós e tem sido uma experiência enriquecedora.

(En)Cena: Há algum ensinamento que você aprendeu em sala de aula e que leva para vida?

Estudante: Se inspire nos bons professores e profissionais, eles não perderam de vista a razão pela qual começaram, estejam abertos às experiências que a formação proporciona, muitas dessas experiências serão revestidas de grandes desafios e muita disciplina, mas vale a pena, é transformador.

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Danila Silva: é preciso ampliar os horizontes e apaixonar-se pela vida

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29O (En)Cena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Danila Lima de Moura Silva, 39 anos, casada, mãe. Pedagoga/Neuropsicopedagoga/ e acadêmica do 8º período de Psicologia, funcionária pública estadual na área da educação. A entrevistada se apresenta como uma pessoa apaixonada pela vida, pelos processos, enxerga beleza no que a vida a presenteia, tanto nos pontos positivos como nos negativos.  

Danila ama a sua família e ressalta: “Eles são parte de mim, é muito gratificante caminhar com eles.  Sou cuidadosa, parceira, possuo humor e ao mesmo tempo luto contra uma irritabilidade sem causa (risos), tenho como balizadora da minha vida a fé Cristã, e vivo, caminho crendo no que ela profere. Amo viajar, descobrir novas coisas, sabores, costumes, gosto da diversidade das coisas e da capacidade que o ser humano tem de respeitar e conviver com todas elas, se assim o quiser. Tenho uma relação forte com a comida, com o sono e com atividades físicas, gosto de pensar no futuro, fazer planos, conquistar coisas. Enfim, gosto da minha história e do que tenho construído, que para muitos não é muita coisa, mas que para mim é o que consegui”.

Confira este e outros detalhes na entrevista abaixo. 

 

(En)Cena – O que te motiva a fazer psicologia já em uma fase mais amadurecida da vida?  

Senti a necessidade de “mexer o doce”, o lugar em que eu estava não me cabia mais, precisava ampliar novos horizontes e vi na psicologia uma oportunidade de começar uma nova jornada, agregando coisas que para mim fazia sentido (estudar, ajudar pessoas e ganhar dinheiro com isso)

 

Qual área de atuação você pretende focar depois da formação? 

Ainda estou em dúvida, talvez na área familiar, principalmente casais.

 

Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia? 

Aconselharia que a pessoa tivesse muita certeza de quem é, quais são os seus reais princípios, quais são as reais visões que possuem de si mesmo e do mundo.

Que aspectos internos foram mobilizados em sua vida a partir do curso?  

A questionar meus pensamentos distorcidos, respeito a dor e os processos das pessoas. Não se sentir responsável pelo processo do outro e entender que cada um tem a sua toada.

 

Como é a experiência de conviver no curso com pessoas de diferentes idades e perspectivas? 

É engraçado, mas é gratificante. Quando sentamos naquela cadeira nos equiparamos de certa forma, e em relação às perspectivas, se não temos certeza de quem somos nós, podemos entrar em crise, mas entendemos que somos subjetivos e isso se torna até atraente.

Quais os maiores desafios enfrentados na pandemia relacionado à formação acadêmica? 

Não enquadro nesses aspectos de enfrentamento, amei as aulas online, os professores não deixaram a qualidade do ensino cair em nada, e para mim foi super tranquilo todo esse processo. Inclusive em algumas disciplinas até preferiria que continuasse assim.

 

Qual mensagem você deixa para os nossos leitores? 

Uma frase até clichê (risos): A vida é muito interessante, tem muitas possibilidades, nunca se compare a ninguém, aceite a sua medida e seu compasso.

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Além do que se vê…

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Sou feita de sonhos

De todos os chãos que meus pés pisaram

De paisagens que meus olhos contemplaram

De medos que ignorei ao entrar em um avião – pois no fim, vale à pena

Dos sabores que minha boca provou

 

Sou feita de recordações e verões

Águas geladas, mas tão azuis que me aventurei

 

Sou feita de idiomas, palavras e canções

De abraços que curam e despedidas que doem

De portas que se abrem, de janelas que convidam o sol a iluminar – trazendo esperança

De pessoas que deixaram memórias, marcas e aprendizados

E daquelas que ainda estão aqui

 

Sou feita de dúvidas, respostas, mapas, fotografias

 

Sou tudo isso que vivi, que vi, que toquei

Daquilo que ainda vem e que me causa certa ansiedade

De planos que adormecem em um velho caderno 

E que me obrigam a tentar conduzir meu destino

 

Sou feita daquilo que se concretiza

E que faz o coração bater mais forte do que sequer imaginei

Posso até viajar mentalmente, visualizando o meu futuro

Mas viver de fato é um risco diário que me proporciono – livremente

Deixo apenas ser e acontecer – intensamente 

 

Deixo a vida fluir, no seu ritmo e acompanho a dança

Erro o passo, o tom, troco a trilha sonora e coleciono mudanças e oscilações

 

Sempre com certeza segurança e calmaria, pois acredito em muitas coisas

Principalmente no que sou, no que um dia fui e no que me tornarei 

E em tudo o que me constitui – que vai além do que os olhos podem enxergar

 

Sei que chegarei no lugar que pertenço, que encontrarei o meu propósito 

E estarei com quem devo estar

 

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Simone Magalhães: “na psicologia, minha visão de mundo mudou radicalmente”

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O (En)Cena entrevista a acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Simone B. Magalhães, nordestina, reikiana, 40 anos, casada há 15 anos, mãe de um casal de adolescentes. A entrevistada é formada em Educação Física pela Universidade de Pernambuco desde 2005, dois anos após se formar, casou-se e mudou-se para Palmas – TO. Aqui na capital do Tocantins Simone trabalhou com ballet clássico (crianças), dança (idosos) e Educação Física escolar. Após engravidar do primeiro filho, optou por parar de trabalhar fora de casa e se dedicar com exclusividade a criação dos seus filhos.

 

Confira este e outros detalhes na entrevista abaixo. 

 (En)Cena – O que te motiva a fazer psicologia já em uma fase mais amadurecida da vida?  

Após dez anos dedicando-me à família, senti que era o momento de retornar ao mercado de trabalho, mas não me identificava mais com minha profissão. Entrei em processo terapêutico por alguns anos até que, em 2019, escolhi o curso de Psicologia. 

 Qual a área de atuação você pretende focar depois da formação? 

Gosto da ideia da clínica, priorizando o público surdo, com atendimento em Libras. Gosto também da ideia de ensinar, dar palestras e poder contribuir para o conhecimento de outros colegas na área que pretendo me especializar.

 Qual dica você deixa para quem pretende cursar psicologia? 

Daria o mesmo conselho que me dei quando decidi iniciar o curso: deguste da universidade, aproveite cada momento, tanto em relação ao conteúdo quanto as relações de amizade construídas durante o processo.

Que aspectos internos foram mobilizados em sua vida a partir do curso?  

Minha visão de mundo e relações interpessoais mudaram radicalmente, sinto como se tivesse retirado um véu do meu rosto que fazia com que eu enxergasse tudo meio embassado e, agora, sinto que enxergo o mundo à minha volta com mis clareza, nitidez.

 Como é a experiência de conviver no curso com pessoas de diferentes idades e perspectivas? 

Tenho bastante facilidade de me relacionar com pessoas, independente da idade. Porém, ao encontrar pessoas da minha faixa etária no contexto da universidade, há a possibilidade de trocar experiências positivas e negativas, ocorrendo um acolhimento mútuo. 

Quais os maiores desafios enfrentados na pandemia relacionado à formação acadêmica? 

Meu maior desafio é conseguir conciliar a demanda familiar com as atividades do curso.

 Qual mensagem você deixa para os nossos leitores? 

Entendam que todos nós, independente da idade, temos demandas além da Universidade. Ninguém conhece, de fato, a dor do outro, escolha treinar a empatia e paciência, que serão necessárias para a prática terapêutica, com os colegas de curso.

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